quinta-feira, 5 de setembro de 2013

7 de SETEMBRO 1822


Texto de autoria: Mário Inglesi

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O Hino da Independência do Brasil foi criado logo após o 7 de setembro. A letra do hino é de Evaristo da Veiga e a música de D. Pedro I.



HINO DA INDEPENDÊNCIA
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Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

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Glossário:

- Brava: valente
- Servil: relativo a servo, subserviente
- Grilhões: corrente de metal
- Perfídia: deslealdade, traição
- Astuto: habilidoso para fazer o mal
- Ardil: artimanha, estratégia
- Ímpias: cruéis
- Falanges: tropa, legião
- Hostil: inimigo
- Garbo: elegância, porte
- Varonil: viril, esforçado





Em razão da historiografia pública brasileira, no seu afã incontido de perpetuar como mitologia os principais fatos, e personagens que configuraram desde o início a imagem do Brasil colônia, inverdades vêm consolidando o imaginário do brasileiro, sobre a sua própria história.
A começar, pelo questionamento inviável de que se o Brasil não fosse colonizado pelos portugueses, ele seria outro, bem melhor, sem as mazelas que preencheram sua vida pública e privada.
Ora, isso é apenas quimera, Colonização é colonização, não há melhor, e mais ainda em seu processo e efeitos.
No caso do Brasil, é certo que usaram e abusaram de nossas riquezas naturais, exaurindo-as de maneira drástica em proveito próprio.
Mas, em contrapartida, talvez, nos legaram um bem maior: a língua portuguesa, cuja existência eleva nosso patrimônio cultural a alturas inimagináveis, como exemplificam “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, a obra romanesca de Machado de Assis, e a admirável criação de “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa e muitos e muitos outros, em que se destacam poetas, cordelistas e cantadores da mais nobre estirpe brasileira.
E não é só, nos ofereceu patrimonialmente a miscigenação, quando esta era considerada até mesmo pela ciência, como degradação e falência humana, e como tal, empobrecedora física e moral do brasileiro, tornando-o um ser inferior.
Com ela aflorou, em caráter permanente e de bom grado, a nossa sexualidade, como, aliás, bem ponderou Gilberto Freyre, em sua “Casa Grande & Senzala”, mostrando que a Senzala era a extensão da Casa Grande, como ainda fez aflorar usos e costumes, donde resultou toda a grande culinária brasileira de doces e salgados, o nosso ar folgazão, nosso destravar linguístico, nosso sem “papas na língua”, nosso misticismo e nosso “macunaísmo”, como bem configurou Mário de Andrade, em sua obra máxima.
Com a vinda da “Família Real” para o Brasil, em 1808, inicia-se o apregoar de imagens, cujo único objetivo era denegrir seus integrantes.
Assim, D. João passou a ser “o rei glutão”, nada mais que isso, quando seus feitos foram inestimáveis para a consolidação da permanência una do território, como para a consagração eficaz, de D. Pedro I, como imperador do Brasil, e para a eficaz “abertura dos portos”, assim como para a instalação da imprensa no país.
D. Pedro I, por sua vez, tem sido sempre alvo de chacotas por seu “grito” do Ipiranga: Independência ou Morte, além de ser visto como mulherengo atroz: um verdadeiro “rabo de saias”.
Ora, tendo se casado por imposição e conveniência, com Dona Maria Leopoldina, da Áustria, a primeira imperatriz do Brasil, D. Pedro, como era natural, à época, pulava o muro, com amantes sem número, embora sempre junto da mulher que o favoreceu até mesmo na proclamação da Independência.
Mas se isso moralmente poderia causar certa espécie aos moralistas de plantão, é preciso convir que com D. Pedro houve, no Brasil, liberdade de Imprensa, a proclamação da Independência, a elaboração e vigência da 1a Constituição Brasileira, outorgada em 1824, sempre tendo ao seu lado o então famoso José Bonifácio, ministro “Patriarca da Independência” do país.
Outro mito comum, sempre repetido, é que com o famoso grito de “Independência ou Morte”, no caso, não houve nem independência nem morte. Isto é pura falácia, pois houve sim muitas mortes não só antes como depois, com todas as injunções de portugueses e brasileiros no Brasil e do governo português, configuradas na Guerra Cisplatina e na Confederação do Equador e outras lutas internas.
Parece que todo mundo nasce sabendo, o aprendizado foi pras cucuias, vive-se de mitos e lendas pela vida afora.
Portanto, vamos bradar e comemorar a Independência do Brasil, sem alarde, sem palanques e palanqueiros usuais, mas com muito afã de aprendiz. Só assim nossa mente aprenderá a ser solerte e terá o respeito que merece, afastando para bem longe a inidônea tarefa de “Maria vai com as outras”.
Mário Inglesi

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