A Medicina da Saúde é baseada na preservação e na promoção. É sempre superior à Medicina da Doença focada na cura e na prevenção. Somos seres humanos e não "teres humanos”. A doença começa quando se deixa o SER pelo TER; saúde e vitalidade aumentam na direção do SER. A busca pelo SER leva à ampliação da consciência, guia do homem saudável e espelho para o doente. Refletindo o exemplo a ser imitado mostra como sair da horizontalidade do adormecimento e entrar na verticalidade do despertar.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
domingo, 17 de fevereiro de 2019
ASPECTOS DO PENSAR E DESACELERAR I
Por: José Geraldo
M. Meireles - Psicólogo
Era Primavera: as flores exalavam em profusão perfumes, e os
pássaros cantavam.
Nesse clima de festa, conta a lenda: um filho sacudido pelo
entusiasmo e um pai tranquilo caminhavam por uma montanha. De repente, o menino
cai, machuca-se e grita: ai! Para sua surpresa, escuta sua voz repetindo-se em
algum lugar da montanha. Curioso, o menino pergunta: quem é você? Contrariado
grita: seu covarde! E escuta a resposta: seu covarde!
O menino olha atentamente para o pai e indaga: o que é isso? O pai
sorri e diz: meu filho, preste atenção. Grita em direção à montanha: eu admiro
você! Você é campeão! A voz responde: você é campeão!
O menino espanta-se e não entende. O pai explica pacientemente. As
pessoas chamam isso de eco, mas, na verdade, isso é da vida que lhe dá de volta
tudo que fala, deseja de bem ou de mal aos outros. Devolverá toda blasfêmia,
inveja, incompreensão, falta de honestidade que você desejou às pessoas que o
cercam. Nossa vida é o reflexo de nossas ações. Se quer mais amor, compreensão,
harmonia e felicidade crie mais amor, compreensão, harmonia e felicidade no
coração. Agindo, assim, meu filho, a vida lhe dará felicidade, sucesso e amor
das pessoas que o cercam.
Desde a infância, a autoimagem é formada por crenças, convicções e
valores. Forma-se a base da personalidade. A autoimagem positiva aponta para
comportamentos construtivos; a negativa, para comportamentos destrutivos.
O sucesso é, também, moldado pela autoimagem que se constrói:
“sucesso e vitória estão a serviço da vida, e triunfo está ligado à arrogância
e à morte, pois implica em destruir o outro ou pisá-lo”. Diante do sofrimento e
da carência dos outros, o arrogante não se sensibiliza, o que é atributo da
pessoa imatura e egoísta.
Tempo há, pesquisas científicas diversas comprovam que pensamentos
positivos ou negativos podem apontar para respostas fisiológicas
correspondentes.
Do imaginário à realidade, ante as contradições brutais de nossa
época e a repressão advinda de elementos culturais, percebo que algumas pessoas
se sentem ansiosas e tensas. Muitas vezes, a incerteza instala-se. Sob a égide
do livre arbítrio, deparam-se com dilemas inevitáveis: “o que podem, o que
querem e o que devem fazer”. Isso envolve o princípio do prazer – o desejo é
inquietante e indomável – e o princípio da realidade.
Não acredito que os anseios da pessoa consciente e corajosa
restrinjam-se a uma casual e modesta participação na realidade socioeconômica
contemporânea.
A nova dimensão da realidade e as mudanças trazem turbulência e
geram ansiedade acentuada. É chegado o momento de banir modelos rígidos de
trabalho. O homem e suas motivações são dinâmicos. Mesmo no ambiente
competitivo do trabalho, toda pessoa é um ser sensível e racional. Sua
caminhada se faz através de todas as possibilidades que lhe são inerentes: o
agir segue o ser – ensina o filósofo S. Tomás de Aquino.
A geração da década de 1960 – da qual fiz parte – injetava utopia
na veia e pautava-se por ideologias solidárias: mudar o mundo, derrubar
ditaduras, desigualdades sociais, redirecionar a ordem das coisas etc. Na
atualidade, com raríssimas exceções predominam a mesmice e a mediocridade.
In Sêneca – filósofo – vida é profundidade e não extensão. As
pedras existem, mas inertes, não vivem. “Se a vida está na ação, mais vive
aquele que mais age”.
