terça-feira, 24 de julho de 2012

11 SINTOMAS DE PAZ INTERIOR


"11 sintomas de paz interior"
(Autor ?)


(Medite em cada um deles e sinta...)
1. Perda de interesse em conflitos
2. Ataques frequentes de sorrir
3. Esmagadores ataques de apreciação
4. Perda de desejo em julgar os outros
5. Capacidade inconfundível de apreciar cada momento
6. Tendência a pensar e agir espontaneamente ao invés do medo baseado em experiências passadas
7. Perda de interesse em interpretar as ações dos outros
8. Perda da capacidade de se preocupar
9. Sentimentos satisfeitos de conexão para com o outro e com a natureza
10. Aumento à susceptibilidade ao amor prorrogado por outros, bem como incontrolável vontade de estendê-lo
11. Tendência crescente a participar do acontecimento das coisas ao invés de tentar controlar os acontecimentos

segunda-feira, 23 de julho de 2012

APARÊNCIA x ESSÊNCIA


POR: EVA DIALETACHI

Paul Levy seguia usando aquele desgastado colete de malha de carneiro mesmo nos prenúncios da primavera que germinavam de seus campos de hortaliças e legumes. De tão querida e velha, a lã já se resumia um estreito tecido de tear que mais lembrava uma penugem de cordeiro, embora sempre fosse mantida com bálsamo perfumado e dobrada com esmero nas prateleiras de madeira.
Não raramente, Paul caminhava até o tanque de lavar antes mesmo das aves graúnas fazerem seu giro matinal agourento, em pleno frio invernal, para revigorar com sabão as fibras de sua antiga infância, deixando para o Sol o trabalho da secagem. Nesses últimos dias, porém, os tomates já haviam se corado e esquecido todo o sofrimento da estiagem e do gelo, anunciando apenas as felizes promessas do mormaço primaveril. Eram chegados os tempos revigorantes, seus prediletos, do surgimento da vida e do verde, quando até mesmo se permitia o exercício da paciência ao receber vez ou outra algum conhecido em sua casa, o que logo lhe custava enormes quantidades de energia para não se aborrecer.
Tão cedo as visitas se despediam e cruzavam a robusta porteira de madeira tomada pelas trepadeiras selvagens, Paul já buscava um Mozart entre seus discos, e assim deixava-se transportar para as cortes de Esterházy, e compartia em êxtase a pureza de um mundo inocente, onde se nutria de um éter essencial e vislumbrava as verdades que tanto buscara durante sua carreira profissional de físico. Agora, maduro e sábio, já conhecia os homens e suas leis, e lhe interessavam mais os tomates.
  

segunda-feira, 16 de julho de 2012

COMO PINTAR UM PÁSSARO





Jacques Prévert – Tradução - Carlos Drummond de Andrade

Pinte primeiro uma gaiola com a porta aberta.
Em seguida pinte alguma coisa graciosa,
alguma coisa simples, alguma coisa bonita, alguma coisa útil...
ao pássaro.
Depois, coloque a tela contra uma árvore
no jardim, no bosque ou na floresta
e esconda-se atrás da árvore sem dizer nada, sem se mexer.
Às vezes o pássaro chega logo,
mas pode levar muitos, muitos anos
até se resolver.


"Pássaro de dia"  por Ana Alice Francisquetti

Não desanime,
espere.
Espere, se preciso, durante anos.
A velocidade ou a lentidão da chegada
do pássaro, não tem a menor relação
com a qualidade da pintura.
Quando ele chegar
(se chegar)
mantenha o mais profundo silêncio,
espere que ele entre na gaiola.
Depois que entrar,
feche lentamente a porta com o pincel.
Aí então apague uma por uma todas as varetas.
(Cuidado para não esbarrar em nenhuma pena do pássaro.)
Finalmente pinte a árvore, reservando o mais belo de seus ramos
ao pássaro.
Pinte também a verde folhagem e a doçura do vento,
a poeira do sol, o rumorejo dos bichinhos da relva no calor da estação.
Depois aguarde que o pássaro se decida a cantar.
Se ele não cantar,
mau sinal:
sinal de que o quadro não presta.
Mas bom sinal, se ele canta:
sinal de que você pode assinar o quadro.
Então retire suavemente uma pena do pássaro
e escreva o seu nome a um canto do quadro.
"Pássaro ao anoitecer" por Ana Alice Francisquetti

