terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A PERGUNTA É A MÃE DA RESPOSTA

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        Perguntas e respostas são irmãs em diferentes estágios de maturidade. A pergunta é a resposta que ainda não nasceu. Como não nasceu, pode ser todas as respostas imagináveis e inimagináveis. Ainda que a pergunta seja mais antiga que a resposta, e, portanto, com mais saber em si, a pessoa média quer respostas.
        A pessoa média não aprecia pensar sobre a morte, mas não percebe que respostas se assemelham a perguntas mortas. Pobres aqueles que têm suas perguntas todas respondidas. As perguntas tecem o chão que sustentam os corajosos. Sim, pois a ação do coração é a melhor resposta e que sempre pode acontecer de outros modos, ainda que a pergunta se repita.
        Cada pulso do coração é a resposta necessária para que a vida prossiga. Se o coração não responde, a pergunta cala. No calabouço, é a pergunta que tem o poder de renovar, reanimar, ressuscitar. Perguntas vibram com a vida. Uma resposta representa a morte de todas as possibilidades.
        Quando penso quem sou, devo lembrar de incluir se sou mais pergunta ou resposta, mais nascimento ou morte em meus encontros e ainda se sou mais possibilidades ou certeza. E uma vez sabendo, me corrigir em cada respiração, essa pequena fatia de porvir que nos define.
        A pergunta está grávida! Conhece esse estado? Sabe o que nascerá?
      Então? Como alcançar esse estado de portar em si todas as perguntas? Como suportar a tensão dilacerante das respostas indigestas? Como viver a tentação da escolha de possibilidade que exclui as demais? Como na esperança do parto normal aceitar a necessidade da eventual cesariana?
Enfim, como libertar a mente dos vícios e compreender que todo preconceito reside na resposta certa e na certeza, que é ainda mais mortal e cada vez menos vital, quando absoluta. Como será portar todas as perguntas? Não lhe parece mais do que portar todas as respostas?
Existem coisas que sabemos e também coisas que sabemos que não sabemos. Mas existe uma terceira natureza de coisas, as mais interessantes. Falo das coisas que não sabemos que não sabemos. Ouso dizer que as perguntas estão mais próximas dessa última classe de coisas, do que as respostas. Perguntas são movimentos e respostas são paradas; sim é preciso parar eventualmente, mas sem perder de vista o fluxo e o fluir.
A pergunta é uma das, senão a maior conquista na vida da pessoa. Quando a pessoa atinge sua maturidade plena surge a pergunta. A pergunta é a melhor síntese que alguém pode alcançar em relação a um assunto. Todas as respostas moram nela. Quem seria esse ser capaz de suportar em si o movimento de todas as respostas. Quem poderia suportar em seu íntimo a liberdade de arbítrio de cada resposta e ainda assim sustentar a vida da pergunta?
A pergunta é curva e nela não é possível a visão definir o que está por vir. A resposta é reta, não se esconde, pode ser vista. Mas, e sempre há um mas, quando eu vejo, meu interior se dobra, se curva, tende a...
Na insuficiência da prosa, com a devida licença:
Ainda que curvas, uma dentro e outra fora, diferentes aspectos afloram. A curva dentro deforma o ser enquanto a outra reforma. Reformar é o efeito vivificante da morte. Deformar é seu lado que nos faz temer; que nos impossibilita permanecer quando o aspecto físico já não mais pode se sustentar.
Quando aprendo a caminhar nas curvas da vida e com o “pão de cada dia”, de surpresa, de coincidência, da mudança me alimento, cada vez menos terei que comer do “pão que o diabo amassou”.
O sobrenome da certeza é absoluta e seus irmãos gêmeos a prepotência e a soberba.
Não saber não é um estado vazio, senão de posse de todas as perguntas associado a outro estado, o de permeabilidade plena a todas as possibilidades. Essa permeabilidade é o princípio da sabedoria, assim como a certeza é o princípio da vida infernal. Claro que me refiro aqui ao inferno grego - entrada, tribunal e as três regiões comandadas por Hades.

SUGESTÃO DE EVENTO MENSAL - CONSCIÊNCIA - ATMA

terça-feira, 9 de abril de 2019

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POR: GERALDO DRUMOND


Viajo na emoção.... Sou só emoção. Onde ela me leva eu vou e fico, até que outra venha e me leve. E assim vou vivendo torcendo para que o próximo lugar que eu vá seja ameno, leve, amoroso! Parece que dependo do mundo estar bem e das emoções serem amorosas para que eu me sinta bem. Penso que é por isto que desejo tanto amor, partilhar, pois assim vou me beneficiar dos ventos benfazejos das paixões dos afetos, dos quereres bem... O mal me desnorteia o medo me apavora a separação me aniquila. Será que sou só emoção? Cresci assim vou morrer assim, vou sempre estar ao sabor das emoções? Cadê minha razão para contrapor a tanto amor, a tanto querer?

