segunda-feira, 1 de julho de 2013

A ALEGRE SORRATEIRA - MAIS UM POUCO






Dr. Ricardo

Caro amigo

            Graças aos seus sempre obsequiosos préstimos, a minissérie sobre a afrontosa e não menos terrificante arma apontada contra os seres humanos e a qualquer tempo, hora ou lugar, disparada, até mesmo sem motivo aparente ou não, chegou ao fim, felizmente, sem maiores traumas de objeções ou discussão que se fizessem necessárias.

De todo modo, ela passou quase incólume e indolor, talvez porque, nos dias de hoje, embora violenta e corriqueira, e em grau de quantidade nunca dantes alcançado, em tempo cada vez menor, o sangue derramado fê-la curtir em silêncio e sem muito lacrimejar a sua audácia lancinante de esparramar-se por todas as vias e cantos.

Muitos, até, conformados ou com os olhos voltados ao supremo infinito, não veem os estragos que ela vem fazendo e continuará fazendo, de modo inclemente e rotineiro às suas vítimas indefesas. Afinal, reiteram muitos e muitos outros, “Deus quis, seja feita a sua vontade”. Assim na Terra como no Céu.

Essa ciranda mortuária, entretanto, restringiu-se tão somente ao homem, seus temores e suas dores e modos de encarar a morte, ou como vê-la de modo diferente, quando lhe acerca a si ou seus entes queridos próximos ou não.

Porém – sempre o indesejado porém, (isto é toque ou ranhetice?) quis – talvez, numa pequena afoiteza de um link postado - que a morte ficasse - creio eu - em segundo plano, dando não mais azo a seus embates humanos, para voltar-se, inopinadamente à violência desmesurada no tratamento de aves e animais e seu abate, em detrimento da saúde do ser humano. Glória seja feita: assunto pertinente e deveras importante de ser levantado, como aliás, fizeram muito bem os interlocutores mostrados no link. Talvez o único senão é que, toda a importância com que ele se reveste, só muito adiante das suas implicações finais ele se adentra à morte dos seres humanos, fugindo, portanto – creio eu – às implicações do tema da caudalosa minissérie, ora finda.

De todo modo, eu e meu texto seriado estamos a salvo, graças sempre aos bons ofícios do prezado amigo e companheiro doutor.


Abraços

Mário Inglesi



Sr. Mário,

Mestre de todas as horas,

            Só me cabe expressar aqui a gratidão merecida, e que ainda acho pouco, pela bondade de sua partilha. A morte é assunto árduo que sempre enriquece quando colocado em perspectiva por quem vive a vida com atenção, especialmente os que têm o privilégio de uma vida rica em extensão.

            Feliz pelo final atraumático, como bem dito pelo amigo, em contrição me penitencio pelo insistente e constante abuso imagético sugerido que acompanhou o texto de cabo a rabo, ousadamente culminando com um réquiem! Creio que a bela escultura literária se manteve naturalmente acima dos temperos e que se em algum momento o azeite ou o sal foram a mais, o mesmo se deu pela indelicadeza de meu paladar de menino aprendiz. Aliás, que aproveita para indicar o belo filme que recém estreou, ainda sobre “a alegre sorrateira”, vestida na história de Orfeu e Eurídice, dirigido pelo nonagenário geminiano Alan Resnais... “Vocês ainda não viram nada - Vous N'Avez Encore Rien Vu, 2012”; imperdível para os apreciadores.

            Como estudante primário da nutrição e seus efeitos, não pude me furtar à oportunidade de apontar a situação do ponto de vista de nossos irmãos menores do reino animal. Antibióticos na ração, formas de confinamento, mudança no tipo de nutrientes e outras “conquistas” que se seguiram à 2ª grande guerra, trouxeram problemas sérios que passam despercebidos ao público leigo no que diz respeito ao que está sendo oferecido nas prateleiras. Enfim, morte empacotada ou eufemisticamente transformada em “longa vida”...

            Quanto a Deus, síntese suprema de caos e cosmos, não ao adeus ou ao hades em suas formas variadas, correlatos da agoureira, não creio associado à morte, mas à vida; assim: “Deus quis, seja feita a sua vontade, assim na Terra como no Céu”. Lembrando ainda as palavras daquele nosso amigo comum, o G. Rosa:


“O Senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, ai é que ele toma conta de tudo.”


            Na esperança de não ter sido tomado felicianamente, reitero a gratidão pela sua rica e saudável presença neste espaço de consciência.


Abraços saudosos e macabros...



Ricardo José de Almeida Leme

6 comentários:

  1. De médico e de louco todos nós temos um pouco.Ou será que todos somos neuróticos?Sorrateiramente penso, mas logo não entendo.Por que será que pessoas tão bem intencionadas,(ou estou errado?) falam, falam, escrevem, escrevem...pensam estarem sendo entendidas e compreendidas em seus blá, blá, blás, mas infelizmente confundem cada vez mais, os simples mortais que os lêem.Entender ou não entender, eis a questão.Desculpem me ,mas sorrateiramente...simplesmente não entendi quase NADA.Saudações.

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    1. Sorrateiramente sorumbático este pedido de desculpas...

      Me fez lembrar a história dos dois sapos...

      Saudações.

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  2. Morrer é deixar de ser semente para se tornar algo melhor.Deus sempre existiu, assim como era no princípio ,agora e sempre ,por todos os séculos dos séculos, amém.E o Diabo?quem sabe?Será que o G.Rosa tem razão? de que ele toma conta de tudo?eu não acho.Para onde vamos Sr. Mário?Dá para explicar, SEM COMPLICAR?Aí sim, seu texto e você estarão salvos.Embora eu não entendi , salvo de que??............

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  3. Sorumbático me lembrou subaco.Não entendi quem pediu desculpas para quem.De que se trata?Saudações

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    1. Sorumbático: Característica do que é sombrio, carrancudo, tristonho, melancólico...

      Consoantes ao tema, de chofre esgotado, os comentários dos comentaristas são taciturnos, tristonhos, silenciosos, lúgubres e medonhos...

      Saudações Soturnas

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  4. Alhures e algures continuo SEM resposta.Por favor sem inépcia e incongruências iluminem o que um leitor do Sr. Mário não entendeu e soturnamente gostaria que ele esclarecesse.Saudações Plutonicas.

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