segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SOBRE O DIA DO MÉDICO



Por: José Luiz Setúbal - Médico Pediatra - Presidente do Hospital Infantil Sabará




Nos dias atuais a imagem do médico parece estar em baixa. Na novela das 9 h os médicos aparecem como pessoas sem escrúpulos e devassos num hospital onde tudo ocorre por trás da lei e dos bons costumes. O governo federal demoniza os profissionais médicos como os responsáveis pelas mazelas da saúde do país, afinal eles não querem ir para os rincões onde só existem pessoas pobres. E assim a imagem do salvador de vidas e do ser acima dos outros se desvanece.

Não acredito em nenhuma das duas versões. Os médicos que conheço (vivo em São Paulo e estudei por aqui) são em sua grande maioria pessoas normais talvez mais estudiosas e trabalhadoras que a média, não são milionários, mas ganham o suficiente para ter uma boa vida, dar estudos para seus filhos e viver em uma boa casa. Para isto, trabalha cerca de 10 a 12 h. por dia, o que não é pouco. Em geral são muito preocupados com seus doentes e quando eles não podem pagar, atendem de graça (em sua maioria conhecidos ou indicados), e tem uma boa noção dos problemas do país e gostariam que o Brasil fosse melhor e tratasse a saúde de maneira mais séria. Além de trabalhar muito, continuam a estudar até o fim da vida, frequentando congressos, simpósios e conferências, muito mais que os profissionais de outras profissões.

Não é fácil ser médico. Você tem que lidar com pessoas em estado de sofrimento, que requerem muito do ser humano médico, você se envolve com familiares e se defronta com situações tristes boa parte do tempo. Como pediatra, sinto que fiz diferença para meus pacientes e familiares, poucas vezes na minha vida, em geral o que eu fiz a grande maioria faria. Não me lembro de ter salvado ninguém da morte, mas cuidei de muitos doentes com doenças graves, e alguns faleceram. O glamour da arte médica fica mais para as séries americanas que retratam o dia a dia dos médicos com muito mais realidade do que as novelas globais.

Hoje, a vida me levou para outros caminhos e cuido mais da parte administrativa do Hospital Infantil Sabará. Não cuido de pacientes por lá, mas fazemos, como gestores, que nossos médicos tenham todas as condições para realizar um bom trabalho e melhorar a vida dos pacientes. Ainda atendo em meu consultório, mas cada vez menos, e sinto muita falta de “ser médico”, embora adore o que estou fazendo. A coisa que mais falta me faz é a gratidão e o carinho pelo trabalho bem feito, coisa que não ocorre com as outras profissões.

Hoje, dia 18 de outubro, se comemora o Dia do Médico, e gostaria de agradecer a dedicação que os médicos do Hospital Infantil Sabará e do Brasil e desejar a eles um dia muito feliz e com muito reconhecimento, para isto nada melhor que dos nossos pacientes. Pegue um telefone e dê os parabéns ou deixe uma mensagem para seu médico nas redes sociais, tenho certeza que ele ficará muito agradecido.

PARABÉNS AOS MÉDICOS DO SABARÁ E DO MUNDO TODO!



terça-feira, 15 de outubro de 2013

DIA DOS PROFESSORES: 15.10.2013


Por Mário Inglesi
 
Documentário completo sobre educação - Pro dia nascer feliz:
Em meio a tanta turbulência envolvendo professores, ensino e reajuste de salários, transcorre dia 15 de outubro vindouro, nova celebração em homenagem ao Dia dos Professores.

Bastante merecida, ela, entretanto vem se tornando infelizmente apenas mais uma data comemorativa.

E tal situação, não há por que vingar, afinal parece que a categoria vem sendo extinta, já que ela deixou de ser considerada importante, não só para os que a exercem como para os que habitualmente gostariam de se profissionalizarem nessa área, cuja importância é sumamente imprescindível para o nosso crescimento intelectual e cultural.





