Dr. Ricardo
O universo exposto em favor da Saúde e Consciência vem
se oferecendo cada vez mais extenso e, - por que não enfatizar – mais e mais
complicado em sua abrangência, uma vez que envolve formas de viver, hábitos,
maneiras de encarar a vida, e seu sentido.
A pluralidade de questões que o envolve é tamanha que,
a cada passo, nos deparamos com um labirinto de difícil saída para a decifração
do que realmente se fazer em prol de uma vida saudável.
Toda essa complexidade, que o mundo atual ainda mais
exacerbou, parece querer configurar uma nova direção: a da espiritualidade, em
consonância – com o saber científico – coisa inimaginável e impensável ao longo
dos tempos.
Essa espiritualidade talvez advenha da impossibilidade
de compreender com clareza os fenômenos que nos cercam e nos envolvem com uma
volúpia sem precedentes.
O nosso pasmo, a nossa perplexidade são de tal monta
que muitas e muitas vezes nos vemos na situação desesperadora de Nietzsche, em
“Oração ao Deus Desconhecido, ou então, o que nos leva a bradar, em alto e bom
som, como Castro Alves:
“Deus! ó Deus onde estás que não respondes
Em que mundo, em qu’estrela tu t’ escondes
Embuçado nos céus?”
Mas com tudo isso, é preciso crer, entretanto, que
sempre haverá – basta procurar – um momento de alento, para uma reflexão sobre
nossa vida, como vivenciá-la no sentido do ser, de não apenas constituí-la no
parecer circunstancial e efêmero.
Isto sim, é um momento fundamental para uma vida
plural e saudável.
Para isso, é preciso objetivamente abrir espaços para
todos os tipos de pessoas e seus pensares, para que haja reflexões que conduzam
a práticas realmente condizentes com um viver saudável, sem preconceitos,
exclusões, ou maniqueísmos, para que, por exemplo, espiritualidade e ateísmo
não revelem tão somente oposição, mas apenas uma configuração de pontos de
vista diferencial, mas não excludente, como aliás, muito bem configurou, com o
humanismo de sempre, o dr. Drauzio Varella em sua exposição expressa no link
que acompanha o texto em apreço.
Nesse contexto
deve emergir a espiritualidade como arcabouço de conteúdos e perspectivas, não
de simples soluções atinentes ao bem estar da pessoa humana, seja ela um mero
doente ou um paciente terminal.
Para começar, abstraindo-se com a mais abstrata e de
maior inteireza de comunicação das artes: a MÚSICA, seja ela sacra ou profana,
dadas as sensações díspares e profundas de enlevo a patamares nunca dantes
atingidos de alegria, de enternecimento e, mais ainda, de espiritualidade,
sempre que ouvida, provoca um renascer saudável.
Se a música não satisfizer, leia ou escute, por alguém
que o possa dizê-lo, um poema, um capítulo de um livro, uma crônica, e então,
certamente os maus fluidos desaparecerão e o seu estado recuperará o ânimo de
enfrentar os revezes que o acometem e, sem dúvida, florescerá em sua boca,
ainda que por breves momentos o esboçar de um sorriso de contentamento, com a
paz e a serenidade que o renascer da espiritualidade trará, indubitavelmente, o
aprendizado, e o significado do “Bem.”, como nos poemas de Brecht:
Eis o Bem
Não fazer mal a si próprio
Nem a ninguém,
Encher de alegria a todos
E a si também
-eis o bem.
Elogio do
Aprendizado
Aprende o que é mais simples!
Para aqueles cujo momento chegou,
nunca é tarde demais.
Aprende o ABC: não basta, mas
aprende-o! Não desanimes!
Tens que assumir o comando!
Aprende, homem no refúgio!
Aprende homem na prisão!
Mulher na cozinha aprende!
Aprende o sexagenário!
Tens de assumir o comando!
Procura a escola, tu que não tens casa!
Cobre-te de saber, tu que tens frio!
Tu, que tens fome, agarra o livro: é uma arma!
Tens de assumir o comando!
Não tenhas medo de fazer perguntas:
não te deixes levar por convencido,
vê com teus próprios olhos!
O que não sabes por experiência própria,
a bem dizer, não sabes
Tira a prova da conta: és tu quem vai pagar!
Aponta o dedo sobre cada item,
pergunta. Como foi parar ali?
Tens de assumir o comando!
(Bertolt Brecht
“Poemas e Canções”,tradução de Geir Campos, Ed. Civilização Brasileira, 1966 )
Caro Doutor, encerro por aqui, talvez estafado, mas
com sorriso de satisfação nos lábios. Afinal “assumi o comando!”
Abraços afetuosos
Mário Inglesi 26/09/2011
A saída do labirinto está na idéia de que não existem labirintos.
ResponderExcluirO alto nos livra do labirinto.
Linda imagem.
E o poema do bem tbem.
May.