terça-feira, 23 de agosto de 2011

SOBRE INFÂNCIA E EDUCAÇÃO - RILKE




Fragmento de "Cartas do poeta sobre a vida"
Rainer Maria Rilke
       
       A maioria das pessoas não sabe como o mundo é belo e quanto esplendor se revela nas menores coisas, em alguma flor, uma pedra, uma casca de árvore ou uma folha de bétula. Os adultos, que têm negócios e preocupações e se atormentam com puras mesquinharias, aos poucos perdem totalmente o olhar para essas riquezas, que as crianças, se boas e atentas, logo notam e amam de todo o coração. E, contudo, seria a coisa mais sublime se quanto a isso todo mundo permanecesse sempre como crianças boas e atentas, ingênuas e pias no sentimento, e não perdesse a capacidade de se alegrar de modo tão intenso com uma folha de bétula ou uma pena de pavão ou a asa de uma gralha-cinzenta como com uma cordilheira ou um palácio suntuoso. O pequeno não é pequeno, tal como o grande não é grande. Uma beleza grande e eterna atravessa o mundo todo e se distribui de modo justo sobre as coisas pequenas e grandes, pois, no que é importante e essencial, não há injustiça em lugar algum sobre a Terra.



Amigo é quem incentiva o outro

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DESENVOLVIMENTO HUMANO E SIMETRIA


No século passado houve um nítido afastamento entre o humano (profano) e o sagrado. A criação desse abismo se deveu em parte à crença de que o conhecimento científico poderia dar conta do significado existencial e até mesmo preenchê-lo. Entretanto, se faz claro o fato de ao lado da verdade científica haverem outros aspectos da verdade que persistem inabarcáveis senão inatingíveis pelo método científico. Citem-se assim as verdades que se ocultam na sensação causada pelo belo, no poder regenerador da harmonia e finalmente na imponderabilidade do bom que alguns trazem em si, a despeito do aspecto inóspito do mundo terreno em relação a estas musas do abstrato.
O antigo quadrivium (aritmética, geometria, música e astrologia/ astronomia) aponta um aspecto interessante a ser considerado e que pode libertar os seres dispostos a expandirem suas concepções acerca da realidade imediata aos sentidos e à razão. Neste momento já existem pessoas trabalhando com informações da realidade geométrica que apesar de representáveis, trazem em si aspectos não racionalizáveis, ou de um tipo de apriorismo ainda não compartilhável ou transmissível pela razão humana. Ora, se o homem tivesse se negado a utilizar o fogo por desconhecer a combustão, certamente não estaríamos aqui hoje não é mesmo? Nesse sentido merecem nossa reverência aqueles de nós que na inovação encontram espaço para novas formas de conhecer, mais ligadas ao empirismo e à observação da natureza que ao reducionismo e a posse do método. Para você que tem dificuldade em entender isso, veja esta apresentação do Dr. Masaru Emoto, em que ele mostra associações entre a geometria comportamental da água e aspectos regionais comportamentais humanos (http://www.youtube.com/watch?v=Clkz2Tz8tl4).
Assim como a geometria, a música e a astronomia/astrologia guardam em si, informações de naturezas diversas que transcendem a via da razão, apesar de se valerem da razão para algum grau de compartilhamento e descrição dos fenômenos. Existe um ponto limite em que a natureza de uma linguagem se transmuta em outra, e esse ponto não é explicável, apenas “vivenciável”. Na ausência de palavras para a apropriada aproximação do sagrado, convido seu olhar no vídeo a seguir, a um desses pontos em que a geometria e a música se tocam na natureza:


Pássaros em revoada

Sem o contato com o sagrado a saúde sucumbe; o sagrado, o mistério e a pergunta alimentam o viver e colocam o ser humano em situação de graça. Um pequeno vislumbre disso pode ser visto no filme “The Tree of Life” – A árvore da vida – vencedor do Festival de Cannes de 2011. A graça abunda e o desgraçado ninguém mais é senão aquele que se fecha à graça plena em favor de suas certezas que limitam, empobrecem e adoecem. O ser humano está imerso em um ambiente repleto de estímulos, em sua maioria desconhecidos, que interferem constantemente de forma consciente ou inconsciente sobre sua constituição. Veja:


Crescimento vegetal

O fato de não vermos ou estarmos alheios ao processo temporal diverso desses estímulos, não elimina seus efeitos. É importante considerar mais seriamente a reverência à infinidade de instâncias nas quais nosso ser encontra-se mergulhado, visto que estamos continuamente interagindo com elas.

