A Medicina da Saúde é baseada na preservação e na promoção. É sempre superior à Medicina da Doença focada na cura e na prevenção. Somos seres humanos e não "teres humanos”. A doença começa quando se deixa o SER pelo TER; saúde e vitalidade aumentam na direção do SER. A busca pelo SER leva à ampliação da consciência, guia do homem saudável e espelho para o doente. Refletindo o exemplo a ser imitado mostra como sair da horizontalidade do adormecimento e entrar na verticalidade do despertar.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
terça-feira, 17 de junho de 2014
ELOGIO x ELEGIA À VAIDADE – ACONTECEU EM 12 DE JUNHO
“Palavras do pregador,
filho de Davi, rei em Jerusalém.
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?”.
Eclesiastes 1:1-3
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?”.
Eclesiastes 1:1-3
Blogueiros homenageados 12/06/2014 |
No último dia 12 deste mês um evento sem precedentes
ocorreu na Arena Saúde é Consciência. Os mundialmente famosos blogueiros Mário
Inglesi e Ricardo Leme, reconhecidos pelo incansável trabalho rumo a uma humanidade
plenamente saudável, completaram juntos 126 anos! Sendo destes a maior experiência
atribuída ao octogenário Sr. Inglesi e 46 ao principiante Sr. Leme.
Excepcionalmente e de forma inédita, a equipe de
repórteres e correspondentes internacionais do blog foi destacada para a
cobertura do evento que transcorreu em ambiente reservado. Durante o evento os
homenageados discursaram cada qual manifestando sua peculiar expressão
geminiana. Seguem as falas dos homenageados.
Dr. Ricardo,
Caro amigo.
Não bastassem as festas juninas, em homenagem aos
sempre louvados: Santo Antônio, São João e São Pedro, dançando ‘quadrilha’,
tomando quentão, comendo pipoca e muitas guloseimas caseiras feitas e
oferecidas pelos paroquianos, e cantando, músicas de repertório já eternizado,
em meio a fogueiras e chuva de fogos de artifício, temos, também - ao que se
saiba - festejos de aniversários de dois compadres, um da saúde e todos os
demais afazeres, e, o outro - agora octogenário - pintando e bordando em
escritos vários e fugazes.
Agora, no arranjo dos
desarranjos, a ocorrer sempre neste mês de junho, porém, de quatro em quatro
anos, em países diversos, inventaram para gáudio popular, no Brasil, a tal Copa
do Mundo de Futebol, além de outras bossas esportivas, já agendadas, sempre com
muita antecedência e preparo.
Assim, neste ano, mais
uma Copa do Mundo. Desta feita, - imaginem que glória! - no Brasil. Trabalho e
dinheiro - logo, não faltarão desperdício e malversação, principalmente, no que
se refere ao segundo.
Isto tudo, porém, são
apenas firulas, o que interessa mesmo agora é homenagear o sr. doutor.
É que ele, tal como Sócrates
e Tostão - também doutores - o foram, em tempos idos - imaginem! - recebeu convocação
para integrar à seleção brasileira de futebol à Copa de 2014. Entre os melhores
dos melhores, pela somatória de feitos, lógico que é merecedor - e muito- da
nossa maior confiança e elogios. Afinal, como emérito atacante, mas com
qualidades para jogar em quaisquer posições ou frentes, sempre com sucesso, como
já demonstrou e vem demonstrando, numa metamorfose a olhos vistos, só nos resta
aplaudi-lo e torcer por seus gols logo na primeira partida no dia 12 de junho.
Estamos confiantes, sempre na torcida, para aclamá-lo e parabenizá-lo logo na
estreia, pelo gol ou gols da vitória do time brasileiro.
Portanto, doutor, conte
com nossa confiança e nossos aplausos sempre. Um ídolo é para comemorá-lo e
homenageá-lo em todas as oportunidades, principalmente, nessa dupla ocasião de
aniversariante e jogador na 1ª Copa inteiramente brasileira.
Afinal, depois da foto com
o rei Pelé, o senhor estará, visceralmente, no olho da mídia, ainda mais, com o
abraço do Rei, o seu aval, como jogador foi garantido. Ô, homem sortudo, tá
feito na vida…
Ora, ora. Mas, não há surpresas. Tudo é possível.
Para quem é fundador e titular do: “Saúde É Consciência”, - time dos mais
importantes e cujos feitos esportivos e sociais em prol da saúde vem ganhando
cada vez maior notoriedade, o fato ora ocorrido é notoriamente corriqueiro e
justificado.
Bem! O cansaço
por tantas efemérides festivas – Festas Juninas, Aniversários e Copa do Mundo –
creia, não me fará esmorecer e nem me abaterá nenhum pouco, ainda porque, com
um sorriso à la “Monalisa” e ensimesmado, aproveitarei para refletir sobre a “brevidade
da vida”.
Parabéns e abraços de congratulações a todos os
festeiros e com vivas e brindes, em particular, ao nosso grande e emérito amigo
homenageado.
Mário Inglesi
Dr. Sr. e Vovô
Mário,
Companheiro de caminhada!
Compadres comemoram, festas juninam e neste ano nosso
doze de junho virou feriado! Importantes por tabela, operários da saúde,
brindemos os leitores com reflexões, especialmente as octogenárias, saudáveis em
si visto o precioso e consistente percurso que as sustentam desde nosso primeiro
bate bola no livro “Saúde É Consciência”.
Passadas as firulas, bem delineadas e acentuadas, me
resta, embalado pelos confetes lançados, agradecer e retribuir o aprendizado
que abunda sempre de sua bondade, palavras que se envaidecem por um lado, por
outro lembram a longa caminhada desde a estação vaidade à quase inavistável e
quiçá inabitável humildade. De fato, suas palavras me envaideceram e assim me
levaram a refletir sobre esta companheira, também sorrateira!
Um amigo mineiro que estudou física sempre fica sério
quando eu descuidado o elogio e diz: “Ricardo, como sabe, o elogio colapsa a
função de onda e quando a onda vira partícula pode esbarrar em alguém e se
desviar...”. De fato, o elogio, primo distante da elegia, pode confundir e
fazer tropicar. Recordo-me a esse respeito da última cena do filme “Advogado do
Diabo” (veja abaixo) em que o moço crente na vitória, de fato baldeava para a
estação eterno retorno...
É vaidade ou orgulho popular dizer que devagar se vai
ao longe, que uma andorinha só não faz verão e que nenhum ser humano é uma
ilha? Sem resposta, desejo que a profícua caminhada conjunta prossiga, assim
como sua inspiradora generosidade, na esperança de algum dia, por imitação eu
possa ser um pouco menos Eu e um pouco mais Tu, buberianamente falando. De
fato, vaidade é insanidade e, portanto distancia da saúde.
E por ser assunto capital, convoco o pensador Leandro
Karnal para nos contar em palavras precisas um pouco mais sobre esse pecado
nosso de cada dia, o orgulho. Precisas de necessárias e também de certeiras,
carregadas de preciosidade e de precisão, mas recheadas do amor inerente à
sabedoria.
