Alguns
amigos meus apreciam esse pensador contemporâneo Nietzsche. Para conversar com
eles li alguns livros que esse cavalheiro simpático de bigode escreveu. Depois
do livro “O Anticristo”, onde o autor descreve a célebre “Lei contra o
cristianismo”, bem nas últimas páginas, com os sete artigos famosos, prossegui
aprendendo no “Ecce Homo” o porquê de ele escrever livros tão bons assim como o
porquê de sua sabedoria e inteligência. Muito interessante sua forma de
escrever e explicar!
Lendo,
entretanto, o livro “Além do Bem e do Mal”, fui surpreendido pela coincidência sincroníssima
de assistir ao filme Roma. Sim, pois a tensão que se mostra na compreensão da
mulher em cada uma das obras é tão intensa que chama a atenção do leitor.
Em “Roma”
a mulher é retratada como pilar de sustentação, pedra fundamental, pedra
angular, enquanto o homem é ser de qualidade lastimável e que deixa a desejar pois:
não assume seus compromissos, é tosco, foge quando o contexto se torna complexo
e finalmente se situa inevitavelmente em um dos extremos que vai de uma mansidão
servil a uma agressividade cega e sem fundamento. O filme retrata as qualidades
femininas e surpreende ao expor as limitações de um masculino caricato. Curiosamente
caricato, mas facilmente identificável nos noticiários e nas telenovelas da
atualidade.
No capítulo
“Nossas Virtudes” de “Além do bem e do mal” do filósofo niilista encontra-se
uma compreensão da mulher curiosíssima e de qualidade diametralmente oposta.
Senão vejamos no fragmento 234 onde se lê: “... Se a mulher fosse uma criatura pensante
teria descoberto, cozinhando a milênios, os mais importantes fatos
fisiológicos, e teria também aprendido arte da cura! Por más cozinheiras – por total
ausência de razão na cozinha é que a evolução do homem foi mais longamente
retardada, mais gravemente prejudicada: isso pouco mudou em nossos dias”. Uma visão
particular do autor a respeito das mulheres; um convite a pensar.
É curiosa
a forma como o autor compreende e descreve a mulher na referida obra, em
especial no que se refere às “Sete máximas de mulher”, onde ele se solta e
esbanja em intensidade e potência:
1- Como
voa para longe o tédio, quando um homem nos faz o assédio!
2- A
idade, ai! A ciência e a cultura tornam virtuosa até mesmo a menos pura.
3- Vestido
escuro e boca fechada: faz toda mulher parecer – dotada.
4- A quem
sou grata a vida inteira? A Deus – e a minha costureira!
5- Jovem:
caverna com flores. Velha: um dragão diz horrores.
6- Nome
distinto, olhos de fera, além disso homem: ah, quem me dera!
7- Palavra
curta, sentido amplo como um rio: para a jumenta, gelo escorregadio!
Finalmente,
o pensador expressa sua apreciação ao trato às mulheres no oriente e nos
convida a meditar a respeito. Assim no fragmento 238 lemos: “Mas um homem que
tenha profundidade tanto no espírito como nos desejos, e também a profundidade
da benevolência que é capaz de rigor e dureza, não pode pensar sobre a mulher senão
de modo oriental – ele tem de conceber a mulher como posse, como propriedade, a
manter sob sete chaves, como algo destinado a servir e que só então se realiza;
ele tem que se apoiar na imensa razão asiática, na superioridade de instinto da
Ásia, tal como antigamente fizeram os gregos, esses grandes herdeiros e discípulos
da Ásia...”.
Compor
uma síntese onde o feminino e o masculino sejam contemplados em sua importância
e inteireza não é simples. Tal síntese, no entanto, é desejável no momento
presente. A leitura de obras que se contrapõem auxilia na visita aos espaços recônditos,
dos preconceitos e das limitações, mas principalmente é convite ao autoexame. Assim
como o autoexame da mama tem utilidade na profilaxia do câncer de mama, o
autoexame da alma e a compreensão sincera de nossos limites pode ser de grande
utilidade na profilaxia do “câncer” na alma.
Na sua
opinião, entre as polaridades masculino e feminino, qual está cumprindo melhor seu
compromisso com a história humana?
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