Algo muito sério acontece que nos afasta do reino do mistério, do inefável do maravilhoso... É preciso lembrar! Para isso é importante e fundamental que despertemos para as linguagens e campos simbólicos que auxiliam na lembrança e na comunhão com as outras instâncias da natureza, sejam elas inferiores ou superiores. A humanidade é ponte de conexão entre realidades, especialmente enquanto representantes da verticalidade consciente na natureza. Alegra saber que entre nós existem seres dispostos a sondar o inefável e partilhar seu conhecimento, veja: http://www.ouvirativo.com.br/.
Oportunamente viremos a discutir como em olhar semelhante, a astronomia/astrologia, quarto passo do quadrivium, constitui ainda outro tecido de linguagem a ser acessado no processo de consciência e significação existencial. Por enquanto aproveitemos um estudo sobre simetria, compartilhado por Tania Orlando, física e estudiosa da astronomia...


 SIMETRIA e o REINO MINERAL


Etimologicamente Simetria vem do grego Summetria, que significa a mesma medida.

  • Simetria é um conceito que está presente em temas que vão desde as artes, a música até a ciência.

  • A existência de uma natureza geométrica não passou despercebida aos sábios da Antiguidade. Pitágoras já referia a este fenômeno e efetuou vários estudos a esse respeito. Aliás, foi ele próprio que afirmou: "Todas as coisas são números"

A simetria pode ser definida de várias maneiras, mas é, sem nenhuma dúvida, um conceito intuitivo que nos acompanha desde o momento em que iniciamos a tomada do conhecimento do mundo em que vivemos.

  • A simetria na Natureza é um fenômeno único e fascinante. Esta idéia surge naturalmente ao espírito humano, remetendo-o a um equilíbrio e proporção, padrão e regularidade, harmonia e beleza, ordem e perfeição.

Quando falamos de simetria é natural que se pense em uma forma que, em relação a uma referência qualquer, plano ou eixo, se repete. Veja exemplos a seguir:



  • Nós somos seres simétricos, pois que se fizermos um corte imaginário, vertical passando por nosso centro, temos a mesma aparência externa de cada um dos lados: braços, pernas, olhos, ouvidos, narina, boca. 
  • Um cristal de floco de neve é sempre simétrico, não importa o desenho.
 
Se fizermos um corte vertical, horizontal ou diagonal, passando pelo meio de um objeto, sua estrutura se repetirá idêntica em cada lado do corte. Veja abaixo.



  • Na Natureza estamos rodeados de simetrias.

  • Simetria é relativa e fará diferentes ângulos em relação a um eixo vertical ou horizontal (vida ou movimento).
A Natureza, ou Universo em si, é naturalmente simétrico, na verdade, o que nos leva à busca constante pela simetria como estado de Ser e Manifestação, para estarmos integrados e em harmonia, entre nós e com o Todo.
A esfera é a geometria mais perfeita e com infinitas possibilidades de simetria em relação a infinitos eixos: qualquer ponto em qualquer lugar de uma esfera encontrará outro igual, na direção oposta, na mesma medida, em relação ao centro.
Do ponto de vista geométrico – filosófico, podemos dizer que toda Manifestação teve uma origem Primordial. A esfera (bidimensional) ou círculo (tridimensional) representa a Monada, o pai-mãe de todas as formas, a simetria mais perfeita. Não é verdade que toda criatura busca a igualdade com seu Criador?
  • Então, se somos, similitude e imagem, mesmo que ainda não apresentando a simetria perfeita, temos uma tendência irresistível de buscá-la.

  • A Natureza, ao contrário, tem a simetria como condição natural, a menos que haja alguma interferência externa.

Assim, cientistas sabem que se a simetria for violada de alguma forma, o conceito ou hipótese não é verdadeiro para aquela situação.

Ampliando o conceito de simetria


Vamos associar simetria a grau de liberdade e para tanto nos remetemos aos conceitos de caos e livre-arbítrio. Quais as chances de algum tipo de simetria no Caos? Nosso conceito é que Caos não é bom porque trás a idéia de confusão e desorganização. Será mesmo? Mas afinal, o que é o Caos? 


  • Caos é indeterminismo, ou seja, nada é previamente determinado ou ordenado, apresentando um comportamento aleatório (randômico), ou seja, sem regras pré - estabelecidas. Quando algo se encontra em estado caótico, não se sabe ou não se pode prever o que acontecerá, qual o resultado.
  • Determinismo, ao contrário, é o conceito filosófico de que todo evento e toda ação é o resultado inevitável de outros eventos ou ações anteriores, ou seja, causa e efeito ou ação e reação.

  • O Caos é todas as possibilidades em intenção e o previsível (ordem) é uma única possibilidade manifestada. 
  • O conceito popular de Caos é bagunça, coisas misturadas sem qualquer tipo de ordem ou regra. Entretanto, a Física nos diz algo diferente, que Caos é quando não se podem fazer medidas ou previsões sobre o comportamento de uma partícula ou corpo. E é aqui que entra o conceito de Determinismo ou o que se pode determinar. E este conceito teve que ser reavaliado do ponto de vista da Física Quântica e o Principio da Incerteza.

  • Do ponto de vista filosófico- espiritual vejo o conceito de Caos, como contendo em si todas as infinitas possibilidades que a Física Quântica determina, ou seja, tudo é potencialmente possível de ocorrer. O Determinismo chega quando, de algum modo, se faz, uma escolha. Neste momento sintonizamos em uma das infinitas possibilidades e é justamente está única que ocorrerá e se manifestará dentro de regras estabelecidas e seu comportamento torna-se previsível (pelo menos até o momento que poderá ser influenciado por uma causa externa e entrar em Caos novamente).

  • Assim, nossa tendência é pensar, por exemplo, que o Caos, não apresenta nenhum tipo de simetria. Engano. No Caos encontramos todas as possibilidades, portanto deverá também ocorrer algum tipo de simetria.

E isso nos faz questionar a previsibilidade de nossa vida e de tudo o que nos cerca.

  • Nossa vida é determinada (destino) ou temos total Livre Arbítrio (Indeterminismo)?
Livre Arbítrio é quando estamos tão próximos da Unidade com a fonte Criadora do Universo (Deus), que ele desaparece na medida em que a nossa vontade é a mesma do Pai. “Seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu.”

  • Quanto mais um sistema se apresenta ordenado, organizado, controlado por leis exatas e que conhecemos perfeitamente os resultados, mais próximo da noção de determinismo ou destino.

  • Por outro lado, quanto maior o grau de liberdade, sem leis determinadas onde os resultados são imprevisíveis, maior o Livre Arbítrio ou mesmo o processo criativo.

"...Esses que ai estão a atravancar o meu caminho,
eles passarão, eu passarinho..." M. Quintana

O que é o livre arbítrio para alguém destinado a morrer?

Existe simetria entre destino e livre arbítrio?


POSTADO POR: TANIA ORLANDO e RICARDO LEME

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O POETA - A ALMA - O ESPÍRITO --- HARMONIA

Dentre os próprios poetas, Tsvetaeva faz uma distinção entre aqueles que qualifica de "sublimes" e aqueles que julga "imensos". Os poetas sublimes são os que gostariam de permanecer nas alturas do céu, como Hölderlin. Os poetas imensos - como Goethe - são apenas visitantes dos cumes em que Hölderlin se refugiou, mas por esse fato, podem ver tudo e ouvir tudo: no céu, na Terra e entre os dois. "O poeta imenso - inclui - e reequilibra." O gênio não deve romper com o restante da humanidade. "O gênio: uma resultante de forças opostas, isto é, no fim das contas um equilíbrio, isto é, uma harmonia."...
O poeta não substitui o sacerdote. "O poeta não é o que há de maior [...]. A esfera do poeta é a alma. Toda a alma. Acima da alma há o espírito, que não tem nenhuma necessidade dos poetas. Se o espírito tem uma necessidade, é de profetas." O poema só é uma prece porque faz apelo ao mundo do espírito, mas não serve a Deus - ou então serve a todos os deuses, os da carne e os do espírito, a natureza e a graça. É preciso deixar de tomar "a força pela verdade e o charme pela santidade!"

Fragmentos do livro: "A beleza salvará o mundo" - Wilde, Rilke e Tsvetaeva: os aventureiros do absoluto.
Tzvetan Todorov

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

ELEMENTOS - ALIMENTO PARA A ALMA

Elementos
É preciso aprender a ser, apenas,
pó da Terra, vibrar em harmonia...
Ter nos pensamentos,
o ar puro das campinas,
como um céu de nuvens claras
passeando num vagar,
sem rumo definido, livres...
Escutar o vento, que fala, canta, ri,
nos conta segredos com seu cheiro,
e saber sentir na pele o seu lamento,
quando vira convulsão e chora,
transbordando rios,
fluindo a vida...
Nas entranhas, há que ter o fogo,
que com paixão aquece,
atrai, enternece, mas que às vezes,
precisa explodir e se enfurece,
desorientando o ser que em sua vaidade,
como luz fria, pensa enganar a noite,
apaga estrelas, esconde a Lua,
e ao amanhecer o dia,
se fecha numa sala escura
com seus mistérios e fantasias tolas,
perdido numa ilusão de poder,
que apenas desagrega,
a energia pura e vital do Universo...

Helena Morais


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

SABEDORIA E NEUROPLASTICIDADE


POR MARIO INGLESI:


Dr. Ricardo



Meu caro doutor, seus textos parecem querer mexer apenas com vespeiros. E, desta feita, com um vespeiro de abelhas africanas. Imagine só: as diversas maneiras de formar e preservar a saúde cerebral, tendo em vista as necessárias exigências de movimentações humanas em proveito da plasticidade do cérebro, a fim de se ter uma vida existencial saudável para si e para os outros que o rodeiam.

É realmente assunto auspicioso, e, que requer sabedoria. Isso porque saúde é tema até de brindes, ao alçar-se copos ou taças em ocasiões especiais ou cerimoniais. E, até mesmo em espirros longos ou breves, há sempre alguém por perto para aclamar "SAÚDE". Portanto, saúde, hoje em dia é assunto corriqueiro, e, em se tratando do corpo então, transmudou-se de saúde para “estética” do corpo, para gáudio do comércio e da indústria e até de entretenimento. Haja vista a proliferação de academias, personal trainers, espaços diversos em prédios para sauna, ofurô, e aparelhagem diversa para ginástica, fisicultura, além de produtos diet e light, e centenas de campanhas em prol de um corpo esbelto e faceiro, com as tais “barrigas tanquinho”, muita musculatura, e silicones por todos os lados (Na frente ou atrás, ou ambos) botox, pinturas e mais pinturas, bem como inúmeros outros expedientes que escondam inimagináveis defeitos ou envelhecimento. Enfim, saúde tornou-se sinônimo de imagem. Para isso, enganosamente se olha, comumente, no espelho e se brada, como na história infantil:

“Espelho, Espelho Meu, Haverá Alguém mais Bela (ou Belo) do que Eu?


Diante disso, o cérebro e sua saúde ficaram completamente esquecidos, relegados ou apenas lembrados e reconhecidos como o mais importante órgão humano, com o advento de alguns traumas inesperados ou doenças as mais diversas e sombrias como a loucura, em suas diversas modalidades, a amnésia, o “Coma” o AVC e, principalmente, talvez a mais horrenda delas, o Alzheimer, cujo aparecimento não muito visível e, muitas vezes, de equivocado ou tardio   diagnóstico, faz com que o paciente e os que o rodeiam carreguem um castigo em vida.

