quarta-feira, 10 de agosto de 2016

CRIATIVIDADE VI

POR: MÁRIO INGLESI
Continuação de:


Dr. Ricardo
Criar nos eleva ao reino dos Deuses e seu infinito, nos dando a tão desejada imortalidade.
Portanto, envidemos todas as nossas forças, no esforço comum de abrir nossa loja de curiosidades, no afã de marcar a magnificência de nossas vidas, eternizando com muitos e muitos traços de humanidade nossa passagem por esse planeta Terra, através da arte, cuja beleza cultiva e faz brilhar nossas mentes, no enfrentamento da realidade parca e mesquinha em que vivemos.
Eia, pois, a postos e avante: - se quiserem, lógico! - alçar essa benfazeja bandeira cujo lema que se cumpre concretizar ilimitadamente, é o da criação, em todas as suas vertentes e direções, para tornar – quem sabe, o mundo melhor e cada vez mais habitável, cercado de beleza infinda, mesmo quando trata de feiuras diversas, mas de espantosa grandiosidade para todos nós humanos, uma vez que se trata de nós para nós, em toda a sua plenitude, e sob os mais diversos ângulos, artísticos, antigos, contemporâneos, e ainda a advirem com o passar e espraiar do tempo, sobre nós e as gerações futuras.
Para tanto, é preciso lembrar que nós, indivíduos, somos irrepetíveis, a menos que num futuro – quem sabe -, sejamos clonados, o que, no momento à mesa, não se toca nesse assunto, tal o desconforto proibitivo.
Assim, nada melhor e mais indicado para firmarmos a nossa presença e, quiçá, a nossa eternidade terrena, do que deixar uma marca insólita e definitiva de nossa presença neste planeta, através de uma criação que nos faça merecedor, tal como, exemplar, a marca da Dra. Nise da Silveira, que rompeu os métodos com os quais os esquizofrênicos eram expostos e tratados, através, - imaginem! do emprego adjutório de alguns cavaletes e tubos de tinta e pincéis.
Afinal, talvez como ela, sua vontade e perspicácia, tivesse tido, em última instância sob alerta contumaz a primeira estrofe do poema “A morte a cavalo”, De Drummond:
 “A cavalo de galope
a cavalo de galope
a cavalo de galope
lá vem a morte chegando”

Ela, como tantos e tantos outros, não se abalou com tal provocação, seus intentos eram inabaláveis e profundos, não se deixou se imiscuir por medos, frustrações e, com isso, enclausurar-se em si mesma. Pelo contrário, procurou, sem dúvida, aplacar o galopar desenfreado da praga da morte, para num ato de amor, confiança e desprendimento, impregnar-se de trabalho árduo, fruto de perseverança e muito estudo, para alçar seus voos de proficiência, sem dar azo a qualquer pretensão de obter valorização, ganhar dinheiro ou alçar-se ao panteão da glória com o atendimento das regras mercadológicas.
O que pretendeu – sirva-se de exemplo – foi apenas dar vazão aos seus sonhos, empreender voos, até então, inatingíveis, e com tudo isso, aliada à perseverança e objetivos certeiros, procriar abertura de novas frentes para o alçar humano, de seus males, os mais profundos, como todo bom e digno criador, sempre deve fazê-lo através da criação, da beleza de novas formas e de novos alentos em favor de um renascer humano sempre mais digno e consciente.
Esse impulso criador, no homem, prende-se talvez à vontade de poder eternizar-se, aqui na terra, driblando a morte, através da superação dos seus valores negativos, fincando neste planeta, a marca registrada de sua humanidade, reinventando a si e a sua existência, em toda a sua plenitude.
Caso isso não se fizer, recorra a Pedro Nava, (05,06.1903- 13.05- 1984) e peça, em sua condição de “Defunto”:
“Meus amigos, tenham pena - senão do morto – ao menos dos dois sapatos do morto. Olhem bem para eles. E para os vossos também!”

“Dá pena, mas dá raiva também!” Criar e tecer toda uma elegia amorosa, erótica mitológica como a “Elegia: indo para o leito” de John Donne, (1572-1631), na versão do poeta Augusto de Campos:

“Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo”: hora da cama”

E poder clamar, como no poema amantíssimo “Serei Árvore”, do poeta húngaro Sándor Petofi (1823-1849):

“Se, querida, tu és o paraíso,
Em estrela hei de me transformar,
Se querida, tu és o inferno,
Para nos unirmos, eu me danarei.”

