quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

ESPERANÇA



Era um dia como amanhã

Não tinha som, luz, nada

Era um dia cheio de espaço

Cheio de esperança

Tudo era esperado

Não havia desespero

Quando ele chegou já era tarde

Não havia tempo que compreendesse

Menos ainda para compreender

Mesmo assim Ele veio

E ficou.


SUICÍDIO ESPIRITUAL


O suicídio físico é uma opção desesperada e pode ser consciente ou inconsciente. No primeiro caso um ato abrupto de desespero, no segundo decorrência de atitude ignorante que se perpetua no tempo (hábito alimentar precário, uso de drogas lícitas e ilícitas, sedentarismo, pouca leitura, hábito musical pobre). Estatísticas atuais apontam que a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo. No Brasil os dados mais recentes apontam uma média de 32 suicídios por dia.
Mas, o suicídio mais surpreendente é o espiritual. Quando o materialista se descuida de seus veículos (corpos) suprafísicos, demonstra coragem surpreendente. Veículos que a tradição designa como corpo vital, corpo de desejos e mente. Sim, não é preciso ver para saber. A pessoa sensível pressente que a vida é o “mistério” que anima a matéria, mas que não pode ser encontrada quando se disseca a matéria em sua intimidade. Quem deseja deveria refletir de onde vem as tendências desejosas e quem pensa deveria fazer investigação semelhante em relação ao pensamento. Desejo e pensamento, qualidades materiais de outra natureza que não a física.
A visão, o sentido predileto da atualidade, nos impede ver além das aparências. Mas veja você mesmo então. Nascer arredondado, ver o corpo esticar e crescer, a seguir ficar enrugado, pontudo e desvitalizado é percebido na superfície, mas que tipo de forças determinam esse efeito sobre a matéria animada?
O suicídio espiritual não é tão falado quanto o suicídio físico. Finge-se não ver, mas quem teria olhos para isso não é mesmo?
A pessoa que vive em espírito torna a vida material leve, torna-se permeável à graça. A pessoa que vive para a matéria é cega à luz do espírito e sua vida se torna opaca, escura, densa, azeda, cheia de reclamações e emperrada. É aquela pessoa que não entende o porquê de certas situações (padrões) se repetirem em sua vida. A graça, assim como a graxa, serve para lubrificar. A primeira lubrifica as engrenagens da vida, a outra as engrenagens da matéria. Em outras palavras, uma vida sem graça é uma vida sem graxa, assim como uma vida sem graça é também sinônimo de desgraçada.
Para que a graça permeie o corpo humano, o mesmo precisa estar poroso em todas as suas instâncias. Assim como a obstrução dos poros da pele leva à morte rapidamente, a obstrução dos poros dos corpos suprafísicos (corpo vital, corpo de desejos e mente) leva à morte lenta. Essa morte lenta se apresenta aos olhos do observador como as pessoas que apenas existem, à semelhança das pedras. Viver é atributo do reino humano; fundamental para isso é a consciência dimensional adequada do que seja SER HUMANO. A vida material, horizontal, cotidiana da família, do trabalho, da política, da filosofia niilista, da diversão é apenas palco, sombra e efemeridade. Sem a graça, a vida material culmina em cadeia, hospital, falta e inconformidade. Mas cadeia, hospital, falta e inconformidade, lembremos, são escolhas pessoais. Toda escolha, entretanto, é permitida a Fausto, em Goethe, ao se perder para se encontrar.


Se afastar da graça (ser desgraçado) por opção ou por ignorância é suicídio espiritual. O espiritual diz respeito a tudo o que está além dos cinco sentidos. O interesse também é um sentido que podemos vivenciar e experimentar. Mais interesse e menos indiferença é alternativa válida na profilaxia do suicídio espiritual.



MUDAR A MIM


POR: GERALDO DRUMOND


Vivo muito melhor agora que vejo as pessoas como realmente são, e não como gostaria que fossem. As pessoas são melhores assim, sem o rótulo que as conferimos, sendo imprevisíveis aos nossos desejos de controlar, de dominar, de saber o que poder esperar. Não julgo mais. Não condeno mais. A cada vez que julgo, mais distante dos outros e de mim mesmo. Tudo aquilo que condeno no outro, além de me incomodar, ainda corro o risco de ter ou ser também. Na maioria das vezes nossos julgamentos só consideram nosso próprio senso de valor, e não o das pessoas que estamos avaliando.
O Buda observou que sofremos porque queremos que a vida seja diferente daquilo que ela é, e dói quando continuamos a bater a cabeça contra a realidade básica.
São muitas as estórias, são muitos os sentimentos, são muitos os vínculos, são muitos os desejos, são muitas as reações e nossa mente é muito pequena para captar e assimilar todo o movimento das relações, das vidas das pessoas.
Mudar somente a mim mesmo, que é de quem dou conta e a quem cabe trabalhar para ser melhor. A vida pode ser muito melhor! Conquistamos a leveza de viver que desejamos quando conseguimos carregar a nós mesmos! Que Deus me ajude a persistir!


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

DEUS E DIABOS III



A política é prática diabólica. Poder, medo, dinheiro, fama e controle são seus combustíveis. O Diabo aprecia tudo que é partido. Adora espelhos, poderes partidos, partidos políticos, partidas de futebol e até mesmo o raio que o parta. Se for inteiro e não pela metade, então tem que ter Deus também. Mas ainda não chegamos lá, estamos longe. Tão longe e tão perto...
A Bíblia em Jó (antigo testamento), Goethe em Fausto e Saramago no Evangelho segundo Jesus Cristo, criam situações curiosas onde Deus e o Diabo trabalham alinhados, no mesmo partido, conversam e planejam! Nada parecido com a prática geopolítica atual, onde as partes se odeiam. A literatura bíblica é explícita quanto às coisas de César e as coisas de Deus.
Em minha infância se dizia: “Mente vazia oficina do Diabo”. Curiosa associação essa do Diabo com a mente e de Deus com o coração. É como se Deus não pudesse ser sabido ou pensado, senão apenas recordado (cordis = coração). Parafraseando Agostinho de Hipona sobre o tempo: se me perguntam o que é Deus, eu não sei, se não me perguntam eu sei. Quando penso Deus me dissocio e, portanto, me torno diabólico. O cérebro utiliza o fósforo na forma de ATP (adenosina trifosfato) em seu metabolismo. Fósforo em grego é lúcifer em latim, ambos significam o portador da luz.
Posso ser livre de tudo o que tenho, mas posso ser escravo até do que não tenho. A liberdade é um conceito estranho. Liberdade para acreditar ou não. Na medida em que acredito coopero com o “sistema de leis” (teotropismo), e na medida em que não acredito compito com o “sistema de leis” (geotropismo). Competir ou cooperar, prerrogativas do estado em que me encontro. Escolhas que não se excluem, senão se mesclam até que a unidade seja melhor compreendida por cada um de nós.


SUGESTÃO DE EVENTO 11/11/18 - ENCONTRO DA SAÚDE



quinta-feira, 1 de novembro de 2018

PRECONCEITO E OPINIÃO FORMADA


POR: GERALDO DRUMOND



Fico imaginando como o preconceito, o rótulo, a "opinião formada" nos impede de ver com olhos de enxergar o outro, nos impede de viver o novo, que se revela a todo o momento. Tudo bem que temos nossa personalidade, nosso caráter, que nos molda e nos define, mas também é muito importante que observemos o movimento da vida, as mudanças das pessoas. Podemos sim mudar! Acreditar que podemos ser melhores, acreditar num mundo de mais compreensão, compaixão. O ditado que diz que pau que nasce torto morre torto deve ser revisto.

SILÊNCIO E RUÍDO


O SILÊNCIO - ARNALDO ANTUNES
O vazio é condição que predispõe ao preenchimento acontecer. O vazio do copo, o vazio da janela, o vazio da porta, o vazio do vaso, o vazio do útero, o vazio onde o eixo da roda se encaixa, o vazio do sapato. O vazio é um espaço perigoso, pode-se cair nele, e viver é de fato muito perigoso.
Em minha infância se dizia: “Mente vazia oficina do Diabo”; um vazio onde até o Diabo poderia cair!? Curiosa associação essa do Diabo com a mente e de Deus com o coração. É como se Deus não pudesse ser sabido ou pensado, senão apenas recordado (cordis = coração). Parafraseando Agostinho de Hipona sobre o tempo: se me perguntam o que é Deus, eu não sei, se não me perguntam eu sei.
É pelo vazio das câmaras cardíacas que o sangue flui. Por outro lado, o cérebro utiliza muito fósforo na forma de ATP em seu metabolismo. Para quem não sabe, fósforo é uma palavra derivada do grego que no latim se torna lúcifer, ambas significando o portador da luz. Mesmo você que já sabe que cérebro e mente são coisas relacionadas, mas muito diferentes, vale pensar a respeito.
Posso ser livre de tudo o que tenho, mas posso ser escravo até do que não tenho. A liberdade é um conceito estranho. Por exemplo, sou livre para acreditar ou não em Deus. Na medida em que acredito, a liberdade de arbítrio se manifesta enquanto coopero com o “sistema de leis” divinas. Na medida em que não acredito a liberdade de arbítrio se manifesta enquanto compito com o “sistema de leis” da natureza. Simples assim, geotropismo x teotropismo. Em relação ao livre arbítrio, competir ou cooperar, escolher o mais sensato depende do estado em que me encontro, quanto eu acredito estar no controle da vida e no que escolho acreditar. Escolhas que não se excluem, senão se mesclam até que a unidade seja melhor compreendida por cada um de nós.
Meus espaços vazios são cavernas fechadas ou canais de passagem? Cavernas que portam luz ou canais que permitem que a luz circule? Em mim predomina o mental ou o cardíaco; o carnal ou o espiritual?
O silêncio é espaço onde tudo pode acontecer. É potencialidade. É campo de metamorfose. É onde o tu pode encontrar com o eu. Sem o silêncio, pouco é possível. Quem está cheio, precisa de um pouco de silêncio; espaço na alma para que alguém possa ser. Não é possível ser sem espaço, e o silêncio é espaço pleno. No silêncio eu me escuto; no silêncio sou escutado. O silêncio é solene e é só nele que o dentro e o fora podem estabelecer diálogo. O artista disse que o silêncio foi a primeira coisa que surgiu. Para recordarmos esse momento primordial, sejamos silentes.
A despeito disso, existe hoje guerra declarada ao silêncio. Máquinas de som e imagem insistem na inseminação ruidosa de nossos orifícios, em nossos ofícios. Nossos ossos pulsam com a gravidade da situação, com a gravidade dos baixos profundos, com a gravidade das gravatas e ainda com a gravidade da gravidez. Inseminados com o mesmo e variações do mesmo tema, papagaiamos o barulho pré-fabricado em nossas casas.
Ao impedir que a vontade alcance o silêncio, as irrelevâncias das informações cotidianas nos tornam dependentes de mais uma dose. Esse vício moderno que preenche os vazios, os tempos, os sentidos, me tira de mim. Me afasta a vontade e me entrega aos desejos. Vontades de ser escorregam em desejos de ter. Mas, sem o silêncio, sem esse espaço, o que ser senão o que se diz, o que me dizem, o que foi dito naquele programa?
Esse barulho que penetra a mente a partir dos tímpanos, que nos rouba a lembrança essencial, precisa ser encarado de frente. Desejo a você que ele ocorra antes e não depois que o tempo se recolha.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

