POR MÁRIO INGLESI
Continuação de:
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A máscara está presente nos mais variados momentos da
vida humana, refletindo anseios, angústias, alegrias, tristezas, sucesso,
vitória, não só de forma pessoal como grupal.
Eis que, num gol marcado, desde Garrincha a Pelé ou de
Ronaldo à Neymar, transcende ao puro sentimento de alegria para uma máscara de
felicidade sem igual, acompanhada de uma mescla de vitória em sua tessitura. Tal ocorrência transborda para toda a
torcida, transformando-a numa máscara gigantesca, abrangendo todos os
torcedores.
Assim como também, de modo contrário, a máscara
bordada
com
os fios de sentimentos de tristeza, aflição, angústia, por ocasião de uma
tragédia como os deslizamentos de terra e desmoronamentos de casas advindos por
ocasião da imensa quantidade de chuva que se abate sobre regiões do país, ou,
outras catástrofes, como incêndios devastadores em áreas urbanas ou não, trazem
à tona as máscaras de sulcos profundos da impotência e desalento, inicialmente de
caráter pessoal, mas logo estendendo-se a uma multidão de desvalidos ou,
solidariamente de compadecidos de toda ordem e crença, que procuram ajudar.
Por outro lado, de forma também marcante, hás as
máscaras singulares e enganosas da felicidade eterna, no casamento, por
exemplo, do poderio majestoso, do sucesso infinito ou do status duradouro, bem
como da beleza estética permanente, ou da eterna juventude, ou ainda da
imortalidade, numa mescla de ilusões e conclusões falsas com ideais e
expectativas irrealizáveis que só fazem frutificar novas máscaras inspiradoras,
sem dúvida, de maiores cuidados e atenção, na maior parte das vezes.
Contrariamente, existem as máscaras que se alongam ou
se perpetuam no tempo, por falta de providências para minorá-la ou retirá-la
definitivamente: são as máscaras produzidas pela fome, tornando seus
portadores, em todo mundo, figuras apáticas, de olhares profundos e
melancólicos; de faces encovadas, ou, ainda, como no caso do ataque ao Word
Trade Center, as máscaras do terror, cuja evolução vai da surpresa, do espanto,
da iniquidade, da indignação à dor profunda, à raiva e ao ódio sem limites, que
se transforma em preconceitos de toda ordem.
Com relação às máscaras dos famélicos, é de todo
conveniente lembrar as palavras de José Saramago, proferidas por ocasião do
Discurso de recebimento do Nobel na Academia Sueca:
“A mesma esquizofrênica humanidade, capaz de enviar
instrumentos a um planeta para estudar a composição de suas rochas, assiste
indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a
Marte do que ao nosso próprio semelhante.” (Revista Língua, pág. 66, abril
2009)
Realmente chegar ao nosso semelhante é atitude
bastante inusitada, principalmente quando ele se encontra no fundo do poço e,
sua máscara afigura-se um misto de fome e miséria que o encobre por todos os
poros, com andrajos, sujeira, mal cheiro, e miasma, quando a pele totalmente
encardida pela exposição ao sol, às intempéries da natureza e pelo álcool que o
faz suportar e esquecer por breve instante a situação em que se encontra, ou
pelas drogas que passa a consumir no afã de abandonar o corpo e alçar outros
patamares que não o do chão em que pisa com seus pés já calcinados.
Tal máscara nos faz, num sufoco, bradar, ainda que num
grito parado no ar:
“Senhor Deus
dos desgraçados!
Dizei-me, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus…
Ó mar! por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…”
(Castro Alves) Poesia Completa, ed. Nova Aguilar, 1960
No rol das máscaras funestas e de uma pujança totalizante,
é preciso arrolar em primeiríssimo lugar, a máscara do “Mártir do Calvário”,
Jesus Cristo. Em sua via crucis à crucificação, cujos enigmas, a partir do
Santo Sudário, até hoje são objeto de estudos científicos, no intuito de
decifrá-los, em seus mais complexos significados.
Esse interesse talvez advenha do fato de a máscara ter
em sua trama fios constitutivos por sentimentos díspares e atitudes que se
intercruzam em uma mortalha mista de aspectos de horror sufocante e, ao mesmo
tempo, de enternecimento público.
De fato, constitui-se ela de sentimentos múltiplos:
humilhação, cansaço, flagelo, dores lancinantes, humildade, bondade, abnegação,
benevolência, amor ao próximo, exposição involuntária, revolta (c/ os
vendilhões no templo), abandono, solidão (Cristo); traição (Judas); injustiça,
passividade, não comprometimento, - o “lavar as mãos” arrogância, (Pilatos); cumprimento
do dever, de ordens incongruentes, frieza, (soldados); unanimidade, pensamento
único, inconsciência, cumplicidade (povo); sofrimento, dor, tristeza profunda,
lágrimas, muitas e dolorosas, (Maria, mãe de Jesus).
Tais sentimentos, só sublimados pela “ressurreição” de
Cristo, ainda hoje são convites à reflexão e temas de filmes, teatro, romances,
poesia, música, bem como também sentimentos constitutivos de muitos outros
abnegados “mártires” que coexistem diariamente, em nosso dia a dia por força de
posições políticas, liberdade de expressão, preconceitos, revoltas, batalhas ingentes
e em guerras que se espalham por todo o planeta, por questões políticas,
econômicas, ou de meros interesses financeiros.
Continua...
Ricardo,
ResponderExcluirEstou muito feliz, em poder participar do lançamento do seu livro.
Logo mais estarei ai, para te desejar boa
sorte, e te dar um abração, desejando muito
sucesso, e que Deus ilumine cada vez mais seu
caminho, com muito sucesso.
Beijinhos da Tia Marilyn
Ricardo,
ResponderExcluirEm teu nome está o Leme
Que te conduzirá "por mares nunca dantes navegados".
Grande és como todo homem,
Sensível és como qualquer criança.
Não sei se já plantaste uma árvore,
Ou fizeste um filho.
Não importa(!)
Já destes ao mundo,
Algo que ficará para todo o nosso tempo.
Parabéns pela obra literária.
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Emmanuel Ramos de Castro
Emmanuel, agradeço suas bondosas palavras, que não me surpreendem!
ResponderExcluirNão pelo que sou e ainda menos pelo que me dizem respeito, em absoluto!, mas pelo ser que as pronuncia. Em teu nome Deus é conosco (Emmanuel) e você é ramo (Ramos) d'Aquele que na castidade (Castro) do pensar pode ser e servir como veículo de auxílio aos que contigo encontrarem. Seja bem vindo a este espaço de partilha, e por gentileza, lembre-se de nos corrigir onde possamos nos equivocar...
Boa noite!
ResponderExcluirGrande amigo Ricardo
Bom, as máscaras na realidade são as defesas, que as pessoas usam para se proteger do meio circundante.
Cada um de nós desempenhamos um papel, quanto mais perto chegarmos da plenitude; as máscaras vão continuar, com outros significados.