TEXTO
ESCRITO POR: MÁRIO INGLESI
VÍDEO
YOUTUBE SUGERIDO POR: RICARDO LEME
Veja também: Páscoa - Cordeiro ou Coelho?
A história da páscoa encenada por crianças
Dr. Ricardo
Eis que
chega neste ano, a festividade da Páscoa, cujo teor cinge-se à comemoração da
ressurreição de Cristo.
Isto,
talvez no plano eminentemente subjetivo, dado que, na nossa pretensa
modernidade, a comemoração mítica religiosa foi, como num passe de mágica,
substituída pela azáfama da posse de chocolate, em forma, preponderantemente, de
ovos, de tamanhos que vão dos maiores e, preferencialmente, recheados com mais
chocolates com sabores e tamanhos diversos, quando não acompanhados do seu
autor, também achocolatado, o então, sempre acolhedor, coelho da Páscoa, símbolo
mítico da fertilidade de vida nova trazido pelos imigrantes alemães à América,
- segundo consta, entre os séculos XVII e XVIII.
Esse
chocolate ganhou foro de verdadeiro anfitrião: dono da festa, e, como tal,
guloseima preferida pelas moçoilas de então já que os homens, à época,
machistas que se mostravam, esgueiravam-se até de experimentá-los, preferindo
dá-los às suas amadas, como prova de benquerença.
Para
elas, o empanturrar-se de chocolate era uma dádiva, mas também uma gula, e como
tal, pecado capital.
Para
livrar-se disso, e poder comê-lo sem culpa, corriam ao confessionário da igreja
mais próxima, para purgar o pecado em preces demandadas pelos prelados.
Entretanto,
com isso não garantiam sua cintura fina, cintura de pilão. Mas o que fazer? É
Pascoa!
Hoje,
agradecem elas, felizmente, esse tempo passou. O pecado foi pra cucuía,
totalmente ignorado nos dias que correm. A silhueta, por sua vez é mantida nas
“Academias” de ginásticas, com o uso por algumas horas, diárias ou não, dos
seus aparelhos miraculosos, como esteiras, bicicletas ergométricas,
levantamento de pesos, ou então, no andar quilométrico pelo calçadão, com a
perda das gordurinhas e, obviamente, com a feliz manutenção, da barriguinha
tanquinho, tão cuidadosamente mantida.
Os
namorados, agora, compartilham com elas e seus irmãos mais novos ou ainda
crianças, o doce sabor de muitos e muitos ovos, de chocolate, já em pedaços, de
tamanhos díspares e de acordo com o tamanho dos olhos, sempre maiores que a
boca.
Com
tudo isso, o que ficou garantido mesmo foi a fertilidade do coelho, que se
estendeu aos bolsos, cada vez mais cheios, dos fabricantes, sejam eles pessoas
jurídicas ou físicas, e também aos vendedores e revendedores, que com a ajuda
do merchandising dão status ao produto e promovem-lhe a venda em quantidades
nunca dantes imaginadas, cobrindo áreas enormes de mercados ou supermercados.
Mas o
que fazer? Será melhor comer, comer, comer, e talvez em horas aflitivas,
depois, logicamente, quando empanturrados de chocolate e tudo o mais de comes e
bebes em comemoração à data, pedir em alto e bom som: Senhor! Tende Piedade de
Nós!
Pode ajudar
dar alento a tanta gula, que se reitera dia a dia, mas o problema maior não se
atém a isso. Está em jogo a saúde, o bem estar, de crianças, jovens e adultos,
as complicações futuras, traduzidas em colesterol alto, diabetes, e outras
tantas doenças ou anormalidades físicas provindas do excesso de açúcar, cacau
de baixo teor, aditivos e outros ingredientes que normalmente se configuram num
“ovo” de Páscoa, numa caixa de bombons, ou em tabletes de chocolates oferecidos
a granel, por ocasião de mais essa festividade.
Certo:
É festa! É Comemoração! E, mais festas
mais comemorações! , e por aí “La Nave Va”, mas, em se tratando de nós, é
preciso lembrar de “Sinais do Mar” de Ana Maria Machado:
“Velas
sem vento
almas
sem calma
encalham
em sargaços
nas
águas salgadas.
Algumas
naufragam
soçobram
em escolhos
só
sobram
sem
escolhas
sem
escolta, poucas naus
- e
nós”
E
reafirmarmos para nós mesmos, inclusive em situações festivas como agora a da
Páscoa: “saúde é prioridade!!!” para um contínuo navegar e palmilhar esse nosso
microcosmo planeta Terra.
Mário
Inglesi
Nenhum comentário:
Postar um comentário