Adaptado de Bert Hellinger, por
Moacir Amaral
O trabalho terapêutico é muito fácil. A pessoa se coloca,
entra em contato com o que está sentindo, respira livre e profundamente,
deixando o ar descer até a barriga, solta a barriga, abre o períneo, entra em
contato consigo mesma, com o que está experimentando e fica com o que é, fica
com o que está acontecendo. Não faz nenhum movimento para evitar, ou suprimir,
ou afastar de si, ou consertar, ou comparar, ou julgar, nem mesmo para
conservar o que está acontecendo. Fica com o que está acontecendo do jeito que
está acontecendo. Fica com o que é. Sem pressa. Sem esforço. O que se vê é uma
surpresa para todo mundo, para o cliente e para o terapeuta. Não há método para
se lidar com isso, exceto que o terapeuta se expõe às imagens que percebe, ao
quadro que vê e que o cliente pode relatar ou não, e
espera por uma ocorrência na alma, por um movimento na alma, e o segue.
Existem algumas precondições. A primeira é que o terapeuta
não tem propósito nenhum, ele não quer curar o paciente, e não faz esforço nenhum.
Ele somente segue o movimento, seja qual for o resultado; e ele não tem medo – isto
é muito importante, ele não tem medo do que pode vir à tona, do que pode
acontecer, ou do que as pessoas vão falar, ou do que elas vão pensar, ou se
elas ficarão com raiva, ou se elas vão rir, ou o que seja. O terapeuta fica
fora disso tudo, e ele não procura pelo problema, ele olha para solução.
Se eu procuro pelo problema eu me sinto superior; se eu olho
para solução eu vou junto com o fluxo, nem acima nem abaixo, exatamente no
mesmo nível; nesse fluxo nós fluímos juntos, é o que conduz à solução, seja ela
qual for; mesmo que para alguns possa não parecer a mais apropriada. Mas eu não
dirijo a alma, eu sigo a alma, e a alma, às vezes, necessita somente um pouco
de informação sobre a sua ideia, sobre a sua imagem, sobre o seu amor, e ela
trabalha por si mesma, não quer muita interferência do terapeuta. Assim eu não
tenho muito trabalho, não tenho que ser perfeito. Eu faço alguma coisa, dou um
pequeno empurrãozinho talvez, e isso é tudo, todo o resto é feito pela pessoa. Com
isso o trabalho vem a ser bastante respeitoso para com o paciente, não
interfere na economia do processo.
Naturalmente o trabalho é conduzido
por um profundo amor, mas é um estranho amor; não é um amor preocupado com a
pessoa, é um amor por algo maior do que a pessoa individualmente; e assim o
terapeuta não pode ser distraído por nada que não esteja em harmonia com esse
campo maior; e se você tem essa atitude, você pode fazer o trabalho.
É preciso de um pouco de informação e você pode fazer o trabalho.
Mas você não pode aprendê-lo como um método
que possa ser reproduzido, como
um experimento; você não pode fazer isso com este tipo de trabalho. Assim
é suficiente se você assistiu e vivenciou alguns atendimentos, e você confia na
sua alma, confia no seu paciente, e confia nas forças que estão por trás de ambos,
trabalhando, não importa o quê, e vocês terão uma surpresa.
Este é o segredo deste trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário