Dançar move o fluxo da vida
Parte I
Mirella D´Angelo Viviani
A dança existe em espaço genuíno no movimento. Dançar é estar presente no corpo físico e representar-se em movimento, no espaço vazio que sustenta o homem em pé. A dança acontece. Estímulos internos e externos surgem no ambiente, no corpo, na emoção, na mente, na psique e somados constroem as coreografias. A pessoa que move, com a intensão de representar-se, abre a porta para a dança e sente o fluxo da presença da vida. Mover o corpo e a dança revela a personalidade que se manifesta no espaço.
Alguns princípios materializam a dança: ritmo, pausa, pulso, unidade, continuidade. O trabalho de dança envolvido com esses princípios cuida de facilitar a integração da pessoa em suas diferentes dimensões de existência, seus corpos físico, emocional, mental e espiritual. O movimento dança estes corpos, expressando a identidade.
A dança sustenta no gesto visível, ao olhar de quem dança e do outro que vê, a saúde.
Por meio da dança a pessoa e o grupo pode expressar um espaço de unidade por vezes esfacelado, escondido pela exclusão. A unidade de cada um dança no corpo por meio do movimento e constitui um fluxo, que no encontro com o outro se continua. Esta continuidade em movimento no espaço comum é a dança em grupo, que convida, de forma especialmente simples, a um encontro da pessoa com sua própria autoria de vida. O livre arbítrio marca a coreografia da Existência. A dança manifesta-se presente no espaço invisível.
Este olhar conta que somos todos bailarinos extraordinariamente originais, capazes de dançar em nós diferentes movimentos como pulsos e pausas, expressando-nos de forma criativa e bela.
Dançar é reconhecer que o movimento por si só é terapêutico, descongela crenças, fantasmas e impregnações coladas nos corpos humanos, promove encontros.
A dança não vê impossibilidades, deformações e tantos outros estigmas, que separam o Ser do humano. Dançar inclui, integra partes. A dança aceita como estados passageiros a doença e a saúde, a pobreza e a riqueza a eficiência e a deficiência, o masculino e o feminino, o natural e o sintético.
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