Este artigo é uma continuação de:
http://saudeconsciencia.blogspot.com/2011/07/neuroplasticidade-e-sabedoria-parte-i.html
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Vale do Matutu – MG
– Foto de Flávio Gago (Paineira com via
láctea ao fundo)
SEMEIE UM
PENSAMENTO E COLHERÁ UMA AÇÃO
SEMEIE UMA
AÇÃO E COLHERÁ UM HÁBITO
SEMEIE UM
HÁBITO E COLHERÁ UM CARÁTER
SEMEIE O
CARÁTER E COLHERÁ O DESTINO
Píndaro –
fragmentos (400 a.C)
Talmud (500
d.C)
W.Makepeace Thackeray (1863)
Samuel Smiles (1904)
Recentemente até
mesmo o fato de ser obeso ou esbelto mostrou guardar relação íntima com o
processamento neural e conseqüentemente com a neuroplasticidade, visto
existirem diferenças entre o cérebro de obesos e o de magros, vide:
(http://diabetes.diabetesjournals.org/content/60/6/1699.abstract). A inflamação
observada no cérebro de pessoas obesas se associa a uma alteração na resposta às
informações sobre a gordura corporal, gasto calórico e ingestão alimentar. Estudos
funcionais, em obesos, mostram um menor nível da atividade cerebral do
hipotálamo (responsável pelo controle da massa corporal). O mais interessante é
que após emagrecer – especialmente a partir da mudança de hábitos alimentares –
a inflamação se resolve naturalmente.
Normalmente a
gordura corporal é monitorada pelo cérebro por meio de uma substância chamada
leptina. Quando há excesso dessa substância, o hipotálamo, que controla a
ingestão calórica, fica mais sensível à saciedade. Entretanto, no processo
inflamatório cerebral, o hipotálamo perde em parte a capacidade regulatória entre
ingestão calórica e saciedade. Assim, a massa corporal e o processamento neural
parecem estar em relação íntima, algo como uma “sabedoria” instintiva que
reflete na silueta de cada ser?
Os neurônios em
nossos cérebros e as estrelas de nossa galáxia pertencem à ordem de grandeza
dos bilhões. Faz pensar e no mínimo desconfiar de tamanha coincidência. Poderia
haver alguma relação matemática entre nosso corpo e o cosmos?
As sinapses,
junções especializadas que comunicam os neurônios, são estereologicamente
estimadas no encéfalo de uma criança em 1.000 trilhões, declinando com a idade até
a ordem de 100 a 500 trilhões no adulto. Os usuários de substâncias como o
álcool são predispostos a perder sinapses de forma mais acentuada por lesão dos
dendritos neuronais.
Quanto maior o
número de sinapses, maior a capacidade de realizar uma tarefa, seja ela motora,
comportamental ou de aprendizado. Durante meu doutoramento em neuroplasticidade,
fiquei muito impressionado sobre como pode ser possível sabermos cada vez mais
sobre cada vez menos! Ao mesmo tempo, como cada vez mais se perde a capacidade
de maravilhamento com as pequenas coincidências que permeiam nosso dia a dia...
Sabemos muito pouco
sobre aquilo que importa: o todo, invariavelmente maior que a soma das partes!
Este fato leva à percepção de algo frustrante em relação à ciência. Feita no
sentido de proporcionar um mundo melhor, apenas eventualmente consegue a partir
de seus resultados gerar um conhecimento sintético do qual todos
possam se beneficiar. As técnicas são tão específicas e os ambientes de
laboratório tão controlados, que os achados são dificilmente
aplicáveis ao cotidiano repleto de variáveis não computáveis. As descobertas, mesmo as mais sensacionais, na maioria
das vezes parecem não ter utilidade imediata, além do favorecimento do detentor da patente.
A política de verbas para o fomento à pesquisa restringe muito o aspecto do gênio inovador que deve fazer parte do pesquisador comprometido. Assim, uma maioria faz pesquisa repetindo modelos consagrados, com pequenas modificações, visando publicar e garantir verbas para novos projetos e apenas raramente olhar para algo novo e inusitado. É pena que este tipo de relação funciona justamente como um bloqueio ao real desenvolvimento da ciência, residindo nos poucos que ousam inovar, a esperança de descobertas que realmente impulsionem a ciência e não apenas se comprometam em manter um status quo de congelamento do pensar, através a repetição ad nauseam do que já é sabido. Veja: http://www.slow-science.org/
A política de verbas para o fomento à pesquisa restringe muito o aspecto do gênio inovador que deve fazer parte do pesquisador comprometido. Assim, uma maioria faz pesquisa repetindo modelos consagrados, com pequenas modificações, visando publicar e garantir verbas para novos projetos e apenas raramente olhar para algo novo e inusitado. É pena que este tipo de relação funciona justamente como um bloqueio ao real desenvolvimento da ciência, residindo nos poucos que ousam inovar, a esperança de descobertas que realmente impulsionem a ciência e não apenas se comprometam em manter um status quo de congelamento do pensar, através a repetição ad nauseam do que já é sabido. Veja: http://www.slow-science.org/
Como então trazer alguma
idéia sintética de aplicação imediata, que possa ser alcançada, a partir de
tantas e tantas análises e estudos? Pensar a neuroplasticidade de forma
ampliada, à semelhança do que ocorre nas culturas de células, é pensar em analogias
envolvendo as pessoas, que de algum modo são células do grande e único
organismo humanidade. Isso é uma forma de pensar consciente ou pensar saudável.
