JULIO PERES (www.julioperes.com.br)
Psicólogo Clínico - Pós-doutorado no Centro de Espiritualidade e Mente – Universidade Pensilvânia, EUA
A maioria das pessoas sofreu ou sofrerá um evento potencialmente
traumático como perdas, acidentes, doenças, etc. Há uma forte relação entre
trauma psicológico e o desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT), que contempla o aparecimento de três grupos de sintomas: revivecência
do trauma (memórias traumáticas, pesadelos); evitação/entorpecimento (distância
afetiva, anestesia emocional) e hiperestimulação autonômica (estado de alerta,
irritabilidade, insônia).
Investigamos 36 policiais militares de São Paulo que estiveram
envolvidos nos ataques realizados por organizações criminosas em maio de 2006.
Nosso estudo mostrou os mecanismos neurais de um conjunto
homogêneo de indivíduos traumatizados em relação ao enfrentamento (Grupo 1
submetido a psicoterapia), continuidade (Grupo 2 não submetido a psicoterapia),
e resiliência espontânea ao trauma (Grupo 3). A maior atividade do córtex médio
préfrontal (envolvido na classificação dos eventos) e a menor atividade da
amígdala (envolvida na expressão do medo) foram observadas tanto nos policiais
com resiliência espontânea quanto nos policiais submetidos à psicoterapia.
Comparando os grupos depois da psicoterapia, ficou clara a importância da
brevidade do atendimento psicológico especializado, uma vez que os indivíduos
submetidos à psicoterapia (Grupo 1) não mais preenchiam os critérios do TEPT,
enquanto os indivíduos não submetidos à psicoterapia pioraram os sintomas do
TEPT (Grupo 2). As pessoas que inicialmente configuram o TEPT parcial podem
desenvolver o TEPT crônico, que apresenta risco três vezes maior para emersão
de comorbidades como Transtorno Depressivo, Transtorno Somatoforme, Trantorno
do Pânico, abuso de substâncias, etc.
A psicoterapia favoreceu o desenvolvimento da resiliência e ajudou
a reduzir significativamente os sintomas pós-traumáticos. O sofrimento
traumático pode ser de fato, parte de uma história de superação. E as
características de resiliência mais importantes foram a autoeficácia (confiança
em si), a empatia, otimismo, e a religiosidade/espiritualidade.
Três Universidades estiveram
envolvidas no estudo (UNIFESP, Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São
Paulo e Universidade Federal de Juiz de Fora) além da Polícia Militar do Estado
de São Paulo. O artigo Police officers under attack: Resilience implications
of an fMRI study foi publicado recentemente na Edição Especial de
Comemoração dos 50 anos do Journal of Psychiatric Research.
O estudo brasileiro sobre os efeitos neurobiológicos da
psicoterapia, está entre os 3 finalistas do Prêmio Abril - Saúde Mental e Emocional.
Para votar em Imagens nítidas do efeito da psicoterapia acessar o
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