A Medicina da Saúde é baseada na preservação e na promoção. É sempre superior à Medicina da Doença focada na cura e na prevenção. Somos seres humanos e não "teres humanos”. A doença começa quando se deixa o SER pelo TER; saúde e vitalidade aumentam na direção do SER. A busca pelo SER leva à ampliação da consciência, guia do homem saudável e espelho para o doente. Refletindo o exemplo a ser imitado mostra como sair da horizontalidade do adormecimento e entrar na verticalidade do despertar.
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
SUGESTÃO DE EVENTO - 30/08/15
ÁGORA SAÚDE SUSTENTÁVEL
Com: Maria Isabel de Arruda Botelho – coach e
terapeuta, Fabio Romano – terapeuta, Adriana Gasparini – naturopata, Ricardo Leme – neurologista, Isabelle
Dossa – endocrinologista, nutricionista, coordenadora do projeto
Cuide-se na Casa do Zezinho, Ricardo
Arroio – facilitador dos lideres do Coração e Art of Hosting, Carolina Viccaria – fisioterapeuta, Raphael Ornelas – médico de família, Armando
Ribeiro – psicoterapeuta e coach, Patricia
Aguirre – psicóloga e instrutora de Chi Kung e Being Energy, Marianne Aguirre – terapeuta no Método Meir
Schneider Self Healing, Desire Coelho – Nutricição Comportamental e
Esportista, Juliana Gonçalves Albuquerque.
Quando: Domingo
(30/08/15) das 10h00 às 12h30
Onde:
Auditório-Administração
Entendemos
que qualquer ação voltada a sustentabilidade, deva ser iniciada pelo indivíduo.
Quando um indivíduo percebe a necessidade de mudança e os ganhos que irá obter
com as mesmas, este se engaja na realização da mudança, tornando-a sustentável.
Nosso foco é a manutenção da saúde, isto é, a
manutenção da capacidade natural do organismo em lidar com o estresse, oriundo
de um ritmo de vida acelerado que temos em São Paulo. Portanto, isso pode ser
obtido através do estilo de vida que temos, daquilo que comemos, pensamos e dos
momentos de bem estar que experimentamos ao longo do dia.
Nossa intenção é levar este conceito a população em
geral, dentro do Fala Sampa, através de uma roda de diálogo formada por
profissionais da área da saúde e público presente, além de oficinas de práticas
que abordarão os principais temas (sono, corpo-mente, nutrição, atividade
física, estresse).
As oficinas serão compostas por dois momentos:
a. Embasamento cientifico da oficina. Com o
objetivo de oferecer sustentação racional para as atividades.
b. Atividade em si. Proporcionar a experiência ,
ativando os canais emocionais.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
VAMOS FALAR SOBRE DOENÇAS? - DOENÇAS CRÔNICAS
Como ser saudável ou Como não ter doenças? Adequando a linguagem à saúde
A forma como uma pessoa
pensa é fator determinante sobre a forma como a vida da pessoa acontece. A
importância do observador sobre os fenômenos cotidianos é cada vez mais
notada, até mesmo pela ciência, a caçula dentre suas irmãs, a arte e a
espiritualidade; variações do bom, belo e verdadeiro cujo desgaste temporal
renomeou.
Assim, pensar a vida na perspectiva da doença é viver imerso em uma
nuvem de possibilidades de doenças em um contínuo agir em função de atitudes de
prevenção (se previne de doenças) e de cura (só se cura de doenças). Não nos
prevenimos da saúde e muito menos nos curamos da saúde, mas o mais interessante
é a pouca atenção que temos dado à forma de pensar a saúde em relação à ênfase
que temos dado ao pensar e equacionar a doença.
Pensar a vida na
perspectiva da saúde é viver imerso em outo tipo de nuvem de possibilidades. Se
no caminho da doença as palavras fundamentos são: medo e culpa, no caminho da
saúde são: coragem e responsabilidade. Desse modo, urge que assimilemos que a
vida alinhada à saúde diz respeito ao agir contínuo em função de atitudes de
preservação (se preserva a saúde) e de promoção (se promove a saúde). Note-se
que as palavras relacionadas à doença se deformam quando colocadas ao lado da
saúde! Por exemplo, conhece alguém que se cura da saúde? Conhece alguém que se
previna da saúde? Conhece alguém que promova doença? Conhece alguém que
preserve doença? Vale insistir que assim como se pensa se é, e que as rotinas
decorrentes do viver sem tempo dificultam a percepção das palavras que
fundamentam nossa forma de viver. Quando tiver um tempinho pense a esse
respeito, por amor.
Como venho propondo,
somos seres humanos e não teres humanos! Portanto, deixo a vocês a pergunta
sobre o vídeo que inicia esta reflexão: qual entre os dois temas abaixo seria
mais adequado ao mesmo?
1- Como não ter doenças
em uma sociedade doente
2- Como ser saudável em
uma sociedade doente
Bem, caro amigo
desconhecido, se escolheu a opção 2 prossiga a leitura; caso tenha escolhido a
opção 1, peço a bondade e gentileza de recomeçar a leitura além de aceitar
minhas desculpas pela inabilidade em ser mais claro quanto a obviedade da
insólita realidade...
Eventualmente a
proposta 1 poderia ser amorosamente corrigida para:
1- Como não ter doenças
em uma sociedade de ontem
Mas, guardemo-nos dos
riscos relativos aos que apreciam Diógenes e prossigamos da forma mais
cartesiana possível.
Cronos é o
"antigo" deus grego relacionado ao tempo, renomeado Saturno quando os
romanos assumem o bastão - entregue o bastão e conhecerás o vilão. É da
divindade Cronos que surgem os conceitos semânticos cronômetro, cronológico e
crônico. Todas, diferentes realidades do tempo. De fato, quando as coisas se
perdem no tempo cronológico do dia a dia, existe o risco de se tornarem
crônicas. Em outras palavras, quando não cuidamos de algo que o tempo
cronológico apresenta como oportunidade, se cria um processo de cronificação a
se arrastar indefinidamente no tempo (Cronos).
As doenças crônicas são
assim, os vícios são assim, ações que se repetem e acabam determinando
alterações no caráter do ser, que não se sabe ao fim de onde surgiram.
Diabetes, obesidade e hipertensão costumam visitar o hospedeiro em decorrência
de hábitos relativos ao comportamento alimentar, além de contextos sedentários
no viver. Fossem cultivados hábitos alimentares aliados a atividade física
regular e muito se alcançaria quanto a minimizar estas entidades.
Isso tudo parece muito
óbvio, mas nem tanto ao ponto de saber que a imaginação e o pensamento também
beneficiam o viver quando visitados com atenção. Afinal, como são os
pensamentos e a imaginação da pessoa com uma doença crônica? Ela se refere à
doença como minha? Minha dor, minha gastrite, minha enxaqueca, meu diabetes?
Como pensa alguém, assim ele é. Abaixo Rohden fala um pouco a esse respeito:
Não se negue a
existência dos processos crônicos, mas busquemos uma causa crônica ou um hábito
arraigado no comportamento daquele "doente" e talvez nos
surpreendamos com o campo analógico entre um dado comportamento da pessoa e a
forma pela qual a pessoa adoeceu. Aliás, caso não tenha notado, ser doente é o
mesmo que ser do ente, ou pertencer a alguma entidade (doença, diabetes, cefaleia,
hepatite), ou seja, pertencer à doença! Conforme as músicas explicam na perspectiva
da arte, muito maior que o alcance da capacidade intelectual:
Mas cuidemos ao enveredar por esses caminhos e Alberto Caeiro deixou bem
avisado que "Pensar é estar doente dos olhos". Ora, talvez quisesse
dizer que pensar é solitário caminhar em que a ousadia de fechar os olhos ao
senso comum, a moral de nossos dias, seja passo fundamental ao encontro de
novas soluções para os antigos problemas. Quem sabe pensar seja, se assim for,
um olhar para dentro? E se for, nada melhor que fechar os olhos e ver aonde
chegamos...
Cada vez mais se
percebe que saúde e doença não são conceitos antagônicos como por muito tempo
se pensou, senão que a segunda seja parte integrante da primeira. Um alarme que
soa! Desconfio então das pessoas que chegam a procura de medicação ou solução
para seu problema sem qualquer reflexão quanto a como vem vivendo - nas
palavras do sambista: "deixa a vida me levar, vida leva eu". Ainda
pior quando o terapeuta sugere a reflexão e a pessoa se irrita, aí sim começa
ficar claro o porquê da dor que se torna crônica ou o porquê daquela
determinada parte do corpo estar degenerando (Leia sobre isso no livro a Doença
como Caminho).
As pessoas estão
"ganhando" cada vez mais anos de vida e com isso muitos estão apenas
ficando mais velhos enquanto alguns estão ficando mais sábios. Os dois, se me
permitem, são excludentes pois ao encontrar um sábio logo se reconhece uma
criança enquanto o velho é quando a criança saiu e não voltou. Caminhamos para
sábios ou nas palavras de um professor da faculdade: "Somos apenas seres
que carregam o cadáver nas costas"?
Isso tudo para dizer
que a pessoa que coloca a responsabilidade de sua melhora no médico responde ao
tratamento de forma muito diversa daquela pessoa que se responsabiliza pelo
estado em que se encontra. Repito, se responsabiliza! Se responsabilizar é o
oposto de sentir culpa. E quem ainda acha que culpa e responsabilidade são a
mesma coisa é porque certamente não leu o capítulo culpa x responsabilidade do
livro "Saúde é Consciência", está lá!
Nossa sociedade
funciona por meio de sistemas, um conceito matemático para solucionar problemas
que se apresenta como um modo de rotina operacional a impedir as pessoas sem
tempo (Cronos) de pensar (estar doente dos olhos) e consequentemente de responsabilizarem-se pelas suas escolhas. Nossas escolhas são nossas escolas,
lembrar sempre.
É devido a esses
sistemas que nos acostumamos e aos quais facilmente nos adaptamos, que a
sociedade cada vez mais pode e está sendo controlada por máquinas, robôs e até
mesmo outros sistemas conhecidos por sistemas operacionais. Um sistema funciona
a partir de pressupostos e portanto, em uma sociedade, a partir de estatísticas
comportamentais – IBOPE, pesquisas eleitorais, níveis de audiência e similares.
Ao se equacionar comportamentos e reflexos econômicos dos mesmos, torna-se
possível automatizar soluções. Claro que a história seria outra se nossos
antepassados tivessem optado por parar de procriar, parar de votar, parar de
pagar impostos e parar de comprar e de consumir, a utopia dos descrentes no
mundo material e seus prazeres e decorrências. Outrossim, a utopia de Thomas More também seria
alternativa louvável, aliás, que belo livro...
Surge, no entanto uma
forte tensão, intimamente relacionada ao tema saúde-doença, que diz respeito a
dois comportamentos humanos às diversas oportunidades que a vida oferece como
arena evolutiva: o comportamento compulsório (automático – não requer
criatividade) e o comportamento emancipatório (requer criatividade e esforço).