Quando
se cria o hábito de fazer as coisas de uma determinada forma, é muito
trabalhoso o processo de criar um novo hábito. Hoje, por exemplo, está
disseminado em nosso meio, principalmente em noticiários, o gosto pelo que
choca e deprime. Quem inventou que isso dá ibope?
Quando vestimos uma
camisa, sentimos a textura do tecido em nosso corpo, pois o sentido do tato
identifica-o. Com o passar do tempo, no entanto, deixamos de sentir a camisa,
como se nos acostumássemos à sensação do tecido e, para senti-lo novamente,
precisamos atritá-lo ao corpo. Esse processo de acomodação não acontece apenas
com o tato, mas com todos os nossos sentidos. Dessa forma, a repetição
constante de determinados estímulos pode anestesiar ou sedar nossos sentidos
sem que sequer possamos nos dar conta de que isto esteja acontecendo. Esse
processo de repetição é muito explorado em técnicas conhecidas como
subliminaridade, neurolinguística e neuromarketing não apenas para aumentar
vendas e promover o consumo de determinados produtos, mas também para conduzir
e sugestionar a opinião pública sobre o que é “melhor” para ela. Veja artigo do
New York Times a respeito:
Os circuitos cerebrais que se ativam quando se vivencia ou se lembra de
um determinado acontecimento são os mesmos. A repetição da violência acostuma
nossos sentidos de forma que passamos a achar normais situações que não são
humanamente aceitáveis. Além disso, assuntos privados pertinentes às vidas de
outras pessoas que deveriam ser tratados por órgãos responsáveis invadem casas
e permeiam jantares misturando-se ao alimento e intoxicando inconscientemente
sem nenhuma utilidade ou benefício real. Existem muitas coisas boas acontecendo
a todo o momento no mundo que superam as coisas ruins, então porque os
noticiários do horário “pobre” insistem em só mostrar o que não é bom quando
tanta coisa boa poderia estar sendo mostrada?
A neurociência sustenta estas observações com base na descrição dos
neurônios em espelho por Rizzolatti e colaboradores nos anos 80 do século
passado (Rizzolatti G.;Craighero L.. THE MIRROR-NEURON SYSTEM. Annual Review of
Neuroscience. Vol. 27: 169-192; 2004). Estes neurônios disparam quando uma
pessoa age ou quando observa outra pessoa realizando a mesma ação. Por
intermédio destas células um ser humano se coloca em estado de empatia em
relação a outro, simulando em quem assiste a uma cena reações semelhantes
àquelas de quem a está realizando. Isto adquire importância suprema quando
pensamos em uma pessoa sendo invadida por imagens da TV, que já foi televisão e
que hoje é tiravisão. O efeito Madre Teresa descrito por Mc Cleland, psicólogo
estudioso da motivação humana, também reforça e ilustra o efeito depressivo ou
estimulante de imagens projetadas, sobre o sistema imunológico do assistente.
Quando pessoas saudáveis assistem a atitudes de pessoas doentes
(emocional, mental ou socialmente), o sentimento vivenciado decorrente da
atitude egoísta pela pouca consciência do próximo causa retração no ser
saudável cuja fisiologia se ressente do ponto de vista neuroimunológico,
predispondo à doença ao sentir-se deprimido ou enganado, como se passasse
pessoalmente pela situação. Assista à brilhante exposição feita pelo
neurocientista Ramachandran:
Utilizar a
neuroplasticidade de forma construtiva, ou seja, desenvolver a sabedoria a
partir do exercício da inteligência é caminho interessante para manter a saúde.
Para isso é importante saber que o feio o mal e o falso existem, mas
independente disso optar pela busca do belo o bom e o verdadeiro. Mude seu
pensamento e o mundo ao seu redor muda. Pense o que é belo, o que é bom e o que
é verdadeiro, pense saúde.
Põe atenção nos espinhos e tua vida será
espinhos. (Rumi 1207-73)
De fato, a experiência que se segue na história do ponto negro, que
circula pela internet, fala fundo aos leitores que se prendem aos fatos
negativos mais que aos positivos...
"O ponto negro"
Certo dia, um professor entrou na sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova relâmpago. Todos se sentiram assustados com o teste que viria. O professor entregou então, a folha com a
prova virada para baixo, como era de costume... Quando puderam ver, para
surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro no
meio da folha. O professor analisando a expressão surpresa de todos, disse:
- Agora vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo. Todos os
alunos, confusos, começaram a difícil tarefa. Terminado o tempo, o professor
recolheu as folhas, colocou-se na frente da turma e começou a ler as redações
em voz alta. Todas, sem exceção, definiram o ponto negro tentando dar explicações
por sua presença no centro da folha. Após ler todas, a sala em silêncio, ele
disse:
- Esse teste não será para nota, apenas serve de aprendizado para todos
nós. Ninguém falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram suas atenções
no ponto negro. Assim acontece em nossas vidas. Temos uma folha em branco
inteira para observar, aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos
negros. A vida é uma graça recebida, pela qual temos motivos pra comemorar
sempre.
