Por: José Geraldo
M. Meireles - Psicólogo
Era Primavera: as flores exalavam em profusão perfumes, e os
pássaros cantavam.
Nesse clima de festa, conta a lenda: um filho sacudido pelo
entusiasmo e um pai tranquilo caminhavam por uma montanha. De repente, o menino
cai, machuca-se e grita: ai! Para sua surpresa, escuta sua voz repetindo-se em
algum lugar da montanha. Curioso, o menino pergunta: quem é você? Contrariado
grita: seu covarde! E escuta a resposta: seu covarde!
O menino olha atentamente para o pai e indaga: o que é isso? O pai
sorri e diz: meu filho, preste atenção. Grita em direção à montanha: eu admiro
você! Você é campeão! A voz responde: você é campeão!
O menino espanta-se e não entende. O pai explica pacientemente. As
pessoas chamam isso de eco, mas, na verdade, isso é da vida que lhe dá de volta
tudo que fala, deseja de bem ou de mal aos outros. Devolverá toda blasfêmia,
inveja, incompreensão, falta de honestidade que você desejou às pessoas que o
cercam. Nossa vida é o reflexo de nossas ações. Se quer mais amor, compreensão,
harmonia e felicidade crie mais amor, compreensão, harmonia e felicidade no
coração. Agindo, assim, meu filho, a vida lhe dará felicidade, sucesso e amor
das pessoas que o cercam.
Desde a infância, a autoimagem é formada por crenças, convicções e
valores. Forma-se a base da personalidade. A autoimagem positiva aponta para
comportamentos construtivos; a negativa, para comportamentos destrutivos.
O sucesso é, também, moldado pela autoimagem que se constrói:
“sucesso e vitória estão a serviço da vida, e triunfo está ligado à arrogância
e à morte, pois implica em destruir o outro ou pisá-lo”. Diante do sofrimento e
da carência dos outros, o arrogante não se sensibiliza, o que é atributo da
pessoa imatura e egoísta.
Tempo há, pesquisas científicas diversas comprovam que pensamentos
positivos ou negativos podem apontar para respostas fisiológicas
correspondentes.
Do imaginário à realidade, ante as contradições brutais de nossa
época e a repressão advinda de elementos culturais, percebo que algumas pessoas
se sentem ansiosas e tensas. Muitas vezes, a incerteza instala-se. Sob a égide
do livre arbítrio, deparam-se com dilemas inevitáveis: “o que podem, o que
querem e o que devem fazer”. Isso envolve o princípio do prazer – o desejo é
inquietante e indomável – e o princípio da realidade.
Não acredito que os anseios da pessoa consciente e corajosa
restrinjam-se a uma casual e modesta participação na realidade socioeconômica
contemporânea.
A nova dimensão da realidade e as mudanças trazem turbulência e
geram ansiedade acentuada. É chegado o momento de banir modelos rígidos de
trabalho. O homem e suas motivações são dinâmicos. Mesmo no ambiente
competitivo do trabalho, toda pessoa é um ser sensível e racional. Sua
caminhada se faz através de todas as possibilidades que lhe são inerentes: o
agir segue o ser – ensina o filósofo S. Tomás de Aquino.
A geração da década de 1960 – da qual fiz parte – injetava utopia
na veia e pautava-se por ideologias solidárias: mudar o mundo, derrubar
ditaduras, desigualdades sociais, redirecionar a ordem das coisas etc. Na
atualidade, com raríssimas exceções predominam a mesmice e a mediocridade.
In Sêneca – filósofo – vida é profundidade e não extensão. As
pedras existem, mas inertes, não vivem. “Se a vida está na ação, mais vive
aquele que mais age”.
A igreja católica é sábia quando, em sua profunda psicologia da
vida escrevia sobre os túmulos daqueles que morriam na mocidade, mas com as
mãos repletas de virtude esta belíssima inscrição: este morreu na mocidade, mas
foram longos os seus dias. Feliz é o homem que sabe que não sabe e vai à busca
do saber – esclarece o psicólogo Dr. Agostinho Minicucci (1918-2006).
John Barrymore – ator inglês – alerta que a pessoa envelhece,
quando os lamentos substituem os sonhos.
A massagem e o relaxamento são eficazes para estimular a secreção
de endorfinas – analgésicos poderosos cujo fluxo proporciona bem-estar,
mantendo o equilíbrio entre o tônus vital e a depressão.
Após o banho, revigora-se o ânimo. No banheiro, a pessoa despe-se
dos resíduos do corpo (higiene pessoal) e da mente. Desfazem-se as máscaras
sociais, e advém a sensação de alívio.
Cada nau tem a sensação de descobrimento, porque o mar não guarda
vestígio das quilhas anteriores. O sábio e experiente navegador que a conduz
sente a realização de sua própria vida em cada parcela de verdade por ele
conhecida, ao contemplar a dinâmica das ondas. Movido pela vibração intensa,
pode intuir que “sabedoria é a memória da experiência”.
Renovar-se, pois, significa entregar à morte tudo o que é
ultrapassado, para que o novo possa expandir-se livremente. Desprender-se de
coisas que, um dia, foram boas e de ideias que foram relevantes, mas, com o
passar do tempo, ficaram ultrapassadas.
Referências
LEITE, S. M e MEIRELES, J.G. Ser...Gerente, Mg. Editores
Associados – São Paulo, 1988.
REGINATO, G. Artigo: É hora de desacelerar. Jornal da Tarde – São
Paulo, 2006.
JORNAL – Hospital Santa Cruz, São Paulo, 2002.
PELLEGRINO, H. A Burrice do Demônio, Editora Rocco – Rio de
Janeiro, 1989.
BETTO, F. O que a vida me ensinou – Editora Saraiva – São Paulo,
2013.
CURY, A. Ansiedade – Editora Saraiva – São Paulo, 2014.
PESSANHA, A. L. S. Além do Divã – Casa do Psicólogo – São Paulo,
2004.
MENTE CÉREBRO – Revista – Os Tormentos da Ansiedade – Ano XVIII –
nº 219, São Paulo.
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