segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O PERFIL DA PESSOA IDOSA


Por: José Geraldo Macedo Meireles - Psicólogo.


Sei que traçar o perfil da pessoa idosa é tarefa complexa. Conforme minha experiência clínica, percebo que demonstrando jovialidade e estado de espírito saudável, a pessoa idosa indaga, com serenidade, se vale a pena continuar a viver; sonha; dispõe-se a aprender; pratica esporte ou, de alguma forma, exercita-se; sente e compartilha o amor; em seu calendário, há amanhãs; por ter tido experiência, alegra-se; tem os olhos postos no horizonte, e a esperança pulsa forte; usufrui o que a vida continua oferecendo-lhe; dialoga com a juventude e procura entender os tempos novos; sente que o tempo passa rápido. E a velhice não a perturba, é capaz de indignar-se, não reprimindo a agressividade que é o combustível da ação, negar esse combustível, reprimindo-o, é nocivo e prejudica a saúde, mas é fundamental pensar.
 Alio-me a John Barrymore - ator inglês - a pessoa envelhece, quando os lamentos substituem os sonhos.
Já a pessoa com outro perfil - sem jovialidade - diz, em geral, que não vale mais a pena o viver; distancia-se dos fatos e do convívio; já não ensina; é ciumenta e possessiva; dá prioridade à inatividade; em seu calendário só se destacam ontens; carrega o peso dos anos e transmite pessimismo às gerações novas; volta-se para os tempos que se passaram e neles se apega com amargura; sofre pela aproximação inevitável da morte; recusa-se a perceber e aceitar os tempos novos; cochila intensamente em sua vidinha, e as horas arrastam-se, destituídas de sentido; o tempo não passa, e o tédio torna-se fardo muito pesado; reclama de tudo, mas não questiona; contém a agressividade, por isso, também adoece.
 Na certidão, essas pessoas podem ter a mesma idade cronológica, mas o que têm mesmo são idades diferentes em suas almas. Algumas rugas transmitem serenidade e paz, porque marcadas pelo sorriso; outras, inquietação e angústia, porque vincadas pela lamentação.

Referências

In Poemas, Contos e Crônicas - UDESC Florianópolis, 1996.
PESSANHA, A.L. do Divã. Ed. Casa do Psicólogo; São Paulo, 2004.
MUNARO, Júlio Pe. - Saber  Envelhecer.

Um comentário:

  1. Creio que há muitas maneiras de se viver, viver bem é a melhor. Gostei parabéns.

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