É sempre surpresa notar como apenas duas letras
transformam a vaidade, cheia de si, em algo formoso como a vacuidade, voilá, prima esvaziada. Que esse “vazio”
seja para nós, vaso a ser preenchido não pelo inútil visto fútil, talvez
infértil quando não infernal...
Enquanto esperamos, na semana vindoura, a chegada
simbólica do Corpo de Cristo, recordemos que em intervalo similar ao que separa
nossas idades, um de nossa raça foi capaz de mudar a história do humano sem
usar um lápis, senão sendo um. Um verdadeiro escritor fantasma!
Claro houve outros, como Sócrates, e o mais incrível
foi ter feito tudo sem gastar um “Tostão”! Ou seja, sem desperdício ou
malversação!
Caro amigo, que nosso time, nossa tabelinha, nossa
caminhada se eternize (seja escrita no éter) e seja útil; e que seus 80 “gols” sirvam
de lanterna para os cantos escuros onde o breve viver de seu parceiro não
alcança. Que sua humílima pessoa e sabedoria possam continuar presenteando este
blog e seus leitores e que saúde e consciência lhe sejam concedidas nos
incontáveis “doces de junho” por virem. Espero não tê-lo embevecido, escolhi a
elegia ao elogio, pois sei de ter sido ensinado, que para desencaminhar um
grande homem, bastam três elogios.
Muitos vivas para os vivos aos 80 e de maneira especial
ao companheiro de jornada Dr. Sr. e Vovô Inglesi, visto ser vivo que vive e não
dos que apenas existem como o reino mineral e quimeras do hominal.
Ricardo José de Almeida Leme
segunda-feira, 16 de junho de 2014
CORPUS CHRISTI - A "PEDRA ANGULAR"
Veja também: CORPUS CHRISTI - DO LATIM CORPO DE CRISTO
Texto escrito há 74 anos atrás por: René Guénon(*) (1)
O simbolismo da "pedra
angular" na tradição cristã é baseado neste texto: "A pedra que os
construtores rejeitaram tornou-se a principal pedra de ângulo" ou, mais
precisamente, "a cabeça de ângulo" (caput anguli)(2). O estranho é que esse simbolismo é
quase sempre mal compreendido, como resultado de uma confusão comumente feita
entre a "pedra angular" e a "pedra fundamental", à qual se
refere este outro texto ainda mais conhecido: "Tu és Pedro e sobre esta
pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela"(3). Tal confusão é estranha, dizemos, porque do ponto de
vista especificamente cristão equivale a confundir São Pedro com o próprio CRISTO,
visto ser este designado de forma expressa como "pedra angular", tal como
mostra esta passagem de São Paulo, que, além do mais, distingue-a claramente
das "fundações" do edifício: "Sois um edifício construído sobre
o fundamento dos apóstolos e profetas, com o próprio Jesus CRISTO como pedra
principal do ângulo (summo angulari lapide);
nele, bem ajustado, o edifício inteiro se ergue em templo sagrado, no Senhor; e
vós, também, nele sois co-edificados para serdes uma habitação de Deus, no
Espírito(4). Se o equívoco em questão fosse apenas moderno, sem
dúvida não haveria motivo para surpresa, mas parece já encontrar-se em tempos
nos quais não é mais possível atribuí-lo pura e simplesmente à ignorância do
simbolismo. Somos portanto levados a perguntar se, na realidade, não se
trataria antes, na origem, de uma “substituição” intencional, que explica o
papel de São Pedro como "substituto" de CRISTO (no latim vicarius, correspondendo nesse sentido ao
árabe Khalîfah). Se assim for, esse
modo de “velar” o simbolismo da "pedra angular" parece indicar que esta
era algo que encerrava um particular mistério, e veremos a seguir que tal
suposição está longe de ser injustificada(5). Seja como for, existe
nesta identificação das duas pedras, mesmo do ponto de vista da lógica simples,
o que é claramente uma impossibilidade, desde que se examinem com um pouco de
atenção os textos citados acima: a "pedra fundamental" é colocada em
primeiro lugar, exatamente no início da construção de um edifício (e é por isso
que ela é também denominada "primeira pedra")(6). Consequentemente,
como poderia ela ser transferida durante o desenrolar da própria construção?
Para que assim seja, é preciso ao contrário que a “pedra angular” tenha uma tal
forma que não possa ainda encontrar seu lugar. E de fato, como veremos, ela só
pode encontrá-lo no momento da conclusão do edifício como um todo, tornando-se,
assim, em realidade a "cabeça de ângulo".
Em um artigo já
mencionado(7), Ananda Coomaraswamy observou que a intenção do texto
de São Paulo é evidentemente representar CRISTO como o único princípio do qual depende
todo o edifício da Igreja, acrescentando que "o princípio de uma coisa não
é nem uma de suas partes em relação às demais, nem a totalidade de suas partes,
mas sim aquilo a que todas as partes são reduzidas numa unidade sem composição".
A "pedra fundamental" (foundation-stone)
pode também em certo sentido, denominar-se a "pedra de ângulo" (corner-stone) tal como se faz habitualmente,
porque ela é colocada em um ângulo ou em um canto (corner) do edifício(8), mas ela não é única nesse caso,
pois o edifício tem necessariamente quatro ângulos. Mesmo que se queira falar da
“primeira pedra” em particular, ela não difere em nada das pedras de base dos
outros ângulos, com exceção de sua localização (9), e não se
distingue nem por sua função nem por sua forma, nada mais sendo, em suma, que um
dentre os quatro suportes iguais entre si. Seria possível dizer que qualquer
uma dessas quatro corner-stones
“reflete” de alguma forma o princípio dominante do edifício, mas não se poderia
de forma alguma considerá-la como o próprio princípio(10). Além
disso, se a questão estivesse aí na verdade, não se poderia logicamente falar "da
pedra angular", visto que, de fato, seriam quatro. Esta, portanto deve ser
em essência alguma coisa diferente da corner-stone,
entendida no sentido corrente de "pedra fundamental", tendo apenas em
comum o caráter de pertencerem ao mesmo simbolismo "construtivo".
Acabamos
de nos referir à forma da "pedra angular", o que é de fato um ponto
particularmente importante, pois esta pedra tem uma forma especial e única, que
a diferencia de todas as outras, e também porque não só não encontra seu lugar no
transcurso da construção, como que ainda os próprios construtores não podem
sequer entender qual seja sua finalidade. Se eles a compreendessem, é evidente
que não a rejeitariam e se contentariam em guardá-la até o fim. Porém,
perguntam-se: “o que farão com a pedra”? – e não podendo encontrar uma resposta
satisfatória para esta questão decidem, acreditando-a inutilizável, “lançá-la
entre os entulhos” (to heave it over
among the rubbish)(11). O destino da pedra só pode ser
compreendido por outra categoria de construtores, que não intervém ainda nesse
estágio: são os que transpuseram “o esquadro e o compasso”, e por essa distinção
é preciso naturalmente entender a diferença das formas geométricas que esses
dois instrumentos servem para traçar, isto é, o quadrado e o círculo, que
simbolizam de um modo geral, como se sabe, a Terra e o Céu. Aqui, a forma
quadrada correspondente à parte inferior do edifício, e a forma circular a sua
parte superior, que, nesse caso, deve ser constituída por um domo ou uma abóbada(12).
De fato, a "pedra angular" é na realidade uma “chave de abóbada” (Keystone). A. Coomaraswamy diz que, para
exprimir o verdadeiro significado da expressão "tornou-se a cabeça do
ângulo” (is become the head of the corner)
poder-se-ia traduzi-la por is become the
keystone of the arch, o que é perfeitamente exato. E assim essa pedra,
tanto por sua forma, quanto por sua posição, é, com efeito, a única no edifício
todo, tal como deve ser para poder simbolizar o princípio do qual tudo depende.
Poderá parecer surpreendente que a representação do princípio seja apenas
colocada em último lugar na construção; esta, porém em seu conjunto, poderíamos
dizer, está ordenada em relação a ela (o que São Paulo expressa ao dizer que
"nela o edifício inteiro se ergue em templo sagrado, no Senhor"), e que
é nela finalmente que encontra a sua unidade. Existe aí, também, uma aplicação
da analogia, como explicado por nós em outras ocasiões, entre
"primeiro" e o "último" ou o "princípio" e o "fim":
a construção representa a manifestação em que o princípio só aparece como o
arremate último. É precisamente em virtude dessa mesma analogia que a "primeira
pedra" ou "pedra fundamental", pode ser considerada como um
"reflexo" da "última pedra", que é a verdadeira "pedra
angular".
O equívoco implícito em
uma expressão como corner-stone repousa
em definitivo sobre os diversos sentidos possíveis da palavra "ângulo".
Coomaraswamy observa que, nas diferentes línguas, as palavras que significam
"ângulo" estão com frequência relacionadas a outras que significam
"cabeça" e "extremidade": no grego kephalê, “cabeça”, e na arquitetura “capitel” (capitulum, diminutivo de caput)
só pode aplicar-se a um topo; porém akros
(sânscrito agra) pode indicar uma extremidade em qualquer direção, ou seja, no
caso de um edifício, tanto o topo como um dos quatro “cantos” (sendo esta
última palavra, coin no francês, etimologicamente
aparentada do grego gônia, “ângulo”)
ainda que muitas vezes se aplique de preferência ao topo. Porém, o mais
importante do ponto de vista dos textos sobre a "pedra angular" na
tradição judaico-cristã, é a consideração da palavra hebraica que significa "ângulo"
– a palavra pinnah – encontrada em
expressões como eben pinnah, “pedra
de ângulo”, e rosh pinnah, “cabeça de
ângulo”. Mas é particularmente notável que, figurativamente, a mesma palavra pinnah é usada para significar “chefe”.
Uma expressão que designa os “chefes do povo” (pinnoth ha-am) é traduzida literalmente na Vulgata por angulos populorum(13). O
"chefe" é etimologicamente o "cabeça" (caput) e pinnah liga-se
por sua raiz a pnê, que significa
"face". É evidente a estreita relação entre as ideias de
"cabeça" e de "face" e, além disso, o termo "face"
pertence a um simbolismo em geral muito difundido e que mereceria ser examinado
à parte(14).
Outra ideia conexa é a de
“ponta” (que se encontra no sânscrito agra,
no grego akros, no latim acer e acies). Já falamos do simbolismo das pontas a propósito das armas e
cornos(15), e vimos que se refere à ideia de extremidade e, mais
particularmente com respeito à extremidade superior, ou seja, o ponto mais elevado
ou o topo. Todos esses paralelos apenas confirmam o que dissemos a respeito da
situação da “pedra angular” no topo do edifício: mesmo existindo outras “pedras
angulares” no sentido mais geral dessa expressão(16), só aquela é na
realidade “a pedra angular” por excelência.
Podemos encontrar outras
indicações interessantes nas significações da palavra árabe rukn, "ângulo" ou
"canto". Essa palavra, por designar as extremidades de uma coisa, ou
seja, suas partes mais recuadas e, portanto, mais ocultas (recondita e abscondita,
poderíamos dizer em latim), toma, às vezes, o sentido de "segredo" ou
de "mistério". Sob esse aspecto, o plural arkân está próximo ao latim arcanum,
que tem o mesmo sentido, e com o qual apresenta uma semelhança surpreendente.
Quanto ao mais, na linguagem dos hermetistas pelo menos, emprego do termo
“arcano” foi certamente influenciado de uma forma direta pela palavra árabe em
questão(17). Por outro lado, rukn
tem ainda o sentido de “base” ou “fundação”, o que nos reconduz à corner-stone entendida como "pedra fundamental".
Na terminologia alquímica, el-arkân,
quando essa designação é empregada sem outra indicação, refere-se aos quatro
elementos, isto é, às “bases” substanciais do nosso mundo, que são comparáveis,
assim, às pedras de base dos quatro ângulos de um edifício, visto ser sobre
elas que de algum modo, é construído todo o mundo corporal (representado pela
forma quadrada(18)). E por aí retornamos diretamente ao próprio simbolismo
que nos ocupa no momento. De fato, não existem apenas esses quatro arkân ou elementos "básicos",
mas também um quinto rukn, um quinto
elemento ou a "quintessência" (isto é, o éter, el-athîr), que não se encontra no mesmo "plano" dos
outros, pois não é simplesmente uma base como eles, mas sim o próprio princípio
deste mundo(19). Ele será, portanto, representado pelo quinto
"ângulo" do edifício, localizado em seu topo. É a esse "quinto",
na realidade o "primeiro", que convém propriamente a designação de ângulo
supremo, de ângulo por excelência ou "ângulo dos ângulos" (rukn el-arkân), pois é nele que a
multiplicidade dos outros ângulos fica reduzida à unidade(20). Podemos
ainda notar que a figura geométrica obtida pela junção desses cinco ângulos é a
pirâmide com base quadrangular: as arestas laterais da pirâmide emanam do seu topo
como raios, do mesmo modo que os quatro elementos comuns, representados pelas
extremidades inferiores dessas arestas, procedem do quinto e são produzidos por
ele. É também de acordo com essas mesmas arestas, que intencionalmente
comparamos aos raios por essa razão (e também em virtude do caráter "solar"
do ponto do qual provêm, conforme examinamos ao tratar do “olho” por domo), que
a "pedra angular" do topo se "reflete" em cada uma das "pedras
fundamentais" dos quatro ângulos da base.
Enfim, no que acaba de
ser dito encontra-se a indicação muito clara de uma correlação entre o
simbolismo alquímico e o simbolismo arquitetônico, que se explica, aliás, pelo
seu caráter "cosmológico" comum. Trata-se de um ponto importante, sobre
o qual voltaremos a propósito de outros paralelos da mesma ordem.
