sábado, 20 de maio de 2017

EU e TU - HOJE


Hoje na Avenida Rebouças o menino descalço colocava balas no retrovisor dos carros para vender enquanto o farol permanecia vermelho. O farol abriu... O menino descalço havia colocado balas em tantos carros, que mesmo correndo, não acabava de retirar as que não foram compradas. Um senhor de maior idade, um dos prejudicados pela demora, passou fazendo movimentos com as mãos e expressando sua indignação em palavras graves e com a face moldada pelo seu zango.
Ficou então o pensamento: esse senhor, de algum modo, será um menino sem sapatos para compreender melhor o tempo daquele outro menino que desconhece totalmente as neuras do trânsito e o que vai dentro dos motoristas apressados e estressados de Sampa... Ficou também esse outro pensamento: esse menino, de algum modo, será um senhor motorista para compreender melhor o tempo daquele outro senhor que desconhece totalmente a necessidade e o esforço de quem vende balas, especialmente os descalços no asfalto...
Falta compreensão mútua? Falta Martin Buber? Falta “Eu e Tu” nas escolas?

 
Aqueles de nós que dirigem veículos, aqueles que dirigem escolas, os que dirigem empresas, os que dirigem municípios, os que estados e mesmo os que dirigem países, sejamos um pouco mais reverentes aos descalços, seus tempos e necessidades. Aqueles de nós em situações descalças, cuidemos em pensar se nossos pés já não foram cegos ao "chão" que pisáramos.
Tem o reino mineral, tem o reino vegetal, depois tem o reino animal e finalmente o humano. Para se tornar humano a relação com a animalidade deve ser repensada. É preciso que se perca o medo de se tornar humano. É preciso coragem para se tornar humano.  

Senhores políticos, organizadores do caos, das coisas escusas e das cosas nostras, piedade!!

12 comentários:

  1. Sonho

    Uma vez ...
    eu tive um sonho
    Sonhei que o mundo era cristalino
    No céu, uma bola amarela
    Refletia salpicos dourados em tudo

    E daí..... qual a diferença?

    Sonhei que os seres eram cor de rosa
    Só sorriam....
    E trabalhavam...
    E construíam sem parar...
    Sempre dançando
    (parecia uma ópera majestosa)

    Não tinha carros nas ruas
    Pra dizer a verdade, não tinha ruas
    Os seres voavam pra se locomoverem
    E, tudo, continuava cristalino, muito cristalino
    E aquele rosa crescia, se multiplicava. Sempre rosa!

    Aí, eu acordei.
    Abri minha janela
    Tossi
    Arderam os meus olhos
    O céu, não era azul
    E os seres, Ah! Os seres...
    Eram cinza!

    Era uma vez...


    Anônimo/ Século ?
    É isso, amigo.
    Precisamos colorir o nosso tempo para podermos visualizar uma igualdade mais recíproca.
    Bj da modesta

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    1. É Professora Modesta!

      Essa coisa de seres cinza me fazem lembrar do filme "Eu um gato" que recentemente revisitei!

      Tentemos um pouco mais de cor e de colorido, e um pouco menos de "Color" e de cinza!

      Bjo

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  2. Que bela reflexão Ricardo, que sensibilidade política e humana que você tem!
    Um grande abraço e uma ótima semana!

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  3. O mundo e a humanidade, precisa de pessoas como você Ricardo!
    Obrigada por nós da uma bela reflexão como essa!
    Um grande abraço.

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  4. Olá, Ricardo, pai.

    Li o Buber em fevereiro. Fiz umas anotações. Grifei umas partes.

    Olha essa:

    Os momentos de suprema relação não são relâmpagos nas trevas, mas como a lua que se levanta, em uma clara noite estrelada. (pg. 132)

    E essa:

    Nossos alunos nos formam, nossas obras nos edificam. (pg. 18)

    outra:

    O homem não pode viver sem o ISSO, mas aquele que vive somente com o ISSO não é homem. (pg. 39)

    Uma frase repetida muito pelo Rizek:

    O espírito é palavra. (pg. 45)

    Por fim, pois está tarde;

    Se, por exemplo, o Estado automatizado agrupa cidadãos totalmente estranhos uns aos outros, sem fundar ou favorecer uma vivência com-o-outro, deve-se substituir isto por uma comunidade de amor. Esta comunidade de amor deve florescer quando pessoas se agrupam pela manifestação de um livre sentimento e resolvem viver juntas. (pg. 52)

    tem outras, mas fica para outra hora.

    abraço

    G.G.

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  5. Considero que existem seres humanos de toda forma. Vejo aqueles que querem ser atendidos rapidamente passando na frente dos outros só pra conseguir um atestado. Mas também vejo aqueles que mesmo numa cadeira de espera de serviço de emergência reconhecem: dra atenda ele primeiro pois está pior que eu. Na verdade seguimos a vida por poder ajudar o tu, por reconhecer a existência do próximo. Esses muitos eus que não reconhecem o tu, um dia chegarão lá. Uma hora todo mundo sai da solidão egocêntrica do eu. Bem, eu acredito nisso. Bj menino.

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  6. EU, tu, ele, nós, vós, eles!todos farinha do mesmo saco!

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  7. Sim Guilherme, do mesmo saco.

    Assim sendo, consideremos não só diminuir tudo o que tenha farinha em nossa alimentação, mas também e principalmente evitar entrar em sacos e situações em que escolham por nós, ou nos sacos do tipo tanto faz.

    Enfim, sejamos menos farinhas e busquemos ser mais grãos!

    Bjo para você meu querido!

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