O SANGUE E AS LÁGRIMAS


Natureza Abstrata - Henrique Luna

                O sangue nasce no interior dos ossos (Saturno). Algumas águas nascem do interior da terra ou do alto das montanhas. Moisés bateu duas vezes na pedra para a água sair; ouvisse bem, bateria apenas uma. Você já viu uma nascente? Você se percebe enquanto nascente?
Assim como a água nasce do profundo da terra, as lágrimas são expressão de tudo que está empedrado no interior. Elas brotam para lavar os olhos, nossa janela. Elas vêm para que vejamos melhor. Vêm para compreendermos que há algo que não vemos bem. Vêm para que enxerguemos. Vêm para anunciar algo que endureceu no profundo do ser, e que anseia pela vida.
Antes do sangue brotar no interior dos ossos, sede de nossa dureza e resistência, é importante que a água seja extraída da fonte da rocha de nossas cristalizações.
O sangue que nasce na pessoa empedrada e emparedada, é sangue aguado, diluído. Diluído na água do lamento e, portanto, lamacenta. Da água que deveria ter brotado em algum momento, espontaneamente, como a chuva do céu; que não choveu por não ter havido leveza suficiente para que flutuasse no ar e subisse aos céus. Não houve oração (aspiração) e, portanto, foi vítima da gravidade terrestre (desespero); não subiu, se cristalizou e empedrou. A gravidade celeste evapora, eleva, enleva, aspira e faz chover.
A água que não evapora aos céus se torna desespero; as águas que o fazem, esperança, porque chovem e agraciam a terra. Que nossas águas chovam e não chorem. Que eu abençoe antes a despertar pena.
Quando eu purifico e elevo minhas águas, meu sangue se purifica e pode receber, além de mais conscientemente aprender o meu Ser. O sangue purificado é abençoado e visitado cada vez mais por aqueles que inspiram e conduzem, e cada vez menos por aqueles que viciam, vampirizam e induzem.
O sangue não purificado guarda relação vibratória funcional íntima com Saturno; purificar o sangue é, em linguagem astrológica, aumentar a tonalidade de Júpiter concomitante à diminuição da Saturnina. “Jupiterizar” o sangue é ato que conduz para além do tempo (sempre, nunca) em direção ao eterno (agora), ao éter, ao etérico. A região etérica é vinculada à vida, àquela árvore e rios que Ezequiel trata poeticamente em seu capítulo 47.
Corine Heline expressa essa reflexão no livro “Anatomia Oculta e a Bíblia” com as seguintes palavras:
Deve-se notar ainda que um importante trabalho na iniciação concerne à transformação do esqueleto Saturnino no corpo Jupteriano, e qualquer interferência com o sangue retarda esse processo uma vez que as células vermelhas do sangue são no presente estado das coisas manufaturadas na medula óssea do esqueleto.

ASPECTOS DA PSICANÁLISE E RELAÇÃO AMOROSA



Por: José Geraldo M. Meireles - Psicólogo

No contexto convulsionado em que estamos inseridos, não acredito que os anseios do homem consciente restrinjam-se a uma casual e modesta participação no cenário socioeconômico contemporâneo. As mudanças têm sido rápidas e profundas. Não nos resta, em nível individual e coletivo, outra alternativa senão procurar soluções novas e vencer desafios.
Muitos se sentem perplexos. Angustiam-se, e a incerteza instala-se. Deparam-se com dilemas inevitáveis que englobam “o princípio do prazer” - o desejo é inquietante e indomável - e "o princípio da realidade".
Situar a psicologia moderna significa reconhecer que se iniciou com Freud, pois coube a ele o grande mérito da descoberta do inconsciente: objeto da psicanálise. Sua descoberta revolucionou o início do século XIX e a nossa compreensão em relação a nós mesmos. Deduziu a existência do inconsciente, após contatos persistentes e minuciosos com seus pacientes. Pela fala, é possível curar e aliviar o sofrimento psíquico. Por inovar, encontrou muitos opositores. Sua genialidade permitiu supor estar na sexualidade a causa dos transtornos psíquicos: descarregar a energia (no ato sexual, por exemplo) dá prazer. Contê-la ou reprimi-la, ao contrário, provoca desprazer. Ao considerar-se a vitalidade física e psíquica, a sexualidade faz parte da existência, porém desvinculada do afeto, resulta em decepção e frustração.
Em se tratando de decepção e frustração, Hélio Pellegrino – psicanalista – ilustra que o homossexual elege por objeto de desejo, alguém que se iguale, alguém que é seu duplo perfeito, imagem radiosa de si pela qual se apaixona. A tensão das relações narcisadas, ao extremo, tende para a possessão intensa. Cada um vê no outro o seu próprio retrato idealizado ou deificado – isso rarefaz e mesmo impede a possibilidade do encontro autêntico. A pulsão narcísica não aceita diferença, limite ou separação. O desejo narcísico é insaciável, porque pretende transfigurar a imperfeição do ser que sou, através da ilusória radiância da imagem – mais que perfeita que quero ser e penso possuir. Esse drama, conforme Pellegrino, ilustra as peripécias do narcisismo.
Além da abordagem psicanalítica em relação à sexualidade, a neurocientista Dra. Suzana Herculano – Huzel – (UFRJ) afirma que a preferência sexual não é opção. Para a neurociência, a orientação sexual é inata (não aprendida) e determinada biologicamente, antes mesmo do nascimento.
A relação homossexual ou heterossexual é preferência e não opção. A preferência não se escolhe: descobre-se. Interessar-se sexualmente por homens ou mulheres é o que o cérebro faz automaticamente e pouco importa o que a pessoa pensa. A opção é o que se faz com a preferência: assume-se e curte publicamente, abafa ou esconde. Essa abordagem nova necessita, ainda, de pesquisas cautelosas e criteriosas. É essencial salientar que sou psicólogo e não pesquisador da sexualidade.
Com a nova legislação, casais homoafetivos passam a ser considerados famílias, com direito à adoção de crianças, contudo o preconceito e as agressões são ainda intensos.
O Conselho Federal de Psicologia despatologizou a relação homoafetiva: não é distúrbio (doença). Abre-se, pois, espaço para a compreensão das diferenças.
À luz da psicanálise, nossas tensões e angústias não vêm do outro, daquele que se diferencia de nós, mas daquilo que desconhecemos em nós mesmos. Para a convivialidade social, é fundamental respeitar o direito e a singularidade do outro.
Com efeito, a técnica de investigação psicológica criada por Freud acrescentou dimensão nova para a ciências humanas. Na clínica, pela interpretação, o psicoterapeuta ou psicanalista mostra quais forças destrutivas ou construtivas movem seu cliente. “Desfazem-se os nós”, quando ocorre a travessia da barreira entre o consciente e o inconsciente.
Muitos de nós ficamos presos ao passado que nos condena e ao futuro que nos inquieta - alerta o psicanalista Pessanha. A psicanálise privilegia sempre o presente.
Pelo prisma da psicanálise ou psicologia profunda, o traço característico da psicologia humana é a interferência intensa e contínua dos impulsos de amor, de um lado, e ódio do outro: “nosso bem-estar ou mal-estar depende das forças destrutivas ou construtivas do inconsciente”; equilibrando-se ou não, predominando com maior intensidade as forças construtivas ou destrutivas haverá vida mais saudável, valorização pessoal, relação amorosa e de amizade gratificantes; ou ideias persecutórias tendentes à autodestruição, à depressão, à agressão descontrolada, à relação amorosa e de amizade conflitantes.
A relação intrapsíquica (subjetiva) e interpessoal (com os outros) rege-se pelo jogo dos antagonismos: eros e tánatos - vida e morte - que nos movem, a cada instante, em permanente entrelaçar-se, confundir-se e, outra vez, juntos, porque é dessa simbiose (integração) que resulta a vida.
In Sêneca – filósofo - ter vida longa não é ter a cabeleira branca semelhante à neve, tampouco ter as faces sulcadas pelas rugas; se o homem dissipou seus dias, não viveu longo tempo, muito embora tenha existido longos anos: “Vida é profundidade e não extensão”.
Antes do advento da psicanálise, inquieto e perplexo, o ser humano acreditava que os mistérios de seu destino e as ameaças à sua estabilidade provinham apenas do mundo externo e nunca da intimidade de seu ser.
À época de Freud, (início da psicanálise) as pessoas recorriam ao tratamento psicanalítico, porque temiam realizar seus desejos. Hoje, a psicanálise desperta muito interesse. Isso ocorre, não porque reprimem seus desejos, mas por não saberem, efetivamente, o que desejam. Quando buscam a psicoterapia, esperam que o profissional se converta em aliado confiável, para que possam confidenciar-lhe seus mais íntimos segredos sem o receio de traição.
Desvela-se, assim, o perfil do ego maduro e livre: não autoritário, integrado e seguro; predomina nele o equilíbrio, porque é capaz de manter-se sob controle, de não se deixar levar pela desmotivação, de tolerar frustrações, de não negar sua agressividade-combustível da ação - de portar-se serenamente diante de pressões. Contudo, é imprescindível pensar.
Um conjunto harmônico de qualidades psíquicas herdadas e adquiridas caracteriza esse perfil, tornando a pessoa original a sua forma de ser e agir.
Há décadas, psicólogo clínico trabalho em clínica particular. Atendo adolescentes e adultos. Meu trabalho baseia-se na psicoterapia psicanalítica, psicologia biodinâmica (massagem psicoterapêutica), e avaliação psicológica.
Ao longo desse tempo, percebo, na clínica, que as relações amorosas, por diferença têm sido, às vezes, dramáticas. O amor obsessivo e a inveja transtornam a vida da pessoa pela qual a que se tem fixação doentia em inferno. Sendo a inveja o subproduto doentio da admiração destrói a pessoa invejada. Nem sempre se percebe o transtorno, e a infelicidade impera. Sei que a temática é muito complexa, mas é possível compreendê-la.
Geralmente, admiramos pessoas possuidoras de características físicas ou psíquicas que valorizamos muito. O critério dessa escolha é sempre pessoal. Há fascínio pelo conjunto harmônico de qualidades que tornam alguém original na sua forma de ser e agir. Esse fascínio pode levar a dois modos de amar: por diferença ou semelhança.
As pessoas que se sentem inferiores - e esse sentimento é mais acentuado na adolescência - tendem a admirar outras que trazem consigo características ideais, às vezes, inatingíveis (sempre do ponto de vista do(a) admirador(a)). Assim sendo, o amor surge entre pessoas de temperamento diferente, havendo recíproca admiração.
O humor - tendência situacional - é a disposição afetiva para a introversão ou extroversão. O introvertido: reservado, pouco combativo, voltado mais para a solidão e reflexão une-se ao extrovertido: participante, voltado mais para os outros, de fácil adaptação, combativo, preferindo mais atividades práticas.
Obviamente, os componentes de admiração podem desencadear relações tensas, não só em decorrência, das diferenças de temperamento, mas também da inveja recíproca. A insatisfação pessoal e a precária auto-avaliação, com forte tendência a subestimar-se, despertam raiva e inquietação.
As pessoas que se sentem bem consigo mesmas e, consequentemente, mais estáveis e maduras não se comportam opressivamente e envolvem-se em relacionamento de intimidade mais intensa e harmoniosa, pois o vínculo é regido por afinidades. O amor, por semelhança, é mais gratificante, porque não há, na relação, os elementos desestabilizadores do vínculo: a inveja (é difícil invejar pessoas com características semelhantes), e irritações que decorrem das diferenças de temperamento. Sob a égide da estabilidade psíquica e das afinidades, as relações de amizade tornam-se também harmoniosas e duradouras; os amigos propiciam bem-estar e asseguram a saúde psíquica.
Em seu livro: Ser livre – que tive o privilégio de revisar – o psiquiatra Flávio Gikovate (1943 – 2016) enfatiza que ser livre não é ser desta ou daquela maneira; ser livre não é agir desta ou daquela forma. A liberdade é a sensação íntima de alegria que deriva da coerência entre pensamento e conduta.
Por esse prisma, a liberdade é um estado muito gratificante. As afinidades e não as diferenças é que podem determinar ligações profundamente gratificantes.
Renovar-se significa entregar à morte tudo o que é ultrapassado para que o novo possa expandir-se com toda a liberdade. Desprender-se de coisas que, um dia, foram boas e de ideias que foram relevantes, mas com o passar do tempo, ficaram ultrapassadas, ou seja, ter ânimo para recomeçar, estar aberto para escutar, aprender e buscar novos paradigmas.
Para a efetiva compreensão das diferenças e do lado sombrio das emoções a ajuda psicológica é sempre bem-vinda para busca do bem-estar físico, psíquico e social.
Profissional da psicologia discuti, sumariamente, com base na psicanálise, diferenças e semelhanças no amor, sem desconsiderar a árdua vida diária e o mundo atual, terrivelmente injusto, impiedoso, individualista e abalado pela crise de valores e predadores sociais.

