segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O SEGREDO DO TRABALHO TERAPÊUTICO



Adaptado de Bert Hellinger, por Moacir Amaral
 

O trabalho terapêutico é muito fácil. A pessoa se coloca, entra em contato com o que está sentindo, respira livre e profundamente, deixando o ar descer até a barriga, solta a barriga, abre o períneo, entra em contato consigo mesma, com o que está experimentando e fica com o que é, fica com o que está acontecendo. Não faz nenhum movimento para evitar, ou suprimir, ou afastar de si, ou consertar, ou comparar, ou julgar, nem mesmo para conservar o que está acontecendo. Fica com o que está acontecendo do jeito que está acontecendo. Fica com o que é. Sem pressa. Sem esforço. O que se vê é uma surpresa para todo mundo, para o cliente e para o terapeuta. Não há método para se lidar com isso, exceto que o terapeuta se expõe às imagens que percebe, ao quadro que vê e que o cliente pode relatar ou não, e espera por uma ocorrência na alma, por um movimento na alma, e o segue.
Existem algumas precondições. A primeira é que o terapeuta não tem propósito nenhum, ele não quer curar o paciente, e não faz esforço nenhum. Ele somente segue o movimento, seja qual for o resultado; e ele não tem medo – isto é muito importante, ele não tem medo do que pode vir à tona, do que pode acontecer, ou do que as pessoas vão falar, ou do que elas vão pensar, ou se elas ficarão com raiva, ou se elas vão rir, ou o que seja. O terapeuta fica fora disso tudo, e ele não procura pelo problema, ele olha para solução.
Se eu procuro pelo problema eu me sinto superior; se eu olho para solução eu vou junto com o fluxo, nem acima nem abaixo, exatamente no mesmo nível; nesse fluxo nós fluímos juntos, é o que conduz à solução, seja ela qual for; mesmo que para alguns possa não parecer a mais apropriada. Mas eu não dirijo a alma, eu sigo a alma, e a alma, às vezes, necessita somente um pouco de informação sobre a sua ideia, sobre a sua imagem, sobre o seu amor, e ela trabalha por si mesma, não quer muita interferência do terapeuta. Assim eu não tenho muito trabalho, não tenho que ser perfeito. Eu faço alguma coisa, dou um pequeno empurrãozinho talvez, e isso é tudo, todo o resto é feito pela pessoa. Com isso o trabalho vem a ser bastante respeitoso para com o paciente, não interfere na economia do processo.
Naturalmente o trabalho é conduzido por um profundo amor, mas é um estranho amor; não é um amor preocupado com a pessoa, é um amor por algo maior do que a pessoa individualmente; e assim o terapeuta não pode ser distraído por nada que não esteja em harmonia com esse campo maior; e se você tem essa atitude, você pode fazer o trabalho.
É preciso de um pouco de informação e você pode fazer o trabalho. Mas você não pode aprendê-lo como um método que possa ser reproduzido, como um experimento; você não pode fazer isso com este tipo de trabalho. Assim é suficiente se você assistiu e vivenciou alguns atendimentos, e você confia na sua alma, confia no seu paciente, e confia nas forças que estão por trás de ambos, trabalhando, não importa o quê, e vocês terão uma surpresa.
Este é o segredo deste trabalho.
 

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