terça-feira, 19 de março de 2019

CRIANÇA INTERIOR

POR: GERALDO DRUMOND


É na medida que não nos reconhecemos e não nos valorizamos, que buscamos o reconhecimento do outro. E é importante que saibamos que o relacionamento mais importante que temos é entre nossa mente consciente e nosso subconsciente, que é representado pela nossa criança interior. Este é o verdadeiro relacionamento importante que temos e que pode nos dar as respostas que buscamos. Estão dentro de nós mesmos e não na opinião dos outros.

OS PÉS


Os pés, no zodíaco representados por Peixes, representam a culminância da história cósmica de nossa humanidade. História que principia na cabeça (Áries), atravessa todas as hierarquias zodiacais e as diferentes partes do corpo que elas regem até alcançar a horizontalidade da superfície terrestre. Sim, pois os pés representam a consciência do contato com a terra. Na horizontalidade da terra os pés nos conduzem quando nos dispomos e não oferecemos obstáculo; eles são a última instância do querer que nos move.
Exceção feita ao folclórico Saci, não há um pé mais importante que o outro; o pé direito e o esquerdo compõem o atual estado humano. Quando o Humano é saudável, não claudica e não exige ou prefere pisar à direita ou à esquerda, senão apenas pisa. Se prefere um ao outro sente pena e afunda, já ao não preferir, as penas se reúnem em asas de voar e os pés deixam de ferir a pele da Terra. Voar permite ver de cima o movimento do abraço fraterno da respiração direita-esquerda.


Os pés guardam relação íntima com o perdão, sendo comum que eles doam ou se machuquem na medida em que me nego a exercitar o perdão, seja na coragem do sentido ativo de perdoar ou na resignação do pedir perdão. Cabe à nossa humanidade criar asas nos pés, para que eles sejam alçados ao alto de onde vieram. Morfologicamente semelhantes aos ouvidos, os pés portam em si todos os pontos de acupuntura em sua superfície. Isso mostra que somos destinados a escutar a terra e que devemos tornar nossos pés, como que um segundo ouvido, com a finalidade de contar ao alto tudo o que se passa aqui nesse plano (como em cima em baixo).
É fundamental, apesar de nossa única parte que funciona na horizontal, que de tempos em tempos permitamos que eles se verticalizem. Como fazer isso? Sempre que reverentemente nos curvamos e agradecemos à vida e a Deus pelo mistério que nos envolve e que permite que continuemos a ser, apesar dos tantos equívocos cotidianamente cometidos. Quando ajoelho, meus pés se verticalizam e com eles subo aos céus, se não por mim, pela graça que me acolhe em oração. Praticar a verticalização dos pés ao ajoelhar é o melhor preparo para a verticalização última dos pés, quando a respiração deixa de ser e o corpo se deita de forma definitiva.
Pedras nos sapatos se formam quando não há oração (aspiração) e nos tornamos vítimas da gravidade terrestre (desespero); a oração que não sobe se cristaliza e empedra. Caminhar sem oração é errar, seu oposto é curar. É preciso, que à semelhança do Cristo, descalcemos nossos pés e lavemos os pés dos que se nos apresentam como irmãos. A atitude descalça aguça a audição assim como os pés limpos.


Não, os representantes dos três poderes não estariam dando um tiro nos pés se deslocassem seus escritórios para áreas próximas às favelas. A oportunidade de elevar suas consciências podálicas a ambientes tão anecúmenos, culminaria em algum momento em uma melhor compreensão das necessidades de quem nelas mora. Palmilhar diferentes solos é tornar-se consciente das diferentes nuances do humano.
Peixes, os pés, é um signo relacionado com o elemento água. A gravidade celeste evapora, eleva, enleva, aspira e faz chover. A água que não evapora aos céus se torna desespero; as águas que o fazem, esperança, porque chovem e agraciam a terra. Que nossas águas chovam e não chorem. Que eu abençoe antes a despertar pena. Quando eu purifico e elevo minhas águas, meu sangue se purifica e pode receber, além de mais conscientemente aprender o meu Ser. O sangue purificado é abençoado e visitado cada vez mais por aqueles que inspiram e conduzem, e cada vez menos por aqueles que viciam, vampirizam e induzem.


Notemos quando caminhamos e palmilhamos o chão, como os pés se assemelham a dois corações que, ao pisar sobre o plexo venoso na sola, bombeiam o sangue para cima; sangue que ascende com todo o aprendizado do percurso. Caminhemos e sejamos corações nos pés, quem sabe seja esse o primeiro passo para criar asas nesse órgão tão pouco visitado pela nossa atenção apesar de tão frequentemente pisoteado por todos.