DESEJO, NECESSIDADE E VONTADE

TITÃS - COMIDA
      Cantam os Titãs! Tudo o mesmo para você? Três palavras para a mesma ideia? Quando coisas diferentes parecem iguais, é momento de considerar um exame de vista na alma e no coração. Na alma porque é a essência que irradiamos a partir de nosso ser; no coração pois é lá que mora nosso calor e saber (saber decor = saber de coração).
Necessidade é urgência, sem o que não é possível seguir. A necessidade é vital, é fisiológica, é instintiva, é compromisso assumido e inadiável. Todos os acordos evolutivos que fizemos como humanidade e que não podemos dizer: mudei de ideia. Respirar, dormir, servir, sorrir, ser, instâncias do inadiável e do inalienável.
      Necessidade é sacrifício (sacro ofício), e, portanto, ofício sagrado inerente à vida. A necessidade, à semelhança da morte, é vital, e se não me faço claro, sugiro ler a obra “As intermitências da morte” de Saramago.
      O desejo é sempre um risco. Um risco fora do contexto principal. Uma chance de algo acontecer independente do plano inicial. Que plano? Aquele que a maioria de nós esquece e que Platão no mito de Er nos lembra em sua República.
      O desejo é toda tentativa de no curso do caminho, fazer uma parada, uma escala, escapar ao trajeto, pegar um atalho. Algo que não estava nos planos, algo que nos visita e em alguns casos nos possui. Somos possuídos pelos desejos e não ao contrário! Sim, pois desejos sempre nos tomam a partir de fora para dentro. Em outras palavras, a partir de nossa realidade exterior em relação à realidade interior. Não brotam do interior, senão daquilo que nos chega pelas janelas dos cinco sentidos. Atenção às janelas é pressuposto para não ser possuído. Desejo é um tempero no prato da vida e deve ser usado com moderação, afinal muito sal causa hipertensão, muito óleo hipercolesterolemia e tudo em excesso pode desvitalizar. Viver é vital e desvitalizar é ir contra a vida. Sobriedade não é moralidade.
      Desejo ou “desideris” em latim pode ser melhor compreendido se concomitantemente olharmos para o termo considerar, cuja etimologia complementa a primeira. No primeiro termo desideris (desejo), existe um afastamento das estrelas (sideral) e do plano celeste segundo o qual a vida estaria supostamente desenhada, como um convite, mas desenhada. Nesse caso, o desejo me afastaria das estrelas, ou impediria a minha visão desse desenho planejado nas estrelas, desse destino enquanto convite do alto, dos céus. Enfim, um afastamento do plano original traçado nas estrelas. Esse afastamento proporcionado pelo desejo é como uma fuga do “plano original”, onde sou levado a buscar uma qualidade de satisfação diferente da que me caberia caso estivesse em estado de serenidade, de paz interior ou de conexão com as estrelas. Ou quem sabe ainda com a organização celeste presente quando de minha primeira respiração, meu tema natal (mapa astrológico)? Considerar complementa desejar por significar justamente pensar com as estrelas (con - sideris).
      No ocultismo se diz que o humano atual é revestido por um corpo de desejos e uma mente. O corpo de desejos é subordinado à mente da mesma forma que somos convidados a subordinar o desejo à vontade ou a abrir mão de desiderar em favor de considerar.
      A vontade é o atributo humano supremo. É a expressão humana mais sublime. É o exercício de nosso próprio ser na matéria.
      Quando uma pessoa tem vontade fraca, ela é movida pelos seus desejos. Por isso alguns trabalham por recompensa, por dinheiro, por reconhecimento. Trabalham ou vivem para receber algo de fora que as realize. Já, os que se destinam ao exercício pessoal da vontade, são menos reféns da necessidade de recompensas para prosseguirem. O próprio exercício do ser e da expressão da vontade é o prêmio. A sensação de viver se assemelha, nesse caso, a ser semelhante ao Sol, que silenciosamente se consome para irradiar luz e calor.
      Em suma, nosso corpo “sideral” tem uma porção desiderio, que deseja sem levar em conta o céu e as estrelas, e outra porção considerio, expressão da vontade, conceito intimamente ligado ao céu e às estrelas. Estas partes podem ser compreendidas como corpo de desejos e mente. Quem pensa com os desejos, deseja, é refém, quem pensa a partir da mente exercita vontade, é ser emancipado. O exercício maior e mais elevado da vontade é chegar amorosamente à conclusão de que devemos servir, sempre e cada vez com mais vontade, como se fôssemos um sol em formação.
      E você, é um ser inclinado à vontade, desejo ou necessidade? A vontade, a meu ver, deve sempre ser temperada pelo desejo. Se o desejo tomar conta é porque chegou a hora de ler a história contada por Goethe, “Fausto”, assistir a ópera Tannhäuser de Vagner ou quem sabe ainda ler o conto de Tolstoi chamado: “De quanta terra o homem precisa”.
Tudo isso apenas considerações pessoais de um humano errante. Sinto a necessidade de me desculpar caso em algum momento tenha soado rude. Meu desejo é participar.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

DEUS E DIABOS II





Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de mugidos e rugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo.
Saramago (Caim)

GRANDES MUDANÇAS ESTÃO OCORRENDO


POR: GERALDO DRUMOND



Amigos, posso dizer a vocês que grandes mudanças estão ocorrendo. Vamos nos permitir ser mais amorosos, mais afetivos, viver mais o coração e menos a mente.
O universo é benevolente e conspira a favor. O ser humano é muito mais rico do que temos vivenciado. A nossa capacidade de amor é enorme, e temos que experimentar cada dia mais esta capacidade de amar, de perdoar, de nos entregarmos ao universo, como seres espirituais que somos. As dificuldades e adversidades do mundo são pequenas face à grandeza de nosso espírito, de nossa alma. Não devemos nos deixar levar pela notícia ruim, pelas estatísticas desastrosas. Elas representam ainda muito pouco da grandeza de um gesto de amor, de um sorriso de compreensão, de uma ajuda desprendida, de um pedido de desculpas, de um me perdoe, errei, quero acertar. O ser humano é muito melhor do que temos conseguido enxergar. E a expressiva maioria de nós quer acertar, quer ser feliz, ocupar o seu espaço (muito próprio) deste imenso universo, maravilhoso, enorme, que tem espaço para todos, e com sobra. Vamos nos acolher, nos compreender mais, nos aceitarmos mais. Podemos construir situações que vão nos permitir que a imensa maioria respire, alimente, more, ame, enfim, seja!!!