Referências

Jung. C. G.- Tipos Psícolágicos- Zahar Editores - Rio de Janeiro, 1981.
Gikovate, F. - Falando de Amor- MG. Editores Associados - São Paulo, 1976.
Pellegrino, H. - A Burrice do Demônio – Rocco - Rio de Janeiro, 1989.
Boff. L. - Coragem para Renovar in Rede - Ano XXI - nº 241 - Petrópolis, 2013.
Pessanha, A. L. S. - Além do Divã - Casa do Psicólogo - São Paulo, 2001.
Revista - Mente Cérebro - Ano XIX - nº 242 - São Paulo, 2013.
Green, A. - Psicanálise Contemporrânea – Imago - Rio de Janeiro, 2001.
Melman, C. - A Família está Acabando – Veja - São Paulo, 2008.

terça-feira, 19 de março de 2019

CRIANÇA INTERIOR

POR: GERALDO DRUMOND


É na medida que não nos reconhecemos e não nos valorizamos, que buscamos o reconhecimento do outro. E é importante que saibamos que o relacionamento mais importante que temos é entre nossa mente consciente e nosso subconsciente, que é representado pela nossa criança interior. Este é o verdadeiro relacionamento importante que temos e que pode nos dar as respostas que buscamos. Estão dentro de nós mesmos e não na opinião dos outros.