A "pedra
angular", tomada em seu sentido verdadeiro de pedra "do topo", é
designada ao mesmo tempo, em inglês, por keystone,
capstone (encontrando-se às vezes escrito capestone), e por copestone
(ou coping-stone). A primeira destas
três palavras é facilmente compreensível, pois é o equivalente exato do termo
“chave de abóbada” (ou de arco, pois a palavra pode na realidade aplicar-se
tanto à pedra que forma o topo de um arco, como o de uma abóbada). Mas as duas
outras palavras pedem maiores explicações. Em capstone, a palavra cap é
evidentemente o caput latino, “cabeça”,
o que nos leva à designação desta pedra como a "cabeça de ângulo"; é
exatamente a pedra que “acaba” ou “coroa” um edifício; é ainda um capitel, ou
seja, o “coroamento” de uma coluna(21). Falávamos do "acabamento",
e ambas as palavras, cap e
"cabeça", são de fato etimologicamente idênticas(22). A capstone é, portanto o chef, o "cabeça" do edifício
ou da “obra”, e devido à sua forma especial, que para ser talhada requer
conhecimentos ou capacidades particulares, é também, ao mesmo tempo uma chef-d’oeuvre (ou seja, uma
“obra-prima”, uma “obra capital”) nos termos das corporações de ofícios(23).
É através dela que o edifício fica completamente terminado, ou, em outros
termos, é finalmente levado à sua "perfeição"(24).
Quanto ao termo copestone, a palavra cope expressa a ideia de “cobrir”, mas
também, e diríamos mesmo sobretudo, porque essa pedra se coloca de modo a
cobrir a abertura do topo, ou seja, o "olho" do domo ou da abóbada, do
qual falamos acima(25). É em suma, sob esse aspecto, o equivalente
de uma roof-plate, tal como observa Coomaraswamy,
o qual acrescenta ainda que essa pedra pode ser considerada como a terminação
superior ou o capitel do "pilar axial" (skambha sânscrito, stauros
no grego)(26). Esse pilar, como já explicamos, pode não estar representado
materialmente na estrutura do edifício, mas nem por isso deixa de ser sua parte
essencial, em torno da qual se ordena todo o conjunto. O caráter de topo do "pilar
axial" presente de uma forma apenas "ideal", é indicado de um
modo particularmente surpreendente no caso em que a “chave de abóbada” desce em
forma de “pendente”, passando para o interior do edifício, sem ser suportado de
modo visível por nada em sua parte inferior(27). Toda a construção
tem seu princípio nesse pilar e todas as suas diferentes partes vêm finalmente
unificar-se em sua “cumeeira”, que é o topo desse mesmo pilar e a “chave de
abóbada” ou a “cabeça de ângulo”(28).
A
interpretação real da "pedra angular" como "pedra do topo"
parece ter sido muito bem conhecida de modo geral na Idade Média, tal como
mostra em particular uma ilustração do Speculm
Humanae Salvationis, abaixo reproduzido(29). Essa obra foi muito
difundida, pois existem dela ainda várias centenas de manuscritos.
Vemos nessa ilustração dois pedreiros
com uma espátula numa das mãos e, com a outra, sustentam a pedra que se
preparam para colocar no topo de um edifício (aparentemente a torre de uma
igreja, onde a pedra deve completar o topo), o que não deixa qualquer dúvida
quanto à sua significação. Deve notar-se, no que se refere a esta figura, que a
pedra em questão, enquanto “chave de abóbada”, ou qualquer outra função
semelhante, de acordo com a estrutura do edifício que irá "coroar", só
pode, em virtude de sua própria forma, ser colocada pelo alto (sem o que,
aliás, é evidente que poderia cair no interior do edifício). Por isso, ela
representa de algum modo a "pedra descida do céu", expressão
perfeitamente aplicável a CRISTO(30), e que lembra também a pedra do
Graal (o lapsit exilis de Wolfram von Eschenbach, que pode ser interpretado
como lapis ex coelis)(31).
Existe ainda outro ponto importante a observar: o Sr. Erwin Panofsky apontou
que a mesma figura mostra a pedra com a aparência de um objeto em forma de
diamante (o que a aproxima de novo da pedra do Graal, igualmente descrita como tendo sido talhada facetada). Essa
questão merece um exame mais detalhado, porque, embora essa representação
esteja longe de constituir o caso mais geral, diz respeito a outros aspectos do
simbolismo complexo da "pedra angular", além daqueles que estudamos até
aqui, e que também são interessantes para destacar os seus laços com todo o
conjunto do simbolismo tradicional.
Antes
de chegar a este ponto, no entanto, resta-nos uma questão acessória por
elucidar. Falávamos que a "pedra do topo" pode não ser uma "chave
de abóbada" em todos os casos e, na verdade, ela só o é em uma construção
cuja parte superior tem a forma de domo. Em qualquer outro caso, como no de uma
construção encimada por um teto pontiagudo ou em forma de tenda, nem por isso
deixa de existir uma "última pedra" que, colocada no topo, desempenha
desse ponto de vista o mesmo papel da "chave de abóbada" e, portanto,
também corresponde a esta simbolicamente, sem contudo ser possível designá-la
por esse nome. É preciso também falar no caso especial do pyramídion, já aludido em outra ocasião. Deve ficar claro que, no
simbolismo dos construtores medievais, que se baseia na tradição judaico-cristã
e está ligada à construção do Templo de Salomão(32), é certo que se
trata, no que diz respeito à "pedra angular", de uma “chave de
abóbada”. E se a forma exata do Templo de Salomão deu margem a discussões do
ponto de vista histórico, concorda-se em todo caso que sua forma não era piramidal.
Trata-se de fatos que precisamos necessariamente levar em conta na
interpretação dos textos bíblicos que se referem à "pedra angular"(33).
O pyramídion, ou seja, a pedra que forma a ponta superior da
pirâmide, não é de forma alguma uma "chave de abóbada", mas nem por
isso deixa de ser o “coroamento” do edifício, e podemos observar que ele
reproduz reduzidamente a forma da pirâmide inteira, como se toda a estrutura estivesse
assim sintetizada nessa pedra única; a expressão "cabeça de ângulo",
literalmente, lhe convém de forma exata, assim como o sentido figurado da palavra
hebraica "ângulo", que designa o "chefe", especialmente
porque a pirâmide, a partir da multiplicidade da base alcança gradualmente a
unidade no topo, sendo com frequência considerada como símbolo de uma
hierarquia. Por outro lado, segundo o que explicamos antes, a respeito do topo e
dos quatro ângulos da base, em conexão com o significado da palavra árabe rukn, poderíamos dizer que a forma da
pirâmide está de algum modo implicitamente contida em toda estrutura
arquitetônica. O simbolismo "solar" dessa forma, que indicamos então,
encontra-se expresso em particular no pyramídion,
como mostrado de modo claro as diversas descrições arqueológicas citadas por
Coomaraswamy: o ponto central ou topo corresponde ao próprio Sol, e as quatro faces
(cada uma das quais compreendidas entre dois "raios" extremos que delimitam
o domínio por ela representado) têm os mesmos aspectos secundários do próprio Sol,
em relação aos quatro pontos cardeais, para os quais essas faces estão respectivamente
voltadas. Apesar de tudo, não é menos verdadeiro que o pyramídion seja apenas um caso particular da "pedra
angular" e só a representa em uma forma tradicional especial, ou seja, a
dos antigos egípcios. Para corresponder ao simbolismo judaico-cristão dessa
pedra, que pertence a outra forma tradicional, seguramente muito diferente,
falta-lhe um caráter essencial, que é o de ser uma "chave de abóbada".
