POR MÁRIO INGLESI - "A ALEGRE SORRATEIRA" VI - CONTINUAÇÃO DE:
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O sétimo selo - diálogo de Antonius Block com a Morte
Entretanto, se porventura, a morte, sob
qualquer circunstância é causadora de medo, náuseas, ou mal estar, se não se
deseja nem ouvir falar dela, pois simbolizam, tal como as figuras literárias dos
“vampiros” (Drácula, Nosferatu, Frankenstein et caterva), o desejo, a morte, a
imortalidade, não é preciso esconder-se, ou fechar os olhos, ou virar a cabeça
para o outro lado, procure lembrar-se de que tais atitudes são inoperantes,
cujo teor revelam apenas reverência e resignação – valores religiosos, cujas
atitudes explícitas apontam para o poema-prosa de Mário Quintana:
O Bicho
Quando quer fugir dos outros,
Faz um buraco na terra.
O Homem
Para fugir de si
Fez um buraco no céu.
(“As Covas”, de Mário Quintana in “A Vaca e o Hipogrifo,”
ed. Círculo do Livro, 1972).
Se isto, não o acomodar, procure assistir à
série, de TV paga, “A Sete Palmos” ou algum filme do José Mojica Marins (o Zé
do Caixão), onde brinca com a simbologia céu e inferno, ou ainda, veja o seu
programa semanal na TV paga (Canal Brasil) e deixe os seus medos e seus
desconfortos com a morte, de lado. Ou
então, derrame sua tristeza, lendo, serenamente, porém, com o coração bem aberto,
e receptivo à dor, os sonetos:
Alma minha gentil que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste
(in Sonetos de Camões, Edição Saraiva, 1955).
ou ainda:
Querida ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro
(“À Carolina” Poesias Completas, - Machado de Assis,
Ed.W.M. Jacson, 1953).
É preciso lembrar-se que a intermitência
do correr da morte, durante a nossa vida, é fato do qual não dá para se fugir
ou se esconder, ela é companheira contumaz. Em assim sendo, o melhor é
encará-la, compreendê-la e, uma vez aceita, saber lidar com ela, seja no âmbito
familiar, dos amigos, ou na profissão, em que ela é useira e vezeira, como, na
medicina, na enfermagem, e outras afins. Que o diga, aliás, o Dr. Dráuzio
Varella, médico oncologista, que retratou, de maneira bastante delicada, sem
perder a fleugma sentimental da dor, mas com comedimento e vasta carga humana, os
casos de morte que perfazem o conteúdo de seu livro “Por Um Fio”, no qual faz
desfilar afetos e mistérios que só a morte próxima proporciona por ocasião da
agonia e, quiçá, da glória, de seus escolhidos.
Biutiful - A vida por um fio
Em assim fazendo, poderá erigi-la, sem
medo, sem constrangimento, ou maiores sofrimentos, como nossa mais fiel
companheira e parceira em nossa vida terrena, pois é manifestamente
incompreensível apenas o desejo a que muitos são levados por morrer.
Eis
aí – valha-me Deus! Que aflição! A
floração que o tema da morte, - ah! Sempre a morte! A nos atingir dentro e fora
de nós mesmos - felizmente, me faz surtir, como as “chaves de casa” para abrir
as portas e escancarar as janelas sempre e cada vez mais, em favor da vida, e sua
preservação, queiramos ou não, com o objetivo concreto, satisfatório e
primordial de não ver a morte minimamente alvissareira e vitoriosa, ainda que,
de todo modo: “Viver não é passear por um jardim” (in Boris Pasternak
(1890-1960) é preciso com John Donne declarar:
Oh! Morte, que alguns dizem assombrosa
E forte, não te orgulhes, não é assim;
Mesmo aquele que visastes o fim,
Não morre, não te vejo vitoriosa.
Vens em sono e repouso disfarçada,
Prazeres para os quais tu surpreendes;
E o bom ao conhecer o que pretendes
Descansa o corpo, a alma libertada.
Serves aos reis, ao azar e às agonias,
A ti, doença e guerra se acasalam;
Também os ópios e magias nos embalam,
Como o sono. De que te vanglorias?
Um breve sono que a vida eterna traz,
Golpeia a morte e Morte morrerás.
(John Donne (1572-1631) in “Holy Sonnets”
(Sonetos Sagrados, 1615), cujo poema acima foi traduzido por José Almino,
publicado na FSP –Mais!, pág. 32, em 05 março 2000).
Biutiful - A vida por um fio
Quem será o/a grande vencedor/a?Sòmente haverá certeza de tudo ou de nada conforme a FÉ?Morte eterna ou vida eterna?Quanta dúvida e incerteza pairam sobre os pobres mortais!?Será preciso morrer para viver?ou nascer de novo para saber ?Com certeza , ...veremos.ou com incerteza ,...não veremos!?...
ResponderExcluirAmigo/a anônimo/a!
ExcluirPenso que a tensão dos opostos aparece na idéia de nascer e morrer. A vida, por outro lado, não tem oposto; é plena e assimila em si nascimento e morte, como um movimento fluídico sem possibilidade de ser abarcada e quiçá compreendida! Entretanto, como nos habituamos a ter conhecimento, ter experiências, ter sentimentos, nos desacostumamos ao fluir, ao soltar, ao contemplar, característicos do viver e do ser...
No Universo, como Rohden ensina, existe o Uno ("lar" do infinito pleno) e existe o verso ("lar" dos finitos parciais); o universo é tudo isso e traz a vida em seu movimento. A vida é o próprio movimento e não o brevíssimo glamour do vencedor ou a certeza temporária dos, como você diz, pobres mortais...
De qualquer modo, como você convida: Ver ou não ver, eis a questão...
Prefiro jogar xadrez com a vida!Se vencer ...vivo.Se perder.o que acontecerá?Quem sabe que me responda.Como vencer?Como perder?Gratíssimo.
ResponderExcluirCaro Anônimo/a!
ExcluirPreferências habitam o mundo quantitativo dos fatos; a Vida, por outro lado habita o mundo qualitativo dos Valores; conforme Rohden nos ensina no livro: Filosofia da Arte (A metafísica da Verdade revelada na Estética da Beleza).
Os adversários, com quem jogamos, são experiências factuais, e servem apenas de cenário para o grande mistério e valor, disfarçados no movimento da vida... Vencer ou perder são experiências factuais, o Valor, parece estar, em Viver e saborear o "jogo"
Meu pai me ensinou um joguinho: "quem perde ganha", que hoje me ajuda a entender, um pouco, sobre o que o Rohden falava...
Na verdade nós jogamos com elas - vida e morte - o tempo todo. e elas ali só na espreita!...Claro que quando jogamos com a vida podemos sair ganhando e, ver a outra mais distante. mas também jogamos com a maligna o tempo todo... Tudo que fazemos é querer nos distanciar dela, por isso lutamos tanto pela vida. É um verdadeiro ringue mesmo, como nos mostra o Bergman com seu Sétimo Selo ou, como Saramago nas Intermitências da Morte. Portanto tudo que fazemos pela vida é contra a morte, mas, ela está como essas risonhas caveirinhas, só se divertindo e contando: cada segundo a mais um segundo a menos. E assim vai...
ResponderExcluirBonito isso da arte não?
ExcluirO sétimo selo; intermitências; caveirinhas risonhas; "biutiful"...
Tudo sempre nos ajudando, pela lente da beleza, a olhar para a vida em atitude de reverência e gratidão.
"A morte não é algo que nos espera no fim. É companheira silenciosa que fala com voz branda, sem querer nos aterrorizar, dizendo sempre a verdade e nos convidando à sabedoria de viver. A branda fala da Morte não nos aterroriza por nos falar da Morte. Ela nos aterroriza por falar da Vida.
ResponderExcluirNa verdade a Morte nunca fala sobre si mesma. Ela sempre nos fala sobre aquilo que estamos fazendo com a própria Vida, as perdas, os sonhos que não sonhamos, os riscos que não tomamos (por medo), os suicídios lentos que perpetramos.
Embora a gente não saiba, a Morte fala com a voz do poeta. Porque é nele que as duas, a Vida e a Morte, encontram-se reconciliadas, conversam uma com a outra, e desta conversa surge a beleza…
Ela nos convida a contemplar a nossa própria verdade. E o que ela nos diz é simplesmente isso: “Veja a vida. Não há tempo a perder. É preciso viver agora! Não se pode deixar o amor pra depois…!”
(Rubem Alves)
Memento Mori: lembrar que morreremos (para lembrar que vivemos!)