domingo, 8 de março de 2015

HÁ QUE SE MELHORAR ANTES DE REAJUSTAR

Por: Dra. Viviani H Yamazaki – Médica de Família

Ricardo, boa noite:
            Escrevi o texto abaixo naquele dia de caos  na cidade, que um quarto da população de SP ficou sem energia elétrica (alguns até mais que 24 h), publiquei em minha linha do tempo do facebook. Fiz isso porque muitos amigos reclamaram que o ar condicionado não funcionava, que não era possível conectar o “wi fi”, portão eletrônico, etc... Então, resolvi falar um pouco sobre a situação nos hospitais, quando o gerador demora a ser ativado e a angústia que ocorre nesses momentos. Enfim, recebi várias mensagens de reflexão, afinal nem todo mundo é da área da saúde. Foi legal porque despertou um sentimento de humanidade e impotência em pessoas que levam a vida muitas vezes voltada para outros interesses. Achei interessante encaminhar para você, já que o  blog tem um direcionamento para consciência e reflexão...
Boa semana com muita energia positiva em bomba de infusão contínua!


Ontem resolvi expressar minha indignação, cada vez que chove é esse stress, a luz acaba os semáforos ficam bandeirados, os motoristas disputam cada milímetro de espaço, de forma irracional e muitas vezes violenta. Muita gente se preocupa por que não entrou a internet e a “Tira Visão” a cabo permanece sem sinal, o ar condicionado que não liga, reclamam que a Eletropaulo, empresa suspeita de não ser fiscalizada de forma adequada, é terra de ninguém. Pagamos muitos impostos pelo que recebemos e em muitos países desenvolvidos a rede elétrica é subterrânea, sem a ação dos ventos ou queda de árvores. Sem dúvida, diante de todo contexto, o mais grave de tudo, é a situação nos hospitais. Quando a luz acaba, até entrar o gerador é uma grande correria, são instantes de agonia, o hospital inteiro corre para atender os idosos, pacientes graves e crianças entubadas. Até o gerador funcionar, são realmente segundos e minutos de aflição. Quando o respirador não funciona, a oxigenação é feita manualmente pelos próprios funcionários do hospital, os pacientes de UTI que já estão no limite da vida podem passar em alguns segundos para a morte. Isso em um hospital privado, onde todo o treinamento funciona como uma orquestra sinfônica bem sincronizada, as complicações são mínimas e o exército geralmente é bem treinado. O que me entristece e realmente me preocupa, é que fico pensando quantos são os hospitais da rede pública que não possuem os mesmos recursos, que não seguem os mesmos treinamentos a risca, os chamados procedimentos normativos. É muito triste e inaceitável saber neste que exato momento, quando acaba a eletricidade na cidade de São Paulo, muitas pessoas morrerão reféns do abandono da saúde nos hospitais públicos. Esses atestados de óbito talvez devessem ser preenchidos não pelos médicos, mas pelos governantes e pela empresa Eletropaulo, que não responde às criticas, reclame aqui, não são bem fiscalizadas, fazem e dizem o que querem livres de qualquer punição!! Proclamam em cadeia nacional, que estão preparados com medidas preventivas para evitar a queda de luz na cidade, mas na prática não é exatamente o que observamos nesse período de chuvas. Deixaram toda a população no escuro e totalmente à deriva, sem o menor respeito ou comprometimento com a vida humana!

      Viviani H Yamazaki

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