Assim, tanto o poder público como o privado e assemelhados não oferecem a mínima atenção à saúde do cérebro ou a práticas, as mais corriqueiras, a seu favor. Possivelmente a única insistentemente lembrada quando o cérebro oferece alguma pequena falha, é a corriqueira lembrança de sua ativação através das “Palavras Cruzadas”.

No entanto, o cérebro é o órgão que mais nos fascina, principalmente, pelos mistérios que o envolvem, mas também pelos atos e atitudes que propicia, causando-nos deslumbramentos, medos e repugnâncias.

Portanto, é por demais convidativo a leitura do texto sobre a neuroplasticidade - partes I e II – para atentarmos o quanto é importante e significativa a prática constante da ativação do cérebro, para que comumente ele tenha uma vida, senão plena, pelo menos vigorosa, com espaços para novos e importantes conhecimentos e informação, e não apenas empanturrado com o factual diário de notícias e coisas, na maioria das vezes, sem importância.

Torne-se, um ser vivo em sua plenitude, como bem propõe o texto: diversifique, diferencie, cerque-se de amigos, vivencie momentos especiais, de maneiras diferentes, experimente sempre e verá que o tempo lhe será prazeroso e o cérebro obviamente lhe agradecerá por isso, mostrando-se solerte e vivo como sempre o desejamos.

Como se vê, doutor, a sua caminhada segue a passos largos, abrindo constantemente estradas, vias e veredas cada vez mais auspiciosas para a vivência humana e sua saúde.

Com relação ao seu texto “Pílulas de Saúde para os Pais”, só me resta acrescentar-lhe, como mera ilustração, o “Poema Enjoadinho”, de Vinícius de Moraes.



Filhos… Filhos?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo?

Se não os temos

Que de consulta

Quanto silêncio

Como os queremos!

Banho de mar

Diz que é um porrete…

Cônjuge voa

Transpõe o espaço

Engole água

Fica salgada

Se iodifica

Depois, que boa

Que morenaço

Que a esposa fica!

Resultado: filho.

E então começa

A aporrinhação:

Cocô está branco

Cocô está preto

Bebe amoníaco

Comeu botão.

Filhos? Filhos

Melhor não tê-los

Noites de insônia

Cãs prematuras

Prantos convulsos

Meu Deus, salvai-o!

Filhos são o demo

Melhor não tê-los

Mas se não o temos

Como sabê-los?

Como saber

Que macieza

Nos seus cabelos

Que cheiro morno

Na sua carne

Que gosto doce

Na sua boca!

Chupam gilete

Bebem xampu

Ateiam fogo

No quarteirão

Porém, que coisa

Que coisa louca

Que coisa linda

Que os filhos são!



Vinícius de Moraes – Poesia e Completa e Prosa - Ed. Nova Aguilar, 1985



Com o meu agradecido abraço, a expectativa de seus novos e profícuos ensinamentos.



Mário Inglesi 07/08/2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SAÚDE E EDUCAÇÃO - A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES


Um texto que circula pela rede conta uma história assim:




O ano é 2.020 D.C. - ou seja, daqui a nove anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
 – Vovô, por que o mundo está acabando?
A calma da pergunta revela a inocência da alma infante.
E no mesmo tom vem a resposta:
 – Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
 – Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?
– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.
– E como foi que eles desapareceram, vovô?
– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade.
– O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, alguns políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa. Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. Os professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo. Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.  Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.

       Caro amigo, caso este tema lhe interesse, sugiro os seguintes filmes como um breve e consistente "vôo" sobre o assunto:
- A fita branca (Alemanha - 2009)
- Entre os muros da escola (França - 2008)
- Pro dia nascer feliz (Brasil - 2006)
- Ser e Ter (França - 2002)
- A língua das mariposas (Espanha - 1999)

Todos muito bem feitos e imperdíveis!


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

PÍLULA DE SAÚDE PARA OS PAIS


Crianças geniais

Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isso mesmo!
Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se?
Foi apenas um empréstimo!"