domingo, 9 de setembro de 2018

DEUS E DIABOS I


O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo.
Guimarães Rosa

EU E TU III – A PIZZA DA CONSOLAÇÃO



            Noite fria, comendo pizza com amigos. Éramos três, papo bom, papo cabeça. Noite viva, noite feliz!
            Finda a pizza notei haviam sobrado dois pedaços! Com esse frio, talvez alguém na rua possa se beneficiar. Vou pedir para embrulhar. Que bom, não aprecio desperdício, vou otimizar.
            Já na rua, frio, bem frio, quase ninguém à vista. Será possível? Ninguém?
            Os amigos se afastaram, foram na frente conversando. Eu disse já vou, vão indo! Fiquei só, procurando.... Ninguém!! Espera! Tem alguém lá embaixo; rua da Consolação, frente ao cemitério, do outro lado da rua, do outro lado da vida; cachorro ao lado; revirando o lixo; pés descalços; roupa rasgada. Deve estar com fome. Eu, eu, eu, eu, esse cara que acha poder fazer diferença, que acha poder ajudar alguém, que acha que pode alguma coisa! Quanta pretensão.
            A vida é assim, surpreende onde se menos espera. E foi assim, me surpreendeu...
            – Moço, trouxe esse pedaço de pizza para você.
            Parou, soltou o lixo, me olhou, ainda de joelhos, e disse sereno:
– Não vai faltar para você?
Suficiente para gerar em mim a sensação de um raio atravessando as solas dos meus pés e arrepiar meus cabelos como se algo me puxasse forte em direção ao alto. O que acontecera?
No descuido de achar poder ser útil, ajudar, amaciar o próprio ego no calor da boa ação a quem não teria absolutamente como retribuir, fui desmascarado frente a Deus me transpassando no olhar e nas palavras de quem até então se manifestava aos olhos como um desgraçado.
Às vezes, sempre, só alguém profundamente desgraçado e amoroso para nos mostrar com tanta clareza o estado desgraçado que nos encontramos. Compreendemos a desgraça na medida em que a mesma nos assola. Entendo mal a desgraça, na medida em que a atitude do outro me consola. Ser assolado ou consolado, o que você preferiria nesse instante meu amigo?
Eu, naquele instante, Rua da Consolação, fui assolado pelo estado miserável em que me encontrava. Consolado na luz divina que se irradiara na experiência de comunhão com Deus de pés descalços no chão, ajoelhado e me perguntando: não vai faltar a você?
Claro que vai! Já faltou! Faltou o chão, faltou tato, faltou fôlego, mas antes de tudo faltou o mais importante; respeito. Respeito ao espaço alheio, respeito ao outro ser, respeito ao Tu que me referencia enquanto Eu. Enfim, me senti como talvez o político brasileiro, um ser repugnante; como talvez ainda a barata da metamorfose de Kafka. Sobre políticos, esclareço a propósito, com todo respeito, me refiro apenas aos eleitos; os candidatos pretendentes considero muito pudicos, ressalva seja feita! Pena nunca se elegerem. Coincidências mórbidas...
Amigo, acredite, não é fácil encontrar com a abundância na casa da penúria. O contrário é mais comum. O que acha?
Mas, não dava mais tempo, passado e futuro haviam colapsado e me algemado àquele momento de eternidade. Então aquilo era o presente?! Que presente!
O que acontecera, pensava enquanto voltava aos amigos de pizza. Milagre, mil lágrimas, era só o que me cabia. Sim, mais que isso talvez. Mas lágrimas de que? Alegria, vergonha? Não importa, senão que lavavam meu ser, tornando-o um pouco mais reverente ao outro, meu próximo. Meu próximo que julgo precisar de mim, mas sem o qual não sou ninguém, não tenho sentido.
As situações de êxtase são boas por isso, devolvem o sentido, organizam o sentir e orientam o perdido. E olha que meu sobrenome é Leme hein!?!
Lamentável Leme, você esqueceu! Esqueceu de pedir licença e perguntar se poderia oferecer algo a seu irmão, a seu igual, a seu maior! Sim, e o preço foi alto, altíssimo, levou um choque e recebeu em si instantaneamente todo o ser daquele que pensou pudesse ajudar. Foi ajudado! Ajudado a ser menos cego, pela luz invisível daquele que de nada carece pois está em paz. Que a paz esteja com você meu amigo desconhecido. Essa paz que é inteireza e que você me recordou com maestria.
Paz não é de fato ausência de guerra, senão inteireza em meio à guerra da vida que pode sim afetar nosso Ter, mas que não pode nada quanto ao Ser daquele que alcançou a compreensão do mistério sagrado do encontro do Eu com o Tu.
De fato, antes daquele, eu tinha passado por encontros mais adaptados a meu nível. Por exemplo aquele do cara ajoelhado no metrô com as mãos cheias de moedas e quando eu pus mais uma ele lançou tudo ao chão espalhando todas; e também aquele que para mim foi a cereja do bolo: o amigo que pedia no farol e que ao abaixar o vidro e lhe oferecer uma bala, me sugeriu que a colocasse entre as pernas na região terminal do intestino. Talvez não fossem essas as palavras, não me lembro bem, mas era algo assim.
Por essas e outras muitas que ainda se saberão é que aprendi a pedir licença e perguntar se posso ser útil de algum modo antes de achar que tenho a chave e a solução para o que o outro precisa.
E você amigo? Sabe do que seu próximo espera ou precisa de você?

