POR
MÁRIO INGLESI
Sobre o texto "El Derecho al Delirio": http://saudeconsciencia.blogspot.com/2011/09/vaidade.html
O belo texto do ilustre escritor Eduardo Galeano
reporta-se essencialmente a uma sociedade ideal, onde vigora, como primazia, o
bem-estar social da humanidade. Com isso, ele não apenas sonhou como idealizou
um outro mundo, menos complexo e mais habitável que o nosso.
Tal idealização, embora designada utopia, é bastante
real e por demais interessante, uma vez que aponta caminhos e põe o dedo em
algumas feridas, cuja existência não nos dignificam.
Esse direito de sonhar do autor já se manifestou em
tempos não muito distantes, deveras comum e muito inspirador. Se acabou ou se
restringiu, não faz mal, pois sua capacidade de recriação, sempre bem-vinda, é
surpreendente.
Em se tratando do escritor Eduardo Galeano, a
configuração da utopia lado a lado com a vaidade não é de modo a apresentar-se
correta, principalmente atendendo a atuação do autor e seus escritos durante
mais de meio século, sem qualquer vislumbre de vaidade intrínseca.
Afora, isso é preciso convir que sonhar não se
restringe a um direito, - talvez por isso não se inclua entre os Direitos
Humanos - ele é inerente ao ser humano. Assim, não é preciso dormir para
sonhar. Melhor aliás, é estar bem acordado e sonhar: ir a instâncias, lugares e
alturas inimagináveis, sem escadas, sem aviões, sem foguetes ou quaisquer
outras parafernálias que existem ou existirão. A vida é sonho. É
imaginação. Enfim, Sonhar é Viver. Não
há como fugir disso. Triste e enfadonha seria a vida sem sonho, sem vislumbres,
atuais ou futuros, sem os acordes sonoros musicais que embalam sonhos dourados,
com cadências e ritmos os mais diversas. Nossos sonhos são, em última instância
nossos amores. Não esqueçamos que a realidade é pobre, é limitada, é medíocre.
O ser humano criou, e ainda cria em ascendência contínua “Arte”, como maneira
infinita de ver, de idealizar, de propagar, de comunicar e, mais que tudo, de
expor sonhos em sua inteireza de formas, conteúdos, de beleza, de sentimentos,
de evocação, de reflexão e, mais ainda, de diversificação.
Sonhar não tem parâmetros – que o diga Lewis Carrol,
James Joyce, Machado de Assis, Borges (escritores) ou Akira Kurosawa, Glauber
Rocha, Wim Wenders, Fellini (cineastas) e muitos, muitos outros, em atividades
as mais diversas, da arte – não exige lugar determinado, nem hora aprazada, não
requer regras, nem projetos. Por vezes, até, requer apenas um livro aberto, uma
“tela grande”, uma nota musical, uma mente aberta, um poetar silencioso, um
estar só ou acompanhado. E, na maioria das vezes, é preciso somente o acionar
da imaginação para o lúdico, o agradável, o prazeroso. – tal como as crianças
em seus jogos infantis.
E tem mais, sonhar é nutrir a ciência a novos
parâmetros de descobertas e conquistas, é alçar o universo a novos patamares de
desenvolvimento e riqueza, é romper barreiras, é prezar a “loucura” para
transpor obstáculos e enfrentar os riscos que se deparam em nosso caminhar
diuturno e constante pela vida afora.
E finalmente, não se deve esquecer a primazia de que
sonhar se apresenta também como arcabouço em favor da saúde, em toda a sua
plenitude.
Portanto sonhar não precisa de
muito, basta apenas pouca coisa, como se refere o poema abaixo, quiçá, tão
somente estar aberto ao mundo ou mesmo fechar os olhos, ou talvez nem isso.
* Conheço muitos que por aí
correm
com uma lista do que
necessitam.
Quem chega a ver a lista diz: -
É Muita coisa.
Quem escreveu, porém diz: -
Isto é o mínimo!
Já muitos mostram com orgulho a
lista deles
Com muito pouca coisa.
* Poema "Lista das
Necessidades", de Bertolt Brecht, do livro Poemas e Canções, tradução de
Geir Campos, ed. Civilização Brasileira, 1966.
É isso aí, sonhar, em qualquer
instância, é viajar como num tapete mágico.
É conhecer a magia da vida, com uma liberdade e amor infinitos.
Abraços fraternais,
acompanhados de muitos sonhos sempre bem-vindos.
Mário Inglesi 17/10/2011
Que beleza essa capacidade de alimentar o sonho e dar margem à magia do viver!...
ResponderExcluirAbraço
Boa dupla com Galeano, Mário. Ótimo resultado !
ResponderExcluirAbraços
Nas palavras da fada madrinha: Encha portanto de sonhos menina o seu coração... pois td resolverá minha varinha de condão.
ResponderExcluirMay.
Apreendi com voces a melhor sonhar.Sonhar é preciso, mas também amar e esperar!Vamos aproveitar o espírito Natalino e sonhar com mais fervor?Feliz Natal a todos.
ResponderExcluirme lembrou o samba enredo da Mocidade: Sonhar não custa nada... não se paga pra sonhar... eu vi a lua no céu...
ResponderExcluirVamos sonhar mais em 2012!