SER HUMANO É GERAR SAÚDE


POR: BERNARDETTE VILHENA


Consultora pedagógica em empresas, percebo a carência individual em aspectos ligados ao Desenvolvimento Pessoal. Queixas de insatisfação pessoal, semblantes apagados, falas carregadas e falta de motivação. Me alegro quando é possível participar dessas vivências e mostrar a Vida por outro ângulo: o das possibilidades. Após me perguntar se eu poderia colaborar na formação humana dos estudantes, um universo se abriu quando passei a ensinar Relações Humanas para alunos de 17 a 23 anos.
Como educadora, constato a todo o momento, o quanto as disciplinas relacionadas ao Desenvolvimento Humano são promotoras de saúde. Entender o sentido existencial, perceber a singularidade em cada ser vivo, respeitar a diversidade, educar a inteligência, mas também o sentimento, buscar a saúde emocional e olhar além do breve período existencial aqui na terra, são apenas alguns dos desafios que esta formação propõe. Isso pode ser feito adentrando-se no sagrado, complexo e instigante universo interior do ser humano. Um olhar baseado na formação integral, conforme Comenius no século XVI:
Educar para iluminar todos os homens com a verdadeira sabedoria, para ordenarem suas vidas com verdadeiros governos e para uni-los a Deus com a verdadeira religião, de modo que ninguém se equivoque em sua missão neste mundo”.

A atitude respeitosa do educador é um poderoso agente de transformação, criando um ambiente amistoso para que trocas significativas ocorram. Como consequência, muitas vezes o professor acaba aprendendo mais que ensinando!
O estímulo a mudanças de comportamento é o fio condutor do trabalho, através de pesquisas acadêmicas e textos científicos na área do desenvolvimento humano, sempre buscando observar, compreender e harmonizar o ponto onde se encontram o sentimento e a atitude frente ao mesmo. Exemplos cotidianos provocam a identificação instantânea percebida nas reações e expressões corporais dos alunos.
A participação nas propostas é intensa, nas palavras deles: “em contato com pontos de vista diferentes, enxergando a vida em suas inúmeras possibilidades, sentindo-se capazes de entrarem em contato com sua essência, transformando aos poucos suas atitudes”.
A partir de “ferramentas” promotoras de autoconhecimento, se coloca em prática o aprendido, na medida em que se responsabilizam pelo que acontece em suas vidas. Aprendem sobre a necessidade de uma alimentação mental e emocional saudável, quando questionados sobre como conduzem o seu cotidiano: programas de TV, músicas, conteúdos na internet, relacionamentos desordenados, pensamentos autodestrutivos, comportamento ético entre outros.
O caminho das mudanças de comportamento é longo e cheio de percalços, conforme o poeta:

Autobiografia em cinco capítulos
 1. Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio...
Estou perdido... Sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.

3. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está.
Ainda assim caio... É um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.

4. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.

5. Ando por outra rua.

(Texto extraído de "O Livro Tibetano do Viver e do Morrer" -“ Sogyal Rinpoche -“)

As conquistas em seu tempo, às vezes despercebidamente, estão ali formando novos hábitos e dias mais tranquilos.
Em um segundo momento, os conhecimentos em relação ao Eu são transferidos para a relação com o outro, conforme Martin Bubber, sendo a base para esse trabalho. Apesar do egoísmo atual, onde a relação com o outro é por vezes mercantilista e sequestra subjetividade, nesse momento o respeito e um olhar mais atento ao outro é discutido. Quando se entra em contato com a beleza e com as dificuldades de Ser, aumentam as chances de sermos capazes de respeitar o outro ou nas palavras de Dora Incontri:
A educação faz com que as pessoas se sintam responsáveis pelo outro, responsáveis pela sociedade, responsáveis pelo planeta.”

A prática das virtudes é o agente motivador da autorreflexão que conduz ao encontro da coerência entre sentir e agir. Toda caminhada começa com o primeiro passo, enfim:
“A coragem mais corajosa é a do homem olhar-se a si mesmo. É preciso buscar, sim... o que se oculta por dentro de nós.” (Rousseau)

Abraço com a certeza de que o conhecimento liberta!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PRECISA CAIR A FICHA - ENTREVISTA

POR: ANTONIO CARLOS FERNANDES - MÉDICO ORTOPEDISTA



Sem jogo de bola e outras brincadeiras de rua, com a atenção voltada para games, computadores, tablets e smartphones, as crianças podem acabar antecipando o processo de envelhecimento.
 O que o senhor tem observado no comportamento das crianças em relação à postura?
Antes de tudo, que praticam menos atividade física. Há muito mais atividade intelectual, seja na escola ou em casa, além de a atenção hoje estar voltada para videogames, computadores, tablets e smartphones.

