Goethe viveu a transição de uma
época chamada Iluminismo, onde os humanos da época decidiram abrir mão de uma
certa qualidade de valores em função de outra. As escolhas daquela época
refletem na época atual; alguém disse: quem planta vento colhe tempestade. Quem
gosta de chuva forte nem liga, mas quem não gosta tende a ficar cada vez mais
ligado.
Saramago, Guimarães Rosa, Goethe e
Tolstoi deixaram rastros, em suas obras literárias, dessa figura bíblica canhestra,
esse ser da encruzilhada que se perdeu na caminhada. Na obra Fausto, Goethe o
veste com a alcunha de...
MEFISTÓFELES
(com seriedade)
Deus o Senhor – sabe-se a
causa – quando
Do éter nos exilou à profundeza
Em que arde fogo cêntrico,
abraseando
Voraz conflagração em torno acesa,
Vimo-nos lá, na luz
exagerada,
Em situação incômoda e
apertada.
Pôs-se a tossir toda a mó
dos demônios,
Do alto e baixo a expelir
bofes medonhos,
O inferno encheu de
enxofre, ácido e azia,
Deu isso um gás!
monstruoso em demasia,
Até que em breve, apesar de robusta,
Rebentou afinal a térrea crusta.
A cousa agora está por
outro bico:
O que antes era a base,
hoje é o pico.
Daí o ensino lógico é oriundo:
Virar-se para o mais alto
o mais fundo;
Pois escapamos da
opressiva esfera,
À integração no ar livre
da atmosfera.
É segredo óbvio, muito bem
guardado,
Pois
aos povos não foi tão cedo revelado. (Ef. 6, 12)
Em Efésios 6,12 lemos:
“Pois não é contra homens de carne e
sangue, que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes
deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares.
”
Quem caminha ao pé na letra trava a
luta nos pulmões, quem não, escafandro, na atmosfera. E você Fausto amigo?
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