quarta-feira, 22 de junho de 2016

OUVIRUMDUM - DIVAGAÇÕES POLÍTICAS PARA UMA NAÇÃO UTÓPICA



Por um instante, consideremos ser menos 12 de outubro e mais 7 de setembro pois só com muito 1º de maio não seremos um eterno 1º de abril. Toda essa tinta no chão me faz perguntar se as coisas não estariam ficando pretas...
Sou estudante na USP, em greve (Veja: Greve na USP) há mais de um mês. Ao invés de escrever as resenhas usuais, aproveito esse tempo de ócio para uma reflexão leve e “macunaímica”.
Como se sabe, o contrário de uma coisa sempre e inexoravelmente é: “a mesma coisa ao contrário”. A solução talvez seja o novo, o inusitado, o impensável. Um impensável que não seja dividido ou partido e muito menos um coração partido, conforme dizia aquele cantor Cazuza, senão talvez uno como o UNI verso.
Que o exemplo de Cristo irradie a luz que carecemos nesse momento e que possamos reencontrar o caminho da roça. Como sempre, aos desavisados sugiro atenção e a bondade de quando cito Cristo seja feita a devida distinção dentre as inúmeras corruptelas e variações do mesmo tema, invariavelmente em oitavas inferiores. Pois Cristo é o coração e as variações são couraçados e desgraçados, e sem a graça já se sabe que a “coisa” fica sem graxa e a engrenagem emperra.


Quando o Janine assumiu a educação estranhei, um pensador filósofo? Será que alguém está de fato interessado em transformar o gigante? Mas, ilusão, durou pouco, quase nada. Janine escreveu um livro muito bom, eu gostei! “A sociedade contra o social” minuciosamente mostra como o tecido embasado nas telenovelas prepara e molda o pensar, se antecipando muitas vezes às mudanças do cenário político do país. Além disso, o autor ressalta o fato corriqueiro no Brasil de se fazer piada de coisa séria. Quando se faz piada de coisas sérias o senso comum e a opinião pública são treinados a perderem a noção de importância de alguns fatos. Fazer piada de coisas sérias é uma forma de alienar e desviar a atenção, você já pensou nisso? De qualquer modo, a nomeação do ministro em tempo quântico não passou de mais uma piada de mau gosto com as coisas sérias. Deve ser uma loucura saber como são os bastidores de fenômenos dessa natureza.
Agora, cá entre nós, fala sério!!!
Era uma casa muito engraçada, não tinha teto não tinha nada... Quanto mais pessoas viviam ali, maior era a necessidade de alimentos e a qualidade nutricional se empobrecia na mesma medida. Não havia comida de qualidade para todos! Os preços subiam e principalmente do feijão. Porque então procriavam, não seria o caso de repensarem a natalidade e suas taxas?
As torcidas, assim como o crime, se organizaram e agora os órgãos públicos estão começando a se organizar. Fala-se em golpe, para alguns de sorte, para outros, nocaute; para você? O fato é que nesse inverno as quadrilhas continuam a solta e nas festas juninas se escuta: olha a cobra! É mentira! Quando eu era criança pensava que quando o ladrão fosse visto roubando precisaria se entregar à autoridade, cresci e aprendi que a escuta ilegal mesmo quando desvenda o crime não pode ser usada como prova no tribunal! O que é ilegal afinal?


Vejamos como Thomas More (A Utopia) descreve em sua obra magna os Utopianos em relação ao quesito legal:
“Possuem apenas um número muito restrito de leis, pois, para um povo tão instruído como os Utopianos, e com tais instituições, poucas leis são necessárias. Desaprovam principalmente nos outros povos o número interminável de leis e comentários sobre as mesmas, e que esses povos consideram ainda insuficientes. Têm como suprema injustiça que se obrigue um homem a obedecer a leis que não consegue conhecer, pois são inúmeras e tão obscuras que ninguém as pode compreender com exatidão. Excluem ainda mais rigorosamente os advogados, procuradores e solicitadores, que manejam habilmente os processos e discutem astuciosamente as leis. Pensam ser mais acertado que cada um defenda a sua própria causa e confesse diretamente ao juiz o mesmo que contaria ao advogado. Deste modo haverá menos ambiguidade, e a verdade descobrir-se-á mais facilmente, pois o juiz pesará e examinará com bom senso as razões de cada um, a quem nenhum advogado instruiu com impostura, defendendo os espíritos ingênuos e simples contra as calúnias maliciosas dos malabaristas de palavras.
É difícil observar esses princípios em países com número de leis intrincadas e equívocas. Na Utopia, no entanto, todos são advogados hábeis, pois é pequeno o número de leis que os regem e sua interpretação mais simples e vulgar é considerada a mais justa. Pois todas estas leis, dizem os Utopianos, são promulgadas com o único intento de que cada homem fique convenientemente informado de seus direitos e deveres. Ora a interpretação cheia de sutilezas e habilidades é acessível a pouca gente e só esclarece um pequeno número, enquanto as leis formuladas com clareza e simplicidade são facilmente compreendidas por todos.”
Quincas Borba, filósofo Machadiano, já havia previsto isso tudo ao entregar as batatas ao vencedor; mas a filosofia moderna ensina que o vencedor mesmo é quem consegue dividir as batatas pelo maior número de pessoas possíveis, assim todos vencem e se alguém descobrir, nada a fazer! O crime perfeito é aquele que não aconteceu, então para que votar se os vencedores já dividiram as batatas antes mesmo da eleição?
Parece-me óbvio que para correr uma maratona é preciso treino. O treino é a poupança necessária para que se consiga terminar a maratona sem morrer no caminho. Mas qual a diferença disso e a poupança necessária para a compra da casa de seus sonhos? Nenhuma! Morrer no caminho e não honrar compromissos são sinônimos; treinar para a maratona e aprender a poupar também. Tudo isso parece muito óbvio, mas porque o brasileiro tem tanta dificuldade em poupar? Alguém saberia explicar? Na festa junina de sábado eles explicaram assim: A ponte caiu! É mentira!