Dito isto, podemos voltar
para a configuração da "pedra angular" sob a forma de um diamante. Coomaraswamy,
no artigo a que nos referimos, parte de uma observação feita a respeito da
palavra alemã Eckstein, que tem ao
mesmo tempo o sentido de 'pedra angular' e de 'diamante'(34). Ele
lembra, a propósito, os significados simbólicos do vajra, que já consideramos em diversas oportunidades: de um modo geral,
a pedra ou metal, considerado como o que há de mais duro e brilhante, foi
tomado nas diferentes tradições como "um símbolo de indestrutibilidade,
invulnerabilidade, estabilidade, luz e imortalidade". E, em particular, essas
qualidades são frequentemente atribuídas ao diamante. A ideia de "indestrutibilidade"
ou de "indivisibilidade" (ambas estão intimamente ligadas e são expressas
no sânscrito pela mesma palavra akshara)
convém evidentemente à pedra que representa o princípio único do edifício (pois
a verdadeira unidade é essencialmente invisível). A ideia de "estabilidade"
que, na ordem arquitetônica, se aplica com propriedade a um pilar, cabe igualmente
a essa mesma pedra que constitui o capitel do "pilar axial", que por
sua vez, simboliza o "Eixo do Mundo". Este último, que Platão em
especial descreve como um "eixo do diamante" é também, por outro
lado, um "pilar de luz" (como um símbolo de Agni e como "raio solar"). E, com mais forte razão, esta
última qualidade se aplica ("eminentemente", poderíamos dizer) ao seu
"coroamento", representando a própria fonte de onde emana enquanto
raio luminoso(35). No simbolismo hindu e budista, tudo o que tem uma
significação "central" ou "axial" é geralmente comparado ao
diamante (por exemplo, em expressões como vajrâsana,
'trono de diamante'). É fácil dar-se conta de que todas essas associações são
parte de uma tradição que se pode dizer verdadeiramente universal.
E isso ainda não é tudo: o
diamante é considerado a "pedra preciosa" por excelência. E enquanto "pedra
preciosa", é também um símbolo de CRISTO, que se encontra desse modo identificado
a outro símbolo seu, a "pedra angular", ou então, se o preferimos, esses
dois símbolos ficam assim reunidos em um só. Pode-se dizer então que a “pedra
angular”, enquanto representa um "acabamento" ou uma "realização"(36),
é, na linguagem da tradição hindu, um chintâmani,
equivalente à expressão alquímica ocidental "Pedra Filosofal"(37).
É muito significativo, sob esse ponto de vista, que os hermetistas cristãos falem
de CRISTO como sendo a verdadeira "Pedra Filosofal", com a mesma
frequência que se referem a Ele como "Pedra Angular"(38). Desta
forma, somos reconduzidos ao que dizíamos antes a propósito do duplo sentido em
que pode compreender-se a expressão árabe rukn
el-arkân, sobre a correspondência existente entre os simbolismos arquitetônico
e alquímico.
Para terminar com uma nota
de alcance geral este estudo já longo, mas sem dúvida incompleto, pois trata-se
de assunto quase inesgotável, podemos acrescentar que a própria correspondência
entre os simbolismos da arquitetura e da alquimia nada mais é, no fundo, que um
caso particular da que existe também, ainda que de um modo talvez nem sempre
tão manifesto, entre todas as ciências e artes tradicionais, que são simplesmente,
na realidade, expressões e aplicações diversas das mesmas verdades e ordem primordial
e universal.
NOTAS
(*) René Guénon, Símbolos
fundamentales de la ciencia sagrada, Editorial Universitaria de Buenos Aires,
1988. Capítulo XLIII.
(1) [Publicado en É. T., abril-mayo
de 1940..]
(2) Salmo CVIII, 22; San Mateo, XXI,
42; San Marcos, XII, 10; San Lucas, XX, 17.
(3) San Mateo, XVI, 18.
(4) Efesios, II, 20-22.
(5) La "sustitución" pudo
haber sido favorecida también, por la similitud fónica existente entre el
nombre el nombre hebreo [arameo] Kêfáh, 'piedra', y la palbra griega kephalê,
'cabeza'; pero no hay entre ambos vocablos otra relación, y el fundamento de un
edificio no puede identificarse, evidentemente, con su "cabeza", es
decir, con su sumidad, lo que equivaldría a invertir el edificio íntegro; por
otra parte, cabría preguntarse también si esa "inversión" no tiene
alguna correspondencia simbólica con la crucificción de San Pedro, cabeza
abajo.
(6) Esta piedra debe situarse en el
ángulo nordeste del edificio; notaremos a este propósito que cabe distinguir,
en el simbolismo de San Pedro, varios aspectos o funciones a las cuales corresponden
"situaciones" diferentes, pues, por otra parte, en cuanto ianitor
['portero'], su lugar está en occidente, donde se encuentra la entrada de toda
iglesia normalmente orientada; además, San Pedro y San Pablo están también
representados como las dos "columnas" de la Iglesia, y entonces se
los figura habitualmente al uno con las llaves y al otro con la espada, en la
actitud de dos dvârapâla [vaksha o 'genios' que guardan el umbral de ciertas
puertas sagradas, en el hinduismo].
(7) "Eckstein", en la
revista Speculum, número de enero de 1939 [reseña de R. Guénon en É.T., mayo de
1939].
(8) En este estudio nos veremos
obligados a referirnos a menudo a los términos "técnicos" ingleses,
porque, pertenecientes primitivamente al lenguaje de la antigua masonería operativa,
han sido conservados en su mayoría en los rituales de la Royal Arch Masonry y
de los grados accesorios vinculados con ella, rituales de los que no existe
equivalente en nuestra lengua; y se verá que algunos de esos términos son de
traducción muy difícil.
(9) Según el ritual operativo, esta
"primera piedra" es, según lo hemos dicho, la del ángulo nordeste;
las piedras de los demás ángulos se colocan posterior y sucesivamente según el
sentido del curso aparente del sol, es decir, en el sudeste, sudoeste,
noroeste.
(10) Esta "reflexión" está
evidentemente relacionada de modo directo con la situación mencionada antes.
(11) La expresión "to heave
over" es bastante singular, y al parecer inusitada en ese sentido en
inglés moderno; parecería poder significar 'levantar' o 'elevar', pero, según
el resto de la frase citada, es claro que en realidad se aplica aquí al acto de
"arrojar" la piedra rechazada.