Porque insistimos em olhar apenas para o ponto negro?
O problema de saúde, a falta de dinheiro, relacionamentos difíceis, decepções; os pontos negros são mínimos em comparação com tudo que
vivenciamos diariamente. Tire os olhos dos pontos negros. Esteja presente em
cada momento, lembre-se de quem você é e pelo que você veio.
Belo texto dr. Ricardo!
ResponderExcluirVocê percebe que tudo na vida converge para o ponto negro? Pensa bem, se as pessoas fossem estimuladas a prestar atenção à folha em branco, aumentaria a capacidade das sinapses, e provavelmente não estaríamos discutindo esse ponto negro. Mas, acontece que esse maldito pontinho, interessa aos meios de comunicação, cujo objetivo é anestesiar a população, pois, quanto menos se pensa, mais se obedece e assim a carneirização (ops!) se realiza com grande facilidade, o que vai de encontro aos interesses das elites que nos governam. Imagine se as pessoas tivessem mais visão das coisas? O que não poderia acontecer hein?
Grande abraço e continue nos dando esse suporte de sabedoria.
Caro amigo desconhecido,
ResponderExcluirQuanto à "carneirização" sempre me volta à mente a história da ovelha perdida. Ela se perdeu ou ela se encontrou? Por que o pastor deixa as 99 e busca por ela? Será que as 99 não podem se perder? Ou já estariam perdidas ou adormecidas? Por que quando ele a encontra a amou ainda mais que todas (sentença 107 - Evangelho de Tomé)? Perguntas que não calam, talvez porque não devam ser respondidas, apenas vividas...
Ricardo, adorei esse artigo, fala das prioridades na nossa vida para sermos realmente felizes! Lembrando que o cérebro, o sistema nervoso central (e a pele) têm a mesma origem, ectodérmica, se unirmos a atitude mental positiva e os nossos alimentos certamente seremos saudáveis sem a necessidade de nenhum medicamento. Lembrando uma definição milenar da Auyrveda: "tudo na vida é alimento, somos o que digerimos", fica clara a atenção que devemos ter em relação aos nossos pensamentos e as escolhas certas que devemos fazer quando escolhemos filmes ou livros, por exemplo, para o nosso lazer.Parabéns!!! Grande abraço, Chris
ResponderExcluirÈ meu querido anjo da guarda!
ResponderExcluirSe as ricas dicas que esse artigo dá fossem seguidas ao pé da letra a durabilidade de vida seria muito maior.
Parabéns!
Michele Medeiros
Boa noite!
ResponderExcluirDr. Ricardo
Bom , realmente é para se pensar, rever os conceitos,e ver o que realmente vale a pena. Não cair nas armadilhas de pessoas/situações que nos fazem escravizar. Lembro-me de um fato: uma amiga convidou uma outra amiga para um jantar entre amigos, o convite foi aceito, e no jantar a amiga estranhou a sua outra amiga acompanhada do marido, então ela chamou a amiga e falou: que estranho como você além de estar acompanhada de seu marido ainda esta conversando com ele? A outra estranhou, mais ainda e falou; mas eu e meu marido também somos amigos que pergunta esquisita, você está bem? Já percebeu que apesar de também ser casada está sempre sozinha E ai o processo de acomodação está presente.
Sobre o ponto negro, acredito que a maioria das pessoas , dão mais importância e peso para as coisas menos importantes e passageiras. É aquele velho ditado estamos cada vez mais longe do que queremos.
Caro Dr Ricardo, boa noite!
ResponderExcluirDesculpe-me por não falar apenas deste post sobre a neuroplasticidade, que li com muita atenção, mas gostaria de falar também que tudo que ouvi até agora do senhor através da net está sendo muito enriquecedor, pois sou portador de Transtornos de ansiedade e minha vida está bastante problemática e os teus conselhos ajudam bastante. Porem, gostaria de ir mais fundo sobre a consciência, começar a enxergar a minha vida de uma forma mais positiva, no momento me contentaria em deixa-la pelo menos suportável, mas sei que posso mais do que isso. Além do seu livro que irei adquirir com certeza, gostaria se possível algum caminho para iniciar esta caminhada, como algumas outras leituras complementares, grupos voltados para este tema, enfim. Tenho plena consciência que não é uma receita pronta, mas tenho certeza também que posso contar com sua sapiência para me dar ao mesmo uma direção.
Atenciosamente,
Weslley
Caro Weslley,
ResponderExcluirAgradeço a bondade de suas palavras. Aliás, sobre sapiência, já reparou como a palavra se assemelha ao sapo? Até Guimarães Rosa já se encantou com esse animal. Animal que merece um olhar mais de perto! Não anda, pula...
Sobre caminhos, leituras e grupos, por gentileza, me envie email para rjleme@hotmail.com
Atenciosamente