OS PÉS


Os pés, no zodíaco representados por Peixes, representam a culminância da história cósmica de nossa humanidade. História que principia na cabeça (Áries), atravessa todas as hierarquias zodiacais e as diferentes partes do corpo que elas regem até alcançar a horizontalidade da superfície terrestre. Sim, pois os pés representam a consciência do contato com a terra. Na horizontalidade da terra os pés nos conduzem quando nos dispomos e não oferecemos obstáculo; eles são a última instância do querer que nos move.
Exceção feita ao folclórico Saci, não há um pé mais importante que o outro; o pé direito e o esquerdo compõem o atual estado humano. Quando o Humano é saudável, não claudica e não exige ou prefere pisar à direita ou à esquerda, senão apenas pisa. Se prefere um ao outro sente pena e afunda, já ao não preferir, as penas se reúnem em asas de voar e os pés deixam de ferir a pele da Terra. Voar permite ver de cima o movimento do abraço fraterno da respiração direita-esquerda.


Os pés guardam relação íntima com o perdão, sendo comum que eles doam ou se machuquem na medida em que me nego a exercitar o perdão, seja na coragem do sentido ativo de perdoar ou na resignação do pedir perdão. Cabe à nossa humanidade criar asas nos pés, para que eles sejam alçados ao alto de onde vieram. Morfologicamente semelhantes aos ouvidos, os pés portam em si todos os pontos de acupuntura em sua superfície. Isso mostra que somos destinados a escutar a terra e que devemos tornar nossos pés, como que um segundo ouvido, com a finalidade de contar ao alto tudo o que se passa aqui nesse plano (como em cima em baixo).
É fundamental, apesar de nossa única parte que funciona na horizontal, que de tempos em tempos permitamos que eles se verticalizem. Como fazer isso? Sempre que reverentemente nos curvamos e agradecemos à vida e a Deus pelo mistério que nos envolve e que permite que continuemos a ser, apesar dos tantos equívocos cotidianamente cometidos. Quando ajoelho, meus pés se verticalizam e com eles subo aos céus, se não por mim, pela graça que me acolhe em oração. Praticar a verticalização dos pés ao ajoelhar é o melhor preparo para a verticalização última dos pés, quando a respiração deixa de ser e o corpo se deita de forma definitiva.
Pedras nos sapatos se formam quando não há oração (aspiração) e nos tornamos vítimas da gravidade terrestre (desespero); a oração que não sobe se cristaliza e empedra. Caminhar sem oração é errar, seu oposto é curar. É preciso, que à semelhança do Cristo, descalcemos nossos pés e lavemos os pés dos que se nos apresentam como irmãos. A atitude descalça aguça a audição assim como os pés limpos.


Não, os representantes dos três poderes não estariam dando um tiro nos pés se deslocassem seus escritórios para áreas próximas às favelas. A oportunidade de elevar suas consciências podálicas a ambientes tão anecúmenos, culminaria em algum momento em uma melhor compreensão das necessidades de quem nelas mora. Palmilhar diferentes solos é tornar-se consciente das diferentes nuances do humano.
Peixes, os pés, é um signo relacionado com o elemento água. A gravidade celeste evapora, eleva, enleva, aspira e faz chover. A água que não evapora aos céus se torna desespero; as águas que o fazem, esperança, porque chovem e agraciam a terra. Que nossas águas chovam e não chorem. Que eu abençoe antes a despertar pena. Quando eu purifico e elevo minhas águas, meu sangue se purifica e pode receber, além de mais conscientemente aprender o meu Ser. O sangue purificado é abençoado e visitado cada vez mais por aqueles que inspiram e conduzem, e cada vez menos por aqueles que viciam, vampirizam e induzem.


Notemos quando caminhamos e palmilhamos o chão, como os pés se assemelham a dois corações que, ao pisar sobre o plexo venoso na sola, bombeiam o sangue para cima; sangue que ascende com todo o aprendizado do percurso. Caminhemos e sejamos corações nos pés, quem sabe seja esse o primeiro passo para criar asas nesse órgão tão pouco visitado pela nossa atenção apesar de tão frequentemente pisoteado por todos.