O comportamento compulsório é o da “boiada” que não tem tempo, são reféns de
Cronos e portanto predispostos às doenças crônicas, da depressão, passando pela
hipertensão e chegando à insônia. O comportamento emancipatório é aquele ao
qual Caeiro se refere acima, o de quem ficou “doente dos olhos”. E é sobre esse
fato que Exupéry se refere no Pequeno Príncipe quando nos recorda que o
essencial é invisível aos olhos e que só se vê bem com o coração. A coragem, o
cor agir, o agir com o coração é a essência do comportamento emancipatório, sem
o que Cronos escraviza e toma conta de tudo. E quando Cronos toma conta, aí é
tomar remédio para o resto da vida, pois a própria vida é o resto do que
não foi.
Isso fica claro no
diálogo do cruzado com a morte, belamente retratado no “Sétimo Selo” de Bergman
e acessível no link abaixo:
A alternativa, que
encontramos no comportamento emancipatório, oferece as benesses a quem
verdadeiramente mergulha na busca de sentido pessoal em cada encontro, em cada
processo, sempre em busca do autodesenvolvimento, à custa da “doença dos olhos”,
pois as aparências enganam e conforme Hipócrates, aquele pelo qual os médicos
juram quando se formam:
“A vida é curta, a arte é
longa, a ocasião fugidia, a experiência enganadora, o julgamento difícil. É
preciso que se faça não apenas o que convém, mas também com que o doente, os
assistentes e as coisas exteriores concorram para isso.”
Concluo disso tudo que:
de todas as doenças crônicas a mais grave é a falta de amor.
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
CRIATIVIDADE II
POR MÁRIO INGLESI
Continuação de: Criatividade I
O Painel Tiradentes – Cândido Portinari 1948 |
Dr. Ricardo,
Aproveitemos o ensejo,
ainda, para fortalecer nossas convicções democráticas e o nosso íntimo de
humanidade, vendo os painéis Guernica, de Picasso, ou Guerra e PAZ, bem como
Tiradentes, de Portinari, ou vendo filmes, como Hair, de Millos Forman, A Fita
Branca, de Michael Heneke, Spartacus, de Kubrick, Deus e o Diabo na Terra do
Sol e Terra em Transe, de Glauber Rocha, e muitos e muitos outros que nos
enternecem e nos fazem querer sempre ver nos mastros o desfraldar da “bandeira
branca” ou, a pomba da paz voando pelos céus do Universo, ou, ainda, o sol
iluminando com a beleza de sua claridade, o nosso físico e nossos pensamentos.
E mais, se precisar,
pedir ou implorar, sem subterfúgios, mas com acidez, e em tom de ameaça:
“Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até
aqui de mágoa
E qualquer desatenção,
faça não
Pode ser a gota d’água”
E, de todo modo, se não
bastar e precisar, ora, ora:
“Bota lenha na fornalha
Põe fogo na palha
Bota fogo na batalha
Bota pra ferver
Bota força nessa coisa
Que se a coisa para
A gente fica cara a cara
Cara a cara.”
(Chico Buarque “Cara a
Cara”)
Se nem isso for
suficiente, não se aquiete, não tenha pudores ou medos do medo, lembre-se com atenção
e firmeza como já o fizera em outras ocasiões:
“E eu digo não ao não
É! Proibido proibir
É Proibido proibir
É Proibido proibir”
(Caetano Veloso “É Proibido proibir”)
Ora, se atendemos a outra
determinação que se Deus não existisse tudo seria permitido, - sem querer
polemizar -, mas apenas oferecer constatação, a não ser ainda sob a tutela de
morar nas cavernas e viver numa selva, como animais selvagens, “Ele”, existindo
ou não, para nós mortais, tudo é e será permitido. Está aí o mundo em que
vivemos, onde queiram ou não, tudo é permitido, ainda que para o mal, embora
haja leis materiais impeditivas e meios – mais ainda, para suborná-las ou torná-las
inócuas.
Pablo Picasso |
Continua...
