sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

ÁRVORES DO NATAL

     Uma história sobre árvores, natal, nascimento e renascimento;

sobre o Sol e sobre a Terra;

sobre Jesus e sobre Lázaro...


sábado, 5 de dezembro de 2015

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

EVENTO - I CONGRESSO NACIONAL DO BEM ESTAR E SAÚDE EM ESSÊNCIA

Queridos amigos,
Amanhã às 20 horas iniciaremos ao vivo pela internet o "I Congresso Nacional do Bem Estar e Saúde em Essência".
Os interessados podem acessar gratuitamente e participar do ConBem, com um webinar ao vivo com Ricardo J. A. Leme sobre Medicina da Saúde x Medicina da Doença.
Divulguem aos interessados e quem puder se inscreva gratuitamente no site:
http://conbem.com.br/ para acompanhar todas as palestras na íntegra.
Até amanhã!
Para assistir ao vivo e enviar suas perguntas, acesse às 20h de amanhã (4/12):

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

SUPERANDO O PRECONCEITO DE FALAR SOBRE A MORTE - II

Por: Bel Cesar - Terapeuta. Dedica-se ao atendimento de pacientes que enfrentam o processo da morte.


Aqueles que testemunharam o processo de uma morte e se deixaram tocar pelos poderosos efeitos dessa experiência buscaram ampliar a sua visão de mundo. Assistir alguém morrendo torna-nos conscientes de nossos limites humanos e leva-nos a ser mais realistas e menos pretensiosos quanto às nossas possibilidades. Assim como, podemos encarar a morte de maneira positiva, inde­pendentemente deste processo ser sofrido ou não.

Ignorância quanto às provas científicas e depoimentos inspiradores que endossam o fato de que a morte é uma transição para outra realidade e não um fim.

Acreditamos que vamos morrer, mas não sabemos que vamos morrer. Acreditar é uma função mental, uma parte de nós. Mas saber algo envolve todo o nosso ser enquanto seres pensantes, sensíveis e intuitivos. Estamos estancados na crença da ideia de morte como aniquilação.
Nuland escreve em “Como morremos”: “Nenhum de nós parece psicologicamente apto a lidar com o pensamento de nosso estado de morte, com a ideia de uma inconsciência permanente em que não existe vazio nem vácuo - e simplesmente não existe nada. Isso parece tão diferente do nada que precede a vida”.
Como não é natural pensar em algo que não tenha continuidade, não damos sustentação à ideia de não sermos nada. A certeza de uma continuidade após a morte nos ajuda a lidar com o niilismo de nossa cultura materialista, em que o abstrato e o invisível não são reconhecidos como verdadeiros e possíveis. No entanto, não devemos cair no extremo de querer deixar a morte “leve” demais, buscando uma visão poética na qual também estaremos escondendo nosso medo de encará-la.
Associamos a ideia de estarmos vivos à nossa capacidade de nos mantermos em movimento. Portanto, temos a tendência a concluir que onde houver movimento, haverá continuidade. Por isso, quando nos deparamos frente à paralisação do corpo devido à morte, imediatamente concluímos que o processo de continuidade da mente também tenha sido interrompido. Mas tanto as tradições religiosas mais antigas e assim como as recentes pesquisas da metafísica reconhecem que o homem é um ser transcendental.
Jean-Pierre Bayard escreve em “Sentido oculto dos ritos mortuários” (Ed. Paulus): “A maioria das civilizações antigas presta cultos aos antepassados. Seu pensamento é que a pessoa que morreu continua a viver em outra sociedade, sensivelmente da mesma forma que em sua existência terrestre, com alegrias e sofrimentos comparáveis”.
Como em nossa sociedade de consumo os rituais fúnebres são cada vez menos praticados, nós nos distanciamos das práticas que nos levavam a reconhecer a nossa natureza transcendental: quem somos além da matéria física e aparente. Precisamos aprender a ver além das aparências imediatas. Temos que reconhecer a existência dos níveis sutis da realidade, que não são concretos ou mensuráveis.
A física quântica esclareceu que a energia apresenta uma propriedade fundamental: jamais se esgota. Isto é, a energia não se extingue, transforma-se em outra uma forma de energia.
Quando Einstein formulou E=mc² (A energia é igual à massa vezes o quadrado da velocidade da luz), trouxe a ideia da equi­valência entre massa e energia, que podem transformar-se uma na outra, sendo que a densidade da massa - mais ou menos sutil - está relacionada com a velocidade de deslocamento. Desta forma, podemos compreender que quando falamos de “corpo sutil”, podemos estar falando de um estado energético onde a massa desse corpo desloca-se com muito mais velocidade.
A matéria é energia condensada, ou seja, essa energia pode se apresentar em diferentes estados de concentração, dependendo do quanto as partículas ou moléculas estão coesas. Assim, quando temos um estado energético em que as moléculas estão muito coesas, temos uma matéria mais densa ou cristalizada, como nosso corpo físico. Quando as moléculas de energia estão menos coesas, temos o corpo sutil.
Enquanto não ampliarmos a ideia de quem somos, teremos dificuldade de compreender que não somos apenas uma mente pensante!
Podemos observar a continuidade dos ciclos na natureza: quando um quando cai no chão, apodrece, e de sua semente uma nova árvore irá nascer. Ao olharmos para uma semente, reconhecemos o seu potencial de se tornar árvore, mesmo não podendo ainda ver essa árvore. Então, apesar de não podermos assistir o que ocorre entre a morte e o nascimento, podemos reconhecer que, sendo seres naturais, também somos cíclicos!
Atribuir valor à continuidade é uma virtude que independe de crenças sobre a reencarnação. Acreditar ou não em reencarnação é o resultado de uma experiência pessoal. No entanto, vivermos em função da continuidade torna-nos mais responsáveis pelas consequências de nossos atos. Deixar um mundo menos poluído para aqueles que nele permanecem quando nós não estivermos mais presentes é um exemplo desta consciência.
Em vida, resgatamos paz interior, dignidade e bem estar cada vez que aprendemos a optar pelo que nos parece melhor, tanto para nós quanto para os outros.
A ideia de optar por nosso modo de vida já nos exige constante dedicação ao contínuo processo de autoconsciência e compaixão. Por isso, temos que parar para refletir sobre a seguinte pergunta: o que significa optar pelo nosso modo de morrer?
Optar é um termo que indica uma escolha consciente. Escolher é uma forma de controle que nos traz uma sensação de segu­rança, de que podemos nos oferecer o que consideramos melhor. Mas, como podemos escolher se tanto a vida como a morte são processos incertos, portanto incontroláveis?
Não podemos escolher nem controlar os fatos que irão ocorrer em nossa vida e muito menos no momento de nossa morte, mas podemos, sim, escolher - e desta forma controlar, por meio do autoconhecimento e do desenvolvimento da autoconfiança, o modo como iremos reagir perante eles.
Morremos como vivemos: com nossos hábitos mentais, impulsos que podem ser transformados. Podemos escolher cuidarmos de nós mesmos. Podemos educar nossa mente a seguir positivamente, isto é, a reagir positivamente às adversidades. Podemos treinar a mente a atravessar as dificuldades em vez de negá-las ou de criar uma aversão por elas.
Aquele que lida diretamente com suas dificuldades sabe seguir em frente sem se deixar prender por aquilo que deixou para trás.
Aquele que quiser se preparar em vida para o momento de sua morte buscará eliminar seus hábitos mentais negativos, que o impedem de relaxar na sua natureza de confiança incondicional. Como diz o mestre budista tibetano Lama Gangchen Rimpoche: “Se você estiver numa situação negativa no momento de sua morte, deve recordar-se que a negatividade não traz nada. Por isso, volte a atenção para sua concentração interna e para sua autoconfiança”.
Acredito que essa seja uma tarefa para uma vida inteira. Mas enquanto buscarmos a felicidade nas condições externas estaremos lutando para controlar o mundo à nossa volta. Não queremos admitir que essa luta seja inútil, porque não admitimos que estamos continuamente sujeitos aos nossos condicionamentos internos.
Não queremos sentir a vulnerabilidade e a confusão de nosso mundo interno. A subjetividade gera dúvidas. Então, buscamos ser objetivos lidando somente com os fatos do mundo externo. É correto buscar a objetividade, mas o que não podemos fazer é nos afastarmos de nosso interior.
A base de nossa visão externa está em nosso mundo interno. Toda vez que negamos nosso mundo interno estamos nos afastando de nós mesmos e, portanto, também dos outros à nossa volta. Como consequência passamos a nos sentir isolados, sem motivação, desconectados dos fatos externos. Emoções difíceis como vergonha, culpa e ressentimento contaminam nossos pensamentos, palavras e ações, que, por sua vez contaminam nossa realidade externa.
Se nos sentimos isolados em vida, o que dizer da sensação de isolamento que sentiremos quando estivermos enfrentando a morte?
Em vida disfarçamos essa angústia da solidão em atividades cotidianas, em nossos vícios e manias. Mas diante da morte não podemos nos locomover. Não podemos mais buscar alívio para a mente nos prazeres físicos. Temos que encarar a nós mesmos!
O mundo externo é uma projeção coletiva do mundo interno de cada um. As condições físicas e emocionais daqueles que estão morrendo são tão precárias quanto o contato interno que temos com o tema da morte. Precisamos, com urgência, acolher nossa vulnerabilidade frente à morte. Falar sobre ela. Assim, juntos, poderemos desenvolver uma consciência coletiva mais preparada para lidar com as necessidades físicas, emocionais e espirituais daqueles que estão frente à morte.
Ao superarmos o preconceito de falar sobre a morte, atenderemos às nossas necessidades ainda não vistas e consideradas pelo mundo externo. No entanto, só seremos capazes de incluir a morte em nossas vidas quando admitirmos com honestidade onde estamos e para onde queremos ir.

Em geral temos a tendência de reagir com impaciência, irritação e agressividade quando pensamos naquilo em que não queremos pensar. E quando se trata de pensar sobre a nossa própria morte ou a de outra pessoa, essa tendência aumenta ainda mais. Então, vamos encontrar um meio delicado e ao mesmo tempo direto para sondar este tema que desperta áreas obscuras e preconceituosas tanto em nossa cultura como em nosso mundo interno. Vamos falar de coração para coração. Sem preconceitos. Não há nada de errado em morrer quando as causas e condições amadurecem.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O SEGREDO DA LONGEVIDADE - PARTE II

Por: Koshiro Nishikuni – Médico da Saúde e yoboku da Igreja Tenryu

 

Veja também:

     Vocês lembram quando tiveram um pensamento feliz? Como sentiu o seu corpo? Quando nasce um nenê, a mãe, com o sentimento de amor incondicional, sente alegria e gratidão, o que faz transbordar leite do seu seio. Ao contrário, se discutir com alguém, ficar tensa, com raiva ou triste, as glândulas mamárias se contraem, bloqueando a saída de leite; e, acontecendo repetidamente, a mama endurece progressivamente e fica com a doença chamada de mastite. Contudo, é mais fácil tomar um medicamento para aliviar a dor, do que compreender a mensagem que o organismo está sinalizando. Somos imediatistas e tratamos apenas as consequências, deixando de buscar a verdadeira origem da doença. No hino X dos Hinos Sagrados, temos: “O sofrimento vem do seu próprio espírito, devem ter rancor de si mesmos. Embora seja a doença um fato penoso, não há quem tenha conhecido a sua origem. Até o presente momento, todos igualmente, não conheciam a origem das doenças. Desta vez, foi revelada, a origem das doenças está no espírito.”
       Do ponto de vista médico, o corpo humano possui a função básica de manter o equilíbrio do organismo diante de todos os estímulos, exterior e interior. Isto é, acontece através da livre circulação de energia no organismo, assim como através das trocas contínuas entre o corpo e o meio ambiente. Esse fluxo contínuo de energia é que nos mantêm vivos. Quando a circulação de energia ocorre de maneira inadequada, surgem as doenças. O corpo sinaliza, com antecedência, o desequilíbrio através de pequenas alterações funcionais sem substrato físico. A não valorização desses sinais e a manutenção do padrão de vida, faz as alterações físico-químicas se cronificarem e se solidificarem até atingirem o corpo físico. A doença passa a se expressar em algum órgão ou víscera, acompanhada de padrões mentais e emocionais bem determinados.
      Saúde e doença são aspectos de um mesmo movimento. Através do desequilíbrio atingimos um novo equilíbrio, uma nova frequência e um novo patamar energético. No período de transição para esse novo padrão, vivencia-se a doença. Ela não é considerada como algo estranho, muitas vezes, através da doença é que alcançamos a saúde. Verifica-se, com certa frequência, em pacientes com doenças graves ou terminais, relatos de estarem vivendo melhor, de forma mais saudável, a partir do momento que se conscientizaram de seu comportamento doente.
Para vivermos em harmonia, precisamos ter flexibilidade e disposição para um grande número de opções de interação com o meio ambiente. Sem flexibilidade não há equilíbrio. Períodos de saúde precária são estágios naturais na interação contínua entre o indivíduo e o meio onde ele está inserido. Estar em desequilíbrio significa passar por fases temporárias de doença, nas quais se pode aprender a crescer.
A doença é uma oportunidade para a introspecção. A função básica do terapeuta está em espelhar a verdade para o paciente, ajudá-lo a desenvolver uma consciência do processo de vida e dos mecanismos (obstáculos e ilusões) que se criam para gerar a doença. Também, ajudá-lo a entrar em sintonia com seus próprios recursos de cura, possibilitando o resgate da autoestima, da aceitação, do perdão e da gratidão. O organismo doente está envolvido no aparecimento, no desenvolvimento e na cura de sua doença. O ser humano pode se fixar na doença e mesmo obter com ela benefícios, mas pode principalmente, pela doença, exprimir tendências profundas. O corpo relata, fala, descarrega e protesta através do seu próprio adoecimento. É sempre, uma forma de o organismo expressar conflitos profundos. Os distúrbios digestivos, por exemplo, são, muitas vezes, expressões de conflitos entre o reter e o expelir, entre o desejo e a necessidade.
Poderíamos, entre outras coisas, dizer que a doença é passagem e transformação, e, acima de tudo, tem um sentido muito pessoal, a cada momento. É uma entrada para uma outra realidade, como um sonho, ela pode ter inúmeras leituras para cada um. A oração e a meditação são práticas que podem ajudar nesse processo. Porém, nem sempre é possível explicar tudo. Há muitas coisas misteriosas na vida e decifrá-las está além do nosso alcance a despeito de qualquer esforço. Entretanto, se formos humildes e confiantes, precisamos acreditar que em tudo existe o amor divino. Ou seja, as doenças são manifestações do amor divino para incentivar a reforma e acelerar a evolução espiritual ou interior. A nossa essência sempre nos mostrará o que é possível; e quanto ao que permanecer, nos guiará e ajudará a acolher e reverenciar o desígnio divino: Ser Feliz, a sublime missão!
Não podemos fugir ou pensar que a causa está em outras pessoas ou nos fatos. Devemos trabalhar o sentimento para mudarmos a maneira de refletir e buscar o verdadeiro significado da vida, e, assim, aproximar-nos um pouco mais da intenção de Deus. Porém, sabemos perfeitamente que a realidade não é tão simples assim, que existe uma grande dificuldade para aceitarmos tudo com alegria e sinceridade, principalmente nos fatos que consideramos “negativos”. “Seja no que for não existem dores nem doenças em absoluto. São a instância e orientação de Deus”.
Segundo a doutrina de Tenrikyo, este mundo era um mar de lama e Deus-Parens criou os seres humanos por desejar ver o viver alegre e feliz. Renascendo oito mil e oito vezes, passamos por todos os graus de existência. Aprendi, no curso de Formação Espiritual, que a evolução da macaca para o homem, que é uma diferença sutil, foi o último grande retoque de Deus-Parens. Uma benção!
Em um vídeo de experiência feito com chimpanzés, na Universidade de Kyoto, os cientistas concluíram que só o homem consegue rir e viver ajudando-se mutuamente, coisa que os chimpanzés são incapazes. “A causa da doença está no sentimento”. Essa frase ficou popular na década de 70, com a impressionante pesquisa sobre a influência da mente na evolução do câncer, feito pelo psiquiatra David Spiegel, professor da Universidade de Stanford. As pacientes que se reuniam com os grupos de apoio sociais se mostraram mais alegres, otimistas e menos ansiosos/deprimidos e com menor uso de remédios para combater a dor. E esses pacientes viveram o dobro dos que somente receberam o tratamento convencional. Nas reuniões de 90 minutos semanais, 50 sessões por ano, cada paciente pode expressar os seus sentimentos e tinham com quem compartilhar as dores, ouvindo-as com coração.
A ministração do Sazuke, a oração, a orientação e a palavra amiga fazem grande diferença para aliviarem o sofrimento das pessoas. O neurocientista Grafman analisou o cérebro de 40 pessoas, religiosas e não religiosas, enquanto liam frases que confirmavam ou confrontavam a crença em Deus. Usando imagens do cérebro, mostraram que, em longo prazo, há alterações no lobo frontal e no sistema límbico (áreas ligadas às emoções). Descobriu que as partes ativadas durante a leitura de frases relacionadas à fé eram quase as mesmas usadas para entender as emoções e as intenções de outras pessoas.
O Centro para Estudos da Religião, Espiritualidade e Saúde da Universidade de Duke (EUA), analisou o efeito da oração em 4.000 pessoas com mais de 65 anos e concluiu que os fiéis apresentam sistema imunológico melhor, e consequentemente com o índice de mortalidade 46% menor do que o grupo que não reza.
“A ciência sem religião é claudicante, e a religião sem ciência é cega” (Albert Einstein). As revelações do Einstein podem ter sido o passo inicial facilitador da aproximação do mundo científico com a religião. Vários pesquisadores têm tentado mensurar e provar o efeito da fé e oração, alguns chamam de “misteriosos” estes resultados. “Um pouco de Ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima” (Louis Pasteur). Acredito que são bem aceitos para quem tem o espírito de devoção sincera a Deus Parens.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

SUPERANDO O PRECONCEITO DE FALAR SOBRE A MORTE - I

Por: Bel Cesar - Terapeuta. Dedica-se ao atendimento de pacientes que enfrentam o processo da morte.

Veja também:


Se quisermos viver melhor, nos sentirmos inteiros e participantes do mundo, precisaremos superar o preconceito de falar sobre a morte. A morte coloca a vida em perspectiva: definimos melhor os nossos propósitos quando refletimos sobre nosso passado, presente e futuro.
Precisamos superar nossa tendência niilista frente à morte: uma ideia limitada de finitude, de que quando tudo acaba não há mais nada por vir. Ao ampliarmos a visão de quem somos, de onde viemos e para onde vamos podemos incluir a morte em nossa vida como um modo de aprofundar o sentido de estarmos vivos.
Ao encararmos a morte, reconhecemos que não somos perfeitos e sim paradoxais. Quem não conhece a constante luta interna de querer e não querer algo o tempo todo?
Carl Jung dizia que para uma pessoa se sentir completa terá de aceitar o fardo de viver conscientemente com tendências opos­tas, irreconciliáveis inerentes à sua natureza, tragam elas a conotação de bem ou de mal, sejam escuras ou claras. Apenas quando acolhemos nossos paradoxos é que nos sentimos inteiros.
Não queremos falar sobre a morte, mas contamos com a ideia de que vamos morrer para nos sentirmos vivos. A ideia de que um dia vamos morrer, nos ajuda a lidar com os sofrimentos da vida: uma perspectiva de alívio, de que um dia os sofrimentos desta vida acabarão quando morrermos. Mas não queremos morrer.
Esse é um dado importante. Queremos acabar com o sofrimento desta vida, mas não morrer.
Segundo Eliot Jay Rosen, em Colhendo a alma (Ed. Best Seller), a magnitude de nosso desconforto em relação à morte está em proporção direta ao tanto que fomos afetados por meio de três importantes fatores:
1. Até que ponto fomos expostos à visão negativa que a sociedade moderna tem da morte, e como fomos marcados por ela;
2. Falta de informação a respeito dos processos fisiológico, psicológico e espiritual que ocorrem na morte;
3. Ignorância quanto às provas científicas e depoimentos inspiradores que endossam o fato de que a morte é uma transição para outra realidade e não um fim.

Até que ponto fomos expostos à visão negativa que a sociedade moderna tem da morte, e como fomos marcados por ela?

A ideia que temos da morte é o rótulo que damos aos nossos condicionamentos culturais. Em geral, presenciamos a morte de maneira violenta e negativa. Nos jornais e na TV, a morte é assistida com violência, à distância. Parece que ela só acontece com os outros. No entanto, ao não presenciarmos a morte como pacífica e natural, não interiorizamos a possibilidade de nossa própria morte como um evento positivo. Temos medo do dia em que “chegar a nossa vez”.
Podemos superar o preconceito de pensar ou falar sobre a morte, mas enquanto não tivermos alguma experiência direta com a morte, nossa ideia a seu respeito será apenas intelectual, limitada por nossa própria falta de experiência.
Podemos conhecer a morte de um ponto de vista cultural, religioso, científico ou histórico, mas continuamos sem saber o que mais nos toca: quando e como nossa morte ocorrerá. Quando esse momento se aproxima é que nos damos conta de que deveríamos saber muito mais sobre ela. Ao sermos tocados pela ideia de nossa própria morte como uma realidade certa, podemos suavizar esse impacto, ao nos prepararmos desde já para esse momento.
A morte é um conceito que adquirimos de acordo com nossa personalidade, ambiente social, cultural e religioso e educação familiar. Nossa visão de morte está contaminada. Então, temos de revê-la. Se nos concentrarmos nela, vamos perceber que muitas de nossas ideias arquivadas são contraditórias.
Se fecharmos os olhos e repetirmos a palavra “morte”, inúmeras vezes iremos constatar que cada vez que dissermos essa palavra, surgirão pensamentos, imagens e sentimentos diferentes. Na maioria das vezes, eles são antagônicos. Se continuarmos essa experiência de mergulhar até onde leva a palavra “morte”, notaremos que algo muda positivamente em nosso interior. A experiência direta é um antídoto potente para superarmos nossas resistências. Podemos trabalhar com os nossos preconceitos; não estamos destinados a ficar presos a eles.
Recuperar as memórias de infância sobre a morte também pode ajudar-nos a compreender a base onde está alicerçada nossa estrutura emocional frente a mudanças e perdas. Dedicar-se a recordá-las é, portanto, de grande importância para o processo de autoconhecimento.

Falta de informação a respeito dos processos fisiológico, psicológico e espiritual que ocorrem na morte.

Em 1993, Sherwin Nuland, o cirurgião e professor de medicina, movido pela intenção de esclarecer e desmistificar o processo da morte escreveu o livro “Como morremos: reflexões sobre o último capítulo da vida”. Este livro foi lançado no Brasil em 1995, pela Editora Rocco. Nuland escreve: “Todos querem conhecer a morte em detalhes, embora poucos se atrevam a confessar. Seja para antecipar os eventos de nossa doença final ou para melhor compreender o que está acontecendo a um ente querido à beira da morte – ou mais provavelmente devido a essa fascinação do id pela morte que todos nós sentimos – somos atraídos por pen­samentos sobre o fim da vida. Para a maioria das pessoas, a morte permanece um segredo oculto, tão erotizado quanto temido”.
Nuland descreve como se dá o processo da morte causado por um enfarte, por um derrame, por doenças como o mal de Alzhei­mer, AIDS e câncer, bem como formas de suicídio ou por acidentes como sufocamento ou afogamento, por exemplo.
O desejo de muitos é morrer dormindo: uma forma de anestesiar a dor do processo de morrer. No entanto, na grande maioria das vezes o processo da morte se dá de forma lenta e difícil. Hoje a medicina já é capaz de controlar a dor física, mas ainda não considera a dor emocional e espiritual como uma prioridade.
Morrer não é romântico. Precisamos nos preparar para conhecer esse processo de modo a aceitá-lo como uma condição humana e não como uma falha humana. A ideia de proporcionar uma morte digna para aqueles que amamos muitas vezes está inocentemente associada a uma morte sem dor, ausente de processos degenerativos do corpo humano difíceis e desagradáveis de serem testemunhados. Não podemos nos sentir culpados por nossa natureza humana. Isto é, precisamos aceitar o processo natural do envelhecimento, a falência precoce dos órgãos vitais, ou seja, um processo degenerativo da doença como um fenômeno próprio de nossa natureza humana.
O sentimento de impotência frente à morte é frequente naqueles que presenciam um processo de morte sofrido ou precoce. Muitas vezes, surge um sentimento de culpa por “não ter sido capaz de fazer mais nada”.
Esse sentimento de culpa é resultante de uma superavaliação de nós mesmos: pensamos que poderíamos ter feito algo que, na realidade, não nos cabia fazer. Um dos motivos por que isso acontece é por que encaramos a morte sempre como uma derrota. Outro motivo é por que confundimos os nossos sentimentos com os sentimentos dos outros. Aqui incluo um trecho de meu livro “Morrer não se improvisa” (Ed. Gaia), extraído das páginas 179 e 180. Muitas vezes não sabemos o que acontece dentro de nós, mas temos “certeza” do que acontece com os outros. Temos o hábito de concluir, sem consultá-los, o que eles pensam e porque agem de determinada maneira.
Quando a pessoa com quem temos o hábito de pensar “por ela” está morrendo, ilusoriamente pensamos ser capazes de fazer algo no lugar dela. Queremos fazer de tudo para aliviá-la da dor e de seus conflitos emocionais. Mas uma vez que não atingimos nosso objetivo de acalmá-la, sentimos culpa, como se não tivéssemos feito o suficiente. Precisamos compreender e aceitar que nada podemos fazer no lugar de outra pessoa, a não ser inspirá-la a fazer algo por ela mesma. Por isso, é saudável reconhecer que a morte é algo natural e que não há nada de errado em morrer. Assim, poderemos abandonar a culpa, baseada em pensamentos de que sempre poderíamos ter feito mais.
O sentimento de culpa também está presente na pessoa que está morrendo. Muitas vezes, ela se sente “responsável” pela sua doença e um peso para a sua família. Também se sente culpada por “abandonar” aqueles que ficam: pais, filhos ou marido. Essa sensação surge quando pensamos ser capazes de estar sempre presentes quando o outro precisar de nós. Assim como uma mãe gostaria de poder consolar seu filho sempre que ele necessitasse de consolo.
Durante a vida, temos inúmeras oportunidades para aceitar as separações como resultado natural de um encontro - especialmente quando alguém se separa de nós sem esclarecer a razão de sua atitude. Aí temos a oportunidade de superar a ideia, pretensiosa, de que teríamos o direito de compreender a razão de tudo e, portanto, de controlar a situação. Se aprendermos a aceitar de que nada é permanente, poderemos aprender a nos separar. Por isso, também é saudável reconhecer que não há nada de errado em se separar.

