Agosto com gosto –
Neste mês, troque pílulas e comprimidos de doença por Pílulas, Pérolas e
Pétalas de saúde... Poesia é alimento para a alma, morada da saúde muito antes
do corpo físico... A desnutrição da alma, ou anímica, é destino dos que ouvem o
canto da sereia e ignoram o canto do "Ser Eu". E você?
Laurence Von Thomas - “If You Leave” |
Rilke – Sobre solidão – Saúde na
solidão
Na
minha infância, quando todos sempre me tratavam mal, e eu me sentia
infinitamente abandonado, tão completamente perdido no desconhecido, pode ter
havido um momento em que desejei muito ir para outro lugar. Mas então, enquanto
as pessoas continuavam estranhas a mim, eu me dirigi às coisas e delas soprou
uma alegria, uma alegria de ser, que sempre permaneceu uniformemente serena e
forte e jamais comportou uma hesitação ou uma dúvida. Na escola militar, após
longas e inquietas lutas, abandonei minha intensa piedade de criança católica,
livrei-me dela, para ser ainda mais sozinho, ainda mais inconsolavelmente
sozinho. Das coisas, porém, e sua maneira de tolerar e durar pacientemente,
veio mais tarde para mim um novo amor, maior e mais pio, um tipo de crença que não
conhece medo nem limites. A vida também é uma parte dessa crença. Oh, como
creio nela, na vida. Não a vida constituída pelo tempo, mas essa outra vida, a
vida das pequenas coisas, a vida dos animais e das grandes planícies. Essa vida
que dura através dos milênios, aparentemente sem participação e, contudo, no equilíbrio
de suas forças, cheia de movimento e crescimento e calor. Por isso as cidades
pesam tanto sobre mim. Por isso amo percorrer longos caminhos descalço, para não
perder nenhum grão de areia e dar meu corpo o mundo inteiro em múltiplas formas
como sensação, acontecimento e afinidade. Por isso vivo, quando possível, de
verduras, para estar perto da consciência simples da vida, não intensificada
por nada de estranho; por isso não bebo vinho, pois quero que apenas meus sucos
falem e rumorejem e tenham bem-aventurança, como nas crianças e nos animais, da
profundeza de si mesmos! E por isso quero despir de mim toda arrogância, não me
alçar acima do mais ínfimo animal e não me considerar mais magnífico do que uma
pedra. Mas ser o que sou, viver o que me foi destinado viver, querer soar o que ninguém
mais pode soar, brotar as flores ditadas ao meu coração: é isso o que quero – e
isso decerto não pode ser arrogância.
Luisa disse...
ResponderExcluirMuito profundo, lindo esses dizeres.
Obrigada Ricardo
Uma vez , ouvi uma senhora tinha por volta de 80 anos : a solidão é o nome que os bobos dão para o sossego, um sorriso lindo.
Na plenitude da vida, tudo é maravilhoso não existe diferenças, somente cada um é o que é.
As coisas acontecem, tudo é natural, ninguém preve nada, as coisas acontecem. A naturalidade se faz presente.
Mas ainda estamos longe, queremos prever tudo, controlar tudo, até o curso da vida. E ntão como não podemos, vem a insatisfação e frustra çao.
Mas estamos a cominho de aprender a lição.
Abraços
Ah o natural! Esse amigo discreto e esquecido que hoje cede, gentil e silente, seu espaço ao normal. Normal que se por um lado controla e ordena... Faz por outro esquecer aos seus, aquilo que neles é único, seu encontro com a natureza, para a qual o normal é a máscara que esconde a loucura daqueles que em algum momento esqueceram de si e pelo que vieram...
ExcluirEu sou muito feliz quando me sinto solitário, curtindo maravilhosamente a solidão.beijos e obrigado pelos ensinamentos.
ResponderExcluirSou-lhe solidário, querido amigo, eventual solitário...
ExcluirQue sensação maravilhosa apreciar nossa própria companhia!Esse exercício torna a vida plena e os estímulos externos nos servem para reflexão, crescimento ou mesmo para descartá-lo se for o caso!
ResponderExcluirPaz à todos!
A mesma solidão que afasta, aproxima... Só nos resta sentir perto "do que" somos livres.
ResponderExcluirBeijo da irmã
A solidão as vezes é boa companheira que nos ajuda a refletir sobre a nossa vida vendo o que esta certo e o que esta errado. Ou melhor vendo o que dá pra corrigir.
ResponderExcluirAbraços!