Texto
de Maria Paula T. de Castro, Bacharel
e Licenciada em Física pela USP, e aluna da Academia Sino-Brasileira de Kung-Fu
de São Paulo. Janeiro 2006.
Grão-mestre Chan Kowk Wai |
É
de senso comum que o conceito de Arte Marcial
engloba um sistema de treinamento completo em si, que vai muito além do combate
puro e simples. A Arte Marcial é um conjunto de filosofia, tradições de
combate e técnicas. Cada arte marcial é herdeira de uma determinada
tradição e constitui um todo coerente, em que as técnicas são devidamente
enquadradas por conceitos filosóficos e por rituais tradicionais. Em cada
especialidade (ou luta), temos a graduação em níveis de acordo com a evolução
do praticante, tanto no nível físico (técnicas), como no nível filosófico.
Sem
dúvida, as técnicas de combate constituem
a faceta mais evidente das artes marciais, uma vez que a eficiência dos golpes
é algo de fácil observação. Porém, o aspecto que mais chama a atenção do leigo
não é o combate em si, e sim a disciplina
que há por trás do treinamento. A disciplina é exigida não só pelo treino
físico, como também pela prática filosófica.
São os
conceitos filosóficos e rituais tradicionais que fazem do simples combate uma Arte
Marcial, e não a eficiência de seus golpes.
A
tradição milenar, que tanto encanta o homem ocidental, se torna presente
justamente ai: na transmissão dos ensinamentos de mestre para discípulo. A
figura do mestre tem um papel
preponderante nesse processo. O conhecimento, preservado através do exercício
do respeito, é a grande marca das artes
marciais.
No
início, com a juventude e o vigor do corpo físico, o praticante dá ênfase
apenas ao treino físico, mas, com o tempo e a serenidade, começa a vislumbrar
outras possibilidades. O mestre então, acompanha a evolução do aluno e, na hora
certa, dá novos elementos para que ele possa avançar segundo suas novas habilidades.
A presença do mestre é, portanto, de suma importância para que a tríade técnica-filosofia-religião seja
colocada, de maneira justa, para cada um. É esse conhecimento milenar que,
estando oculto atrás das técnicas de combate, torna as Artes Marciais tão atraentes.
Mas,
para muitos praticantes das Artes Marciais, durante um bom tempo, tudo se
resume nas técnicas de ataque e defesa. A tradição herdada por cada uma das
artes define um estilo, que contém técnicas desenvolvidas conforme a época e
local em que foi criada. Assim, há diversas artes marciais como as indianas, as
chinesas (wushu), as japonesas (bushidô) e as coreanas, cada uma com suas
características próprias. Até no ocidente há hoje algumas ditas “artes marciais”
reconhecidas, que surgiram da necessidade de adaptação de técnicas, para que
fossem mais eficientes no combate, ou se adaptassem à realidade local.
Todos
os estilos, porém, têm em comum o objetivo final de alcançar a invencibilidade. Mas, devemos lembrar
que se trata de vencer não apenas o inimigo externo, mas principalmente o
interno. Isto é, conhecer-se: saber do que se é capaz, quais suas virtudes e
quais seus pontos fracos. Isso porque, em nosso mundo moderno, ainda que estejamos
vivendo uma grande evolução tecnológica, a essência do ser humano continua
sendo exatamente a mesma, e suas necessidades também.
Há
milhares e milhares de anos, grandes mestres das artes marciais têm colocado
que o trabalho do discípulo deve ser o de canalizar
a energia interna através do treino e da disciplina, unificando assim mente,
corpo e espírito, tendo como objetivo final a integração homem-universo. O
treino das artes marciais, com o devido tempo e dedicação, tira o praticante do
antagonismo preliminar do combate corpo-a-corpo e o leva a uma transformação
de seu próprio ser.
A
essência das artes marciais consiste justamente nessa mudança de enfoque: não se trata de vencer o oponente, mas sim
de vencer-se a si mesmo.
A base do exercício é o movimento.Não há movimento sem o pensar e o agir,daí vem o aperfeiçoar-se e o vencer a si mesmo.Viver é como andar de bicicleta ;se parar perde-se o equilíbrio e cai.Eis a grande importância das Artes Marciais.Um forte abraço para a professora Maria Paula e doutor Ricardo.
ResponderExcluirObrigado amigo! Abraço para você também.
ExcluirBoa tarde!
ResponderExcluirSou engenheiro e praticante de uma arte marcial japonesa - Kendô (Caminho da espada).
Nessa modalidade para se ter um ponto válido, necessitamos 3 elementos presentes: KI - KEN - TAI
KI (de Kiai - grito - espirito)
KEN (Espada - Técnica)
TAI (Corpo - )
Reflexão: na vida temos que ter esses 3 elementos presentes também - KI-KEN-TAI, para quaquer tipo de empreendimento, atividade, no cotidiano, etc...
Forte abraço Dr. Leme e Profa.Castro
Obrigado pela partilha. Grande abraço!
ExcluirEu pratico uma arte oriental, judo especificamente, e é bem claro pra mim que o grande valor da arte marcial é transmitir bons valores e boa conduta. E exatamente como foi dito, para mim o professor é peça chave nesse processo. Vê-se claramente a presença do mestre na conduta de seus alunos.
ResponderExcluirUm abraço, Ricardo
Alexandre M.
Obigado pela partilha Alexandre! Um abraço!
ExcluirBoa Noite Dr. Ricardo e Profa.Castro.
ResponderExcluirBom, eu não tenho conhecimento das artes marciais; o pouco que sei é dos filmes que assisti. A prática das artes marciais, o grande vencedor é quem vence a si próprio.
Vencendo seus próprios medos e limitações. Expandindo para o conhecimento, e controle de si próprio. A prática das artes marciais, contribui para um conhecimento profundo de como funciona realmente o ciclo da vida.
Abraços.
Sempre surpriendendo anjo da guarda.
ResponderExcluirAdorei.
Oi, adorei.
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