A internet, curiosamente, ocupa cada vez mais o espaço da escola
antiga. Me refiro àquelas instituições que depositavam informações
sobre os estudantes como se ensinassem algo, quando apenas os fazia memorizar. Memorizar
é a palavra, pois decorar é outro processo. Memorizar é simplesmente articular
a estrutura neural sináptica para criar conexões que quando revisitadas
devolvem um conteúdo; já decorar é outra coisa, implica sentido e tem todo um
sistema límbico por trás!
Decorar, no inglês “know by heart”, no francês “par coer” e assim por
diante, diz respeito a interiorizar um conteúdo que implica em sentido e por
isso é guardado no coração, saber de cor é saber de coração. A educação bancária,
denunciada pelo sábio moderno Paulo Freire, hoje não é mais considerada educação
senão domesticação ou doutrinação, não emancipa senão amanceba. A educação de
vanguarda emancipa, faz pensar, torna consciente, gera saúde, visto gerar
sentido existencial, visto alcançar o coração. Conforme Exupéry:
“Eis
o meu segredo, só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”
Cuidemos então em buscar um coração naquilo que nos propomos conhecer,
pois conhecimento é – co-nascimento – nascer para o novo junto. Tudo o que é vivo
tem coração e por isso saber decor é saber sobre a vida, que pulsa! Quando a lembrança
do conhecimento não é agradável, quando a lembrança do que foi aprendido causa
mal estar, certamente seu armazenamento não ocorreu no coração, senão algures...
Tudo aquilo que não é conhecimento de coração é conhecimento do tipo “eclipse”,
é invisível aos olhos e, portanto carece de luz.
Bem, seja qual for o idioma
escrito, a própria rede hoje se encarrega da tradução de conteúdos para a
maioria das línguas; o obstáculo dos idiomas é uma forma de eclipse cada vez
menos comum. Veja você este navegador “google chrome”, por exemplo, que sempre ao
entrar em página de outro idioma, nos oferece a opção instantânea: “deseja
traduzir este conteúdo?”. Quanto mais poética a escrita menos fidedigna a
tradução, por outro lado, quanto mais técnica e, portanto “mais morta” a
proposta, melhor a tradução. Enfim, benesses de uma humanidade que a cada dia
percebe que a colaboração e não a competição e muito menos a exclusividade senão
a inclusividade é o caminho a ser tomado. A dificuldade do humano em alcançar um
idioma falado que permita a compreensão poética universal é diretamente
proporcional ao desenvolvimento de sua capacidade de amar. Este obstáculo entre
línguas, que a música dissolve com harmonia, amor em forma de som, é também uma
forma de eclipsar o que já se sabe. Escute enquanto lê...
Villa Lobos - Bachianas Brasileiras nº2 - Completa
I. Prelúdio - Canto do Capadócio
II. Ária - Canto da nossa Terra
III. Dança - Lembrança do Sertão
IV. Tocata - Trenzinho do Caipira
Enfim, enquanto o eclipse é fenômeno
celeste, a elipse é terrestre e pode ser geométrica (segunda instância do
quadrivium) ou gramatical (primeira instância do trivium); no primeiro caso
visível no segundo presumível, está lá, mas não se vê “com os olhos”, como
fosse um eclipse gramatical.
Grosso modo, os eclipses celestes são fenômenos bem conhecidos e
descritos pela ciência convencional. Trata-se do alinhamento de órbitas de sol
e lua em relação à terra.
Pela ilustração é fácil notar que a área da terra em que um eclipse lunar
pode ser observado é bem maior que aquela correspondente à de um eclipse solar.
Os eclipses podem ser penumbrais, parciais ou totais. No caso da lua, isto
depende dela estar em região de sombra (umbra) ou penumbra (figura abaixo); já
no caso do sol dependerá da região de observação na terra estar em região de sombra
(umbra) ou penumbra – na região de sombra (umbra) o eclipse é total, nas regiões
de penumbra penumbrais e na transição destas os eclipses são parciais (vide
figuras abaixo).
A lua orbita a terra com um eixo de inclinação que varia de
aproximadamente cinco graus em relação à eclíptica. Os pontos da órbita lunar, que
prolongados coincidem com a órbita aparente do sol (eclíptica) determinam um
eixo conhecido como eixo dos nodos lunares. É a proximidade recíproca entre este
eixo e os luminares sol e lua que ocasiona os eclipses. O nodo lunar norte ou
ascendente (cabeça do dragão - rahu) marca a passagem da lua do hemisfério sul para
o hemisfério norte celeste e o nodo lunar sul ou descendente (cauda do dragão -
ketu) o movimento contrário.
Outra forma de representar a imagem celeste é projetá-la
bidimensionalmente sobre um mapa, conhecido como mapa astral. Neste diagrama o
eixo dos nodos lunares é representado simbolicamente conforme abaixo.
Os seguintes mapas ilustram os eclipses de 15 e 29 de abril de 2014; observe-se
a proximidade do sol e lua com o eixo nodal, o que caracteriza graficamente em
ambos os casos os eclipses respectivamente lunar e solar.