Repetir inúmeras vezes as frases não há nada de errado em morrer e não há nada de errado em se separar pode nos ajudar a superar a culpa e a aceitar a realidade. No livro A Arte de Morrer, Marie de Hennezel (Ed. Vozes) escreve: “O ‘tempo de morrer’ tem um valor. Acompanhar esse tempo exige de todos uma aceitação diante do inelutável, do inevitável, que é a morte. Isso implica o reconhecimento de nossos limites humanos. Seja qual for o amor que sintamos por alguém, não podemos impedi-lo de morrer, se esse é o seu destino. Também não podemos evitar um certo sofrimento afetivo e espiritual que faz parte do processo de morrer de cada um. Podemos somente impedir que essa parte de sofrimento seja vivida na solidão e no abandono; podemos envolvê-la de humanidade”.
CONTINUA...

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

CRIATIVIDADE III

POR MÁRIO INGLESI
Continuação de:


Dr. Ricardo,

É realmente, fantástico o que já criamos e estamos em vias de criar em setores os mais díspares, ou como quis acontecer Lewis Carrol, fazendo Alice se aventurar na descoberta de um mundo inquietante e onírico, sem precedentes, em “Alice no País das Maravilhas”. Assim como também os arcanos do invisível, com cujos fios diretores de cinema, teceram zumbis, o computador de Odisseia no Espaço, ou os fotógrafos que buscaram nas fotos, teias da mediunidade, em tempos idos da arte fotográfica. Ou, ainda, criaram “Comidas” com cores e paladares os mais salutares e edificantes.
Afinal, a vida como repetia exaustivamente o poeta Waly Salomão ”A Vida é Sonho”. Ninguém nos impedirá de sonhar, de fantasiar nossa realidade, seja lá em que grau e altura forem. Primeiro como andarilhos, depois singrando os mares e rios “nunca dantes navegados”, alçando voos aos céus, em aviões cada vez mais velozes, a passeio ou a trabalho, ou cruzando ruas, avenidas, Estados, alçando ou derrubando fronteiras em carros de tipos, tamanhos e luxo, os mais diversos, o ser humano, sempre ele, insaciável em sua curiosidade, em sua visão de futuro, viaja rumo ao espaço em busca de conhecer de perto outros planetas, em naves espaciais, pilotáveis ou, doravante, dirigidas daqui da Terra. Depois como criador de línguas, em prol da comunicação, bem como de escritos, onde sobeja a diversidade de suas faces, seus anseios, seus sentimentos e dores, numa catártica missão de firmar sua identidade e a profundeza de seu ser, isolando quaisquer compromissos ou temor de não ser nada.
Ei-lo, portanto, - Senhor! Perdoai - como um outro Deus, - o do Futuro - plasmado em Criador e Criatura, num gigantismo sem precedentes, marcando com seus feitos a História da Humanidade, por meio dos mais diversos suportes e das mais belas configurações, ainda que, sob aspectos de insanidade, gritos, horrores, dramas de toda ordem inclusive familiares, tragédias, comédias, urros de raiva ou silêncios de angústia ou esplendor, fazendo-nos ver como, mesmo em nossa - tão propalada pequenez -, ainda somos de importância vital para o porvir nosso e do planeta.
Ser humano não se manifesta apenas uma dádiva, mas, isto sim, num trabalho perseverante e diário, consciente, mas também de idealizações de sonhos e fantasias a nos fazer elevar a píncaros de criação nunca dantes vislumbrados. Afinal a vida não é tão bela quanto propalam propagandisticamente. Ela necessita de suportes que nos façam compreendê-la e fazê-la melhor para digeri-la.
Por tudo que já fez, de gerações a gerações até os nossos dias e evidentemente ainda o fará, nos mais diversos, múltiplos e infinitos setores da atividade humana, o “Homem” merece, sem dúvida, figurar no Olimpo, a morada dos Deuses, como o mitólogo “Deus”, da construção, da destruição, da desconstrução e, principalmente, pelo seu alto e desenvolto grau de criatividade, na afirmação de sua contínua individualidade e universalidade.
Ainda mais, por que, com seus segredos escondidos, tirados da manga do paletó e sua vara de condão, como um mágico, de requinte e trabalho excepcionais, não há como exortá-lo continuadamente seja em prosa ou verso, talvez, sempre com os olhos voltados no poema que o identifica: “Pós tudo”:

