Quando se volta à
faculdade, como eu, surpresas brotam. Retomadas contextuais dormentes,
possibilidades de trocas trans-geracionais, redimensionamentos comportamentais
etc. O que surpreende, no entanto é a vivência qualitativa do aprender a
aprender, do aprender a ensinar e do ensinar a aprender; variações do mesmo
tema “educação”. Palavra geminiana de duas faces: educare (informação) –
colocar coisas para dentro e educere (formação) – fazer nascer coisas de
dentro.
Um pouco como o filho da
parteira: Sócrates e a maiêutica, ninguém melhor para auxiliar, com amor, o
nascer das ideias de seus felizardos contemporâneos. Essa gente que nunca
escreveu nada e ainda assim permanece é um aspecto do sopro divino aos ouvidos
que já escutam e olhos que já enxergam. Alimentação anímica, pilares quânticos
atemporais, auxílio na compreensão da humanidade que se dissolve na velocidade
do esquecimento de suas referências.
Seja a educação
“bancária” ou a outra, mais um deixar jorrar que pôr na conta, a questão não é
trivial. Evoca “Trivium” e as artes liberais de nossos antepassados. Liberal,
longe de libertino, confusão possível nos tempos atuais, diz respeito às artes
que libertam o pensar e auxiliam na emancipação do ser. Aliás, a similaridade
sonora entre emancipar e amancebar é bisonte. Auxiliemos que as asas da
liberdade, de Medeiros e Albuquerque, se abram sobre nós.
Da gramática, retórica e
dialética (Trivium), hoje só a primeira sobrevive aos currículos convencionais.
Afinal, para que ensinar a falar e argumentar cordialmente seres aproveitáveis
em atividade$ menos arriscada$? Assim, escrever e ler já são mais que
suficientes!
O Guimarães Rosa e o
Ariano Suassuna são bons professores a se considerar como solução para o
impasse. Brasileiros, politicamente corretos e devidamente credenciados, serviriam
de tecido áureo para um teste. Porque não, ler, pensar e viver Brasil na
hereditariedade de seus gênios?
Bastaria para tanto que alunos
e professores de Português, História e Geografia se encontrassem para um neologístico
papo no “Grande Sertão Veredas” ou quem sabe uma visita escolar prolongada à
“Pedra do Reino”. Tanta riqueza no subsolo do gigante faz pensar se de fato o
amarelo e o verde mais belo estão no ovo da galinha ou no jardim do vizinho.
Suspeito que não!
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