(12) Esta distinción es, en otros
términos, la de la Square Masonry y la Arch Masonry, que, por sus respectivas
relaciones con la "tierra" y el "cielo", o con las partes
del edificio que las representan, están aquí en correspondencia con los
"pequeños misterios" y los "grandes misterios"
respectivamente. [Véase cap. XXXIX, notas 4 y 5 (N. del T.)]
(13) I Samuel, XIV, 38; la versión
griega de los Setenta emplea igualmente aquí la palabra gônía.
(14) Cf. A. M. Hocart, Les Castes,
pp. 151-54, acerca de la expresión "faces de la tierra" empleada en
las islas Fiji para designar a los jefes. La palabra griega Kárai servía, en
los primeros siglos del cristianismo, para designar las cinco "faces"
o "caras" o "cabezas" de la Iglesia, es decir, los cinco
patriarcados principales, cuyas iniciales reunidas formaban precisamente esa
palabra: Costantinopla, Alejandría, Roma, Antioquía, Jerusalén [=Ierousalêm].
(15) Cabe advertir que la palabra
inglesa corner es evidentemente un derivado de cone [francés, 'cuerno'].
(16) En este sentido, las cuatro
piedras angulares no existen solamente en la base, sino también en un nivel
cualquiera de la construcción; y esas piedras son todas de la misma forma
común, rectilínea y rectangular (es decir, talladas on the square, pues la
palabra square tiene la doble significación de 'escuadra' y 'cuadrado'),
contrariamente a lo que ocurre en el caso único de la keystone.
(17) Podría resultar de interés
investigar si puede existir un parentesco etimológico real entre la palabra
árabe y la latina, incluso en el uso antiguo de esta última (por ejemplo, en la
disciplina arcani de los cristianos de los primeros tiempos ), o si se trata
solo de una "convergencia" producida solo ulteriormente, entre los
hermetistas medievales.
(18) Esta asimilación de los
elementos a los cuatro ángulos de un cuadrado está también en relación,
naturalmente, con la correspondencia que existe entre esos elementos y los
puntos cardinales.
(19) Estaría en el mismo plano (en su
punto central) si este plano se tomara como representación de un estado de
existencia íntegro; pero no siempre es el caso aquí, pues el edificio total es
una imagen del mundo. Observemos, a este respecto, que la proyección horizontal
de la pirámide a que nos referíamos más arriba está constituida por el cuadrado
de la base con sus diagonales, y las aristas laterales se proyectan según las
diagonales y el vértice en el punto de encuentro de estos elementos, o sea en
el centro mismo del cuarado.
(20) En el sentido de
"misterio", que hemos indicado, rukn el-arkàn equivale a sirr
el-asrâr ['misterio de los misterios', 'misterio supremo'], representado, según
lo hemos explicado en otra oportunidad, por el extremo superior de la letra
álif; como el álif mismo figura el "Eje del Mundo", esto, según se
verá en seguida, corresponde con toda exactitud a la posición de la keystone.
(21) El término de
"coronamiento" ha de relacionarse aquí con la designación de la
"coronilla" craneana, en razón de la asimilación simbólica, que hemos
señalado anteriormente, entre el "ojo" de la cúpula y el
Brahmarandhra [séptimo y último chakra, o sea "órgano o centro
sutil", cuyo "despertar" corresponde a la culminación del
Kundalinî-Yogal]; sabido es, por lo demás, que la corona, como ls cuernos,
expresa esencialmente la idea de elevación. Cabe notar también a este respecto
que el juramento del grado de Royal Arch contiene una alusión a la
"coronilla" (the crown of the skull), la cual sugiere una relación
entre la apertura de ésta (como en los ritos de trepanación póstuma) y el acto
de quitar (removing) la keystone; por lo demás, de modo general, las llamadas
"penalidades" formuladas en los juramentos de los diferentes grados
masónicos, así como los signos que a ellas corresponden, se refieren en
realidad a los diversos centros sutiles del ser humano.
(22) En la significación de la
palabra "acabar", o en la expresión equivalente 'llevar a cabo', la
idea de "cabeza" [caput] está asociada a la de "fin", lo
que responde perfectamente a la situación de la "piedra angular",
conocida a la vez como "piedra cimera" y como "última
piedra" del edificio. Mencionaros aún otro término derivado de caput: en
francés se llama chevet ('cabecera')- y en español "cabecera" o
"testero"- de una iglesia a la extremidad oriental donde se encuentra
el ábside, cuya forma semicircular corresponde, en el plano horizontal, a la
cúpula en elevación vertical, según lo hemos explicdo en otra ocasión.
(23) La palabra "obra" se
emplea a la vez en arquitectura y en alquimia, y se verá que no sin razón
relacionamos ambas cosas: en arquitectura, la conclusión de la obra es la
"piedra angular", y en alquina, la "piedra filosofal".
(24) Es de notar que, en ciertos
ritos masónicos, los grados que corresponden más o menos exactamente a la parte
superior de la construcción de que aquí se trata (decimos más o menos
exactamente, pues a veces hay en todo ello cierta confusión) se designan precisamente
con el nombre de "grados de perfección". Por otra parte, el vocablo
"exaltación, que designa el acceso al grado de Royal Arch, puede
entenderse como una alusión a la posición elevada de la keystone.
(25) Para la colocación de esta
piedra, se encuentra la expresión "to bring forth the copestone",
cuyo sentido es también bastante oscuro a primera vista: to bring forth
significa literalente 'producir' (en el sentido etimológico del latín
producere) o 'sacar a luz'; puesto que la piedra ha sido ya retirada
anteriormente, durante la construcción, no puede tratarse, el día de la
conclusión de la obra, de su "producción" en el sentido de una
"confección"; pero, como ha sido arrojada "entre los
escombros", se trata de volver a sacarla a la luz, para colocarla en lugar
visible, en la sumidad del edificio, de modo que se convierta en "cabeza
del ángulo"; así, to bring forth se opone aquí a to heave over.
(26) Staurós significa también
'cruz', y sabido es que, en el simbolismo cristiano, la cruz se asimila al
"Eje del Mundo"; Coomaraswamy vincula ese término con el sánscrito
sthàvara, 'firme' o 'estable', lo que en efecto, conviene a un pilar y, además,
concuerda exactamente con el significado de "estabilidad" dado a la
reunión de los nombres de las dos columnas del Templo de Salomón.
(27) Es la sumidad del "pilar
axial", que corresponde, según lo hemos dicho, a la punta superior del
álif en el simbolismo literal árabe; recordemos también, con motivo de los
términos keystone y "clave de bóveda", que el símbolo mismo de la
"clave" o "llave" tiene igualmente significado
"axial".
(28) Coomaraswamy recuerda la
identidad simbólica entre el techo (en particular abovedado) con el parasol;
agregaremos también, a este respecto, que el símbolo chino del "Gran
Extremo" (T'ai-ki) designa literalmente una "arista superior" o
una "sumidad": es, propiamente, la sumidad del "techo del
mundo".
