Mario Inglesi sobre: Ano novo - Tudo "novo"
Dr.
Ricardo
A
beleza de seu texto e o florir das ideias nele expostas, são sempre bem-vindos,
pois – ainda que momentaneamente – nos dá um bem-estar, tal como um belo sonho
sonhado, seguido de um repentino despertar.
O
despertar, entretanto nos trás à realidade e esta nos infunde reflexões nem
sempre condizentes com o esperado pelo sonhador.
É assim
que: Descobrir um Novo Ano Novo é
pauleira. É lenha na fogueira
Imagine,
mais um feriadão, mais uma grande promoção de vendas: ofertas mil para encher
sacolas e mais sacolas, com bebidas, comidas, envoltas para viagens, trânsito
caótico e prolongado, juntamente com muitas preces e acender de velas, para que
o tempo permaneça ensolarado. Porém – que pena!- já sem o 13o
salario. Não é mole. Que venha o 14o, para aguentar o endividamento,
as culpas, as tensões e os desgastes próprios da situação.
Nessa,
o Dalai Lama tem razão em seu fraseado sobre dinheiro, saúde, presente e
futuro. Mas é preciso convir que ele está em outra. Dizem-no iluminado, sem
muita luz elétrica a encobri-lo, mas envolto no seu otimismo de essência. Apenas orações, fé e meditação numa vida sem
conturbações, longe do mundo e de seus problemas. Enfim uma vida de posicionamento
“Zen”: Um Olimpo terrestre, aonde os olhos estão voltados mais para crear (tal
como se reza na oração: “Deus creou o céu e a terra”) do que para criar, pois
estão mais abertos a “crer” – talvez o melhor registro aproximado de crear do
que a “criar”, que é termo reservado aos humanos, em sua acepção mais nobre, abrangente
e duradoura.
No ano
novo ora descoberto parece ter lugar privilegiado o “Pequeno Príncipe” – sempre
a imorredoura saudade da realeza – a nos dizer e acalentar com expressões e
ditos bastante pertinentes, mas só atinentes a seu belo e imorredouro contexto
ficcional. Quando, por exemplo, revela seu segredo: “Só se vê bem como o
coração”. Evidentemente, desconhecia, que o coração tem um pulsar que não
combina com a razão, pois está sujeito a sentimentos, na maioria das vezes
enganosos e fugazes.
Finalmente,
voltar-se em 2014 para pensar que aqui estamos “somente de passagem”, parece
insatisfatório, pois tal pensamento é corriqueiro, senão supérfluo, pois não há
quem não o tenha, ainda que, ligeiramente em algum momento de reflexão.
O que é
preciso pensar, com empenho e eficácia, é no que fazemos e podemos fazer, ou
faremos, nessa “passagem” em prol da nossa vida e de todos que nos cercam nesse
planeta “Terra”, na solidão e desamparo que nos encontramos.
Mário Inglesi
Querido Sr. Mário!
ResponderExcluirNeste breve intervalo de luz em que a alegre sorrateira não agenda visita, simplesmente aparece, passamos uma terça parte nos campos de Orfeu, senão mais, entre sonos e sonhos conforme o poeta:
Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre –
Esse rio sem fim.
Que a simplicidade da fogueira aqueça o coração e ensine a sermos mais fogo e menos cinzas ou um pouco mais Dalai e um pouco menos Dá cá...
Os sentimentos cardíacos, contraparte dos mentais, são quentes e luminosos, apesar de passageiros. Os últimos são rigorosos como as prestações, nostálgicos do nada, criação humana mais inusitada, talvez mesmo perversa, na lida com as questões do mundo, da finitude e da solidão.
Que venha 2014 e bem Zen para o bondoso amigo e família!
Vou deixar o do Quintana também, por parecença, para a essência...
ResponderExcluirOS DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás de suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...