segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DESENVOLVIMENTO HUMANO E SIMETRIA


No século passado houve um nítido afastamento entre o humano (profano) e o sagrado. A criação desse abismo se deveu em parte à crença de que o conhecimento científico poderia dar conta do significado existencial e até mesmo preenchê-lo. Entretanto, se faz claro o fato de ao lado da verdade científica haverem outros aspectos da verdade que persistem inabarcáveis senão inatingíveis pelo método científico. Citem-se assim as verdades que se ocultam na sensação causada pelo belo, no poder regenerador da harmonia e finalmente na imponderabilidade do bom que alguns trazem em si, a despeito do aspecto inóspito do mundo terreno em relação a estas musas do abstrato.
O antigo quadrivium (aritmética, geometria, música e astrologia/ astronomia) aponta um aspecto interessante a ser considerado e que pode libertar os seres dispostos a expandirem suas concepções acerca da realidade imediata aos sentidos e à razão. Neste momento já existem pessoas trabalhando com informações da realidade geométrica que apesar de representáveis, trazem em si aspectos não racionalizáveis, ou de um tipo de apriorismo ainda não compartilhável ou transmissível pela razão humana. Ora, se o homem tivesse se negado a utilizar o fogo por desconhecer a combustão, certamente não estaríamos aqui hoje não é mesmo? Nesse sentido merecem nossa reverência aqueles de nós que na inovação encontram espaço para novas formas de conhecer, mais ligadas ao empirismo e à observação da natureza que ao reducionismo e a posse do método. Para você que tem dificuldade em entender isso, veja esta apresentação do Dr. Masaru Emoto, em que ele mostra associações entre a geometria comportamental da água e aspectos regionais comportamentais humanos (http://www.youtube.com/watch?v=Clkz2Tz8tl4).
Assim como a geometria, a música e a astronomia/astrologia guardam em si, informações de naturezas diversas que transcendem a via da razão, apesar de se valerem da razão para algum grau de compartilhamento e descrição dos fenômenos. Existe um ponto limite em que a natureza de uma linguagem se transmuta em outra, e esse ponto não é explicável, apenas “vivenciável”. Na ausência de palavras para a apropriada aproximação do sagrado, convido seu olhar no vídeo a seguir, a um desses pontos em que a geometria e a música se tocam na natureza:


Pássaros em revoada

Sem o contato com o sagrado a saúde sucumbe; o sagrado, o mistério e a pergunta alimentam o viver e colocam o ser humano em situação de graça. Um pequeno vislumbre disso pode ser visto no filme “The Tree of Life” – A árvore da vida – vencedor do Festival de Cannes de 2011. A graça abunda e o desgraçado ninguém mais é senão aquele que se fecha à graça plena em favor de suas certezas que limitam, empobrecem e adoecem. O ser humano está imerso em um ambiente repleto de estímulos, em sua maioria desconhecidos, que interferem constantemente de forma consciente ou inconsciente sobre sua constituição. Veja:


Crescimento vegetal

O fato de não vermos ou estarmos alheios ao processo temporal diverso desses estímulos, não elimina seus efeitos. É importante considerar mais seriamente a reverência à infinidade de instâncias nas quais nosso ser encontra-se mergulhado, visto que estamos continuamente interagindo com elas.

Algo muito sério acontece que nos afasta do reino do mistério, do inefável do maravilhoso... É preciso lembrar! Para isso é importante e fundamental que despertemos para as linguagens e campos simbólicos que auxiliam na lembrança e na comunhão com as outras instâncias da natureza, sejam elas inferiores ou superiores. A humanidade é ponte de conexão entre realidades, especialmente enquanto representantes da verticalidade consciente na natureza. Alegra saber que entre nós existem seres dispostos a sondar o inefável e partilhar seu conhecimento, veja: http://www.ouvirativo.com.br/.
Oportunamente viremos a discutir como em olhar semelhante, a astronomia/astrologia, quarto passo do quadrivium, constitui ainda outro tecido de linguagem a ser acessado no processo de consciência e significação existencial. Por enquanto aproveitemos um estudo sobre simetria, compartilhado por Tania Orlando, física e estudiosa da astronomia...


 SIMETRIA e o REINO MINERAL


Etimologicamente Simetria vem do grego Summetria, que significa a mesma medida.

  • Simetria é um conceito que está presente em temas que vão desde as artes, a música até a ciência.