(29) Manuscrito de Munich, columna
146, fol.35 (Lutz y Perdrizet, II, lám.64): la fotografía nos ha sido
proporcionada por A. K. Coomaraswamy; ha sido reproducida en el Art Bulletin,
p. 450 y fig. 20, por Erwin Panofski, quien considera esa ilustración como la
mas próxima al prototipo y, a ese respecto, habla del lapis in caput anguli
['la piedra en la cabeza del ángulo'] como de una keystone ; se podría decir
también, de acuerdo con nuestras precedentes explicaciones, que esa figura
representa the bringing forth of the copestone.
(30) A este respecto, podría
establecerse una vinculación entre la "piedra descendida del cielo" y
el "pan descendido del cielo", pues existen relaciones simbóicas
importantes entre la piedra y el pan; pero esto sale de los límites de nuestro
tema actual; en todos los casos, el "descenso del cielo" representa,
naturalmente, el avatárana ['descenso' o aparición del Avatâra].
(31) Cf. también la piedra simbólica
de la Etoile Internelle ['estrella interna'] de que ha hablado l.
Charbonneau-Lassay y que, como la esmeralda de Graal, es una piedra facetada;
esa piedra, en la copa donde se la pone, corresponde exactamente al "joyel
en el loto" (mani padme) del budismo mahâyâna.
(32) Las "leyendas" del
Compagnonnage ['compañerazgo', organización artesanal de origen medieval,
emparentada con la masonería], en todas sus ramas, dan fe de ello, así como las
"superviviencias" propias de la antigua masonería operativa, que
hemos considerado aquí.
(33) Así, pues, no podría tratarse de
ningún modo, como algunos pretenden, de una alusión a un incidente ocurrido
durante la construcción de la "Gran Pirámide" y con motivo del cual
ésta habría quedado inconclusa. lo que, por otra parte, es una hipótesis harto
dudosa en sí y una cuestión histórica probablemente insoluble; además esa
"inconclusión" misma estaría en contradicción directa con el
simbolismo según el cual la piedra que había sido rechazada toma finalmente su
lugar eminente como "cabeza del ángulo".
(34) Stoudt, "Consider the
lilies, how they grow", respecto de la significación de un motivo
ornamental en forma de diamante, explicado por escritos donde se habla de CRISTO
como del Eckstein. El doble sentido de la palabra se explica, verosímilamente,
desde el punto de vista etimológico, por el hecho de que pueda entendérsela a
la vez como "piedra de ángulo" y como "piedra en ángulos",
es decir, facetada; pero, por supuesto, esta explicación nada quita al valor de
la relación simbólica indicada por la reunión de ambos significados en la misma
palabra.
(35) El diamante no tallado tiene
naturalmente ocho ángulos, y el poste sacrificial (yûpa) debe ser tallado
"en ocho ángulos" (ashtâçri) para figuara el vajra (que se entiende
aquí a la vez en su otro sentido de 'rayo'); la palabra pâli attansa,
literalmente, 'de ocho ángulos' significa a la vez 'diamante' y 'pilar'.
(36) Desde el punto de vista
"contructivo", es la perfección de la realización del plan del
arquitecto; desde el punto de vista alquímico, es la "perfección" o
fin último de la "Gran Obra"; hay exacta corespondencia entre uno y
otro.
(37) El diamante entre las piedras y
el oro entre los metales son lo más precioso, y tienen además un carácer
"luminoso" y "solar"; pero el diamante, al igual que la
"piedra filosofal", a la cual se asimila aquí, se considera como más
precioso aún que el oro.
(38) El simbolismo de la "piedra
angular" se encuentra expresamente mencionado, por ejemplo, en diversos
pasajes de las obras herméticas de Robert Fludd, citados por A. E. Waite, The
Secret Tradition in Freemasonry, pp. 27-28; por otra parte, debe señalarse que
tales pasajes contienen esa confusión con la "piedra fundamental" de
que hablábamos al principio; lo que el autor que los cita dice por su cuenta
acerca de la "piedra angular" en varios lugares del mismo libro
tampoco es muy adecuado para esclarecer el punto, y no puede sino contribuir
más bien a mantener la confusión indicada.
REVERBERAÇÕES ARQUETÍPICAS DO CHUMBO
Por: Renata Ferraz Torres – Psiquiatra e Analista Junguiana.
Vai aqui uma pequena reflexão a respeito daquilo que sentimos ser mais
pesado dentro de nós. Qualquer pessoa, ao fechar os olhos e se interiorizar, é
capaz de lembrar-se de algo lamentável e pesaroso, a respeito do que se
arrepende ou faria dessa vez de forma diferente, caso fosse possível voltar
atrás e reviver.
Os chamados alquimistas, que podem ser remontados desde Egito Antigo até
Europa Medieval, dedicavam-se a transformar chumbo – aquilo que é mais pesado,
o menos precioso dos sete metais – em ouro: algo brilhante, valioso, digno de
orgulho.
O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875 – 1961) dedicou-se ao estudo da
alquimia como uma comparação metafórica do caminho do autoconhecimento.
Denominou “processo de individuação” a ampliação de consciência possível a um
ser humano dedicado a essa difícil empreitada, que consiste em descolar-se do
instinto e das forças do inconsciente e construir um forte eixo entre
consciente e inconsciente. Através dessa laboriosa jornada, consciente e
inconsciente passariam a se comunicar de forma especial e facilitada. Tal
caminho pode ser alcançado, por exemplo, através da dedicação à análise de
sonhos (dentro de uma psicoterapia ou através de autoanálise, desde que corretamente
conduzida).
Reconhecemos as pessoas que estão nesse caminho da individuação como
aquelas que não só envelhecem com o decurso do tempo, mas tornam-se sábias.
O trabalho interior corresponde a tentar transformar aquilo que é mais
pesado em algo mais valioso, mais brilhante, melhor. Além disso, consiste
também em aceitar e acolher aquele chumbo que também talvez não consigamos
transmutar em ouro. Isso porque existem coisas que não serão possíveis de
mudar. Sobretudo o passado.
A psicoterapia se dedica a ressignificação do passado, isso é, ter uma
compreensão especial a respeito do que já foi. Acolher o passado, aceitá-lo,
transformar as lembranças traumáticas que trazemos conosco, e que podem
constituir-se como uma bagagem bastante pesada caso não façamos um trabalho
interior. Apenas através da ressignificação é que o passado pode ser
transformado, e com isso podemos entrar num verdadeiro “túnel do tempo” e assim
nos visitar no passado. Aceitar e perdoar quem fomos ontem, de modo a nos
libertar no presente e ampliar o leque de quem somos hoje e podemos ser amanhã,
no futuro.
PLANETA SATURNO - IMAGEM REAL |
Na astrologia o chumbo é representado pelo planeta Saturno, o senhor do
tempo. Em algumas tradições Saturno é chamado, ao lado de Plutão, um dos “planetas
malignos”. Isso porque ele aponta em nosso mapa astral o lugar da fragilidade,
da deficiência, da dor e da dificuldade. Porém, nos mostra também aonde,
empreendendo um sério e profundo trabalho interior, podemos nos tornar mestres.
A astróloga Liz Greene aponta que Saturno “não é simplesmente um símbolo de
dor, de restrição e de disciplina, mas também um símbolo do processo psíquico,
comum a todos os seres humanos, por meio do qual um indivíduo poderá utilizar
as experiências de dor, de restrição e de disciplina como um meio de ampliar
sua consciência e seu desempenho”.
Aonde somos Saturno é o lugar a partir do qual a maior superação e
transcendência é possível, em termos de quilometragem de percurso percorrido
entre o início e o fim da caminhada. Aonde somos ouro (signo solar) cabe luzir
e brilhar, nesse aspecto já somos mestres. O signo e/ou aspectos relacionado(s)
a Saturno é aonde, para luzir e tornarmo-nos mestres, teremos que trabalhar
muito.
Quero aqui fazer um elogio à Saturno. Ao invés de olharmos para ele como
um “maligno”, creditemos a esse mestre espiritual o quinhão que merece. No
final das contas, ser ou não um sábio deve ter mais relação com quanto
trabalhamos nosso chumbo, e não o ouro originalmente recebido.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
ALIMENTAÇÃO CONSCIENTE IV
Continuação de: Alimentação Consciente I
Todo humano deve em sua caminhada
encontrar algumas questões ocultas que carecem ser olhadas de frente; três
delas pedem atenção especial: a ciência oculta, o currículo oculto e a fome
oculta. Considerarei brevemente a última, oportunamente as outras poderão ser
contempladas, o que não impede que o leitor honesto vá percorrendo por si as
escarpas dos referidos assuntos.
O brasileiro Josué de
Castro é o maior estudioso da fome mundial e utiliza com agudo discernimento o
termo fome oculta para nos lembrar de questões do cotidiano que despretensiosa
e curiosamente escapam ao olhar do cidadão mediano.
“O nosso objetivo é analisar o fenômeno da fome
coletiva, da fome que atinge endêmica ou epidemicamente grandes massas humanas.
Não só a fome total, a verdadeira inanição, que os povos da língua inglesa
chamam de starvation, fenômeno em geral limitado às áreas de extrema miséria e
as contingências, como o fenômeno muito mais frequente e mais grave, em suas
consequências numéricas, da chamada fome oculta, na qual pela falta de
determinados princípios nutritivos indispensáveis à vida, grupos inteiros de
população se deixam morrer lentamente de fome, apesar de comerem todos os
dias.” J.Castro
Ao estudar geográfica e
geopoliticamente a fome no mundo, Josué de Castro nos auxilia a tomar a alimentação em
nossas próprias mãos. Fabricada pelo próprio homem, a fome oculta é calamidade
moderna dos grupos humanos civilizados, sendo caracterizada pela monotonia
alimentar. A restrição do número de substâncias alimentares favorece a
deficiência de alguns princípios nutricionais essenciais que uma variedade
alimentar maior seria capaz de corrigir. Com a alimentação variada, as
deficiências de um dia são compensadas no dia seguinte, enquanto que, com a
alimentação monotonamente igual, as deficiências se consolidam e se agravam
através dos tempos.
Dentre os fatores subjacentes à
questão, ressaltam-se os processos técnicos de polimento do arroz, de refinação
do açúcar, de fabricação de farinha do tipo branca, eliminando os invólucros
das sementes alimentícias. Esta prática empobrece muito a alimentação e
contribui para o aparecimento de fomes específicas em seus consumidores. CONSIDERE
SEMPRE A INGESTA DE GRÃOS INTEGRAIS. Segundo Castro, o homem civilizado
entorpeceu seu instinto de nutrição a tal ponto que já não tem discernimento do
que seu organismo necessita para viver bem. Daí o aumento absurdo das taxas de
obesidade, impotência, problemas de pele, insônia e perda de memória associados a um sistema digestivo
mal cuidado, consequência do desconhecimento.
Talvez a alimentação saudável pudesse ser
mais bem explorada ainda nas escolas. O tópico alimentação carece no currículo escolar, sendo só en passant visto na biologia, quando muito. Mas, muito antes das salas de aula, que seria
o local ideal para educar, penso na qualidade daquilo que está sendo oferecido
nas cantinas escolares. Alimentos riquíssimos em gorduras nitrogenadas e
açúcares que sabidamente tornam seus consumidores indolentes e com dificuldade
para concentrarem-se em seus afazeres, pobres professores! Isso sem falar no
efeito colateral da obesidade, sabidamente geradora dos mais variados estados
crônicos de adoecimento. Pois é, não são apenas os peixes que morrem pela boca...
Não fosse pouco, a desinformação é
tanta que vários alimentos nocivos são ainda tidos como saudáveis! O leite, por
exemplo, até meados da 2ª grande guerra ainda tinha uma constituição razoável.
No entanto, com o desenvolvimento dos processos de logística, armazenamento,
produção intensiva e de esterilização, a situação caminha para uma inversão
total. As letras UHT (ultra high temperature – temperaturas super altas) descrevem
técnica que não apenas esteriliza senão extermina o que pudesse sobrar de
nutritivo no alimento. Assim, um leite que estragava em um dia, passa a não
fazê-lo por meses sem que ninguém desconfie ou se pergunte como isso é
possível!
De fato meu amigo isso não vale para você que cria sua vaca no quintal e
a alimenta com capim, o que, aliás, é cada vez mais raro. O fato destes animais
ruminantes não estarem mais comendo capim é o responsável pela mudança na
relação ômega 3 – ômega 6, em favor deste último, sabidamente mais nocivo do
ponto de vista vascular (veja mais no best-seller “Anticâncer” a este
respeito). Brevemente, os ômega 3 e 6 competem pelo controle de nossa biologia:
ômega 6 – facilita estocagem de gorduras, enrijece as células, facilita a
coagulação e as respostas inflamatórias; ômega 3 – atua na constituição do
sistema nervoso, torna as células mais flexíveis e acalma as reações de
inflamação. Portanto nunca é pouco insistir na conscientização, assista e leia
os dois surpreendentes links abaixo em um momento tranquilo, por favor:
Seja lembrado que a alimentação das galinhas também se transformou
inteiramente nos últimos 50 anos, e os ovos – alimento “natural” por excelência
– deixaram de conter os mesmos ácidos graxos, conforme Simopoulus (N Engl J
Med. 1989 Nov 16;321(20):1412). A autora demonstra que os ovos produzidos pelas
galinhas criadas com grão de milho, quase universal hoje, contém vinte vezes
mais ômega-6 do que ômega-3. Isso tudo muda no caso de quem cria sua galinha no
fundo do quintal à moda antiga, você cria?
“O
homem e os outros animais dependem sempre do mundo vegetal para sua existência.
Apesar de sua ubiquidade – de sua capacidade de viver em todos os quadrantes da
terra – o homem só existe onde encontra uma base de vida vegetal, porque, em
última análise, o homem tem que ser sempre vegetariano, seja diretamente
utilizando os alimentos vegetais, seja indiretamente, alimentando-se de animais
que subsistem à custa do mundo vegetal”. J. Castro
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