Quais são as possíveis consequências desse comportamento?
O músculo torna-se mais fraco e as articulações sofrem com a sobrecarga. Isso ocorre tanto na coluna quanto nos membros inferiores. Quando essas crianças decidem levar adiante uma atividade física, é até necessário que o façam de forma progressiva e acompanhada de alongamentos e fortalecimentos, para que evitem lesões e tenham um corpo compatível com a sua faixa etária. 

Existe uma idade certa para iniciar a prática de esportes?
É um processo natural. A criança desenvolve as funções neuromotoras apropriadas à medida que cresce. Para ela, quando pequena, esporte é correr, brincar e jogar bola. Hoje, em uma cidade grande, quem brinca na rua? É muito difícil. Mas é possível fazer exercícios na escola, em casa, no clube e, eventualmente, numa academia. Assim como nós, adultos, as crianças têm de se exercitar. O ideal é praticar, ao menos, três vezes por semana. A duração, no entanto, depende tanto da atividade quanto da idade.

Quais os perigos da mochila com alças folgadas, pesada e fora de eixo?
O corpo da criança está dimensionado para seu peso. Se alguma área carregar excesso de peso, sofrerá. É o mesmo que sair com apenas um sapato de 5 quilos. E ao peso do nosso corpo alia-se a pressão exercida pela coluna de ar atmosférico. Por sermos bípedes, grande parte dessa sobrecarga está sobre a lombar e, quanto maior o peso nessa região, maior a chance de complicações. 

E qual o peso de hábitos como esse na qualidade de vida?
Quando se trabalha pouco um músculo normal, o que sofre com a sobrecarga são as pequenas articulações da coluna. E aí, há uma chance maior de desenvolver sintomas como dores e má postura. Caso persista na ação por muitos anos, a criança passará a ter vício postural que, aliado ao desgaste das articulações, irá desencadear o processo de envelhecimento.

Por que envelhecimento?
Porque nosso organismo age de forma distinta à do fator cronológico. O sedentarismo leva à acentuação das taxas de gordura no sangue, predispõe ao sobrepeso e à hipertensão arterial, por vezes também ao diabetes e a doenças cardíacas. O sobrepeso pode ainda comprometer articulações, tanto da coluna como dos membros inferiores. E tudo isso começa já na vida infantil. São problemas da vida moderna: crianças com erros alimentares e sedentarismo.

Não parecem muito diferentes dos adultos.
É uma tendência. Hoje, um adulto jovem sedentário, por exemplo, trabalha muito e, geralmente, nessa fase da vida está se preparando para casar, constituir família etc. Por falta de tempo, pratica pouca ou nenhuma atividade física. E, ao decidir fazer um esporte, a chance de lesão é muito grande e ele logo desanima. Com essa falta de exercícios, o envelhecimento ocorre antes do tempo. Ou seja, precisa cair a ficha. Trocamos essas atividades por clicar em botões, assistir à televisão e jogar videogame. E isso está ocorrendo muito cedo, antecipando cronologicamente as doenças do envelhecimento. Todos sabem que para combater o envelhecimento é necessária uma alimentação saudável, evitando alimentos gordurosos e industrializados. E que também é preciso praticar atividades físicas. Isso faz parte de nossa vida.

sábado, 7 de julho de 2012

SAÚDE MENTAL - SEIS CONTOS



6 Cuentos cortos - de Tony de Mello – (TRADUÇÃO ABAIXO)


1 Los muros que nos aprisionan son mentales, no reales.
Un oso recorría constantemente,
arriba y abajo,
los seis metros de largo de la jaula.
Cuando, al cabo de cinco años, quitaron la jaula,
el oso siguió recorriendo arriba y abajo
los mismos seis metros, como si aún estuviera en la jaula.
…Y lo estaba... para él..



