quinta-feira, 11 de agosto de 2011

SABEDORIA E NEUROPLASTICIDADE


POR MARIO INGLESI:


Dr. Ricardo



Meu caro doutor, seus textos parecem querer mexer apenas com vespeiros. E, desta feita, com um vespeiro de abelhas africanas. Imagine só: as diversas maneiras de formar e preservar a saúde cerebral, tendo em vista as necessárias exigências de movimentações humanas em proveito da plasticidade do cérebro, a fim de se ter uma vida existencial saudável para si e para os outros que o rodeiam.

É realmente assunto auspicioso, e, que requer sabedoria. Isso porque saúde é tema até de brindes, ao alçar-se copos ou taças em ocasiões especiais ou cerimoniais. E, até mesmo em espirros longos ou breves, há sempre alguém por perto para aclamar "SAÚDE". Portanto, saúde, hoje em dia é assunto corriqueiro, e, em se tratando do corpo então, transmudou-se de saúde para “estética” do corpo, para gáudio do comércio e da indústria e até de entretenimento. Haja vista a proliferação de academias, personal trainers, espaços diversos em prédios para sauna, ofurô, e aparelhagem diversa para ginástica, fisicultura, além de produtos diet e light, e centenas de campanhas em prol de um corpo esbelto e faceiro, com as tais “barrigas tanquinho”, muita musculatura, e silicones por todos os lados (Na frente ou atrás, ou ambos) botox, pinturas e mais pinturas, bem como inúmeros outros expedientes que escondam inimagináveis defeitos ou envelhecimento. Enfim, saúde tornou-se sinônimo de imagem. Para isso, enganosamente se olha, comumente, no espelho e se brada, como na história infantil:

“Espelho, Espelho Meu, Haverá Alguém mais Bela (ou Belo) do que Eu?


Diante disso, o cérebro e sua saúde ficaram completamente esquecidos, relegados ou apenas lembrados e reconhecidos como o mais importante órgão humano, com o advento de alguns traumas inesperados ou doenças as mais diversas e sombrias como a loucura, em suas diversas modalidades, a amnésia, o “Coma” o AVC e, principalmente, talvez a mais horrenda delas, o Alzheimer, cujo aparecimento não muito visível e, muitas vezes, de equivocado ou tardio   diagnóstico, faz com que o paciente e os que o rodeiam carreguem um castigo em vida.

Assim, tanto o poder público como o privado e assemelhados não oferecem a mínima atenção à saúde do cérebro ou a práticas, as mais corriqueiras, a seu favor. Possivelmente a única insistentemente lembrada quando o cérebro oferece alguma pequena falha, é a corriqueira lembrança de sua ativação através das “Palavras Cruzadas”.

No entanto, o cérebro é o órgão que mais nos fascina, principalmente, pelos mistérios que o envolvem, mas também pelos atos e atitudes que propicia, causando-nos deslumbramentos, medos e repugnâncias.

Portanto, é por demais convidativo a leitura do texto sobre a neuroplasticidade - partes I e II – para atentarmos o quanto é importante e significativa a prática constante da ativação do cérebro, para que comumente ele tenha uma vida, senão plena, pelo menos vigorosa, com espaços para novos e importantes conhecimentos e informação, e não apenas empanturrado com o factual diário de notícias e coisas, na maioria das vezes, sem importância.

Torne-se, um ser vivo em sua plenitude, como bem propõe o texto: diversifique, diferencie, cerque-se de amigos, vivencie momentos especiais, de maneiras diferentes, experimente sempre e verá que o tempo lhe será prazeroso e o cérebro obviamente lhe agradecerá por isso, mostrando-se solerte e vivo como sempre o desejamos.

Como se vê, doutor, a sua caminhada segue a passos largos, abrindo constantemente estradas, vias e veredas cada vez mais auspiciosas para a vivência humana e sua saúde.

Com relação ao seu texto “Pílulas de Saúde para os Pais”, só me resta acrescentar-lhe, como mera ilustração, o “Poema Enjoadinho”, de Vinícius de Moraes.



Filhos… Filhos?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo?

Se não os temos

Que de consulta

Quanto silêncio

Como os queremos!

Banho de mar

Diz que é um porrete…

Cônjuge voa

Transpõe o espaço

Engole água

Fica salgada

Se iodifica

Depois, que boa

Que morenaço

Que a esposa fica!

Resultado: filho.

E então começa

A aporrinhação:

Cocô está branco

Cocô está preto

Bebe amoníaco

Comeu botão.

Filhos? Filhos

Melhor não tê-los

Noites de insônia

Cãs prematuras

Prantos convulsos

Meu Deus, salvai-o!

Filhos são o demo

Melhor não tê-los

Mas se não o temos

Como sabê-los?

Como saber

Que macieza

Nos seus cabelos

Que cheiro morno

Na sua carne

Que gosto doce

Na sua boca!

Chupam gilete

Bebem xampu

Ateiam fogo

No quarteirão

Porém, que coisa

Que coisa louca

Que coisa linda

Que os filhos são!



Vinícius de Moraes – Poesia e Completa e Prosa - Ed. Nova Aguilar, 1985



Com o meu agradecido abraço, a expectativa de seus novos e profícuos ensinamentos.



Mário Inglesi 07/08/2011

Um comentário:

  1. Grande poetinha. Que saudade! Precisa dizer mais? Talvez só que, nós damos ao mundo nossos filhos, mas o mundo não agradece nem um pouco, e nos deixa com grandes angústias quanto aos seus lugares dentro deste mundão sem a mínima estrutura para acolher esse ser maravilhoso que é o ser humano. No fundo, os filhos são do mundo, porém, as responsabilidades são todas nossas. E quem não tem condições nos mais variados aspectos, acaba transformando esses seres em pobres coitados, sofredores ou "fazedores" de sofrimentos. E aí? Cadê o Estado, etc...? Grande abraço de uma mãe, como todas as mães. Lembra da Mãe do "Guri", do Chico?

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