A igreja católica é sábia quando, em sua profunda psicologia da
vida escrevia sobre os túmulos daqueles que morriam na mocidade, mas com as
mãos repletas de virtude esta belíssima inscrição: este morreu na mocidade, mas
foram longos os seus dias. Feliz é o homem que sabe que não sabe e vai à busca
do saber – esclarece o psicólogo Dr. Agostinho Minicucci (1918-2006).
John Barrymore – ator inglês – alerta que a pessoa envelhece,
quando os lamentos substituem os sonhos.
A massagem e o relaxamento são eficazes para estimular a secreção
de endorfinas – analgésicos poderosos cujo fluxo proporciona bem-estar,
mantendo o equilíbrio entre o tônus vital e a depressão.
Após o banho, revigora-se o ânimo. No banheiro, a pessoa despe-se
dos resíduos do corpo (higiene pessoal) e da mente. Desfazem-se as máscaras
sociais, e advém a sensação de alívio.
Cada nau tem a sensação de descobrimento, porque o mar não guarda
vestígio das quilhas anteriores. O sábio e experiente navegador que a conduz
sente a realização de sua própria vida em cada parcela de verdade por ele
conhecida, ao contemplar a dinâmica das ondas. Movido pela vibração intensa,
pode intuir que “sabedoria é a memória da experiência”.
Renovar-se, pois, significa entregar à morte tudo o que é
ultrapassado, para que o novo possa expandir-se livremente. Desprender-se de
coisas que, um dia, foram boas e de ideias que foram relevantes, mas, com o
passar do tempo, ficaram ultrapassadas.
Referências
LEITE, S. M e MEIRELES, J.G. Ser...Gerente, Mg. Editores
Associados – São Paulo, 1988.
REGINATO, G. Artigo: É hora de desacelerar. Jornal da Tarde – São
Paulo, 2006.
JORNAL – Hospital Santa Cruz, São Paulo, 2002.
PELLEGRINO, H. A Burrice do Demônio, Editora Rocco – Rio de
Janeiro, 1989.
BETTO, F. O que a vida me ensinou – Editora Saraiva – São Paulo,
2013.
CURY, A. Ansiedade – Editora Saraiva – São Paulo, 2014.
PESSANHA, A. L. S. Além do Divã – Casa do Psicólogo – São Paulo,
2004.
MENTE CÉREBRO – Revista – Os Tormentos da Ansiedade – Ano XVIII –
nº 219, São Paulo.
OLAVO BILAC - ASTROLOGIA
Via Láctea (trecho XIII)
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
( Olavo Bilac )
(Publicado em Antologia Poética - Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. p. 28)
(Publicado em Antologia Poética - Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. p. 28)
terça-feira, 12 de fevereiro de 2019
O MUNDO INTERIOR
POR: GERALDO DRUMOND
Viva sua vida fazendo a sua parte,
cuidando daqueles que lhe são queridos, assumindo a responsabilidade integral
pelos seus acertos e erros. Procure fazer sempre o melhor mesmo que não
enxergue benefícios imediatos. O mundo exterior melhora quando trabalhamos
nosso mundo interior. É a grande contribuição que fazemos a nós mesmos e ao
universo...
ROMA E NIETZSCHE
Alguns
amigos meus apreciam esse pensador contemporâneo Nietzsche. Para conversar com
eles li alguns livros que esse cavalheiro simpático de bigode escreveu. Depois
do livro “O Anticristo”, onde o autor descreve a célebre “Lei contra o
cristianismo”, bem nas últimas páginas, com os sete artigos famosos, prossegui
aprendendo no “Ecce Homo” o porquê de ele escrever livros tão bons assim como o
porquê de sua sabedoria e inteligência. Muito interessante sua forma de
escrever e explicar!
Lendo,
entretanto, o livro “Além do Bem e do Mal”, fui surpreendido pela coincidência sincroníssima
de assistir ao filme Roma. Sim, pois a tensão que se mostra na compreensão da
mulher em cada uma das obras é tão intensa que chama a atenção do leitor.
Em “Roma”
a mulher é retratada como pilar de sustentação, pedra fundamental, pedra
angular, enquanto o homem é ser de qualidade lastimável e que deixa a desejar pois:
não assume seus compromissos, é tosco, foge quando o contexto se torna complexo
e finalmente se situa inevitavelmente em um dos extremos que vai de uma mansidão
servil a uma agressividade cega e sem fundamento. O filme retrata as qualidades
femininas e surpreende ao expor as limitações de um masculino caricato. Curiosamente
caricato, mas facilmente identificável nos noticiários e nas telenovelas da
atualidade.
