segunda-feira, 27 de abril de 2015

DESERTIFICAÇÃO



Tanto o capitalismo social quanto o socialismo do capital não se mostraram efetivos em solucionar as questões elementares associadas aos requisitos básicos de manutenção dos meios de sobrevivência social.
Seja roubando e fazendo ou não fazendo e roubando, os sistemas operacionais carecem de um repensar métodos que retorne aos princípios de um governo cujo fundamento seja verdadeiramente democrático. De fato, o que se vê tende a algo demoniocrático ou idiocrático mais que propriamente o idealizado a priori. 
O pensamento exploratório parece funcionar adequadamente e sem problemas por algum tempo, mas ao que tudo indica, desde o princípio aponta para um momento de crise e insustentabilidade, a insustentável leveza do ser...
O processo de desertificação, indissociável do empobrecimento intelectual (emburrecimento) humano, sempre se associa à anestesia volitiva (da vontade) e à hipnose do bom senso. Assim, mesmo que algo esteja claramente acontecendo, a estratégia metodológica é negar ou mais recentemente eufemizar, baseados no, eventualmente astucioso, princípio da inocência presumida. Há que se estar atento ao modus operandi que culmina no atual estado das coisas, de modo que situações que passam despercebidas fundamentam o que se observa, conforme, por exemplo, se pode verificar nestes links:

            Tudo isso é brilhante e jocosamente documentado no filme estadunidense “Idiocracia” em que uma sociedade futura descrita com base no que hoje é oferecido em termos de educação, consumo e valores, se encontra à beira do colapso e de uma verdadeira desertificação. O filme apresenta situação insólita em que os cidadãos, hipersexualizados (apetite sexual aumentado), influenciados por uma propaganda de bebida, destas que se usam após atividade física extenuante, passam a irrigar suas plantações com as mesmas resultando na desertificação da cidade. No filme, um trabalho midiático levou a população a crer que os isotônicos seriam mais adequados em nutrientes que a própria água para a irrigação das plantações! Algo aparentemente absurdo apesar de não muito distante do que se pode observar em relação ao cuidado com nossas florestas ou na escolha dos adubos nitrogenados sintéticos ao invés da fixação bacteriana do nitrogênio na agricultura ou ainda no estabelecimento do milho como fundamento alimentar para um crescimento populacional ilimitado entre outras escolhas aparentemente suicidas, com o perdão da palavra. Enfim, contingências subliminares de um aparente “emburrecimento” sub-reptício sustentado apesar de insustentável.



Outra pérola sobre a desertificação, russa e mais recente, é dramática e cruamente retratada em “Leviatã” por Andrei Zviaguintsev, banhado musicalmente no prelúdio e epílogo da ópera trágica Aquenáton por Philip Glass.

Finalmente completando a descrição artística da desertificação, “Timbuktu” e “Ida”, cada qual a seu modo, tocando a questão religiosa de forma mais ou menos explícita, mostra o indizível.



Na gênese do processo temporal de desertificação é notável muitas nações terem optado pelo modelo de colonização ou colonialista exploratório. Curioso apenas nesse sentido é o movimento dos alemães no século passado, que talvez se possa dizer o século da Alemanha. Duas guerras perdidas com destruição total do país e, no entanto ainda hoje potência mundial econômica apesar de aparentemente não colonialista! O segredo penso eu, educação, e se não for isso só pode ser milagre.
Mas, essa questão do deserto parece ser algo cada vez mais próximo e de fato não é novidade. Em passado recente os Maias parecem ter se confrontado com desafios climáticos e ecológicos, sendo estes cogitados como explicações para a diminuição de seu contingente populacional. Quando a natureza se desentende com o humano, ainda é o humano que deve pensar onde pode estar se equivocando.

Atualmente, Israel é um país de primeiro mundo que chama atenção na ocupação do deserto, surpreendendo quanto às plantações de banana ou não, em regimes de irrigação que margeiam suas estradas em terreno extremamente anecúmeno. Devemos aprender a sobreviver em situações desérticas se de fato cogitarmos prosseguir:


Mas deserto perigoso mesmo é o da alma; se não tem alma aí a coisa pega e isso ninguém nega; para tudo isso valer a pena o poeta já mostrou com sua pena qual deve ser o seu tamanho...

4 comentários:

  1. É, Ricardo, o pior deserto é o da alma mesmo! Boas observações. Irei ver os filmes indicados!beijos!

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  2. Como sempre... Plagiando Caê... Vc enxerga o avesso do avesso do avesso... Bj

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  3. Verdades e mais verdades... Obrigada pelas indicações de filmes Ri!!!

    Bjs

    Maria Inez

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  4. Adorei!

    De todo modo, penar alarga a alma.
    E mesmo que ninguém sinta pena,
    Tudo continua valendo a pena!

    O árido deserto é contorno do Oásis...
    Não sei bem como é o Oásis no deserto,
    mas reconheço cada encontro que o cria em minha alma.

    Bons sonhos!

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