2 Nuestros enemigos no son los que nos odian, sino aquellos a quienes nosotros odiamos…
Un ex-convicto de un campo de concentración nazi
fue a visitar a un amigo que había compartido con él
tan penosa experiencia.
”¿Has olvidado ya a los nazis?”
le pregunto a su amigo.
“Si”, dijo este.
”Pues yo no. Aún sigo odiándolos con toda mi alma.”
Su amigo le dijo apaciblemente::
”Entonces,
aún siguen teniéndote prisionero.”


3 La mayoría de las veces, los defectos que vemos en los demás son nuestros propios defectos.
-“Perdone, señor”, dijo el tímido estudiante,
“pero no he sido capaz de descifrar lo que me escribió usted al margen en mi último examen....”
-“Le decía que escriba usted de un modo más legible”,
le replicó el profesor.


4 El poder del miedo
La Peste se dirigía a Damasco y pasó velozmente junto a la tienda del jefe de una caravana en el desierto.
-“¿Adónde vas con tanta prisa?” Le pregunto el jefe.
-“A Damasco. Pienso cobrarme un millar de vidas.”
De regreso de Damasco,
la Peste pasó de nuevo junto a la caravana.
Entonces le dijo el jefe:
-“¡Ya sé que te has cobrado 50.000 vidas, no el millar que habías dicho!.”
-“No,” le respondió la Peste.
-“Yo sólo me he cobrado mil vidas.
El resto se las ha llevado el Miedo.”



5 Felicidad
Decía un anciano
que sólo se había quejado una vez en toda su vida.
Cuando iba con los pies descalzos
y no tenía dinero para comprar zapatos.
Entonces vio a un hombre feliz que no tenía pies.
Y nunca volvió a quejarse.



6 Diógenes
Estaba el filósofo Diógenes cenando lentejas cuando le vio el filósofo Aristipo, que vivía confortablemente a base de adular al rey.
Y le dijo Aristipo:
"Si aprendieras a ser sumiso al rey, no tendrías que comer esa basura de lentejas".
A lo que replicó Diógenes:
"Si hubieras tú aprendido a comer lentejas, no tendrías que adular al rey".


6 Contos curtos - de Tony de Mello

1 Os muros que nos aprisionam são mentais, não reais
Um urso corria constantemente,
para cima e para baixo,
Os seis metros de largura de sua jaula.
Quando ao final de cinco anos, tiraram a jaula,
ele continuou correndo para cima e para baixo
os mesmos seis metros, como se ainda estivesse na jaula.
…E estava… para ele.

2 Nossos inimigos não são aqueles que nos odeiam, senão aqueles a quem odiamos.
Um ex-prisioneiro de um campo de concentração
foi visitar um amigo que tinha passado com ele
tão penosa experiência.
- Você já se esqueceu dos nazis?
Perguntou a seu amigo.
- Sim. Disse este.
- Pois eu não, ainda sigo odiando-os com toda a minha alma
Seu amigo lhe disse pacificamente:
- Então,
ainda continuam tendo-o prisioneiro.

3 Na maioria das vezes, os defeitos que vemos nos demais, são nossos próprios defeitos.
- Perdão senhor; disse o tímido estudante.
- Mas não fui capaz de decifrar o que escreveste na margem de meu último exame...
- Eu disse para que você escreva de um modo mais legível.
Replicou o professor.

4 O poder do medo
A Peste se dirigía a Damasco e passou velozmente junto à tenda do chefe de uma caravana no deserto
- Aonde vai com tanta pressa; lhe perguntou o chefe.
- A Damasco. Pretendo cobrar mil vidas.
Regressando de Damasco,
a Peste passou novamente pela caravana.
Então lhe disse o chefe:
- Fiquei sabendo que você cobrou 50000 vidas, não as mil que havia dito!
- Não; lhe respondeu a Peste.
- Eu só cobrei mil vidas.
As restantes foram levadas pelo Medo.

5 Felicidade
Dizia um ancião
que só havia se queixado uma vez em toda sua vida.
Quando andava com os pés descalços
e não tinha dinheiro para comprar sapatos.
Então viu um homem feliz que não tinha pés.
E nunca voltou a queixar-se.

6 Diógenes
Estava o filósofo Diógenes jantando lentilhas quando o viu o filósofo Aristipo, que vivía confortavelmente às custas de adular o rei.
E lhe disse Aristipo:
“Se aprendesse a ser submisso ao rei, não teria que comer esta porcaria de lentilha”.
Ao que lhe replicou Diógenes:
“Se você tivesse aprendido a comer lentilhas, não teria que adular o rei”