Aldous Huxley - Escritor Inglês (1894-1963) |
Olhando para trás, por toda carnificina e devastação, podemos ver
que Vigny estava perfeitamente certo. Nenhum desses alegres viajantes, entre os
quais Victor Hugo era o mais ruidosamente eloquente, teve a menor noção para
onde aquela primeira e divertida, pequena maria-fumaça, os levaria. Ou, em vez,
tiveram uma noção muito clara, mas aconteceu que era inteiramente falsa. Pois estavam
convencidos de que a maria-fumaça levava-os à plena velocidade para a paz
universal e à fraternidade dos homens; enquanto os jornais que tinham tanto
orgulho de poder ler, enquanto o trem corria rumo a seu utópico destino, a não
mais de uns cinquenta anos, eram a garantia de que a liberdade e a razão logo
triunfariam por toda parte. A maria-fumaça se transformou agora em um
bombardeiro quadrimotor carregado de fósforo branco e potentes explosivos, e a
imprensa livre é em toda parte a serva de seus anunciantes, de um grupo de
pressão ou do Governo. E, contudo, por algum motivo inexplicável, os viajantes
(agora nada alegres) ainda defendem a religião do Progresso Inevitável – que, em
última análise, é a esperança e a fé (nos dentes de toda experiência humana) de
que se pode conseguir algo de nada. Quão mais sã e realista era a visão grega
de que se tem que pagar por qualquer vitória, e que, para algumas vitórias, o
preço cobrado era tão alto que superava qualquer vantagem que pudesse ter sido
obtida! O homem moderno não vê mais a Natureza como tendo qualquer coisa de
divino e sente-se em completa liberdade para se comportar em relação a ela como
um conquistador e tirano vaidoso. Os estragos do recente imperialismo tecnológico
foram enormes, mas, enquanto isso, nemesis
providenciou para que paguemos caro por tudo. Por exemplo, a capacidade de
viajar em doze horas de Nova Iorque a Los Angeles deu mais prazer à raça humana
que os bombardeios e os incêndios causaram dor? Não há método conhecido para avaliar
a quantidade de felicidade ou bondade no mundo todo. O que é óbvio, entretanto,
é que as vantagens obtidas com os recentes progressos tecnológicos – ou na
fraseologia grega, de recentes atos de hubris dirigidos
contra a Natureza – são geralmente acompanhadas de correspondentes
desvantagens, que os ganhos em uma direção provocam perdas em outras direções,
e que nunca conseguimos algo a não ser por alguma coisa. Se o resultado líquido
dessas elaboradas operações de débito e crédito é um Progresso autêntico em
virtude, felicidade, caridade e inteligência, é algo que nunca poderemos
determinar completamente. É porque a realidade do progresso nunca pode ser
determinada que os séculos XIX e XX tiveram que tratá-la como um item de fé
religiosa. Para os expoentes da Filosofia Perene, a questão de se o Progresso é
inevitável ou mesmo real não é uma questão de importância superior. Para eles, a
coisa importante é os homens e mulheres, como indivíduos, cheguem ao
conhecimento unitivo da Base divina e o que os interessa com respeito ao
ambiente social não é seu progresso ou não progresso (seja o que queiram dizer
esses termos), mas o grau em que ele ajuda ou impede os indivíduos na sua
evolução rumo ao objetivo final do homem.
Gostei muito do blog. Vocês conhecem Aline, da Cidade das Pirâmides, que em seu programa De Olho No Mundo(www.deolhonomundo.com) analisa a essência humana, o mundo, astrologia, fenômenos ocultos..., em sua plenitude. Tenho certeza que vocês gostarão. Abraços.
ResponderExcluirNão conheço não senhor/a.
ResponderExcluirGrato pela sua apreciação