domingo, 17 de fevereiro de 2019

SUGESTÃO DE EVENTO 23/02/19 - MESA REDONDA


ASPECTOS DO PENSAR E DESACELERAR I


Por: José Geraldo M. Meireles - Psicólogo

Era Primavera: as flores exalavam em profusão perfumes, e os pássaros cantavam.
Nesse clima de festa, conta a lenda: um filho sacudido pelo entusiasmo e um pai tranquilo caminhavam por uma montanha. De repente, o menino cai, machuca-se e grita: ai! Para sua surpresa, escuta sua voz repetindo-se em algum lugar da montanha. Curioso, o menino pergunta: quem é você? Contrariado grita: seu covarde! E escuta a resposta: seu covarde!
O menino olha atentamente para o pai e indaga: o que é isso? O pai sorri e diz: meu filho, preste atenção. Grita em direção à montanha: eu admiro você! Você é campeão! A voz responde: você é campeão!
O menino espanta-se e não entende. O pai explica pacientemente. As pessoas chamam isso de eco, mas, na verdade, isso é da vida que lhe dá de volta tudo que fala, deseja de bem ou de mal aos outros. Devolverá toda blasfêmia, inveja, incompreensão, falta de honestidade que você desejou às pessoas que o cercam. Nossa vida é o reflexo de nossas ações. Se quer mais amor, compreensão, harmonia e felicidade crie mais amor, compreensão, harmonia e felicidade no coração. Agindo, assim, meu filho, a vida lhe dará felicidade, sucesso e amor das pessoas que o cercam.
Desde a infância, a autoimagem é formada por crenças, convicções e valores. Forma-se a base da personalidade. A autoimagem positiva aponta para comportamentos construtivos; a negativa, para comportamentos destrutivos.
O sucesso é, também, moldado pela autoimagem que se constrói: “sucesso e vitória estão a serviço da vida, e triunfo está ligado à arrogância e à morte, pois implica em destruir o outro ou pisá-lo”. Diante do sofrimento e da carência dos outros, o arrogante não se sensibiliza, o que é atributo da pessoa imatura e egoísta.
Tempo há, pesquisas científicas diversas comprovam que pensamentos positivos ou negativos podem apontar para respostas fisiológicas correspondentes.
Do imaginário à realidade, ante as contradições brutais de nossa época e a repressão advinda de elementos culturais, percebo que algumas pessoas se sentem ansiosas e tensas. Muitas vezes, a incerteza instala-se. Sob a égide do livre arbítrio, deparam-se com dilemas inevitáveis: “o que podem, o que querem e o que devem fazer”. Isso envolve o princípio do prazer – o desejo é inquietante e indomável – e o princípio da realidade.
Não acredito que os anseios da pessoa consciente e corajosa restrinjam-se a uma casual e modesta participação na realidade socioeconômica contemporânea.
A nova dimensão da realidade e as mudanças trazem turbulência e geram ansiedade acentuada. É chegado o momento de banir modelos rígidos de trabalho. O homem e suas motivações são dinâmicos. Mesmo no ambiente competitivo do trabalho, toda pessoa é um ser sensível e racional. Sua caminhada se faz através de todas as possibilidades que lhe são inerentes: o agir segue o ser – ensina o filósofo S. Tomás de Aquino.
A geração da década de 1960 – da qual fiz parte – injetava utopia na veia e pautava-se por ideologias solidárias: mudar o mundo, derrubar ditaduras, desigualdades sociais, redirecionar a ordem das coisas etc. Na atualidade, com raríssimas exceções predominam a mesmice e a mediocridade.
In Sêneca – filósofo – vida é profundidade e não extensão. As pedras existem, mas inertes, não vivem. “Se a vida está na ação, mais vive aquele que mais age”.
A igreja católica é sábia quando, em sua profunda psicologia da vida escrevia sobre os túmulos daqueles que morriam na mocidade, mas com as mãos repletas de virtude esta belíssima inscrição: este morreu na mocidade, mas foram longos os seus dias. Feliz é o homem que sabe que não sabe e vai à busca do saber – esclarece o psicólogo Dr. Agostinho Minicucci (1918-2006).
John Barrymore – ator inglês – alerta que a pessoa envelhece, quando os lamentos substituem os sonhos.
A massagem e o relaxamento são eficazes para estimular a secreção de endorfinas – analgésicos poderosos cujo fluxo proporciona bem-estar, mantendo o equilíbrio entre o tônus vital e a depressão.
Após o banho, revigora-se o ânimo. No banheiro, a pessoa despe-se dos resíduos do corpo (higiene pessoal) e da mente. Desfazem-se as máscaras sociais, e advém a sensação de alívio.
Cada nau tem a sensação de descobrimento, porque o mar não guarda vestígio das quilhas anteriores. O sábio e experiente navegador que a conduz sente a realização de sua própria vida em cada parcela de verdade por ele conhecida, ao contemplar a dinâmica das ondas. Movido pela vibração intensa, pode intuir que “sabedoria é a memória da experiência”.
Renovar-se, pois, significa entregar à morte tudo o que é ultrapassado, para que o novo possa expandir-se livremente. Desprender-se de coisas que, um dia, foram boas e de ideias que foram relevantes, mas, com o passar do tempo, ficaram ultrapassadas.

Referências

LEITE, S. M e MEIRELES, J.G. Ser...Gerente, Mg. Editores Associados – São Paulo, 1988.
REGINATO, G. Artigo: É hora de desacelerar. Jornal da Tarde – São Paulo, 2006.
JORNAL – Hospital Santa Cruz, São Paulo, 2002.
PELLEGRINO, H. A Burrice do Demônio, Editora Rocco – Rio de Janeiro, 1989.
BETTO, F. O que a vida me ensinou – Editora Saraiva – São Paulo, 2013.
CURY, A. Ansiedade – Editora Saraiva – São Paulo, 2014.
PESSANHA, A. L. S. Além do Divã – Casa do Psicólogo – São Paulo, 2004.
MENTE CÉREBRO – Revista – Os Tormentos da Ansiedade – Ano XVIII – nº 219, São Paulo.

OLAVO BILAC - ASTROLOGIA


Via Láctea (trecho XIII)
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Olavo Bilac )
(Publicado em  Antologia Poética - Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. p. 28)


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O MUNDO INTERIOR


POR: GERALDO DRUMOND
   


Viva sua vida fazendo a sua parte, cuidando daqueles que lhe são queridos, assumindo a responsabilidade integral pelos seus acertos e erros. Procure fazer sempre o melhor mesmo que não enxergue benefícios imediatos. O mundo exterior melhora quando trabalhamos nosso mundo interior. É a grande contribuição que fazemos a nós mesmos e ao universo...


ROMA E NIETZSCHE




Alguns amigos meus apreciam esse pensador contemporâneo Nietzsche. Para conversar com eles li alguns livros que esse cavalheiro simpático de bigode escreveu. Depois do livro “O Anticristo”, onde o autor descreve a célebre “Lei contra o cristianismo”, bem nas últimas páginas, com os sete artigos famosos, prossegui aprendendo no “Ecce Homo” o porquê de ele escrever livros tão bons assim como o porquê de sua sabedoria e inteligência. Muito interessante sua forma de escrever e explicar!
Lendo, entretanto, o livro “Além do Bem e do Mal”, fui surpreendido pela coincidência sincroníssima de assistir ao filme Roma. Sim, pois a tensão que se mostra na compreensão da mulher em cada uma das obras é tão intensa que chama a atenção do leitor.
Em “Roma” a mulher é retratada como pilar de sustentação, pedra fundamental, pedra angular, enquanto o homem é ser de qualidade lastimável e que deixa a desejar pois: não assume seus compromissos, é tosco, foge quando o contexto se torna complexo e finalmente se situa inevitavelmente em um dos extremos que vai de uma mansidão servil a uma agressividade cega e sem fundamento. O filme retrata as qualidades femininas e surpreende ao expor as limitações de um masculino caricato. Curiosamente caricato, mas facilmente identificável nos noticiários e nas telenovelas da atualidade.
No capítulo “Nossas Virtudes” de “Além do bem e do mal” do filósofo niilista encontra-se uma compreensão da mulher curiosíssima e de qualidade diametralmente oposta. Senão vejamos no fragmento 234 onde se lê: “... Se a mulher fosse uma criatura pensante teria descoberto, cozinhando a milênios, os mais importantes fatos fisiológicos, e teria também aprendido arte da cura! Por más cozinheiras – por total ausência de razão na cozinha é que a evolução do homem foi mais longamente retardada, mais gravemente prejudicada: isso pouco mudou em nossos dias”. Uma visão particular do autor a respeito das mulheres; um convite a pensar.
É curiosa a forma como o autor compreende e descreve a mulher na referida obra, em especial no que se refere às “Sete máximas de mulher”, onde ele se solta e esbanja em intensidade e potência:
1-      Como voa para longe o tédio, quando um homem nos faz o assédio!
2-      A idade, ai! A ciência e a cultura tornam virtuosa até mesmo a menos pura.
3-      Vestido escuro e boca fechada: faz toda mulher parecer – dotada.
4-      A quem sou grata a vida inteira? A Deus – e a minha costureira!
5-      Jovem: caverna com flores. Velha: um dragão diz horrores.
6-      Nome distinto, olhos de fera, além disso homem: ah, quem me dera!
7-      Palavra curta, sentido amplo como um rio: para a jumenta, gelo escorregadio!
Finalmente, o pensador expressa sua apreciação ao trato às mulheres no oriente e nos convida a meditar a respeito. Assim no fragmento 238 lemos: “Mas um homem que tenha profundidade tanto no espírito como nos desejos, e também a profundidade da benevolência que é capaz de rigor e dureza, não pode pensar sobre a mulher senão de modo oriental – ele tem de conceber a mulher como posse, como propriedade, a manter sob sete chaves, como algo destinado a servir e que só então se realiza; ele tem que se apoiar na imensa razão asiática, na superioridade de instinto da Ásia, tal como antigamente fizeram os gregos, esses grandes herdeiros e discípulos da Ásia...”.
Compor uma síntese onde o feminino e o masculino sejam contemplados em sua importância e inteireza não é simples. Tal síntese, no entanto, é desejável no momento presente. A leitura de obras que se contrapõem auxilia na visita aos espaços recônditos, dos preconceitos e das limitações, mas principalmente é convite ao autoexame. Assim como o autoexame da mama tem utilidade na profilaxia do câncer de mama, o autoexame da alma e a compreensão sincera de nossos limites pode ser de grande utilidade na profilaxia do “câncer” na alma.
Na sua opinião, entre as polaridades masculino e feminino, qual está cumprindo melhor seu compromisso com a história humana?