  • A existência de uma natureza geométrica não passou despercebida aos sábios da Antiguidade. Pitágoras já referia a este fenômeno e efetuou vários estudos a esse respeito. Aliás, foi ele próprio que afirmou: "Todas as coisas são números"

A simetria pode ser definida de várias maneiras, mas é, sem nenhuma dúvida, um conceito intuitivo que nos acompanha desde o momento em que iniciamos a tomada do conhecimento do mundo em que vivemos.

  • A simetria na Natureza é um fenômeno único e fascinante. Esta idéia surge naturalmente ao espírito humano, remetendo-o a um equilíbrio e proporção, padrão e regularidade, harmonia e beleza, ordem e perfeição.

Quando falamos de simetria é natural que se pense em uma forma que, em relação a uma referência qualquer, plano ou eixo, se repete. Veja exemplos a seguir:



  • Nós somos seres simétricos, pois que se fizermos um corte imaginário, vertical passando por nosso centro, temos a mesma aparência externa de cada um dos lados: braços, pernas, olhos, ouvidos, narina, boca. 
  • Um cristal de floco de neve é sempre simétrico, não importa o desenho.
 
Se fizermos um corte vertical, horizontal ou diagonal, passando pelo meio de um objeto, sua estrutura se repetirá idêntica em cada lado do corte. Veja abaixo.



  • Na Natureza estamos rodeados de simetrias.

  • Simetria é relativa e fará diferentes ângulos em relação a um eixo vertical ou horizontal (vida ou movimento).
A Natureza, ou Universo em si, é naturalmente simétrico, na verdade, o que nos leva à busca constante pela simetria como estado de Ser e Manifestação, para estarmos integrados e em harmonia, entre nós e com o Todo.
A esfera é a geometria mais perfeita e com infinitas possibilidades de simetria em relação a infinitos eixos: qualquer ponto em qualquer lugar de uma esfera encontrará outro igual, na direção oposta, na mesma medida, em relação ao centro.
Do ponto de vista geométrico – filosófico, podemos dizer que toda Manifestação teve uma origem Primordial. A esfera (bidimensional) ou círculo (tridimensional) representa a Monada, o pai-mãe de todas as formas, a simetria mais perfeita. Não é verdade que toda criatura busca a igualdade com seu Criador?
  • Então, se somos, similitude e imagem, mesmo que ainda não apresentando a simetria perfeita, temos uma tendência irresistível de buscá-la.

  • A Natureza, ao contrário, tem a simetria como condição natural, a menos que haja alguma interferência externa.

Assim, cientistas sabem que se a simetria for violada de alguma forma, o conceito ou hipótese não é verdadeiro para aquela situação.

Ampliando o conceito de simetria


Vamos associar simetria a grau de liberdade e para tanto nos remetemos aos conceitos de caos e livre-arbítrio. Quais as chances de algum tipo de simetria no Caos? Nosso conceito é que Caos não é bom porque trás a idéia de confusão e desorganização. Será mesmo? Mas afinal, o que é o Caos? 


  • Caos é indeterminismo, ou seja, nada é previamente determinado ou ordenado, apresentando um comportamento aleatório (randômico), ou seja, sem regras pré - estabelecidas. Quando algo se encontra em estado caótico, não se sabe ou não se pode prever o que acontecerá, qual o resultado.
  • Determinismo, ao contrário, é o conceito filosófico de que todo evento e toda ação é o resultado inevitável de outros eventos ou ações anteriores, ou seja, causa e efeito ou ação e reação.

  • O Caos é todas as possibilidades em intenção e o previsível (ordem) é uma única possibilidade manifestada. 
  • O conceito popular de Caos é bagunça, coisas misturadas sem qualquer tipo de ordem ou regra. Entretanto, a Física nos diz algo diferente, que Caos é quando não se podem fazer medidas ou previsões sobre o comportamento de uma partícula ou corpo. E é aqui que entra o conceito de Determinismo ou o que se pode determinar. E este conceito teve que ser reavaliado do ponto de vista da Física Quântica e o Principio da Incerteza.

  • Do ponto de vista filosófico- espiritual vejo o conceito de Caos, como contendo em si todas as infinitas possibilidades que a Física Quântica determina, ou seja, tudo é potencialmente possível de ocorrer. O Determinismo chega quando, de algum modo, se faz, uma escolha. Neste momento sintonizamos em uma das infinitas possibilidades e é justamente está única que ocorrerá e se manifestará dentro de regras estabelecidas e seu comportamento torna-se previsível (pelo menos até o momento que poderá ser influenciado por uma causa externa e entrar em Caos novamente).

  • Assim, nossa tendência é pensar, por exemplo, que o Caos, não apresenta nenhum tipo de simetria. Engano. No Caos encontramos todas as possibilidades, portanto deverá também ocorrer algum tipo de simetria.

E isso nos faz questionar a previsibilidade de nossa vida e de tudo o que nos cerca.

  • Nossa vida é determinada (destino) ou temos total Livre Arbítrio (Indeterminismo)?
Livre Arbítrio é quando estamos tão próximos da Unidade com a fonte Criadora do Universo (Deus), que ele desaparece na medida em que a nossa vontade é a mesma do Pai. “Seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu.”

  • Quanto mais um sistema se apresenta ordenado, organizado, controlado por leis exatas e que conhecemos perfeitamente os resultados, mais próximo da noção de determinismo ou destino.

  • Por outro lado, quanto maior o grau de liberdade, sem leis determinadas onde os resultados são imprevisíveis, maior o Livre Arbítrio ou mesmo o processo criativo.

"...Esses que ai estão a atravancar o meu caminho,
eles passarão, eu passarinho..." M. Quintana

O que é o livre arbítrio para alguém destinado a morrer?

Existe simetria entre destino e livre arbítrio?


POSTADO POR: TANIA ORLANDO e RICARDO LEME

3 comentários:

  1. Ric et al,

    Congratulações pelo texto. Uau!
    Sou um tanto quanto existencialista e concordo com Sartre, portanto, me permito ter 5 anos e responder as perguntas retoricas do fim do texto(rs): "O que é o livre arbítrio para alguém destinado a morrer?"
    É a escolha de como morrer, porque se não podemos definir em absoluto sobre o modo de morrer, podemos definir em partes, 'de certo modo' a forma de morrer porque podemos deduzir aonde nossas ações atuais nos levarão, ou seja, podemos concluir os resultados das nossas ações. E, quem não decide o modo, está condenado a morrer pelo tempo, logo, escolheu a via natural de morrer quando supostamente 'não escolheu'.
    Segundo Sartre "Estamos condenados a nosssa liberdade."
    Sob tal perspectiva, creio que dá pra concluir que existe simetrial entre destino e livre arbítrio uma vez que quando decidimos arcamos com as consequencias das nossas decisões. Sendo assim, a consequencia da qual não podemos fugir pode ser considerada destino, após o livre arbítrio da decisão tomada.
    Seria infantil querer fazer escolhas sem abrir mão das coisas boas, escolhas implicam em compromometer-se, em abrir mão de todas as outras possbilidades em detrimento de uma única, essa escolha é a total liberdade, o livre arbítrio.
    Uma liberdade sem consequencias não teria sentido, porque deixaria óbvia a escolha que seria então sempre 'o belo', sempre 'o bom'.
    Mas quando escolhemos, as consequencias fazem valer a pena e somos livres por isso. Porque no universo de possibilidades, decidimos por um destino, uma vez que cada escolha tem suas consequencias definidas.
    Algo como o universo sendo uma rede de pesca em que as vontades são forças ou fios da rede que estão todos interligadas e basta alterar um fio para mudar toda a estrutura macroscópica da rede, sua função...
    Por isso teologicamente, a única coisa que Deus não é: é livre.
    Liberdade é atributo humano, condenação humana a ser carregada.
    Deus não pode ser mau, Deus em sua perfeição é sempre bom, justo, misericordioso.
    Dizem que por isso ele criou a humanidade, porque algumas condenações são verdadeiras bençãos. E comemos o bem e o mal, comemos um livre arbitrio que tem consequencias escritas no livro do destino.
    A condenação à escolha implica em um amor tão grande a ponto de renunciar as possibilidades para pagar as consequencias chamadas: destino. E isso faz a vida valer a pena.
    Ou qualquer coisa mais ou menos isso, ou próximo disso.rs
    Gostei da reflexão.
    É sempre bom receber teus emails na hora do almoço, pensar é melhor que almoçar. (rs)
    São escolhas, rs...
    Mas por vezes as escolhas trazem consequencias felizes, destino feliz, rs...
    Desculpa o devaneio.
    Um abraço.

    Mayra Lopes.

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  2. Um traço ta destinado a formar uma forma, rs...
    Eu ia falar mais isso, mas esqueci.

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  3. O livre arbítrio para uma pessoa que esta prestes a morrer significa a busca da melhor forma de encarar e aliviar a dor da morte.
    No meu ponto de vista não existe simetria entre livre arbítrio e destino porque tudo muda em um instante.
    Beijos!

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