Justiça
O que a lei
não redime
é o crime
com defeito.
Se bem-feito
ou bonito,
o delito
talvez rime
com direito.
Se perfeito,
ora, o crime
é a lei.
Rampa
Do alto desta encosta em que cederam
a fibra dos meus olhos, o meu claro
silêncio vertebrado de palavras
sólidas e também a minha infância;
em que, sobre joelhos eucarísticos,
testemunhei o fluxo da mentira
enquanto o vinho azul me entorpecia
aos poucos com o medo de perdê-lo,
não me despeço. Parto. Vou embora.
Ao cesto de papel deixo a gravata
descolorida pelo sol de cal.
Porões ainda existem e governam,
mas hoje estendem notas de dinheiro
em vez de músculos no pau-de-arara.
"um silêncio vertebrado de palavras"...isso faz meu coração em pedacinhos de pequenas sílabas de batimentos tão suaves, quase silenciosos. Meu coração invertebrado, tão primário e tão leve. Santa poesia..
ResponderExcluirQue maravilha!
ResponderExcluirEsses dois poemas retratam a realidade! Adorei.
Parabéns!
Anjo da guarda!