Ah, caros e ilustres criaturas/criadores, realmente criar – ah criar! - é alçar-nos as alturas, usar de toda a liberdade de pensar e de se expressar, é, sonhar, elevar-se aos céus, enfim, é , tudo isso, de per si ou não, sem tirar os pés da Terra e nela eternizar-se, com suas obras, cujo deslumbre e usufruto, por nós outros - pobres mortais, - nos faz viver, sobreviver de maneira sobremodo condigna e prazerosa, inclusive no enfrentamento dos azares desse mundo insano.
Essa situação decorre da invocação de adjetivos que derivam do maravilhoso ainda que haja muitas vezes, um certo estranhamento, em razão do inusitado das obras, cuja contemplação atinge graus de maravilhoso encantamento, sob o olhar de penetrante argúcia e reflexão, na construção do verdadeiro e único “Éden Terrestre, onde a inteligência se alia a fatores dos mais diversos na construção da ciência e da arte, ou na sua conjunção de ambas, no ato criador e sua realização, em prol do ser humano e seu status Terreno.
No que se refere especificamente ao Brasil, o ato criador, desmistifica e, possivelmente, exorciza a visão de exotismo, de pré-conceitos que envolvem o nosso fazer, perfilando, isto sim, um desafio que nos acompanha como povo das Américas, num caldeirão alquímico de influências, mas com a conotação sempre presente da identidade e individualidade do autor da sua língua e do seu lugar de origem. Isto, porque tal ato está subjugado nas entranhas do século, em suas mazelas e na sua face horrendamente doentia da sua realidade, ainda que sinais de entretenimento, beleza e de pertencer ao mundo – vasto mundo - possam aflorar para melhor definir todo arcabouço labiríntico do ato criativo e sua apresentação ou representação.
No intuito de se lhes oferecer exemplificação, basta vagar no ato criador de Machado de Assis (21.6.1839-29.9.1908)- sobre o “amor” que transcende a própria morte:

“Querida! Aos pés do leito derradeiro,
em que descansas dessa longa vida,
aqui venho e virei, pobre querida,
trazer-te o coração do companheiro
Machado de Assis, em seu poema “Carolina,”

Bem, assim, a criação crepuscular, de profunda reflexão, alicerçada por Guimarães Rosa (27.06.1908-19.11.1967) sobre a vida e seu correr:

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem…”

E, para findar esse vagar, de divagações sobre o mesmo tema, as palavras doces e ternas do poeta Vinícius de Moraes (1913-1989) in “Do Amor à Pátria”:
“São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a outra mais íntima, pacífica e habitual – em cuja terra se comeu em criança, onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde cresceu em sofrimentos e esperanças planando canções, amores e filhos ao sabor das estações”.

Não sem antes, tomar a liberdade de acrescentar, ainda, um fragmento do poema “Canto ao Homem do Povo Charlie Chaplin”, de Carlos Drummond de Andrade, para ainda ilustrar o ato criador e seu poder de reflexão e beleza:
“Dignidade da boca, aberta em ira justa e amor profundo,
crispação do ser humano, árvore irritada, contra a miséria e fúria
dos ditadores,
ó Carlito, meu e nosso amigo, teus sapatos e teu bigode caminham
numa estrada de pó e esperança”

De tudo que foi aqui exposto, ficaram de fora, toda uma criação, cuja beleza e atrevimento, exposição de sentimentos e adequação a um viver mais equânime de felicidade e bom senso, pois, o ser humano em sua diversidade de criação, desde os tempos mais remotos, não se fez de rogado em promover, desde, que em ereção seus pés se fincaram no planeta terra, e suas mãos começaram a moldar objetos, a partir do cinzel como uma árvore em florescência, toda a sua gama de sua infinita criatividade floresceu, se expandiu e sofisticou-se, em escolas que, pelo mundo da arte houveram por bem diagnosticar, em profusão com nomes os mais diversificados tendo por finalidade, diagnosticar períodos, caraterísticas, formas, e conteúdos, sempre com o fito maior de enfatizar suas raízes e métodos e, engrandecer com loas, críticas, e ensaios, os autores e suas obras., fazendo-os explicar e entender a si e aos outros em seus sentidos mais amplos e profundos de humanidade, extensiva e reflexiva, não como uma imagem enganosa do espelho, e, muito menos como um “Prometeu” moderno acorrentado, mas como imagem, verdadeira, talvez até cruel do que somos ou nos apresentamos, na obscuridade de nosso íntimo, - consciente e inconsciente -, quando nos travestimos, por exemplo, de “Medéia”, ao nos depararmos com problemas mais profundos e árduos do nosso universo pessoal ou social.
Enfim, para se criar não é preciso hora marcada, nem dia certo, mas, isto sim, vontade, e trabalho, muito trabalho, aliado obviamente à perseverança e insistência no que realmente quer produzir, sem objetivos outros que não sejam produzir, elevando-se com isso à categoria pura e simples de autor, sem priorizar antecipadamente, reconhecimento, notoriedade, ganhos de fortunas e comercialização imediata, pois tal atitude lhe retirará, de imediato a aura de criador-artista, restando à obra apenas o olhar fortuito de amigos e conhecidos, porém isento de qualquer ato reflexivo, de estranhamento, de encantamento, ou de beleza, ainda que imediatista, retirando, portanto, da obra, seu valor intrínseco de arte e do autor o cognome de “artista”.
No tecer dessa imensa rede que envolve a criação e seu criador, o homem alçou-se a alturas inimagináveis de sonhos realizados e ainda, a realizar em futuros próximos ou distantes, dando assim asas a sua imaginação com inteligência, conhecimento e compreensão de si e do social, em prol de uma vida saudável, mais aprazível, com vias mais fáceis de poder transitar em seu dia a dia, no trato diário de seus afazeres e trabalhos, procrastinando os azares que seus males íntimos venham à tona em detrimento de si e dos outros.
Em tudo aqui exposto, está implícito, sem nenhum favor ou pena, gente que vive “nos atalhos esquisitos e estreitos e escamosos do roçado do Bom Deus”: gente das “quebradas do mundaréu” como dizia o dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999), pois – quer queiramos ou não - eles se apresentam como o carro chefe , ou seja, o motor da história.

Mário Inglesi

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

ALIMENTAÇÃO CONSCIENTE VIII

CONTINUAÇÃO DE:


A despeito do trabalho oferecido pelos cuidadosos documentários abaixo relacionados, a alimentação saudável pede um cuidado e uma amorosidade sustentados, por parte das autoridades, especialmente no que diz respeito ao que aparenta ser bonitinho e engraçadinho.



            A criança é o patrimônio mais precioso de uma nação. Na verdade aprendi isso quando morei nos Estados Unidos, um país que cuida de suas crianças como sua maior riqueza. Por exemplo, quando um ônibus escolar parava para pegar uma criança, toda e qualquer circulação de veículos na redondeza do transporte escolar precisava parar no sentido de garantir a integridade dos estudantes, um pequeno detalhe entre outros tantos. A criança que cresce assim, percebe, sente-se cuidada e valorizada. A criança valorizada sabe dar valor.
Criança gosta de brincar e repetir tudo o que escuta; um idioma pode ser muito mais facilmente aprendido por uma criança que por alguém de mais idade. Por isso é especialmente importante cuidarmos da qualidade do que se oferece como material de repetição. De fato isso é fundamentalmente importante no que diz respeito à educação alimentar.
Acredito nesse momento histórico em que se discute a obesidade infantil, valer a pena visitar e pensar sobre materiais musicais similares ao que se mostra abaixo. Sempre no sentido de refletir sobre a qualidade alimentar de nossas crianças ou baixinhos para quem acha que ser grande é questão de tamanho.

Eu queria ter um dia
Pra comer só porcaria
Três quilos de sorvete
Dentro de uma melancia

Mergulhar numa piscina
Cheia de coca-cola
Uma caixa de bombom
No meu recreio da escola

Eu quero é mais, eu quero é mais,
Eu quero é mais, mais, mais, mais, mais

Se eu ficar gordo muito gordo, tudo certo
Tudo bem tanto faz, eu quero é mais

Quero chegar na lanchonete
Comer quinze Sanduiches
Um pão de cada lado
E dentro tudo que existe

Eu quero 5 Salsichas
Dentro de um cachorro-quente
Com creme e chantilly, só pra ficar diferente

Eu quero é mais, eu quero é mais
Eu quero mais, mais, mais, mais, mais

Se eu ficar gordo muito gordo, tudo certo
Tudo bem, tanto faz, eu quero é mais

Uma pizza gigante, enorme colossal
Grandona bem servida de tamanho anormal

Um saco de batatas, crocantes e super fritas
E só de falar nisso a barriga se agita

Eu quero é mais, eu quero é mais
Eu quero mais, mais, mais, mais, mais

Se eu ficar gordo muito gordo, tudo certo
Tudo bem, tanto faz.