No capítulo
“Nossas Virtudes” de “Além do bem e do mal” do filósofo niilista encontra-se
uma compreensão da mulher curiosíssima e de qualidade diametralmente oposta.
Senão vejamos no fragmento 234 onde se lê: “... Se a mulher fosse uma criatura pensante
teria descoberto, cozinhando a milênios, os mais importantes fatos
fisiológicos, e teria também aprendido arte da cura! Por más cozinheiras – por total
ausência de razão na cozinha é que a evolução do homem foi mais longamente
retardada, mais gravemente prejudicada: isso pouco mudou em nossos dias”. Uma visão
particular do autor a respeito das mulheres; um convite a pensar.
É curiosa
a forma como o autor compreende e descreve a mulher na referida obra, em
especial no que se refere às “Sete máximas de mulher”, onde ele se solta e
esbanja em intensidade e potência:
1- Como
voa para longe o tédio, quando um homem nos faz o assédio!
2- A
idade, ai! A ciência e a cultura tornam virtuosa até mesmo a menos pura.
3- Vestido
escuro e boca fechada: faz toda mulher parecer – dotada.
4- A quem
sou grata a vida inteira? A Deus – e a minha costureira!
5- Jovem:
caverna com flores. Velha: um dragão diz horrores.
6- Nome
distinto, olhos de fera, além disso homem: ah, quem me dera!
7- Palavra
curta, sentido amplo como um rio: para a jumenta, gelo escorregadio!
Finalmente,
o pensador expressa sua apreciação ao trato às mulheres no oriente e nos
convida a meditar a respeito. Assim no fragmento 238 lemos: “Mas um homem que
tenha profundidade tanto no espírito como nos desejos, e também a profundidade
da benevolência que é capaz de rigor e dureza, não pode pensar sobre a mulher senão
de modo oriental – ele tem de conceber a mulher como posse, como propriedade, a
manter sob sete chaves, como algo destinado a servir e que só então se realiza;
ele tem que se apoiar na imensa razão asiática, na superioridade de instinto da
Ásia, tal como antigamente fizeram os gregos, esses grandes herdeiros e discípulos
da Ásia...”.
Compor
uma síntese onde o feminino e o masculino sejam contemplados em sua importância
e inteireza não é simples. Tal síntese, no entanto, é desejável no momento
presente. A leitura de obras que se contrapõem auxilia na visita aos espaços recônditos,
dos preconceitos e das limitações, mas principalmente é convite ao autoexame. Assim
como o autoexame da mama tem utilidade na profilaxia do câncer de mama, o
autoexame da alma e a compreensão sincera de nossos limites pode ser de grande
utilidade na profilaxia do “câncer” na alma.
Na sua
opinião, entre as polaridades masculino e feminino, qual está cumprindo melhor seu
compromisso com a história humana?
CATÁSTROFES NATURAIS
O homem é ser integrante da natureza. Existem
catástrofes, mas a natureza em si é maravilha.
Para o olho que enxerga, além de ver, a natureza respira
no vulcão que resfria a terra; se acomoda em seu leito esplêndido terremotando
e remontando a terra; banha suas costas com o mar remoto no maremoto, esse mar
maroto; e se enfurece e furacona para se aliviar; afinal de contas quem de nós
não suspira às vezes.
A natureza sempre ajuda, corrige, compensa. Ultimamente
as catástrofes naturais são recebidas com estranheza. As catástrofes, se de
fato hão, são do humano, esse acidente da natureza, que se contrapõe à mãe e
seu convite a ser natural. Escolheu o normal, esqueceu o natural!!
A catástrofe natural mais óbvia talvez seja a catástrofe
humana. A natureza é uma aliada e ensina os movimentos primordiais que nós
humanos devemos operar, sejam o fogo criativo vulcânico que refresca e oferece
matéria prima para o corpo; a água fecundante dos mares que inundam e limpam nossos
recessos mais inférteis para que retornem à fertilidade; o remexer dos
terremotos e de terra que nos recorda de tempos em tempos que a vida é
movimento; finalmente o sopro dos furacões que nos recorda também sermos sopro
e que passaremos como eles.
Qual seria a maior catástrofe, os movimentos de
acomodação da natureza ou o humano e sua paralisia? Há evidências contundentes
de que o humano está paralítico e que a natureza, solene e silente, o encontra
sempre distraído. Seja bem vinda mãe e irmã!
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