segunda-feira, 4 de abril de 2016

CRIATIVIDADE V

POR: MÁRIO INGLESI
Continuação de:


Dr. Ricardo
Se nada disso importa e seu niilismo social e humano prevalecer preponderantemente, pare para pensar, - acautele-se -, veja o quanto já foi feito pelo animal humano, desde as suas origens, e o inimaginável que ainda ele fará em prol do desenvolvimento e progresso de si mesmo e da sociedade como um todo, apesar de todas as dificuldades e óbices que terá sempre pelo caminho para enfrentar.
Caso se deixar por vencido, ótimo!, mas se tal não ocorrer, faça um mea-culpa e procure aquilatar a sua participação e contribuição objetivas, em todo esse progresso de criatividade, beleza e, em última instância de seu niilismo com os homens, a pátria, a política e a economia, em sua atuação concomitantemente ou conjunta, continuar firme e próspera, - desculpe - procure um buraco de tatu para se esconder, ou procure fixar-se na posição da imagem estatuária dos três macaquinhos: “não ver, não ouvir, não falar”, já que não sabe e, portanto não consegue descascar uma cebola ou, mesmo, promover a retirada das bonecas “russas” uma de dentro da outra.
Verdade… pode ser pura maldade! : “Mas o pior cego é aquele que não quer ver”, dizem as más línguas – sempre elas.
Melhor de tudo, para sair desse sufoco que muitos se encontram, é seguir o conselho do poeta Mário Quintana: (1906-1994)
“Quem abre um livro abre uma janela.”

Em assim fazendo, é certo que. haveria o pensar, refletir e agir de outra maneira, cantarolando:
“Dez vidas eu tivesse,
Dez vidas eu daria.
Dez vidas prisioneiras
Ansioso eu trocaria,
Pelo bem da liberdade,
Nem que fosse por um dia”
“Tiradentes Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri”

Toda essa reflexão sobre a criatura e sua criatividade, talvez seja porque, a “vida não é tão bela assim”, predisse o psicanalista Contardo Caligaris, portanto, nada como torná-la palatável, melhor e muito mais bela de ser vista e vivida. Para isso usando e vivenciando toda a parafernália criativa que perpassa os homens e suas classes sociais, desde o artesanato até a criação mais sofisticada, inteligente, sensitiva e estimulante advinda dos mais diversos setores da vida humana, através dos infinitos suportes que temos e ainda teremos à nossa disposição, com o envolver sempre crescente da nossa inteligência e criatividade, em prol do alcance da pretendida eternidade terrena, como patrimônio nacional.
Afinal, - sabemos - somos múltiplos. Então nada melhor que pormos nossa multiplicidade em ação, para o que der e vier, principalmente no quesito da criatividade cuja característica exclusivamente humana, para então colhermos os louros que porventura vamos fazer por merecer.
Para isso, tente, invente, proponha-se a alçar da sua caixa de surpresas algo que mostre seu diferencial, deixando marcas sociais, talvez, - quem sabe - na linha da produção de alimentos, cuja conquista alterou a face humana do planeta e seus habitantes.
A propósito, já foi deveras comum chamar alguém de “elefante” e complementar: “você não sabe a força que tem…”.
Ainda assim, como os personagens de Beckett, permanecer “Esperando Godot”, esperar por acontecer milagres mostra-se querer ver “chifre em cabeça de cavalo”, nada mais que isso.
É isso, aí! Toda essa digressão – extensa, não? – acompanhada de relação de nomes importantes no mundo da criação, antiga e contemporânea, se alicerça unicamente na valorização do “homo sapiens” e, seu maior trunfo pessoal e social: criatividade humana, pela cultura e na cultura, para felicidade de todos nós e embelezamento deste nosso planeta.
Deixe tudo isso de lado, dê uma boa espreguiçada, tire as teias de aranha que o encobrem e, daí, então tenha em mente algo deveras importante: nós somos também feitores de novos seres humanos e como tais, portadores e criadores de novas heranças culturais, bem como de outros níveis de conhecimento científico e de toda ordem, sob extratos econômicos, políticos e sociais que também ajudamos a compor.
Isso feito, sob reflexão, mas com atenção redobrada, pense no “Sabor da Vida”, e aprenda o saber viver, em favor de um processo civilizador quiçá para si e para todos que o rodeiam, em busca de um mundo cujo compartilhar seja a tônica dominante.
Aliás, João Guimarães Rosa, aduz a dois vibrantes conceitos em Grande Sertão: Veredas:
“A cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar, para o total.”
E, “mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”
Portanto, não basta, para criar, conhecer o “Grande Sertão” é preciso chafurdar em suas “Veredas e se aprofundar, nelas, para melhor conhecer o âmago de seus viventes e melhor entender sua vivência e status.
Com isto, sem dúvida, advirá a criação, em seu substrato mais profundo, pois ela estará alicerçada em liberdade, que, segundo ainda Guimarães Rosa, “é assim, movimentação”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário