terça-feira, 1 de outubro de 2013

SAÚDE, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – ALDOUS HUXLEY


Aldous Huxley - Escritor Inglês (1894-1963)

        Olhando para trás, por toda carnificina e devastação, podemos ver que Vigny estava perfeitamente certo. Nenhum desses alegres viajantes, entre os quais Victor Hugo era o mais ruidosamente eloquente, teve a menor noção para onde aquela primeira e divertida, pequena maria-fumaça, os levaria. Ou, em vez, tiveram uma noção muito clara, mas aconteceu que era inteiramente falsa. Pois estavam convencidos de que a maria-fumaça levava-os à plena velocidade para a paz universal e à fraternidade dos homens; enquanto os jornais que tinham tanto orgulho de poder ler, enquanto o trem corria rumo a seu utópico destino, a não mais de uns cinquenta anos, eram a garantia de que a liberdade e a razão logo triunfariam por toda parte. A maria-fumaça se transformou agora em um bombardeiro quadrimotor carregado de fósforo branco e potentes explosivos, e a imprensa livre é em toda parte a serva de seus anunciantes, de um grupo de pressão ou do Governo. E, contudo, por algum motivo inexplicável, os viajantes (agora nada alegres) ainda defendem a religião do Progresso Inevitável – que, em última análise, é a esperança e a fé (nos dentes de toda experiência humana) de que se pode conseguir algo de nada. Quão mais sã e realista era a visão grega de que se tem que pagar por qualquer vitória, e que, para algumas vitórias, o preço cobrado era tão alto que superava qualquer vantagem que pudesse ter sido obtida! O homem moderno não vê mais a Natureza como tendo qualquer coisa de divino e sente-se em completa liberdade para se comportar em relação a ela como um conquistador e tirano vaidoso. Os estragos do recente imperialismo tecnológico foram enormes, mas, enquanto isso, nemesis providenciou para que paguemos caro por tudo. Por exemplo, a capacidade de viajar em doze horas de Nova Iorque a Los Angeles deu mais prazer à raça humana que os bombardeios e os incêndios causaram dor? Não há método conhecido para avaliar a quantidade de felicidade ou bondade no mundo todo. O que é óbvio, entretanto, é que as vantagens obtidas com os recentes progressos tecnológicos – ou na fraseologia grega, de recentes atos de hubris dirigidos contra a Natureza – são geralmente acompanhadas de correspondentes desvantagens, que os ganhos em uma direção provocam perdas em outras direções, e que nunca conseguimos algo a não ser por alguma coisa. Se o resultado líquido dessas elaboradas operações de débito e crédito é um Progresso autêntico em virtude, felicidade, caridade e inteligência, é algo que nunca poderemos determinar completamente. É porque a realidade do progresso nunca pode ser determinada que os séculos XIX e XX tiveram que tratá-la como um item de fé religiosa. Para os expoentes da Filosofia Perene, a questão de se o Progresso é inevitável ou mesmo real não é uma questão de importância superior. Para eles, a coisa importante é os homens e mulheres, como indivíduos, cheguem ao conhecimento unitivo da Base divina e o que os interessa com respeito ao ambiente social não é seu progresso ou não progresso (seja o que queiram dizer esses termos), mas o grau em que ele ajuda ou impede os indivíduos na sua evolução rumo ao objetivo final do homem.

2 comentários:

  1. Gostei muito do blog. Vocês conhecem Aline, da Cidade das Pirâmides, que em seu programa De Olho No Mundo(www.deolhonomundo.com) analisa a essência humana, o mundo, astrologia, fenômenos ocultos..., em sua plenitude. Tenho certeza que vocês gostarão. Abraços.

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  2. Não conheço não senhor/a.

    Grato pela sua apreciação

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