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Leia na íntegra: Edição 73 http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=RevistaSerMedico |
Começo o ano recebendo em
casa a revista “Ser Médico” do Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo, e lá li:
Artigo especial sobre
“Como formar um bom médico humanista?”. Artigo interessante na contramão do que
se vê no momento em que o humano, aprendiz a partir de exemplos, nada na
abundância daqueles que papel higiênico algum bastaria. Isso por Hygeia ser a representante grega da
higiene na saúde pública. Humanismo é busca insólita nesse momento em que valores
humanistas são recebidos sob-risos, risadas e gargalhadas pelas “altas esferas”
do plano físico, enquanto aguardamos mais um carnaval, a nova novela e o
próximo campeonato.
Estava lá escrito assim,
dito por um xará quartanista de renomada instituição: “Quando um aluno fala em ética ou bioética, os outros riem dele”.
Um convite à meditação. O homem meditabundo é semente humanista a germinar.
Germinemos em amor.
Mas, considerando,
desconfiado, haver algo louvável no texto, pingo um tijolo nessa obra: assista
ao filme brasileiro “O Cheiro do Ralo”, atente à dinâmica de relação entre opressor e oprimido e depois me digam. Com os votos cordiais de que aprendamos a eleger melhores "opressores" para dividir o orçamento dos impostos de modo mais fraterno.
Depois, li lá também um
artigo bem legal sobre armamentos e a perda da capacidade de indignação. Estava
escrito que o gasto com armamentos atual é mais de 200 vezes maior que o que se
gasta para combater a fome. Para nós brasileiros isso é muito chocante, pois
aqui nasceu o maior estudioso do mundo sobre essa questão, o inigualável médico
Josué de Castro. Leiamos nas escolas médicas a obra desse ilustre médico,
especialmente “Geografia da Fome” e “Geopolítica da Fome”.
Lembremos apenas que fome
não deve ser combatida ou morta, senão apenas as pessoas alimentadas; e a meu
ver, não há nenhum combate quando alimentamos alguém. Quando aprenderemos a
usar melhor as palavras? Enquanto a linguagem for de combate e morte, me parece
óbvio que se gaste cada vez mais com armamentos. Meditemos. O estado
meditabundo é a promessa do médico humanizado. O que acha?
Ainda sobre os
armamentos, estava lá escrito sobre o recente bombardeio pela força aérea
estadunidense em três de outubro de 2015 de uma unidade do Médico Sem
Fronteiras (MSF) no Afeganistão. Apesar das desculpas do presidente Obama à MSF
pela morte de doze profissionais do MSF e doze pacientes, a médica Joanne Liu,
presidente internacional da MSF fala em crime de guerra e interpreta o fato
como violação imperdoável do Direito Internacional Humanitário. O que leva
alguém a trabalhar no Médico Sem Fronteiras?
Depois ainda li lá um
artigo assim: “Um mundo tão desigual é viável?”. Disse que, segundo o banco
Credit Suisse, 1% da população mundial detém quase 50% da riqueza produzida no
planeta. Os outros 99% dividem, em partes também desiguais, os cerca de 50%
restantes. A autora, Kátia Maia se mostrou indignada com o fato de 85 pessoas
apenas serem donas da quantia equivalente ao que a metade da população mais
pobre do planeta tem.
O jornal El País fez uma
reportagem interessante sobre isso em 17/10/2015:
Quem quiser ver o
relatório e a pirâmide de distribuição acesse:
http://ep00.epimg.net/descargables/2015/10/14/81cef5bbe2878e321682f7adfde25ec6.pdf
Um Amigo falou certo dia
sobre a economia: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, mas
com o advento da modernidade Deus foi anexado aos domínios de César. Assim,
humanizamos a moeda! Ao menos é o que se nota nas Américas quando ao norte
lemos nos dólares “In God we Trust” (Acreditamos em Deus) ou mais recentemente ao
sul nas notas de dinheiros dos Estados Unidos do Brasil onde se lê: “Deus seja
louvado”. Talvez “Deus nos proteja” seja alternativa evolutiva interessante a
se considerar nas impressões futuras.
Essas reportagens da
revista “Ser Médico” iniciando 2016, ano chinês macaco de fogo, aliadas ao
estado atual das coisas fazem pensar se cabe um “salve 2016” ou um “salve-se
quem puder em 2016”! Será que as autoridades falam de coração quando o assunto
é humanizar?
Parabéns, Ricardo pela brilhante elaboração e a oportunidade que nos é dada de reflexão sobre nosso grande desafio neste início de 2016... Bem, visto crer sempre no "positivo" na possibilidade da "transmutação" mesmo do "ser humano" opto pelo "Salve 2016!"...
ResponderExcluirForte abraço
Uau! Belas e profundas palavras...
ResponderExcluirE que venha 2016!!!
Bjs