- No Blog de Saúde Infantil do Instituto Pensi, do Hospital Infantil Sabará, encontramos várias pérolas para o desenvolvimento saudável da criança. Todos temos uma criança interior a ser cuidada e visitada sempre que possível.Nesse tempo de escassez de tempo, cuidemos do nosso com informações que valem a pena! Não espere até quando não houver mais tempo! Falta de tempo para o que interessa é uma das faces da falta de saúde.
A Medicina da Saúde é baseada na preservação e na promoção. É sempre superior à Medicina da Doença focada na cura e na prevenção. Somos seres humanos e não "teres humanos”. A doença começa quando se deixa o SER pelo TER; saúde e vitalidade aumentam na direção do SER. A busca pelo SER leva à ampliação da consciência, guia do homem saudável e espelho para o doente. Refletindo o exemplo a ser imitado mostra como sair da horizontalidade do adormecimento e entrar na verticalidade do despertar.
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
PEQUENAS ATITUDES PARA GRANDES SERES
FAUSTO – GOETHE – MEFISTO
Goethe viveu a transição de uma
época chamada Iluminismo, onde os humanos da época decidiram abrir mão de uma
certa qualidade de valores em função de outra. As escolhas daquela época
refletem na época atual; alguém disse: quem planta vento colhe tempestade. Quem
gosta de chuva forte nem liga, mas quem não gosta tende a ficar cada vez mais
ligado.
Saramago, Guimarães Rosa, Goethe e
Tolstoi deixaram rastros, em suas obras literárias, dessa figura bíblica canhestra,
esse ser da encruzilhada que se perdeu na caminhada. Na obra Fausto, Goethe o
veste com a alcunha de...
MEFISTÓFELES
(com seriedade)
Deus o Senhor – sabe-se a
causa – quando
Do éter nos exilou à profundeza
Em que arde fogo cêntrico,
abraseando
Voraz conflagração em torno acesa,
Vimo-nos lá, na luz
exagerada,
Em situação incômoda e
apertada.
Pôs-se a tossir toda a mó
dos demônios,
Do alto e baixo a expelir
bofes medonhos,
O inferno encheu de
enxofre, ácido e azia,
Deu isso um gás!
monstruoso em demasia,
Até que em breve, apesar de robusta,
Rebentou afinal a térrea crusta.
A cousa agora está por
outro bico:
O que antes era a base,
hoje é o pico.
Daí o ensino lógico é oriundo:
Virar-se para o mais alto
o mais fundo;
Pois escapamos da
opressiva esfera,
À integração no ar livre
da atmosfera.
É segredo óbvio, muito bem
guardado,
Pois
aos povos não foi tão cedo revelado. (Ef. 6, 12)
Em Efésios 6,12 lemos:
“Pois não é contra homens de carne e
sangue, que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes
deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares.
”
Quem caminha ao pé na letra trava a
luta nos pulmões, quem não, escafandro, na atmosfera. E você Fausto amigo?
VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE DOENTE?
Tudo o que existe, o que é, e também tudo o que se crê existir
define um ente. Em outras palavras, somos entes na medida em que nos
emancipamos, nos individualizamos da massa amorfa, nos tornamos saudáveis,
enfim nos pertencemos.
Se por algum motivo nos afastamos desse estado fluídico do
ente, do ser, da saúde, alteramos nosso estado de pertencimento a um novo
estado que podemos denominar como ser possuído por. Quando me
torno possuído por, deixo de ser ente e passo a pertencer a alguma
entidade. Ou seja, me torno do ente; do ente que me possui. Nesse caso estou
doente, vivencio a doença, enquanto refém desse estado.
Ao procurarmos em outros idiomas, pois idiomas têm uma vida
interior, vamos encontrar semelhantes constatações em relação à doença. No
inglês uma possível tradução da palavra vontade é "will". O
processo de adoecer implica em perder o acesso ao livre exercício da vontade
(no inglês livre arbítrio = free will). Quando minha vontade não é suficiente
para que eu aja com liberdade eu me encontro doente (ill). Tornar-se
"ill" no inglês é tornar-se refém das circunstâncias e portanto do
ente ou da doença. Um "w" a menos e quanta diferença, não é mesmo?
(When I loose my will I get ill). Um "do" a mais e quanta diferença
faz!! (do-ente).
O convite atual proporcionado pelos meios de comunicação, pela
opinião pública e pelo senso comum, é um risco potencial à saúde. Radical? Não,
claro! Apenas lembremos que vivências dessa natureza deslocam a pessoa de si em
direção aos valores oferecidos a partir de convenções externas ao ser. É comum
que alguém seja constrangido em sua forma de ser, por uma forma de ser assumida
por um grande número de pessoas ou, ainda mais maquiavélico, por alguma
personalidade marcante com quem me identifico.
Nessa medida, a pessoa constrangida pode perder-se de si. Pode
momentaneamente deixar de pertencer-se e passar a responder a outros valores,
seja uma ideia, um sonho, uma ilusão ou mesmo algo que a desvia de seu
propósito ou princípio existencial. Esse tipo de perder-se equivale a tornar-se
doente, um estado de dependência de um modo operacional externo a seu ser.
Uma sociedade doente é toda aquela onde o individual é visto com
indiferença. Viver em uma sociedade doente significa esquecer de si e seus
propósitos existenciais, mergulhar na manada, na massa, na moda e na mídia.
Vejamos bem que somos livres para escolher esse caminho, mas a questão é
fazê-lo conscientes da existência de outra opção, e não como que forçados pela
ignorância de podermos optar! Posso ser materialista ou não, posso escolher.
Dar a César o que é de César. O que escolho determina o que sou e como
atuo no mundo.
As sociedades superorganizadas, plasmadas na competição,
pragmatismo e utilitarismo, enfrentam, a despeito de seu alto nível social e
cultural alguns efeitos colaterais desafiadores. Arriscando elencar alguns
encontramos: o suicídio em grande escala, o uso
indiscriminado de drogas alucinógenas legais ou ilegais, as doenças
cerebrovasculares (derrames cerebrais e enfartes), a dissolução da família
e a mercantilização do erotismo associada ao decorrente aumento nas estatísticas de abusos sexuais os mais diversos e perversos.
Para o materialista, o humano é o topo da cadeia evolutiva, não há
nenhuma forma de vida superior à forma humana. É uma escolha, portanto uma
escola e, portanto, uma parcialidade. Saúde é inteireza, doença é parcialidade.
Toda pessoa que adoece se transforma após o processo quando sobrevive. Que
possamos continuar a sobreviver até que possamos transcender o tempo e suas
intempéries. Transcender o tempo é entrar em paz. Estar em paz é estar inteiro
e, portanto, saudável. Para ser saudável é imprescindível a clareza conceitual
entre desejo, necessidade e vontade. Se tudo isso é a mesma
coisa para mim, sou sociopata, careço do discernimento fundamental
para o ser saudável.
Vivemos a idade mídia, momento delicado para os interessados em
aprofundamento, autoconhecimento e sentido. Essa escolha atual de
desfrontalização (deixar de usar os lobos frontais do cérebro - sede da razão e
do pensamento abstrato) não deve em absoluto ser vista de forma preconceituosa
ou pejorativa, mas de forma alguma deve passar despercebida ao humano em busca
da saúde. Isso pois, sentido existencial interior e saúde caminham de mãos
dadas.
Parte considerável dos alimentos disponíveis são inflamatórios e
parte considerável dos estímulos aos quais estamos submetidos são
desorganizadores mentais, não se excluem os noticiários! As doenças
crônicas como diabetes e hipertensão aliadas aos distúrbios do humor decorrem
em grande parte da forma insana como nos alimentamos na atualidade. Um processo
irreversível decorrente da péssima qualidade das escolhas que
fizemos em passado recente.
Por outro lado, sejamos otimistas, não sejamos preconceituosos,
experimentemos estabelecer uma relação viva com conceitos emancipadores. Não se
revolte, senão apenas volte a si e reconheça o porquê do ambiente à sua volta
ser como é. Reflexões simples, mas que nos esquivamos da responsabilidade
diariamente.
Diminuir o uso de antidepressivos, moduladores de humor, sedativos
do ser, talvez seja opção a ser considerada com certa urgência. Parar de
apontar fora e reconhecer dentro aquilo que cabe apenas a mim realizar.
Tornar-se pílula de saúde individual.
É possível ser saudável dentro dessa sociedade! Mas é preciso
atenção às fórmulas, respostas prontas e receitas, pois cada vida é única.
Não nos esqueçamos que o contrário de algo é a mesma coisa ao contrário e que
para que a integralidade seja alcançada, os opostos devem ser integrados em um
todo, ou seja compreendidos. Oposição é parcialidade, integração é saúde. Uma
sociedade partida é uma sociedade condenada, onde tudo o que muda visa
apenas fazer com que tudo permaneça como está!
O caminho para a vida saudável é o caminho das perguntas, das
possibilidades e raras vezes o das respostas e do tic-tac dos relógios. O poeta
cantou que temos nosso próprio tempo. Entrar em relação com este tempo interno
que é único para cada ser é primeiro passo solitário e certeiro para a
possibilidade da vida saudável.
Não é preciso ficar doente para habitar uma sociedade doente. A
pessoa com vida interior pode frequentar a sociedade e reconhecer seus
equívocos, pois pensa, tem membrana seletiva. A pessoa desfrontalizada responde
aos desafios sociais à semelhança dos animais na floresta. E tudo isso é muito
belo de se observar. Observar é um grande passo para o humano.
Observemos!
O PODER DOS MANTRAS - A ESSÊNCIA DOS MANTRAS COTIDIANOS
EU SOU AQUILO QUE TENHO -
O QUE FAÇO - FAZER MAIS E MELHOR
AQUILO QUE OS OUTROS PENSAM A MEU RESPEITO. SOU
DISTINTO DOS OUTROS - ESTOU SEPARADO DO QUE FALTA EM MINHA VIDA
Os “mantras” dominantes são
criados no momento do nascimento e se estendem por toda a vida, sendo boa parte
dos conteúdos veiculados pela família, entorno e mídia (imprensa) ligados ao
ego ou à ambição. São as mensagens do amanhecer da vida e que devem ser mudadas
ao entardecer, conforme Wayne Dyer (2012).
Um exemplo é a
orientação subliminar “Eu sou aquilo que tenho”, que surge muito cedo e se
cristaliza como memória celular. Essa mentalidade de acúmulo começa com os
brinquedos e cresce ao ponto de fazer com que o sucesso seja medido pela
quantidade e tamanho dos brinquedos acumulados na idade adulta. A perda dos
mesmos, em alguns casos, pode culminar em depressão e suicídio.
Outra afirmação de
profundo impacto na formação, segundo Dyer, é “Eu sou o que faço”, que começa
no engatinhar e se estende durante a vida, reforçando a noção equivocada de que
é importante sempre “Fazer mais e melhor”! Da mesma forma, a expressão “Eu sou
aquilo que os outros pensam a meu respeito” pode condicionar nosso valor à
opinião alheia e ao nos afastar do próprio ideal de perfeição, inviabiliza
qualquer relacionamento harmonioso e de iguais.
“Sou distinto de todos
os outros”, um “mantra” que promove a separação, também é recorrente e abre
espaço para outro equívoco: “Estou separado daquilo que falta em minha vida”.
Esta afirmação decorre da falta de fidelidade ao próprio poder e ao fluxo
divino da vida. Desconectados, passamos a nos ligar ao que falta - ou seja, às
carências de amor, saúde e prosperidade.
A tentativa - quase
sempre bem-sucedida - de afastamento da Fonte Original decorre do desejo de
comando do ego, que se traduz em afirmações que retratam o divino como distante
e temperamental ou estruturam o Universo sob um conceito devedor, em que a
pessoa está sempre descontente e cobrando algo de alguém (Dyer, 2012).
Somente quando escapamos
ao domínio da personalidade egóica ou autocentrada, conseguimos enxergar o
fluxo da vida em sua perfeição, com seus sucessivos aprendizados e
possibilidades de nos reinventarmos e manifestarmos nossa essência, construindo
no ritmo adequado relações mais saudáveis.
Quando a consciência
está desperta, floresce o “mantra” ‘Simplesmente Ser’, um convite à
autenticidade, e à vida em aceitação e amor. Um retorno ao Ser.
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