                 ?J. Saramago? (http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=38179)

A importância do bom exemplo


AINDA SOBRE NEUROPLASTICIDADE E SABEDORIA


POR MARIO INGLESI:

Um amigo, estudante do direito já há algum tempo, revisita em preciosa e sábia perspectiva o tema neuroplasticidade e sabedoria I, apresentado no blog em: 
http://saudeconsciencia.blogspot.com/2011/07/neuroplasticidade-e-sabedoria-parte-i.html



Dr. Ricardo, meu caro:



Em seu artigo sobre Neuroplasticidade e Sabedoria, ainda com enfoque à Medicina da Saúde, é levantada uma série de regras em prol da criação contínua de novas conexões (sinapses) entre as células do cérebro, em benefício da alimentação cerebral.

Tais regras elencadas como: atividade física, boa alimentação cerebral, abstenção de bebidas alcoólicas e de uso de tabaco, bem como de drogas e substâncias socialmente usuais nos dias que correm, já são referenciais na propaganda, nos modismos concernentes à aparência visual, enfim, ao mundo contemporâneo dito moderno, encampado pela indústria cultural e de consumo.

Com isso, a sociedade brasileira, de formação colonial, porém de destino liberal e democrático, apresenta-se atualmente sob o forte domínio impositivo do “NÃO”, ou do “Faça Só o Que Eu Mando” numa verdadeira guerra do terror, encabeçada pelas imagens hediondas prefixadas nos maços de cigarro, e firmada contra os fumantes em todos os cantos e recantos das cidades, sem contar na intromissão desarvorada de pessoas contra os hereges fumantes, os drogados, os mal aparentados, e outros tantos infelizes discriminados excluídos de qualquer convívio social tal como a “caça `as bruxas” na Idade Média ou aos judeus e outros, por ocasião da 2a. Guerra Mundial, no embate com os nazistas, fascistas ou os integralistas no Brasil.



Em contraponto, leia-se:

Soneto Preguicista (2.427)

Não basta a ditadura da injustiça

e vem a ditadura do magriça!

Caímos no regime do exercício,

Egressos do regime militar.

Censuram a poltrona como vício!

Dever, serão, cobrança, obrigação.

Mal temos tempinho de lazer,

e os nazis o nariz querem meter,

impondo-nos o esporte e a malhação.

O tempo é precioso. Desperdice-o!

Senão a gente ainda vai parar

num leito, num presídio ou num hospício

Resista! Durma! Assuma esta premissa:

A luta tem um símbolo: PREGUIÇA

Glauco Mattoso, em Panacéias” (inédito) - Folha de São Paulo - 30 agosto 2000



Felizmente, - este constitui o seu grande mérito - o enfoque do referido artigo foge dessa barafunda, - que o soneto acima critica - , procurando esclarecer todo um cunho terapêutico idôneo à uma atividade cerebral saudável, através da conscientização de regras a serem observadas num lívre-arbítrio que afasta, de imediato, qualquer imposição externa pública ou privada.

Tal viés obriga o leitor a pensar livremente e a ver argutamente o que é indispensável para si e sua saúde física e mental, sem embarcar nesse trem de modismos que percorre socialmente nosso País, de norte a sul.

Afinal, tudo o que é proibido – diziam os antigos – é cobiçado. Aí estão os infratores a todas as modalidades de leis e regras para alçar em alto e bom som que os riscos estão aí para serem corridos em nome do crescimento pessoal e em afrontamento ao proibitismo, em voga atualmente inclusive com o politicamente correto.

Assim, ver as duas mulheres da figura é o mínimo, É preciso, sempre, ir além das aparências, ver sempre os muitos lados de cada caso, refletir pensar e não prejulgar ou julgar aleatoriamente, apenas por circunstâncias ocasionais, muitas vezes infundadas.

E PENSAR – caro doutor – é o que fazem todos os seus escritos, com o olhar de quem atenta o mundo e seus problemas com profundidade, mas também com a serenidade de um sábio.


Abraços sempre afetivos, acompanhados de minha gratidão pela sempre conscientização constante do meu despertar.



Mário Inglesi 17/07/2011