“Quis
Mudar Tudo
Mudei Tudo
Agora Pós Tudo
                      Extudo (sic)
Mudo”.
Augusto de Campos (SP -1931-) “Pós tudo” in “Folhetim”, 27.01.85.


E, se preciso for, para mostrar firmeza, cantarolar “Começar de Novo”, de Ivan Lins:
“Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado o barco, ter me socorrido”

É lógico que haverá sempre quem diga: e seus lados negativos – que aliás não são poucos e muito menos desprezíveis? Diremos, em coro e em alto e bom som, não há por que desmerecer, tudo faz parte de sua formação e mais ainda, de seu aprendizado, não só difícil, mas também incongruente.
Poder-se-ia dizer, como o poeta Olavo Bilac (1865-1928)
“Não és Bom, nem és mau: és triste e humano”
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
“Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora”

Ou, sob a identificação prevista por Friedrich Nietzsche, (1833-1900) in Ecce Homo declarar, enfaticamente:
“Sim, sei de onde venho!
Insatisfeito com a labareda
Ardo para me consumir.
Aquilo em que toco torna-se luz,
Carvão aquilo que abandono:
Sou certamente labareda.”

Ainda, para ornar a grandeza do homem basta lembrar, as palavras de Albert Camus (1913-1960)”
“Sim, o homem é o seu próprio fim. E é o seu único fim”
Se assim é, melhor e mais profícuo é viver intensamente e :
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
“brilhar para sempre
brilhar como um farol
brilhar com brilho eterno
gente é pra brilhar,
que tudo mais vai pro inferno
este é meu slogan
e do sol”

“Verão na Datcha”, Wladimir Maiakovski (1893-1930), tradução: Augusto de Campos.
Se nada do que aqui está dito, servirá para lhe secar as lágrimas, procure ao redor algo que lhe satisfaça, quiçá um:
Consolo
O mundo está cheio de horrores
de tragédias e terrores
e gente de má fuça.
Mas de vez em quando aparece
cada tenista russa!
(Veríssimo, in “Poesia numa hora dessas”)

Caso nem isso lhe aplaque todo a sua negatividade sobre todo esse enaltecer, procure ensimesmar-se, esquecendo todos os possíveis tipos de epítetos, alcunhas, palavrões ou palavrórios que lhe enredam sorrateiramente, nesse seu viver acabrunhante e mesquinho e vá acampar, se assim o quiser, em outra freguesia, sim, se houver, e lhe aprouver, não esquecendo obviamente, dos adeuses de praxe, sem queixumes ou vitupérios que possivelmente enredaram–lhe a vida vazia de sentido, isenta de contrapartida dialogal com quem quer que seja. Plena, portanto tão só, de duvidoso egoísmo.
Nesse fuzuê de sentimentos e feitos nefastos, procure em si, uma réstea de claridade que ainda possa vislumbrar, recorrendo talvez ao poeta Manoel de Barros no poema “Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo”
“Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas)”.

 Ou então diga, com Paulo Leminski:
“Não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino”

Se nada disso lhe for possível, o que fazer senão, - meu caro -, quedar-se enfadado e enfartado:
“Terminar sozinho
no túmulo de um quarto
sem cigarros
nem bebida –
barrigudo
grisalho
e feliz por ter um quarto
… de manhã”
Charles Bukowski (1920-1994) in “Poema nos meus 43 anos,” (trad. Jorge Wanderley).

