terça-feira, 7 de outubro de 2014

A IDADE DO RUÍDO – ALDOUS HUXLEY

POR: ALDOUS HUXLEY - Da obra: "FILOSOFIA PERENE"


Aldous Huxley - Escritor Inglês (1894-1963)

Falada ou impressa, emitida no éter ou em polpa de madeira, toda publicidade só tem um propósito – impedir que a vontade consiga o silêncio. (Aldous Huxley)



            O século XX é, entre outras coisas, a idade do Ruído. Ruído físico, ruído mental e ruído do desejo – temos o recorde histórico de todos eles. E não é de espantar; pois todos os recursos de nossa tecnologia quase milagrosa foram lançados na ofensiva atual contra o silêncio. A mais popular e influente de todas as invenções recentes, o rádio, nada é além de um canal pelo qual o barulho pré-fabricado possa jorrar em nossas casas. E esse barulho vai muito mais profundamente, claro, do que nossos tímpanos. Penetra a mente, enchendo-a com uma babel de distrações – notícias, bocados mutuamente irrelevantes de informação, estrondos de música pomposa ou sentimental, doses continuamente repetidas de dramas que não trazem catarse, mas só criam um desejo de lavagens emocionais diárias e até mesmo horárias. E onde, como na maioria dos países, as emissoras de rádio sustentam-se vendendo tempo a anunciantes, o barulho é levado das orelhas, através das regiões da fantasia, do conhecimento e do sentimento, até o núcleo central do ego, do querer e do desejo. Falada ou impressa, emitida no éter ou em polpa de madeira, toda publicidade só tem um propósito – impedir que a vontade consiga o silêncio. A falta de desejo é a condição da libertação e da iluminação. A condição de um sistema progressivo, tecnologicamente em expansão, de produção em massa é desejo universal. A propaganda é o esforço organizado de ampliar e intensificar o desejo – ampliar e intensificar, isto é, as ações dessa força, que (como todos os santos e mestres de todas as religiões sempre ensinaram) é a causa principal da aflição e da conduta errada, e o maior obstáculo entre a alma humana e sua Base divina. 

4 comentários:

  1. Perfeito!
    Para bom entendedor, meia palavra bas...
    mais uma vez "preciso".
    Maria Paula

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  2. O ruído não nos permite o encontro conosco mesmo. É no silêncio que conseguimos refletir e filosofar sobre tudo que nos afeta positiva e negativamente. Porém, muitas vezes não gostamos ou mesmo nos assustamos com o que encontramos e preferimos o ruído. Talvez nos falte coragem mas tenhamos a certeza que a ninguém interessa essa "introspecção" exceto a DEUS que deseja sempre o nosso avanço. ( Alfredo Werneck )

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