O número de eclipses que podem ocorrer durante o ano oscila entre 2 e 6; geralmente
ocorrem 4, dois eclipses solares e dois lunares, sendo fácil notar que o tempo
que decorre entre o eclipse lunar e solar é de 14 dias e entre eclipses de
mesmo nome 6 meses, conforme pode ser intuído a partir das figuras acima. O
aficionado pode encontrar informações adicionais nos sites da NASA e
texto abaixo entre outros:
Existe o corpo humano assim como existe o corpo celeste. Na medicina o
corpo humano é estudado em anatomia e fisiologia, forma e função. A astronomia
é o correlato da anatomia humana aplicada ao céu, variações de “nomias”, uma
astro e outra ana, uma fora e outra dentro; enquanto a astrologia tem como
correlato a fisiologia, variações de “logias”, uma astro e outra fisio, uma
fora e outra dentro. Astro e ostra são anagramas e denotam além de seu aspecto substantivo,
aspecto adjetivo passivo de ser aplicado pejorativamente ou não a certas
pessoas; assim, alguém pode ser um astro das multidões enquanto outrem uma
ostra em suas compreensões. Experimente observar de forma eclíptica e amorosa...
Enquanto a anatomia pode ser acessada de forma direta, pois é estrutura,
a fisiologia não, pois é funcional. A astrologia é correlata da fisiologia em
medicina e malgrado a desinformação a respeito da mesma, merece atenção caridosa
por parte do estudante humano.
O eclipse, enquanto mudança espacial na dinâmica da luz, diz respeito a um
movimento de luz, que poderia estar lá e que momentaneamente deixa de estar.
Simbolicamente, tudo o que antes seria iluminado por aquela luz deixa de sê-lo.
Tudo o que deixa de receber a luz de uma fonte externa passa a depender de "luz
interna". O efeito do eclipse do ponto de vista simbólico diz respeito
justamente a esta dinâmica. Se o ponto ou o ser em questão sob efeito do
eclipse não dispõem de "luz interior", passa por um período temporário de sombra
ou penumbra. Este período de vida pode se manifestar como mais trabalhoso quanto
às questões pessoais relacionadas às casas terrestres do mapa (CASAS ASTROLÓGICAS).
Vale lembrar que a lua apresenta fases e que durante a lua nova
(novilúnio) não há luz lunar projetada sobre a terra, como se fosse um eclipse
lunar. Os estudiosos ocultistas sugerem que não se atribua tal efeito à luz
lunar como tal, mas a outro tipo de força, mais potente nestas épocas e que
provém do sol e da lua simultaneamente, e que evidencia uma força vital,
semelhante à emitida pelos corpos vivos, sugerindo finalmente que sol, terra e
lua são corpos vivos, como nossos próprios corpos; trata-se de forças que
pertencem ao que os ocultistas denominam de éter de vida.
Existe um conceito conhecido como recapitulação solar e lunar. Trata-se
do período de 18 a 24 meses seguidos ao eclipse após os quais, no mesmo grau celeste
da ocorrência do eclipse é observada a ocorrência de uma lua cheia. Assim, a
baixa luminosidade, vivenciada no eclipse e seus aspectos, cumpre
simbolicamente seu efeito findo este período. Durante este tempo de recapitulação
sugere-se que a experiência dos meses pregressos seja reavaliada no sentido de
se destilar um valor construtivo do ponto de vista anímico.
Encontram-se duas explicações quando se procura a respeito do significado
da lua de sangue: uma se baseia na cor vermelha decorrente do aspecto da lua
quando se encontra inteira no cone de sombra; outra diz respeito ao fato de ser
um eclipse lunar que cai em dia de feriados judaicos.
Sobre estes feriados:
Que os reservatórios não colapsem, que as informações não sejam eclipsadas e que São Paulo não vire sertão. E se virar, a gente dança a "Lembrança do sertão", pega um "Trenzinho Caipira" e canta o "O canto da nossa terra" enquanto se eclipsa daqui pra Capadócia. Salve Villa Lobos!
Nunca imaginei que os mundos fossem tão próximos, absolutamente esclarecedor e intrigante. Ps.A trilha recomendada vem bem a calhar com o texto, para sua reflexão posterior
ResponderExcluirCaro Victor,
ExcluirA palavra mundo hoje é apenas conhecida pela maioria das pessoas como substantivo. Entretanto, ela é também adjetivo pouco sabido na atualidade. Como adjetivo uma pessoa pode ser munda, o que quer dizer pura. Daí a questão do imundo, este sim adjetivo que as pessoas reconhecem como sujo ou impuro.
Creio ser esta a questão, a proximidade dos mundos, ou mesmo a proximidade dos puros.
De fato, conforme escrito, lembro de um sermão proferido no alto da montanha:
"Bem aventurados os puros (mundos) de coração, pois eles verão a Deus."
Um abraço meu amigo
Ricardo,
ResponderExcluirObrigada pela partilha de pensamento e música.
Ana
Olá Dr. Ricardo,
ResponderExcluirÉ sempre muito bom receber seus textos e reflexões...
Obrigada querido!
Simoni
Ricardo, então bem aventurados os mundos , antes que os imundos prevaleçam de vez e para sempre.
ResponderExcluirGrato. Grande abraço.
Paulo