Por toda essa amostragem poética, neste único setor o da poesia, podemos, inquestionavelmente, elevar o Homem ao trono que lhe oferecemos: de um ícone à altura de “Deus”.


terça-feira, 1 de setembro de 2015

O SEGREDO DA LONGEVIDADE - PARTE I

Por: Koshiro Nishikuni – Médico da Saúde e yoboku da Igreja Tenryu
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Oyassama disse que, com o espírito sereno podemos viver até os 115 anos de idade. O pesquisador Dan Buettner percorreu o mundo e encontrou cinco regiões onde vivem pessoas centenárias, repletas de alegria e ótima qualidade de vida, livres de doenças e incapacitações.
Foram mapeadas cinco localidades do mundo onde as chances de alcançar os 100 anos de idade são 10 vezes maiores, comparadas a outras regiões. Esses locais são chamados de “Blue Zones” ou “Zonas Azuis”: Okinawa (Japão), região com o maior percentual de centenários no mundo inteiro; Sardenha (Itália); 371 pessoas já haviam completado 100 anos em 2012; Loma Linda (EUA), cidade fundada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia; Península de Nicoya (Costa Rica), localidade com o maior número de centenários no mundo, 400; e Icária (Grécia), estima-se que um terço da população chegará aos 90 anos de idade. A genética desempenha um papel coadjuvante, mas o fator determinante na longevidade humana é, sem dúvida, o estilo de vida. Temos muito a aprender com os moradores dessas cinco regiões. Analisando a pesquisa, notei que a filosofia de vida deles, tem muita semelhança com os ensinamentos de Oyassama. Todos apresentam algumas características em comum:
1. Corpo em movimento
Nas zonas azuis, as pessoas não estão acostumadas a fazer exercícios específicos para atividade física; eles se mantêm em movimento, sem precisar fazer muito esforço para isso. Na Sardenha e em Icária, por exemplo, grande parte da população é acostumada a pastorear animais, mantendo-os sempre em movimento. Cuidar do jardim, caminhar até o trabalho ou, simplesmente, viver em local com escadas, também contribui para se manter em movimento.
2. Alimentação
Boa parte da população é vegetariana; frutas, vegetais e grãos são itens indispensáveis à mesa. Também, bebem com moderação e utilizam pratos pequenos. Em Okinawa, existe uma prática conhecida como hara hachi bu”, que consiste em comer até o estômago estar 80% completo. Devemos sentir gratidão pelo que alimentamos, quando resta este pouquinho de vontade.
3. Espiritualidade:
Independentemente da fé, este item é um ponto forte nessas comunidades. Por exemplo, Loma Linda está relacionada à Igreja Adventista do Sétimo Dia, e os habitantes da Península de Nicoya têm uma profunda fé em Deus. Segundo o pesquisador, participar de atividades relacionadas à fé ao menos quatro vezes por mês, pode adicionar até 14 anos à vida.
4. Senso de comunidade
Família e amigos estão sempre em primeiro lugar. Em Loma Linda, a Igreja é o lugar de reuniões e amizades. Em Okinawa, os habitantes possuem grupos de amigos que os acompanham desde a infância e com quem podem compartilhar as alegrias e tristezas.
5. Propósito de vida
Todos sabem exatamente o motivo que os fazem acordar de manhã: existe um propósito. Também são voluntariados, procurando, desta forma, um sentido a mais para a vida. Isso me fez lembrar do hinokishin e as frases de Oyassama, sobre as três coisas importantes na vida: levantar cedo, ser honesto e ser trabalhador. Cerca de 65% desses idosos são completamente independentes para as atividades diárias. Ainda, para 2015, há a expectativa do número de idosos com mais de 100 anos seja 20 vezes maior do que há 15 anos. “Uma dieta saudável é importante, mas, não pode faltar: rir e se divertir com as pessoas ao redor” – disse a Srª Panchita, de108 anos. O senso de humor é extremamente importante para a qualidade de vida. É exatamente como o ensinamento de Oyassama: “viver com alegria”.
O cientista Kazuo Murakami acredita que a alegria, a gratidão e a oração podem ativar os genes benéficos. O resultado de um experimento relativo ao riso foi a primeira descoberta. Despertar os bons genes que estão adormecidos com a risada. Até então, havia a ideia de que as características genéticas eram imutáveis, porém, as pesquisas revelaram que os genes podem ser mudados, como um interruptor liga/desliga, ou seja, ativa ou desativa. Ativar o gene é fazê-lo trabalhar e desativar é interromper o seu trabalho. A experiência foi feita com 25 voluntários diabéticos, após o almoço, observando-se a variação da taxa de glicemia, após uma estressante explicação médica sobre as consequências da diabetes e uma seção de humor, realizados em dias consecutivos. O resultado apontou um aumento médio de 123 mg de taxa de glicose contra 77 nos respectivos testes. Os médicos ficaram espantados com o resultado. Quando estamos alegres o cérebro libera neurotransmissores como serotonina e endorfina, chamado também de “hormônio da felicidade”. A palavra endorfina se origina das palavras endo (interno) e morfina (analgésico) e constitui nossa morfina endógena, que o próprio corpo produz. Por ser um potente analgésico natural, ao ser liberada no sangue gera sensação de bem estar, conforto, melhora no humor e alegria é sinônimo de saúde. É a “farmácia natural” que Deus nos oferece.
CONTINUA...