sexta-feira, 2 de novembro de 2018

DEUS E DIABOS III



A política é prática diabólica. Poder, medo, dinheiro, fama e controle são seus combustíveis. O Diabo aprecia tudo que é partido. Adora espelhos, poderes partidos, partidos políticos, partidas de futebol e até mesmo o raio que o parta. Se for inteiro e não pela metade, então tem que ter Deus também. Mas ainda não chegamos lá, estamos longe. Tão longe e tão perto...
A Bíblia em Jó (antigo testamento), Goethe em Fausto e Saramago no Evangelho segundo Jesus Cristo, criam situações curiosas onde Deus e o Diabo trabalham alinhados, no mesmo partido, conversam e planejam! Nada parecido com a prática geopolítica atual, onde as partes se odeiam. A literatura bíblica é explícita quanto às coisas de César e as coisas de Deus.
Em minha infância se dizia: “Mente vazia oficina do Diabo”. Curiosa associação essa do Diabo com a mente e de Deus com o coração. É como se Deus não pudesse ser sabido ou pensado, senão apenas recordado (cordis = coração). Parafraseando Agostinho de Hipona sobre o tempo: se me perguntam o que é Deus, eu não sei, se não me perguntam eu sei. Quando penso Deus me dissocio e, portanto, me torno diabólico. O cérebro utiliza o fósforo na forma de ATP (adenosina trifosfato) em seu metabolismo. Fósforo em grego é lúcifer em latim, ambos significam o portador da luz.
Posso ser livre de tudo o que tenho, mas posso ser escravo até do que não tenho. A liberdade é um conceito estranho. Liberdade para acreditar ou não. Na medida em que acredito coopero com o “sistema de leis” (teotropismo), e na medida em que não acredito compito com o “sistema de leis” (geotropismo). Competir ou cooperar, prerrogativas do estado em que me encontro. Escolhas que não se excluem, senão se mesclam até que a unidade seja melhor compreendida por cada um de nós.


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