Por: Elisete Dantas – Do livro “Matuta da Gema”
Já tive medo também
no início
mas enfrentei a fera
e nunca os invadi
com uma gota sequer
de tinta
além da que me oferece o tempo
Nunca
Nunquinha
Já fui muito incomodada
instigada
pressionada
por muitas pessoas, mais no trabalho
Mais ou menos, assim:
“Elisete, por que você fez isso? (Eu havia mudado o jeito de
pentear. Repartira de lado e os cabelos brancos apareciam em mechas). “Pinte
esse cabelo mulher. Ave Maria!”
Ou então...
“Elisete, por que você não usa hena? Não é tinta, é um xampu
natural. Fica parecendo esse seu cabelo assim...”
Mais ainda;
- Você precisa pintar seu cabelo. Pinte esse cabelo.
- Mas eu não quero. Foi o que sempre disse.
É como se essas pessoas se sentissem denunciadas em suas
idades escondidas nas tintas que usavam.
Sei que há cabelo pintados muito bonitos
Nas outras pessoas
Em mim
não quis
Não quero
Quero exibir meus cabelos brancos
marcados
pela poeira do tempo
Declaração por ele assinada
Onde consta que
Já estou matriculada em curso
com duração
a perder de vista
na escola da Sabedoria
Quero exibir essa carteira de
eterna aprendiz
24/01/2010
Que lindo Elisete, que lindo!
ResponderExcluirEu passo por isso há muitos anos. Nunca tive medo. E, à medida que eles iam clareando, mais orgulho deles eu sentia. Eles não viraram algodão como eu gostaria, mas estão um cinza que me envaidecem. E hoje, com o passar dos anos, vem os elogios, nada necessários por sinal, mas de uma certa forma bem aceitos.
Quando me questionaram e me questionam ainda hoje, eu apenas respondo:
Isso é apenas uma consequência lógica do estado natural das coisas.
E as pessoas riem!...
Beijo
Modesta
Ricardo,
ResponderExcluirDiante do que se passa , se vc. souber de ondas emigratórias de idosos que se dirigem para qualquer parte do mundo, incluindo a República Oriental do Uruguay , me avise , uma vez que sou sério candidato a participar .
... " respeitem ao menos os meus cabelos brancos " , letra de dor de cotovelo e fase romântica da noite brasileira( Silvio Caldas) .
Grande abraço.
Bom dia Ricardo. Muito bom o poema! Eu já tasquei tinta mesmo, mas tenho uma irmã que não quis e é bem assim mesmo. As pessoas tentam se impor, querem que ela faça o que eles querem! É lamentável!
ResponderExcluirAmei o poema.
ResponderExcluirMinha mãezinha, tem seus lindos cabelos brancos, resultado de muita vivência e sabedoria. Mas sua filha mais nova adora passar uma shampoo colorante, não tenho tanta sabedoria ainda. Quem sabe um dia...
Obrigada.