terça-feira, 12 de julho de 2016

O QUE É ESTÉTICA?

FRIEDERICH SCHILLER – nota de rodapé da obra “A Educação Estética do Homem”


                Para leitores que não estejam familiarizados com a significação deste termo tão mal-empregado pela ignorância, sirva de explicação o seguinte. Todas as coisas que de algum modo possam ocorrer no fenômeno são pensáveis sob quatro relações diferentes. Uma coisa pode referir-se imediatamente a nosso estado sensível (nossa existência e bem estar): esta é a sua índole física. Ela pode, também, referir-se a nosso entendimento, possibilitando-nos conhecimento: esta é sua índole lógica. Ela pode, ainda, referir-se à nossa vontade e ser considerada como objeto de escolha para um ser racional: esta é sua índole moral. Ou, finalmente, ela pode referir-se ao todo de nossas diversas faculdades sem ser objeto determinado para nenhuma isolada dentre elas: esta é sua índole estética. Um homem pode ser-nos agradável por sua solicitude; pode, pelo diálogo, dar-nos o que pensar; pode incutir respeito pelo seu caráter; enfim, independentemente disso tudo e sem que tomemos em consideração alguma lei ou fim, ele pode aprazer-nos na mera contemplação e apenas por seu modo de aparecer. Nesta última qualidade, julgamo-lo esteticamente. Existe, assim, uma educação para a saúde, uma educação do pensamento, uma educação para a moralidade, uma educação para o gosto e a beleza. Esta tem por fim desenvolver em máxima harmonia o todo de nossas faculdades sensíveis e espirituais. Para contrariar a corriqueira sedução de um falso gosto, fortalecido também por falsos raciocínios segundo os quais o conceito do estético comporta o do arbitrário, observo ainda uma vez (embora estas cartas sobre a educação estética de nada mais se ocupem além da refutação deste erro) que a mente no estado estético, embora livre, e livre no mais alto grau, de qualquer coerção, de modo algum age livre de leis; e acrescento que a liberdade estética se distingue da necessidade lógica no pensamento e da necessidade moral no querer, apenas pelo fato de que as leis segundo as quais a mente procede ali não são representadas e, como não encontram resistência, não aparecem como constrangimento.

4 comentários:

  1. o aspecto fisionômico de cada um influencia e muito o comportamento, porém é do ser humano essa falha, de ego. Asim diria perdoável. Grato!

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  2. Querido Ricardo,

    Obrigado pela reflexões.

    Não tenha dúvida de que contemplar o belo faz parte de nossa gênese.

    A beleza está em todo o lugar: o fogo e a cor vermelho/dourada da brasa, o céu, em especial as inusitadas figuras formadas pelas estrelas “fixas” conjugadas com os planetas e a Lua (à noite poder-se-á ver quase um triângulo equilátero, formado por dois planetas e uma estrela: marte, saturno e antares).

    É quase impossível você não notar uma mulher bonita ou mesmo, apenas candidamente bela, como a âncora do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos.

    Mas a beleza estética permeia a nossa vida e está nas flores, no olhar de um cachorrinho, no simples sorriso de uma pessoa.

    Devemos achar tempo, em nossas vidas atribuladas, para apreciar a estética.

    Forte abraço,

    A.C.

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  3. Olá caro amigo,

    Sobre o “Belo” e a verdadeira “Arte”, compartilho alguns pensamentos:



    Por Sebastião Vieira Vidal, um dos grandes instrutores da Sociedade Brasileira de Eubiose - SBE:



    (...) a Técnica e a Arte, sempre foram aplicadas como didática, usada pelos colégios iniciáticos e, como consequência, a causa do esplendor da Grécia. A Beleza que é de natureza inefável, que é Luz, cor, som, tem também forma sem limitações, por assim dizer, sem densidade. (...) Na Grécia, a Beleza foi realizada pelas suas sete tônicas, ou sete músicas em sua manifestação formal. (...) a Arte é o que resulta do Trabalho ou da realização da Beleza e a Técnica, é o fazer, manusear, administrar, diremos, a didática, a Pedagogia, senão o processo mais perfeito da comunicação.

    (...) Com efeito, na face da Terra, é muito complexa a educação porque a Beleza, Técnica e Arte, estão divorciadas. (...) precisamos estar cientes da profundidade filosófica desta tríade. Ela é a síntese do Saber e por isso utilizada para construir e nunca para destruir, como acontece tanto no mundo humano. (...) o culto da Beleza em seu sentido verdadeiro, sem profanações, ou seja, a Beleza como sendo o SOM inefável, como Luz, como Espírito, é, com efeito, o que existe de mais sutil. Referimo-nos à Grécia porque é nossa Mãe Cultural, somos seus descendentes. Mas poderíamos, também, procurar analisar o Egito e a Índia, através das Artes que os caracterizam dentro do conceito universal.



    “Até agora a Arte possuía uma missão sublime. Hoje ela está centuplicada. Sua missão é Divina. O artista deve ser um ativo colaborador da Divindade. Divindade, na acepção da palavra, ou seja, aquilo que há de vir. Seu trabalho há de ser efetivo, seus sonhos devem arrastar em seus passos a Humanidade inteira, dirigindo-a pelo caminho da perfeição. Não se trata da simples carícia da ilusão dos sentidos, nem do recreio da mente, mas da completa transfiguração da alma”.

    Evely

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  4. Caro Ricardo.

    Belíssima mensagem - fico-lhe grato.
    Na idade média: pulchrum est id quod visum placet, ou seja, o belo é tudo o que agrada a vista.

    Com saudoso abraço - Meireles.

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