Mas, tudo parece correr contra a corrente, professores desestimulados, pela pressão não só dos órgãos públicos, mas de diretores de escolas e seus parceiros, como também pelos pais de alunos que hoje para se livrarem da oneração dos altos custos com a educação se voltam contra os professores em busca de notas e mais notas de avaliação para seus filhos, sem se preocuparem com o aprendizado dos mesmos.

Com isso os professores perderam sua posição de mando e de liderança com os alunos, constituindo-se em meros joguetes de interesses não concernentes ao ensino e a sua graduação.

Premidos, angustiados, e sem vislumbre de mudar tal situação, ou minorá-la, os professores, ou abandonam a carreira ou então, entram nesse jogo de cartas marcadas, perdendo sua autonomia, sua autoridade e seu prestígio no cargo em que tanto se empenhavam com entusiasmo e admiração.

Não bastasse tudo isso, os professores se tornaram presas de orientadores, manipuladores, e mais, se tornaram contumazes babás, já que lhes obrigaram a cuidar das crianças e adolescentes, como se fossem seus filhos, aguentando, portanto, manhas, malcriações, desaforos e impertinências de toda ordem, sem ter muito o que ajuizar ou fazer para sanar quaisquer comportamentos invasivos ou impertinentes nessa situação, realmente esdrúxula de professor e pais de alunos, como lhes vem sendo delegada.

Pobre professor! Pobre mestre! Recolha-se a sua insignificância. A educação tornou-se programática, como os próprios alunos. Deixa rolar. No que der ou vier, o interesse estará sempre voltado à capitalização do aluno e seu futuro, como na história de Collodi, Pinóchio com orelhas enormes de burro e rabo comprido, voltado apenas e sempre a ganhar dinheiro, mais e mais dinheiro, Afinal, educação e cultura cinge-se tão somente a nomes de ministérios e secretarias.

De todo modo, ainda é preciso, talvez até com um megafone, dar um sonoro viva ao Professor!

Mário Inglesi.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

DIA DAS CRIANÇAS: 12.10.2013


Por: Mário Inglesi



Crianças nascidas e vividas nos rincões deste Brasil grande viviam em casas humildes, mas com quintal, onde, do colo da mãe ou de quem estivesse próximo sempre a ajudar, logo começavam a engatinhar ou andar de pés no chão, ou sentadas na terra do quintal sem fim, coberto de árvores frutíferas e muitas folhagens, em meio às galinhas, pato, cachorro, porco ou outros demais bichos que por lá passassem.

Sem temores, ou medos, viviam de olhos abertos de espanto com tudo que viam, inclusive o imenso céu azul, coberto de estrelas à noite em meio a um luar escandaloso.

Depois, já crescidas, brincavam com o que tinham ou achavam, sempre livres, como bichos do mato, sem eiras nem beiras.

E assim continuavam a fazer da vida um paraíso terrestre, ainda que romântico e exíguo em suas pretensões.

Mas, com isso, podiam um dia pensar ou dizer ou repetir, como o poeta Casimiro de Abreu? (1837-1860),



Oh! Que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais.



Ou, nesse mesmo cenário parco de quereres, mas de muita simplicidade e de pura beleza, outro poeta, Olavo Bilac (1865-1918), poderia vir a declamar:



Criança!  não verás país nenhum como este!

Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!

A Natureza, aqui, perpetuamente em festa.



Mas, hoje, esses versos, ainda podem ser ditos, mas com um significado, infelizmente, bastante negativo, basta, para isso, um rápido olhar para a natureza e para as crianças, e ver-se-á uma natureza em clamor pedindo ajuda e crianças nunca dantes tão negligenciadas, pelo meio ambiente, pelo clã familiar, enfim, por toda a sociedade.

Confinadas em prédios, condomínios fechados, escolas, creches ou internatos, não tem mais espaços e não tem mais liames a que se apegarem, vivem sós, isoladas, solitárias, quando muito, vendo a vida pela janela dos apartamentos, sem interação com a vida, e as pessoas.