E porque não lembrar Erich Fromm em um trecho do livro “A sobrevivência da humanidade” onde ele faz uma imparcial análise do raciocínio normal e do raciocínio patológico na política. Nesse capítulo o autor alerta sobre os obstáculos que uma sociedade emocionalmente desequilibrada, carente e racionalmente enfraquecida (território fértil para as novelas, reality shows e esportes de massa) oferece a seus habitantes, dificultando a percepção da realidade:
“A maioria das pessoas de qualquer sociedade não tem consciência dessa deformação. Só vê a deformação quando constitui um desvio da atitude da maioria, e está convencida de que as opiniões da maioria são certas e “sãs”. Não obstante, isso não é certo. Tal como existe uma “folie à deux”, há insanidade de milhões, e o consenso no erro não faz dele uma verdade. Para gerações posteriores surgidas anos após a irrupção da insanidade em massa, o caráter insano desse raciocínio, mesmo quando partilhado por quase todos, poderá ser percebido claramente”.


O Dostoievski na obra “Os demônios” (se ainda não leu considere seriamente) descreve com clareza imparcial o modus operandi dos regimes que surgem como alternativa salvadora, mas cujo objetivo é salvarem a si mesmos. Ninguém melhor que ele, vítima do processo político russo, para elucidar como regimes aberrantes se apropriam do poder a partir da instauração sistemática do caos, senão vejamos o que ocorre no epílogo do clássico na página 646 pelo personagem Liámchin:
“À pergunta: por que tantos assassinatos, escândalos e torpezas? – Respondeu com uma pressa exaltada que era “para provocar um abalo sistemático das bases da sociedade, para a desintegração sistemática da sociedade e de todos os princípios; para deixar todo mundo em desalento e transformar tudo numa barafunda e, uma vez assim abalada a sociedade, esmorecida e doente, cínica e descrente, mas com uma sede infinita de alguma ideia diretora e de autopreservação, tomar tudo de repente em suas mãos, erguendo a bandeira da rebelião e apoiando-se em toda uma rede de quintetos, que entrementes agiam, recrutavam gente e procuravam na prática todos os procedimentos e todos os pontos frágeis aos quais podiam agarrar-se.”

Sempre surpreende os momentos em que o passado revisita o presente não acham?

quarta-feira, 15 de junho de 2016

O HOMEM ESTÁ NA CIDADE COMO UMA COISA...

Pelo neoconcretista Ferreira Gullar

O homem está na cidade
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade

mas variados são os modos
como uma coisa
está em outra coisa:
o homem, por exemplo, não está na cidade
como uma árvore está

em qualquer outra
nem como uma árvore
está em qualquer uma de suas folhas
(mesmo rolando longe dela)
O homem não está na cidade
como uma árvore está num livro
quando um vento ali a folheia

a cidade está no homem
mas não da mesma maneira
que uma pássaro está numa árvore
não da mesma maneira que uma pássaro
(a imagem dele)
está/va na água
e nem da mesma maneira
que o susto do pássaro
está no pássaro que eu escrevo

a cidade está no homem
quase como a árvore voa
no pássaro que a deixa

cada coisa está em outra
de sua própria maneira
e de maneira distinta
de como está em si mesma

a cidade não está no homem
do mesmo modo que em suas
quitandas praças e ruas


terça-feira, 14 de junho de 2016

POEMA AOS CANALHAS (09/11/11)

     
Esse poeminho escrito cinco anos atrás é para aqueles de nós, que como eu,

querem melhorar, voar e lembrar...



Sabemos que suas intenções não são as melhores

e que o benefício próprio é a razão de seu viver.

Como a corrente que prende,

repare e veja sua vida

onde ela para e de que ela se nutre...

Assim como o abutre voe alto

mas imite a águia  que não anda em bando

Bandidos, projetos de benditos, acordem da letargia

antes que suas próprias vidas e vídeos os intoxiquem

de forma que não possam mais arrancar a máscara colada

por medo de encontrar quem você foi um dia.

E ainda pior!

“LEMBRAR”

o que veio fazer e esqueceu,

quando o tempo já não for seu.


SUGESTÃO DE EVENTO - UNIFESP 15/06/16 - 18:30


Nesta quarta feira falarei sobre o tema: Cosmogênese um olhar
 
 desde o material ao espiritual
 
LOCAL
 
Anfiteatro Jandira Masur
 
Edifício dos Anfiteatros
 
R. Botucatu, 862, 1° andar
 
Vila Clementino /São Paulo
 
HORÁRIO: das 18:30 às 20:00 h