IDEALIZANDO


POR: GERALDO DRUMOND


Você não tem que idealizar nada. Viva sua vida, sua singularidade. Não tome para si sonhos que não são seus, ideais que não são seus. Desidealize para você viver com naturalidade, com simplicidade. Seja do jeito que você é. Faz toda a diferença. Quando temos coragem de nos aceitar como somos tudo fica mais fácil. Quando você se entende, fica mais fácil entender e conviver com o outro. E o que é a vida senão relações?


ASTROLOGIA - ELMAN BACHER



A astrologia é para o estudante Rosacruz uma fase da religião, basicamente uma ciência espiritual. Mais que qualquer outro estudo, ela revela o homem a si mesmo.
Nenhuma outra ciência é tão sublime, tão profunda e tão abarcadora. Ela oferece uma representação pictórica dinâmica da relação entre Deus (o Macrocosmo) e o homem (o Microcosmo), mostrando-os como algo fundamentalmente uno.
A ciência oculta, ao investigar as forças sutis que agem sobre o ser humano, o Espírito, e seus veículos, descreve seus efeitos com a mesma precisão que a ciência acadêmica o faz com relação as reações que ocorrem no mar, no solo, nas plantas e animais, decorrentes dos raios do sol e da lua.
Com este conhecimento podemos determinar o padrão astrológico de cada indivíduo e conhecer as fortalezas e as debilidades relativas das várias forças atuantes em cada vida. De acordo com o que tenhamos alcançado deste conhecimento, é possível começar a construção sistemática e científica do caráter – e caráter é destino!
Existem períodos e estações cosmicamente vantajosos para o desenvolvimento de certas qualidades, correção de maus hábitos e eliminação de inclinações destrutivas.
A ciência divina da astrologia revela causas ocultas que trabalham em nossas vidas. Assessora o adulto com respeito à vocação, os pais na orientação dos filhos, o mestre na orientação dos discípulos, o médico no diagnóstico das enfermidades; prestando-lhes, desta maneira ajuda em qualquer situação.
Nenhuma outra matéria ao alcance do conhecimento humano até o presente momento contém as possibilidades estendidas aos estudantes de astrologia na ajuda aos demais, no digno caminho de deuses-em-formação, a um entendimento maior da lei universal e à percepção de que estamos eternamente seguros nos braços carinhosos do infinito e ilimitado Ser.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

PEQUENAS ATITUDES PARA GRANDES SERES

FAUSTO – GOETHE – MEFISTO




            Goethe viveu a transição de uma época chamada Iluminismo, onde os humanos da época decidiram abrir mão de uma certa qualidade de valores em função de outra. As escolhas daquela época refletem na época atual; alguém disse: quem planta vento colhe tempestade. Quem gosta de chuva forte nem liga, mas quem não gosta tende a ficar cada vez mais ligado.
            Saramago, Guimarães Rosa, Goethe e Tolstoi deixaram rastros, em suas obras literárias, dessa figura bíblica canhestra, esse ser da encruzilhada que se perdeu na caminhada. Na obra Fausto, Goethe o veste com a alcunha de...

MEFISTÓFELES (com seriedade)
Deus o Senhor – sabe-se a causa – quando
Do éter nos exilou à profundeza
Em que arde fogo cêntrico, abraseando
Voraz conflagração em torno acesa,
Vimo-nos lá, na luz exagerada,
Em situação incômoda e apertada.
Pôs-se a tossir toda a mó dos demônios,
Do alto e baixo a expelir bofes medonhos,
O inferno encheu de enxofre, ácido e azia,
Deu isso um gás! monstruoso em demasia,
Até que em breve, apesar de robusta,
Rebentou afinal a térrea crusta.
A cousa agora está por outro bico:
O que antes era a base, hoje é o pico.
Daí o ensino lógico é oriundo:
Virar-se para o mais alto o mais fundo;
Pois escapamos da opressiva esfera,
À integração no ar livre da atmosfera.
É segredo óbvio, muito bem guardado,
Pois aos povos não foi tão cedo revelado. (Ef. 6, 12)

Em Efésios 6,12 lemos:
            “Pois não é contra homens de carne e sangue, que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares. ”

            Quem caminha ao pé na letra trava a luta nos pulmões, quem não, escafandro, na atmosfera. E você Fausto amigo?


VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE DOENTE?




Tudo o que existe, o que é, e também tudo o que se crê existir define um ente. Em outras palavras, somos entes na medida em que nos emancipamos, nos individualizamos da massa amorfa, nos tornamos saudáveis, enfim nos pertencemos.
Se por algum motivo nos afastamos desse estado fluídico do ente, do ser, da saúde, alteramos nosso estado de pertencimento a um novo estado que podemos denominar como ser possuído por. Quando me torno possuído por, deixo de ser ente e passo a pertencer a alguma entidade. Ou seja, me torno do ente; do ente que me possui. Nesse caso estou doente, vivencio a doença, enquanto refém desse estado.
Ao procurarmos em outros idiomas, pois idiomas têm uma vida interior, vamos encontrar semelhantes constatações em relação à doença. No inglês uma possível tradução da palavra vontade é "will". O processo de adoecer implica em perder o acesso ao livre exercício da vontade (no inglês livre arbítrio = free will). Quando minha vontade não é suficiente para que eu aja com liberdade eu me encontro doente (ill). Tornar-se "ill" no inglês é tornar-se refém das circunstâncias e portanto do ente ou da doença. Um "w" a menos e quanta diferença, não é mesmo? (When I loose my will I get ill). Um "do" a mais e quanta diferença faz!! (do-ente).
O convite atual proporcionado pelos meios de comunicação, pela opinião pública e pelo senso comum, é um risco potencial à saúde. Radical? Não, claro! Apenas lembremos que vivências dessa natureza deslocam a pessoa de si em direção aos valores oferecidos a partir de convenções externas ao ser. É comum que alguém seja constrangido em sua forma de ser, por uma forma de ser assumida por um grande número de pessoas ou, ainda mais maquiavélico, por alguma personalidade marcante com quem me identifico.
Nessa medida, a pessoa constrangida pode perder-se de si. Pode momentaneamente deixar de pertencer-se e passar a responder a outros valores, seja uma ideia, um sonho, uma ilusão ou mesmo algo que a desvia de seu propósito ou princípio existencial. Esse tipo de perder-se equivale a tornar-se doente, um estado de dependência de um modo operacional externo a seu ser.
Uma sociedade doente é toda aquela onde o individual é visto com indiferença. Viver em uma sociedade doente significa esquecer de si e seus propósitos existenciais, mergulhar na manada, na massa, na moda e na mídia. Vejamos bem que somos livres para escolher esse caminho, mas a questão é fazê-lo conscientes da existência de outra opção, e não como que forçados pela ignorância de podermos optar! Posso ser materialista ou não, posso escolher. Dar a César o que é de César. O que escolho determina o que sou e como atuo no mundo.
As sociedades superorganizadas, plasmadas na competição, pragmatismo e utilitarismo, enfrentam, a despeito de seu alto nível social e cultural alguns efeitos colaterais desafiadores. Arriscando elencar alguns encontramos: o suicídio em grande escala, o uso indiscriminado de drogas alucinógenas legais ou ilegais, as doenças cerebrovasculares (derrames cerebrais e enfartes), a dissolução da família e a mercantilização do erotismo associada ao decorrente aumento nas estatísticas de abusos sexuais os mais diversos e perversos. 
Para o materialista, o humano é o topo da cadeia evolutiva, não há nenhuma forma de vida superior à forma humana. É uma escolha, portanto uma escola e, portanto, uma parcialidade. Saúde é inteireza, doença é parcialidade. Toda pessoa que adoece se transforma após o processo quando sobrevive. Que possamos continuar a sobreviver até que possamos transcender o tempo e suas intempéries. Transcender o tempo é entrar em paz. Estar em paz é estar inteiro e, portanto, saudável. Para ser saudável é imprescindível a clareza conceitual entre desejo, necessidade e vontade. Se tudo isso é a mesma coisa para mim, sou sociopata, careço do discernimento fundamental para o ser saudável.
Vivemos a idade mídia, momento delicado para os interessados em aprofundamento, autoconhecimento e sentido. Essa escolha atual de desfrontalização (deixar de usar os lobos frontais do cérebro - sede da razão e do pensamento abstrato) não deve em absoluto ser vista de forma preconceituosa ou pejorativa, mas de forma alguma deve passar despercebida ao humano em busca da saúde. Isso pois, sentido existencial interior e saúde caminham de mãos dadas.
Parte considerável dos alimentos disponíveis são inflamatórios e parte considerável dos estímulos aos quais estamos submetidos são desorganizadores mentais, não se excluem os noticiários! As doenças crônicas como diabetes e hipertensão aliadas aos distúrbios do humor decorrem em grande parte da forma insana como nos alimentamos na atualidade. Um processo irreversível decorrente da péssima qualidade das escolhas que fizemos em passado recente.
Por outro lado, sejamos otimistas, não sejamos preconceituosos, experimentemos estabelecer uma relação viva com conceitos emancipadores. Não se revolte, senão apenas volte a si e reconheça o porquê do ambiente à sua volta ser como é. Reflexões simples, mas que nos esquivamos da responsabilidade diariamente.
Diminuir o uso de antidepressivos, moduladores de humor, sedativos do ser, talvez seja opção a ser considerada com certa urgência. Parar de apontar fora e reconhecer dentro aquilo que cabe apenas a mim realizar. Tornar-se pílula de saúde individual.
É possível ser saudável dentro dessa sociedade! Mas é preciso atenção às fórmulas, respostas prontas e receitas, pois cada vida é única. Não nos esqueçamos que o contrário de algo é a mesma coisa ao contrário e que para que a integralidade seja alcançada, os opostos devem ser integrados em um todo, ou seja compreendidos. Oposição é parcialidade, integração é saúde. Uma sociedade partida é uma sociedade condenada, onde tudo o que muda visa apenas fazer com que tudo permaneça como está!
O caminho para a vida saudável é o caminho das perguntas, das possibilidades e raras vezes o das respostas e do tic-tac dos relógios. O poeta cantou que temos nosso próprio tempo. Entrar em relação com este tempo interno que é único para cada ser é primeiro passo solitário e certeiro para a possibilidade da vida saudável.
Não é preciso ficar doente para habitar uma sociedade doente. A pessoa com vida interior pode frequentar a sociedade e reconhecer seus equívocos, pois pensa, tem membrana seletiva. A pessoa desfrontalizada responde aos desafios sociais à semelhança dos animais na floresta. E tudo isso é muito belo de se observar. Observar é um grande passo para o humano. Observemos! 


