POR: MÁRIO INGLESI
Continuação de:
Se precisar, ainda mais,
reportemo-nos à doença de Lou Gerhing (tipo de esclerose, terrificante, com
sérias consequências) que acometeu o físico Stephen Hawking. Graças aos
engenheiros do Vale do Silício, “criadores” de softwares e um teclado especial,
acoplado à cadeira de rodas, deram oportunidade ao físico e a outros portadores
da mesma, ou semelhante doença, de continuarem, até hoje seus importantes
trabalhos no ramo da física ou de outros ramos não menos importantes. E mais,
criamos e aprendemos a lidar com dores e demais disfunções orgânicas, graças à
criatividade e o aprendizado do setor medicinal e farmacológico.
Aliás, a criação e a
criatividade não se restringem ao fazer, mas também a formar, transformar, deformar,
figurar, desfigurar, salientar, como, a exemplo, nas artes plásticas, os pintores
e escultores famosos, como Picasso, Miró, ou, até mesmo, registrar, reciclar,
criar conceitos, propagar, - hoje de modo sofisticado -, produtos e instituições
de toda sorte e qualidades, transgredindo ainda a padrões, tabus, preconceitos,
como ainda, inventando e mudando cores e colorações, promovendo mudanças de
órgãos humanos, como sexo, coração, rins etc., e transformando formas, físicas e
visuais, com operações plásticas, implantes, para correção ou aperfeiçoamento,
bem como transplantes de órgãos vitais para conservação da sua funcionalidade.
Inhotim - MG |
Enfim, é o habitar-se num
“Mundo Livre S/A”, - talvez como o próprio - apenas para um futuro, a não ser,
obviamente, incerto e duvidoso, pois proposto apenas pelo sonhar humano,
inundando todo o planeta e seus habitantes com o seu realizar subjetivo-objetivo,
agora também, em ruas, avenidas, praças, viadutos, tudo a céu aberto., para
quem quiser e para o que der e vier. Eis, então alguns nomes, a destacar, entre
muitos outros em suas diversas áreas, nessa floração: “Os Gêmeos, “Kobra”,
“Alex Senna” etc., na área do grafismo, “Vic Muniz artista plástico e fotógrafo
com trabalho em novas mídias e outros materiais, oriundos do lixo, da
reciclagem, da borra de café etc., com trabalho em museus e galerias do Brasil e
de grandes capitais europeias. É também conhecido pelo seu documentário Lixo
Extraordinário, feito com a colaboração de catadores de materiais. Alex Cerveny
e suas minúsculas ilustrações transcendendo a nossa realidade, levando-nos a um
mundo onírico... Há ainda, com seu design-arte, os Irmãos Campana, e, noutra
ponta, também a ser destacada, a artista plástica Beatriz Milhazes, cultuada
pela cor onipresente em abstrações geométricas, cujo olhar nos embevece e
encanta. Não equidistante, na arena musical, além de toda a gama de novos
instrumentistas criadores, de classe internacional e de ponta, há que citar as
novidades trazidas pela Bossa Nova e toda a geração de grandes compositores e
cantores que lhe advieram cada um com sua personalidade artística de cunho
duradouro e marcante, já que, agora, na era de “produto”, apresentada pela,
influente indústria cultural, é realmente difícil distinguir o trigo do joio.
Felizmente, na área da música,
podemos contar também com audições de Padre José Maurício, Villa-Lobos, a
começar pelo “Trenzinho Caipira”, Camargo Guarnieri, Gilberto Mendes, Almeida
Prado, e a “Música Nova”, sob a batuta do compositor Schoenberg e outros, com
suas matrizes e influências como o maestro e compositor Pierre Boulez.
Na arena literária, como escritores,
articulistas, poetas e outros vieses, citemos, no Brasil, a título apenas de
exemplificação, os clássicos nacionais, como os poetas, Castro Alves, Gonçalves
Dias, Mário e Oswaldo de Andrade, João Cabral de Mello Neto e escritores: Machado
de Assis, José de Alencar, Euclides da Cunha, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos,
Jorge Amado entre muitos e muitos outros, poetas e escritores, assim como os ora,
mais recentes, já consagrados Milton Hatoum, Leminski, Waly Salomão. Torquato
Neto, José Agripino de Paula, Francisco Alvim e outros, todos da Geração 70,
bem como os mais recentes Antônio Prata, Fábio Porchat, Gregório Duvivier,
Adriana Falcão, Humberto Werneck e uma infinidade de outros autores que nos
tornam a vida cada dia mais auspiciosa e bonita.
Nesse apanhado,
configuram ainda os médicos, em suas diversas categorias e habilitações, os
físicos, os engenheiros, os arquitetos as coreógrafas: como Pina Bausch
(1940-2009) e Deborah Colker (1961-) , que mudaram a visão da dança
contemporânea, ou, ainda a poetisa Elisabeth Bishop (1911-1979), envolvida em
discutido relacionamento amoroso, ou ainda no setor feminino: a ficcionista,
poetisa e teatróloga, Hilda Hilst, (1930-2004) poeta, teatróloga ficcionista,
com o inusitado cognome final de se apresentar como insufladora do
politicamente incorreto, Hannah Arendt (1906-1975), discutida ensaísta emérita,
conhecida por seus escritos sobre a” banalidade do mal” e, finalmente Susan
Sontag (1933-2004) cujos escritos revelam seu ideal sobre os direitos humanos e
a intervenção da intelectualidade nas guerras, e, ainda, no campo nacional,
Leila Diniz, (1945-1972) reveladora da atuação “livre para voar e mais toda a
sorte de outros (as) profissionais ou não, cujo trabalho enriqueceu ou vem a
enriquecer sobremaneira e prioritariamente a nossa saúde, conforto e bem-estar,
assim como a beleza de que cercam a nossa vivencia neste pequeno pedaço do
Universo.
Esse mundo, - vasto mundo
- tal como em O Mágico de Oz” é
“Em algum , lugar além do
arco-íris
Bem lá no alto
Tem uma terra que eu ouvi
falar
Um dia numa canção de
ninar.
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Os céus são azuis
E os sonhos que você ousa sonhar
Realmente se realizam
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Inhotim - MG |
Ah! Felizes de nós, estarmos
salvos. E realizados. Não fora tudo isto acontecer, temos ainda, em MG, o
Instituto Inhotim, museu de arte contemporânea a céu aberto. Caso contrário – nos
poupe! – só nos restaria a triste e terrível condição aflorada pelo poeta e pensador
Francisco Otaviano (1825-1889):
“Quem passou a vida em
brancas nuvens
E em plácido repouso
adormeceu,
Quem não sentiu o frio da
desgraça,
Quem passou pela vida e
não sofreu
Foi espectro de homem,
não foi homem,
Só passou pela vida, não
viveu.”
Êta Coisa triste! nem
sementes, nem ideias, quaisquer que sejam, nada vinga, nada brota, e, quaisquer
páginas em branco, assim continua, como terreno deserto e, só ou apenas,
poeirento, como idealizou, sabiamente o poeta Mario Quintana, sobre “Máquina de
Escrever”, - Do Caderno H.
Mas a vida se nos
apresenta sempre com facetas díspares, o que, enredada pelo teor democrático, que
se apresenta sempre assaz necessário, faz com que a criatividade humana faça
milagres de beleza coadjuvados de benefícios sociais da maior importância.
Inhotim - MG |
Assim, é “prato feito”
ter em mente o refrão do Hino da Proclamação da República:
“Liberdade! Liberdade!
Abra as Asas sobre Nós”.
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