CATÁSTROFES NATURAIS



O homem é ser integrante da natureza. Existem catástrofes, mas a natureza em si é maravilha.
Para o olho que enxerga, além de ver, a natureza respira no vulcão que resfria a terra; se acomoda em seu leito esplêndido terremotando e remontando a terra; banha suas costas com o mar remoto no maremoto, esse mar maroto; e se enfurece e furacona para se aliviar; afinal de contas quem de nós não suspira às vezes.
A natureza sempre ajuda, corrige, compensa. Ultimamente as catástrofes naturais são recebidas com estranheza. As catástrofes, se de fato hão, são do humano, esse acidente da natureza, que se contrapõe à mãe e seu convite a ser natural. Escolheu o normal, esqueceu o natural!!
A catástrofe natural mais óbvia talvez seja a catástrofe humana. A natureza é uma aliada e ensina os movimentos primordiais que nós humanos devemos operar, sejam o fogo criativo vulcânico que refresca e oferece matéria prima para o corpo; a água fecundante dos mares que inundam e limpam nossos recessos mais inférteis para que retornem à fertilidade; o remexer dos terremotos e de terra que nos recorda de tempos em tempos que a vida é movimento; finalmente o sopro dos furacões que nos recorda também sermos sopro e que passaremos como eles.
Qual seria a maior catástrofe, os movimentos de acomodação da natureza ou o humano e sua paralisia? Há evidências contundentes de que o humano está paralítico e que a natureza, solene e silente, o encontra sempre distraído. Seja bem vinda mãe e irmã!



segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

FINAL FELIZ E OUTROS FINAIS



No cinema, teatro e na vida as coisas podem ir bem ou não. Tem histórias que acabam bem e outras que não. Tem pessoas que são de bem e outras que não; não chegam a ser más, apenas não de bem. Não de bem com a vida.
Os amigos que gostam de filmes e peças com final feliz tendem à desconfiança, apreciam o controle e geralmente conhecem o medo. Julgam saber o que é certo ou errado com muita clareza. Chegam a ser quase preconceituosos. Não gostam do feio, evitam. De fato, o feio não faz parte da vida deles; como poderia? Vivem de aparências e de comparações. Afinal, se eu não me comparo com algo, como saber quem sou? Quem não tem dentro encontra suas referências fora. Vive no espelho, como a bruxa da branca de neve.
Alguém disse que o hábito faz o monge. Também o hábito da necessidade do final feliz ou conclusivo é determinante do perfil da pessoa. Após a descrição da anatomia neurológica dos neurônios em espelho, pessoalmente noto que isso é muito verdadeiro. Nos relacionamos empaticamente com aquilo com que nos alimentamos; nos tornamos nossos “alimentos”. O prisioneiro do final feliz precisa que alguém lhe mostre o sentido, explique o porquê das coisas. A pessoa final feliz está mais refém do mundo das informações que convencem em decorrência do sentido aparente. O economista Nassim Nicholas Taleb no clássico “A Lógica do Cisne Negro” esclarece com simplicidade o poder das notícias que explicam, que associam uma causa a um dado efeito, que induzem, enfim que tentam mostrar que tudo está sob controle porque tudo se explica e se justifica; inclusive o mercado financeiro. Claro o sentido é sempre desejável, desde que proposto, raramente quando imposto e se possível que seja composto entre as partes envolvidas.
O absurdo deve sempre ser considerado e computado enquanto possibilidade; tudo é possível, nos cabendo apenas considerar probabilidades. O pensador Guimarães Rosa tem histórias que mostram isso. Teria o jagunço Riobaldo considerado a possibilidade de Diadorim ser quem era?   
Os amigos que gostam de filmes com outros tipos de finais são diferentes. Diferentes de todos os outros. São únicos. Chegam a ser chatos de tão únicos. Se percebem tão bem a partir de dentro, pois têm vida interior, que parecem não se importar com o mundo exterior. Mas se importam sim; querem fazer diferença. Sabem que as coisas nem sempre acabam como gostariam e que o imprevisto e o inusitado são faces da felicidade nem sempre bem-vindos.
Gosto de todo tipo de final, mas também quando não termina. Quando não há final, então o caminho e a caminhada podem ser o próprio fim.