Muitas podem ser consideradas invisíveis, pois delas, marginalizadas por toda ordem de fatores, ninguém sabe da existência, a não ser pelos jornais quando então merecem destaque, por desgraças mil que as assolaram ou ainda assolam por tempo indeterminado.

Assim, manifesta-se de bom alvitre, no Dia da Criança atentar-se à situação dessas nossas crianças, com a responsabilidade que toca a cada um de nós em particular, e, ao poder público, no geral, com o fito de engendrar, sem pieguice, laços de ternura e compreensão, para com suas necessidades vitais.

Afinal, a criança é o esteio de nossa herança de vislumbre para um país melhor, mais equânime, verdadeiro e democrático.


Mário Inglesi

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O SEGREDO DO TRABALHO TERAPÊUTICO



Adaptado de Bert Hellinger, por Moacir Amaral
 

O trabalho terapêutico é muito fácil. A pessoa se coloca, entra em contato com o que está sentindo, respira livre e profundamente, deixando o ar descer até a barriga, solta a barriga, abre o períneo, entra em contato consigo mesma, com o que está experimentando e fica com o que é, fica com o que está acontecendo. Não faz nenhum movimento para evitar, ou suprimir, ou afastar de si, ou consertar, ou comparar, ou julgar, nem mesmo para conservar o que está acontecendo. Fica com o que está acontecendo do jeito que está acontecendo. Fica com o que é. Sem pressa. Sem esforço. O que se vê é uma surpresa para todo mundo, para o cliente e para o terapeuta. Não há método para se lidar com isso, exceto que o terapeuta se expõe às imagens que percebe, ao quadro que vê e que o cliente pode relatar ou não, e espera por uma ocorrência na alma, por um movimento na alma, e o segue.
Existem algumas precondições. A primeira é que o terapeuta não tem propósito nenhum, ele não quer curar o paciente, e não faz esforço nenhum. Ele somente segue o movimento, seja qual for o resultado; e ele não tem medo – isto é muito importante, ele não tem medo do que pode vir à tona, do que pode acontecer, ou do que as pessoas vão falar, ou do que elas vão pensar, ou se elas ficarão com raiva, ou se elas vão rir, ou o que seja. O terapeuta fica fora disso tudo, e ele não procura pelo problema, ele olha para solução.
Se eu procuro pelo problema eu me sinto superior; se eu olho para solução eu vou junto com o fluxo, nem acima nem abaixo, exatamente no mesmo nível; nesse fluxo nós fluímos juntos, é o que conduz à solução, seja ela qual for; mesmo que para alguns possa não parecer a mais apropriada. Mas eu não dirijo a alma, eu sigo a alma, e a alma, às vezes, necessita somente um pouco de informação sobre a sua ideia, sobre a sua imagem, sobre o seu amor, e ela trabalha por si mesma, não quer muita interferência do terapeuta. Assim eu não tenho muito trabalho, não tenho que ser perfeito. Eu faço alguma coisa, dou um pequeno empurrãozinho talvez, e isso é tudo, todo o resto é feito pela pessoa. Com isso o trabalho vem a ser bastante respeitoso para com o paciente, não interfere na economia do processo.
Naturalmente o trabalho é conduzido por um profundo amor, mas é um estranho amor; não é um amor preocupado com a pessoa, é um amor por algo maior do que a pessoa individualmente; e assim o terapeuta não pode ser distraído por nada que não esteja em harmonia com esse campo maior; e se você tem essa atitude, você pode fazer o trabalho.
É preciso de um pouco de informação e você pode fazer o trabalho. Mas você não pode aprendê-lo como um método que possa ser reproduzido, como um experimento; você não pode fazer isso com este tipo de trabalho. Assim é suficiente se você assistiu e vivenciou alguns atendimentos, e você confia na sua alma, confia no seu paciente, e confia nas forças que estão por trás de ambos, trabalhando, não importa o quê, e vocês terão uma surpresa.
Este é o segredo deste trabalho.