O PODER DOS MANTRAS - A ESSÊNCIA DOS MANTRAS COTIDIANOS


EU SOU AQUILO QUE TENHO - O QUE FAÇO - FAZER MAIS E MELHOR AQUILO QUE OS OUTROS PENSAM A MEU RESPEITO. SOU DISTINTO DOS OUTROS - ESTOU SEPARADO DO QUE FALTA EM MINHA VIDA



Os “mantras” dominantes são criados no momento do nascimento e se estendem por toda a vida, sendo boa parte dos conteúdos veiculados pela família, entorno e mídia (imprensa) ligados ao ego ou à ambição. São as mensagens do amanhecer da vida e que devem ser mudadas ao entardecer, conforme Wayne Dyer (2012).
Um exemplo é a orientação subliminar “Eu sou aquilo que tenho”, que surge muito cedo e se cristaliza como memória celular. Essa mentalidade de acúmulo começa com os brinquedos e cresce ao ponto de fazer com que o sucesso seja medido pela quantidade e tamanho dos brinquedos acumulados na idade adulta. A perda dos mesmos, em alguns casos, pode culminar em depressão e suicídio.
Outra afirmação de profundo impacto na formação, segundo Dyer, é “Eu sou o que faço”, que começa no engatinhar e se estende durante a vida, reforçando a noção equivocada de que é importante sempre “Fazer mais e melhor”! Da mesma forma, a expressão “Eu sou aquilo que os outros pensam a meu respeito” pode condicionar nosso valor à opinião alheia e ao nos afastar do próprio ideal de perfeição, inviabiliza qualquer relacionamento harmonioso e de iguais.
“Sou distinto de todos os outros”, um “mantra” que promove a separação, também é recorrente e abre espaço para outro equívoco: “Estou separado daquilo que falta em minha vida”. Esta afirmação decorre da falta de fidelidade ao próprio poder e ao fluxo divino da vida. Desconectados, passamos a nos ligar ao que falta - ou seja, às carências de amor, saúde e prosperidade.
A tentativa - quase sempre bem-sucedida - de afastamento da Fonte Original decorre do desejo de comando do ego, que se traduz em afirmações que retratam o divino como distante e temperamental ou estruturam o Universo sob um conceito devedor, em que a pessoa está sempre descontente e cobrando algo de alguém (Dyer, 2012).
Somente quando escapamos ao domínio da personalidade egóica ou autocentrada, conseguimos enxergar o fluxo da vida em sua perfeição, com seus sucessivos aprendizados e possibilidades de nos reinventarmos e manifestarmos nossa essência, construindo no ritmo adequado relações mais saudáveis.
Quando a consciência está desperta, floresce o “mantra” ‘Simplesmente Ser’, um convite à autenticidade, e à vida em aceitação e amor. Um retorno ao Ser.