O James Redfield escreveu, em profecia celestina, sobre nove movimentos associados
ao processo de emancipação ou individuação. Em Cloud Atlas (no Brasil “A
Viagem” – decorrência da sina brasileira de deformar e aleijar títulos de
filmes traduzidos do original) e na trilogia Matrix dos irmãos Wachowski, os
diretores apontam um roteiro similar.
O convite começa quando se começa a levar a sério as coincidências e se
perguntar sobre a possibilidade de algo atuando subjacente ao que nossos
sentidos nos permitem acessar.
Depois, a consciência até então adormecida passa a ser vista como algo
real. A preocupação excessiva com a realidade material impede esse olhar, mas
aos poucos se desconfia haver certa superioridade do ser sobre o ter. É quando
o ser se descobre humano.
Com o início de uma nova vida emerge a consciência da profunda
desnutrição gramatical e linguística, recursos fundamentais para acessar e descrever
a profundidade do universo que se descortina. O desespero e a experiência do
vazio colocam a pessoa em contato com a natureza de um lado e com o espírito
científico de outro. O que não se pode explicar ganha o nome de energia e o
mundo passa a ser visto como um vasto sistema de energia.
Eu uso a energia e ela me sustenta, mas de onde ela vem? Como pude
permanecer até hoje desconectado? Eu preciso disso que designo energia e sem
ela me sinto fraco, inseguro e carente. Vou roubá-la dos outros! Em cada
encontro com o outro buscarei recursos para me autoafirmar a partir da energia
do outro. Minha vida será uma competição e meu objetivo é me nutrir da energia
que flui entre as pessoas. Em minha família, na profissão, na relação com
amigos e em todo encontro com o próximo, aumentarei minha energia pessoal a
partir da energia alheia. Quero estar sempre certo, sempre com a razão e portar
sempre a última palavra. Evolução é a sobrevivência do mais forte!
Eu me dou conta que não preciso
vampirizar a energia alheia, pois o universo proporciona tudo o que necessito,
basta que eu esteja aberto a isso. Eu me abro, e me sinto preenchido por outra
qualidade de energia. Não sei como, mas passam a ocorrer coincidências que me
fazem progredir. Assim, me estabeleço em outro nível de energia e me percebo
existindo em uma vibração mais elevada.
Sinto-me forte ao ponto de poder
olhar, elaborar, aprender e varrer os velhos dramas que repetidamente venho
vivenciando. Descubro a verdade a meu respeito.
Autobiografia em cinco capítulos
1. Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio...
Estou perdido... Sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo
lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.
3. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está.
Ainda assim caio... É um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.
4. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.
5. Ando por outra rua.
(Extraído de "O Livro Tibetano do Viver
e do Morrer" -“ Sogyal Rinpoche -“)
Envolvo-me conscientemente e me torno
alerta para toda coincidência que me cerca e para tudo que o universo me
oferece em termos de experiências e respostas. Estabeleço relação entre o que
acontece no cotidiano com meus sonhos e comparo a história dos sonhos com a
história de minha vida. Descubro a intuição e seu fluxo mágico. A felicidade
não é um estado estático de alegria que a qualquer momento pode acabar, mas um
potencial entre o estado que me encontro e a realidade da plenitude. Essa
distância potencial permeia de sentido a vida e se torna o motivo pelo qual eu
caminho todos os dias, sem a expectativa de chegar, senão pela alegria do
caminhar.
Todo encontro traz uma mensagem. Absolutamente
nada acontece por acaso, mas a forma como respondo a cada encontro determina se
sou capaz de receber a mensagem. Se conversar com alguém que cruza o meu
caminho e não identificar uma mensagem sobre minhas questões atuais, isso não
significa que ela não houvesse. Significa apenas que não a captei, por algum
motivo.
Meu senso de propósito se satisfaz
com o sentimento de minha própria evolução. Exalto-me no desenvolver da
intuição e ao apreciar o destino a se desenrolar. O mundo se humaniza, diminui
seu ritmo e fico atento ao próximo encontro significativo a surgir. Sei que o
mesmo pode ocorrer a qualquer momento e em qualquer lugar. Minha percepção e vibração
revelam um céu diante de mim, ainda que não o veja. Acesso o amor e lembro que
a energia é a própria veste de Deus. É o amor que mantém minha vibração
adequada; o amor me mantém saudável. Meu corpo vibra em determinada frequência,
que aumentada ou diminuída excessivamente pode levá-lo ao sofrimento - eis a
relação entre estresse e doença. A saúde se sustenta na medida em que eu me
relaciono com o céu estando aqui na Terra. Assim, diferente da sobrevivência do
mais forte, evolução é cooperação e os seres mais bem sucedidos evolutivamente
são aqueles que de algum modo cooperam.
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