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
SIMETRIA V – CONFLUÊNCIA E GÊNESE
Estou a ler obra em que o
gigante Jacob Boehme (1575 - 1674) é revisitado pelo
físico romeno Basarab Nicolescu. Leitura interessante ao observador da ciência
contemporânea enquanto ecos de outros tempos. Tempos que apesar de passado para
alguns, gesta a atualidade dos modelos presentes, contudo sem perder a poesia,
ou aquele espaço de mistério que se afasta quanto mais o buscador se aproxima e
que se aproxima quanto maior a reverência do mesmo. E se o buscador não for
mercador, tanto melhor...
O fragmento a seguir
ressoa com esse caminhar palindrômico em meio a vales e penhascos rumo ao reino
de simetria. Senão vejamos:
“Se
a primeira vontade é um Sem-fundo (ungrund),
que deve ser considerado como um eterno Nada, então a consideraremos como um
espelho no qual todas as coisas veem a própria imagem semelhante a uma vida; no
entanto não há vida alguma, mas uma figura e uma imagem da vida.
Assim,
reconhecemos o eterno Sem-fundo (ungrund),
fora da Natureza, como um espelho, pois ali ele é semelhante a um olho que vê,
mas nada do que vê pode levá-lo a aprender ou realizar o que é visto, pois a
visão é sem essência, isto é, da vida essencial.
Desse
modo, torna-se evidente que o eterno Sem-fundo fora da Natureza é uma Vontade,
semelhante a um olho, em cujo interior está oculta a Natureza, como um fogo
oculto que não arde, que existe e não existe ao mesmo tempo. Não é um espírito,
mas uma forma de espírito, semelhante a um reflexo no espelho. Ali todas as
formas de espírito podem ver-se como reflexos no espelho; no entanto o olho vê apenas o próprio espelho, vê
somente a si mesmo, pois seu ver é em si mesmo, e nada há diante dele que seja
mais profundo que ele mesmo. Semelhante a um espelho, é o contenedor da face da
Natureza; no entanto ele não toca a Natureza, assim como a Natureza não toca a
forma da imagem no espelho.
Assim,
um está livre do outro, e contudo o espelho é o contenedor da imagem. De fato,
o espelho abarca a imagem, e contudo é impotente em relação a ela, uma vez que
não pode reter o reflexo da imagem. Pois se a imagem se afasta do espelho, o
espelho é então um brilho vazio. E seu brilho é um nada; contudo todas as
formas da Natureza estão ocultas em seu interior como um nada, que todavia é
verdadeiro, mas não em essência...
...
Assim, concebemos o seguinte: O que e como foi a eternidade antes da criação
deste mundo. O que a Essência Inominável é em si mesma, sem Princípio ou Fundo.
O que é o Eterno Início no Sem-fundo e como, em sua eterna finalidade, engendra
em si um Fundo, um centro para a Palavra, seu próprio centro. Como a eterna
geração da Palavra na Vontade, no espelho da Sabedoria eterna, na Virgem,
ocorre incessantemente desde toda eternidade sem nada engendrar e por nada
sendo engendrada.
Nessa
Virgem da Sabedoria do Inominável, o princípio eterno é como um fogo oculto que
reconhece sua cor no espelho da Sabedoria. Desde a eternidade ele [o princípio
eterno] foi conhecido em imagem ou figura [no espelho da Sabedoria], e assim
será refletido e reconhecido por toda a eternidade, através de sua eterna
origem no espelho virginal da Sabedoria.
Nesse
espelho em que o princípio é manifesto a partir do Sem-fundo, a essência dos
Três Princípios foi vista com suas maravilhas conforme a semelhança da Santa
Trindade, numa insondável profundidade, e isso desde a eternidade.”
domingo, 2 de agosto de 2015
CRIATIVIDADE I
POR MÁRIO INGLESI
A CRIAÇÃO DE ADÃO - MICHELANGELO |
Dr. Ricardo,
É lugar comum saber-se que
Deus é o criador do céu e da terra, e, portanto, criador do Universo, em todas
as suas instâncias e diversidades.
Mas, aceitando ou não tal
disposição, o certo é que nós humanos, habitantes solitários deste planeta
Terra, podemos nos apresentar também como criadores máximos, pois tudo que
envolve nossa existência, sobrevivência e trabalho está, afinal, sob a nossa
alçada de criação.
Com isso, nossa
criatividade de criação chega às raias do infinito, pois vai num crescente tal
que nos forma e nos transforma dia a dia, ajudando a forjar a evolução de nossa
humanidade.
É o caso precípuo da
descoberta do fogo e sua utilização no cozimento dos alimentos, (animais e aves
de caça). Ela nos trouxe maior carga de energia, fez espantar outros animais
ferozes ou não, e trouxe luminosidade aos lugares de habitação então
existentes, além de marcar a importância da biologia na psicologia humana, no
que diz respeito inclusive à nossa tendência à violência e as nossas interações
pacifistas.
Tal descoberta vai num
crescendo de outras e mais outras descobertas, culminando com a criação da eletricidade,
do ferro e de muitas outras descobertas e materiais que implicaram
continuamente na transformação social do homem e seu trabalho diuturno pesado e
rotineiro, até chegar à formação de legislação com a finalidade de lhes
abrandar a sobrecarga e garantir-lhes direitos sociais, até hoje em
desenvolvimento.
Com tudo isso, nós
humanos, pudemos nos dedicar e desenvolver outros ramos de criatividade, como
as artísticas, possibilitando deter-nos mais a cuidar do nosso interior psicológico,
nossos anseios, nossa vivência interior, nossas culpas e medos, num interagir
contínuo com nossos semelhantes, sempre num alçar progressivo da melhoria da
situação externa e interna, com o principal objetivo de fazer de nossas vidas
um mar de bons fluídos, sempre em prol da satisfação da criatividade em
crescendo, como tem sido continuadamente até aqui.
Aí, então, a humanidade
esbaldou-se em sua criatividade, chegando a píncaros inimagináveis, no trabalho,
na produção – assaz arcaica até o advir do capitalismo – tornando-nos gigantes nas
ciências, nas artes, e agora, também, na explosão de criatividade, com a
informática, que, vem vindo aí pra mexer em tudo e mudar ou tornar obsoletas muitas
coisas e seus usos. É só digitar e terá o mundo aos seus pés, desde amar, ter
programa, comprar, desabafar mágoas, pedir perdão, explicação e até revelar se
a si ou mostrar o que tem, ou comprou para dar inveja, levantar ciúmes ou
simplesmente mostrar-se na ascensão de ganhos e compras aos outros parceiros,
como requer a pretensa “vida moderna”, modernosa.
Isso, com todo o
infortúnio que as duas grandes guerras mundiais nos trouxeram, assim como os
regimes totalitários que vez por outra mostram-nos as suas garras dilacerantes,
ainda podemos usufruir do que de melhor nos oferece a música clássica, a
popular, a pintura, a literatura, o teatro, o cinema, e outros tantos veículos
de arte, assim como podemos dispor da ciência, em seus diversos setores, sempre
em crescente desenvolvimento, para nos servir e nos fazer evoluir, com a
consciência de uma vida saudável na totalidade de seus diversos matizes.
Afora que, para o bem ou
para o mal, não nos prezamos em pedir autorização de ninguém para o exercício
de nossa criatividade, embora, na maioria das vezes, sejamos ameaçados por seu
uso, numa violação de direitos de toda ordem, sob a alegação do não permissível,
pela moral e bons costumes ou, ainda, por configurar-se como politicamente
incorreto. Nestes casos, ajeitemos nossa vocalização e cantemos:
“Pai, afasta de mim esse
cálice
Pai, afasta de mim esse
cálice
Pai, afasta de mim esse
cálice
De vinho tinto de
sangue.”
(Chico Buarque ‘Cálice’)
Continua...
sábado, 1 de agosto de 2015
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